Volume 3

Capítulo 6.1: Lorde Demônio

O Rei da Escória, 71º Rank, Dantalian

 

Pessoas da classe mais baixa que tiveram seus desejos castrados.

Este Rei da Escória, que fez de uma pária sua amante, uma escrava sua general, e prostitutas sem alma como sua Guarda Real, falará com vocês. Eu simpatizo com todos vocês. O que são vocês?

 

— Por favor, poupe-nos.

— Se não poupar este humilde homem, então ao menos poupe a minha filha.

— Vou trabalhar como um cão pelo resto da minha vida, então, por favor, me perdoe.

 

Moradores de vilarejos de plantio coivara. Vocês eram todos fracos e impotentes, então se prostraram e imploraram como cães. Barbatos ridicularizou e brincou com vocês, enquanto se humilhavam. Quando ela tomou as suas vidas, não se deu ao trabalho de perguntar os seus nomes. Isso porque eles não possuíam valor suficiente para serem lembrados, nem mesmo após suas mortes. Por vocês serem dignos de pena, eu acrescentava comentários irrelevantes ao traduzir as palavras da Barbatos.

“Qual é o seu nome?”

“Você quer deixar algumas últimas palavras?”

“Preparem-se para morrer.”

No momento que o fiz, vocês perceberam que estavam prestas a encontrar suas mortes e começaram a chorar. Até o fim, nenhuma das suas palavras alcançou de verdade a Barbatos. Como vocês não possuíam poder, suas palavras não tinham significado. Nem mesmo estas palavras, ‘Me poupe, não me mate!’, que são consideradas como as mais desesperadas do mundo, não carregavam significado. Eu entendo, vocês não possuem autoridade. Moradores destes vilarejos sem nome, sinto dó de todos vocês. O que são vocês?

 

— A amante de Vossa Excelência é uma pária, a sua general é uma humana, e as Guarda-Costas Reais são bruxas, a boa fé de Vossa Excelência realmente é grande a ponto de chegar a ultrapassar os céus. De fato, faz jus ao título de Rei da Escória.

— Você deve ter muita sorte para ser assim tão popular com as mulheres, Vossa Excelência! Por favor, ensine as pessoas como se deitar com prostitutas imundas, e espalhe esta informação para o mundo.

 

Bruxas. Vocês permaneceram em silêncio enquanto eram atingidas pela neve e pela lama que atiraram contra nós. Os soldados caçoavam e as humilhavam enquanto sofriam. É muito provável que seja impossível alguém não sentir nem um pouco de pena ao jogar barro em outra pessoa, mas talvez, para eles vocês nem sejam pessoas. Mas seria possível vocês todas não serem pessoas? Eles dizem que vocês não possuem almas, mas sendo assim, quem possui? Eu vi que seus corpos nus foram feridos, quebrados, golpeados, pisoteados, marcados com cortes e queimaduras. Por vocês serem dignas de pena, eu lhes dei meus mantos.

“Eu, Dantalian, juro que jamais responderei seus conselhos com silêncio e jamais responderei suas sugestões com desdém. Toda gota de suor e de sangue que derramarem por minha causa, lhes pagarei então na mesma medida com meu próprio suor e sangue.”

No momento que o fiz, vocês entenderam que eu as reconhecia como pessoas e então choraram. Este é um mundo em que os indivíduos choram quando são reconhecidos como pessoas? A vocês não são permitidas nem mesmo essas palavras? ‘Eu sou uma pessoa, eu também sou uma pessoa’. Mesmo elas sendo um dos desejos mais sinceros e honestos do mundo? Eu entendo, vocês não possuem autoridade. Bruxas, sinto pena de todas vocês. O que são vocês?

 

— Me desculpa, pai. Eu não vou fazer isso de novo… me desculpa…

—  Meu pai com essa jovem senhorita… com essa jovem senhorita, várias e várias vezes…

 

Escrava. A sua vida foi arruinada por um erro que não foi seu. As pessoas a ignoraram e desprezaram, dada a sua condição. Para te transformar em uma existência factualmente inexistente neste mundo, eles te aprisionaram, te confinaram. Eu entendo que por você ser ignorada e confinada onde quer que vá, o seu corpo é o seu local de exílio e também sua prisão. Estou ciente que mesmo que você encontre alguém para amar e tenha um filho, esta criança, filha de uma escrava, com certeza terá o mesmo destino, então o seu próprio corpo é uma terrível maldição. Já ouvi sobre servos desolados que cortaram seus próprios órgãos reprodutores para não passarem adiante sua sina. Para todos vocês, não restava outra resposta que não a morte. No entanto, como a morte poderia ser uma resposta? Por você ser desolada, eu sussurrei para você.

“Você não é mais a vítima. Agora você é a agressora. Você não é mais parte dos fracos que são agredidos, mas sim parte dos fortes que agridem. Se alguém tentar tomar a sua vida, então o mate antes dele atacar você. É bem simples. Se esse alguém é seu pai, então mate seu pai, se esse alguém é Deus, então mate Deus também. Tudo o que você tem que fazer é mata-los.”

