Volume 2

Capítulo 6.2: A Filha do Duque e a Futura Santa (Interlúdio)

— Ooshima, por que você está trocando de roupa com as meninas?

— Ahn? …Oh, certo. Desculpe. Faz tanto tempo que nem penso mais nisso. Mas se isso te incomoda, Hasebe, posso esperar até que todos terminem ou mudar para outro lugar?

— Ah, hum, bem…

— Vamos lá, e aí?

— Ah, bem… acho que não esperava que você respondesse com tanta calma. Você normalmente não entraria em pânico e pediria desculpas nesse tipo de situação?

— Eu não sei… eu realmente não sinto nada sobre os corpos das garotas desde que reencarnei. Honestamente, é difícil acreditar que eu era tão louco por eles quando eu era um cara. Mas não sinto nada quando vejo garotas agora, então não me sinto culpada nem nada.

— Sério? Você não acha isso embaraçoso?

— Quero dizer, desde que renasci na família de um duque, tenho empregadas me ajudando a trocar de roupa e tomar banho desde que eu era bebê, sabe? Superei a vergonha rapidamente.

— Entendo... Isso parece difícil, à sua maneira.

— Eu acho. Eu certamente me sinto muito melhor morando em um dormitório onde não tenho que lidar com isso. Na verdade, acho difícil acreditar que as outras garotas reclamam tanto por não terem suas empregadas.

— Ah, sim. Eu concordo.

— Certo, porque você cresceu em um orfanato, hein...? Entre isso e ter memórias do Japão, isso não torna difícil se dar bem com todos os nobres daqui?

— Bem, sim, para ser honesta.”

— Sim, eu imaginei. Até eu tenho problemas para lidar com isso às vezes.

— Ha-ha. Parece que nós duas tivemos dificuldades, embora de maneiras diferentes.

— Uh-huh. Mas não acho que minhas lutas sejam grandes em comparação com o que você passou.

— Não?

— Claro que não. Quero dizer, foi difícil, mas não é como se minha vida estivesse em perigo.

— Acho que é verdade. Mas, mesmo assim, estou feliz com a forma como minha vida está indo.

— Ah, sim?

— Muito. Foi assim que aprendi a importância da voz de Deus!

— Ah, sim.

— Você não concorda? Deus vê tudo, sabe. A Palavra de Deus é onipotente e onisciente. O fato de a voz ter escolhido falar conosco em japonês é prova disso. Contanto que você siga a voz de Deus, tudo ficará bem!

— C…certo. Acho que sim.

— Claro que sim! É por isso que você deve se juntar aos Seguidores da Palavra de Deus, Ooshima!

— Ah… Uh… Desculpe. Não posso escolher minha religião por causa de minhas circunstâncias familiares.

— É mesmo? Que pena. Mas se você mudar de ideia, por favor me avise.

— Sim, claro. Ah, certo, o que você queria que eu fizesse? Devo trocar de roupa em outro lugar?

— Ah, bem, vamos ver. Acho que falar com você me fez sentir um pouco melhor sobre isso. Tenho certeza de que me acostumarei com o tempo.

— Tem certeza?

— Claro. Na verdade, quando penso nisso, ver você aqui não me deixa nem um pouco desconfortável.

— O que você quer dizer?

— Bem, você não parece um homem. Você é perfeitamente feminina em quase todos os sentidos.

— Não sei se devo ficar feliz com isso ou não...

— Eu diria que é uma coisa boa, não? Afinal, você terá que continuar vivendo como mulher daqui em diante.

— É complicado.

— Bem, é minha missão na vida guiar os outros. Então, se você tiver algum problema com questões femininas, sinta-se à vontade para falar comigo sobre isso!

— …Obrigada. Vou manter isso em mente.

 

— Então Shun não quer que eu mude… Isso é pedir demais. Como devo permanecer o mesmo nesta situação? …E Yuri pensa que sou feminina… Então, eu me pergunto se Shun não me vê como uma mulher. Huh? Espere, o que estou dizendo? Isso não significa nada... Certo?



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