No momento que o fiz, você liderou a cavalaria e massacrou os inimigos. Assim que lhe dei autoridade, você deixou de ser uma pessoa que era assassinada e tornou-se alguém que traz a morte. Você viveu sem poder dizer estas palavras? ‘Não tenho outra escolha a não ser matar primeiro quem tentar me matar’, mesmo elas sendo as mais fervorosas do mundo? No fim das contas, vejo que as pessoas não lhe matarão se você possuir autoridade. Escravos, sinto pesar por todos vocês. O que são vocês?

Moradores de vilarejo de coivara, bruxas, escravos.

Vocês são só pessoas dignas de dó, pena e pesar? Não passam disso? É por isso que alguém que tem que simpatizar com vocês, afagar suas cabeças e tomar conta de vocês? Irão continuar eternamente sendo indivíduos gentis, dóceis e puros caso alguém o faça? É assim que vocês são de verdade?

 

Se partirmos agora, quando iremos voltar?

Se partirmos agora, quando iremos voltar?

Nossas aldeias estão queimando, nossos filhos estão queimando.

Aha, se partirmos agora, então quando iremos voltar…?

 

Contudo, os seus rostos, rindo de crueldade, que vocês exibiram enquanto saqueavam e incendiavam, não são também quem vocês são de verdade? Massacrar outros considerados como ralé no mesmo instante em que vocês recebem autoridade, não é quem verdadeiramente são?

Ah, vocês não são todos pessoas castradas, apenas gentis, dóceis e puras. São iguais a mim. Da mesma raça. Sou um homem de influência, e vocês são nada mais nada menos de pessoas que ainda não obtiveram autoridade. Isso mesmo. A vocês deve ser permitido bradar até mesmo estas palavras ‘Nós também somos iguais! Também queremos autoridade!’, que são o clamor mais óbvio do mundo.

Apesar disso tudo, pessoas como o Rosenberg apenas só consideram todos vocês como pobres súditos. Prefeririam isso? Vocês todos desejam viver de forma ingênua pelo resto das suas vidas? Vocês não têm desejos? Vocês não sentem sede pela autoridade? Vocês desejam viver obedientes por toda eternidade como cachorrinhos castrados? Eu lhes considero todos como meus iguais! Portanto, como não os considero como súditos gentis, dóceis e puros, nem irei simplesmente simpatizar com vocês e não afagarei suas cabeças, não tomarei conta de vocês.

Rosenberg acreditava estar muito acima dos seus súditos. Portanto, foi por isso que ele tentou colocá-los sob seus braços, tentando protegê-los até o seu triste fim. Esses ideais antiquados e desgastados em que aquele velho acreditava provavelmente eram o motivo de sua agonia.

Vocês tratados como escória, eu tomarei suas vidas se necessário, e se preciso, vocês também podem tomar a minha. É isso que quero dizer quando digo que os considero como meus iguais.

Há alguma diferença entre os corpos queimados amarrados nas muralhas negras e aos miseráveis as defendendo, grudados junto a ela como moluscos?

Se existe algo que separa a vida da morte, este algo é apenas a autoridade.

Vocês tem todo o direito de desejar a autoridade e viver lutando por ela.

A cena de todos vocês sofrendo, sangrando, matando e morrendo em nome da autoridade é bela para mim.

Se ele vê vocês rugindo, se banhando com o sangue de seus inimigos, então tudo que o Lorde Demônio Dantalian pode fazer é chorar de emoção.

O que são vocês?

Até hoje vocês foram nada.

E o que devem se tornar de hoje em diante?

Tudo.

Perfurem com suas lanças as pessoas que roubaram suas palavras, privaram de suas almas, e castraram suas aspirações. Tomem de volta tudo que aquelas pessoas tiraram de vocês. Fazendo isto, um de cada vez, todos se tornarão indivíduos maravilhosos.

 

— Me poupe, não me mate!

— Eu sou uma pessoa, eu também sou uma pessoa.

— Não tenho outra escolha a não ser matar primeiro quem tentar me matar.

— Nós também somos iguais!  Também queremos autoridade…

 

Porém, escutem só. As suas palavras são muito confusas.

Mas o que é isso? Do que é que você está falando? Essas não são palavras. São só grunhidos de um recém nascido. Este barulho mas parece estática. Entendo, mesmo que eu os considere como meus compatriotas, vocês ainda não possuem um idioma.

Antes que possam tomar a vida de outros, primeiros tem que aprender a falar. Precisei contemplar muito e intensamente para decidir que tipo de palavras deveriam ser ensinadas para todos vocês. Afinal, a sua língua precisa ser uma de luta, uma língua de carnificina, e acima de tudo, uma língua de autoridade.

Todos vocês que ofereceram seus impostos para aqueles no poder, que enfrentaram os inimigos invasores e caíram obedientes em batalha, que não tinham outra escolha além de ressentir os outros, pois ninguém os ajudaria. A partir de hoje estes ‘vocês’ morreram para sempre. Quando a Peste Negra varreu o continente, seus destinos morreram convosco.

Com a mera intenção de felicitá-los pelas suas mortes e agora pela sua ressurreição, lhes darei esta mensagem Real.

Ouçam, ó, escória. Em nome dos Deuses já mortos, um Lorde Demônio lhes concederá um idioma.

Gritem-no com suas respectivas bocas e gargantas.

 

 

 

 

 

— Oh, humanidade, ouça.

Toda a história até hoje tem sido a história da luta de classes.

Existem duas guerras no mundo.

Uma é a guerra entre humanos e demônios.

Contudo, na verdade existe uma guerra muito mais tenaz do que esta,

uma guerra que tem sido travada pelos últimos 1.500 anos, aliás, lutada sem um único instante de descanso.

Vocês, humanidade, sabem que guerra é essa?

 

É a guerra devastadora que dura para sempre.

Comparada a ela, o embate entre os humanos e os demônios é mera tolice.

Os humanos e os demônios lutaram uns contra os outros apenas oito vezes desde o princípio do mundo, todavia, esta guerra gigantesca continuou a cada ano, a cada mês, a cada dia, a cada segundo.

Cidadãos livres e escravos,

aristocratas e plebeus,

barões e servos,

os opressores e os oprimidos.

Vocês ainda não são capazes de ouvir

a voz grossa da guerra devastadora sendo lutada por estas pessoas?

 

Esta é a guerra eterna, a única verdadeira guerra.

Mesmo que os demônios desaparecessem do continente

vocês continuariam em guerra.

Como nos 1.500 anos que já se passaram, e mesmo que outros 1.500 anos passem outra vez,

a guerra de classes, a guerra da autoridade continuará inalterada.

 

Para todos os filhos e filhas sendo oprimidas no mundo, ouçam.

500 anos atrás, os Lordes Demônios marcharam sobre o continente pela primeira vez na história.

Naquele dia, os governantes dos reinos se lamentaram sobre a sobrevivência da humanidade.

Seus ancestrais foram à guerra arriscando suas vidas para proteger a humanidade.

Apesar disso, mesmo do combate ter se encerrado, os servos continuaram servos

e os súditos continuaram súditos.

400 anos atrás, os Lordes Demônios vieram ao continente pela segunda vez.

Seus antepassados lutaram contra os demônios mais uma vez e saíram vitoriosos.

Mas que surpreendente. Mas que impressionante.

Vocês são verdadeiramente o escudo que protege a humanidade.

Apesar disso, mesmo com o término do embate, a ralé continuou ralé e os súditos continuaram súditos.

 

Se vocês não estivessem lá,

então o continente já teria caído nas mãos dos Lordes Demônios.

Nestes últimos séculos, vocês foram os guardiões da humanidade,

e foram os proprietários deste continente, responsáveis por carregar o peso da civilização por centenas de anos.

Trezentos anos depois, neste dia, os Lordes Demônios voltaram ao continente.

Mas, o que é isso? Ó, proprietários desta terra? Vocês continuam plebeus, servos, ralé e escravos.

São os mais fracos de todos, morrendo por causa de uma Praga!

Pelo que vocês morreram até hoje?

 

Com certeza vocês defenderam o continente.

Esta terra continuou exatamente a mesma antes do conflito acontecer e depois dele ter se encerrado.

Vocês continuam na pobreza.

Vocês são tão pobres que a sua miséria parece ser eterna.

Mesmo que suas mães peguem a Peste Negra e morram na cama,

vocês são tão miseráveis que não conseguem nem mesmo comprar uma única folha de erva.

 

Vocês todos viveram se sacrificando.

Pelo que foram esses sacrifícios?

Vocês todos viveram em guerra.

Pelo que foram essas guerras?

 

Nestes últimos 500 anos, vocês todos perderam centenas de milhares de vidas, derramaram centenas de milhares de lágrimas, foi para proteger a sua pobreza? Vocês obedeceram aos governantes no poder porque todos desejavam continuam miseráveis para sempre? Foi para poder ver suas mães chorando, seus pais sendo chicoteados pelos nobres, e seus irmãos morrendo enquanto aravam o campo, foi para proteger essas cenas, este continente,

que vocês morreram até hoje?

 

Não foi por isso.

 

Humanidade, a verdade é esta.

A humanidade pela qual os monarcas dos reinos, os imperadores dos impérios, e os aristocratas dos territórios clamam, não são vocês.

O continente que os nobres querem defender não é terra de vocês.

Aquelas figuras de autoridade viveram até hoje não querendo proteger a vida e a terra do seu povo, mas única e exclusivamente para proteger as suas próprias vidas e suas próprias fortunas.

 

Ó, humanidade, ouça.

 

As coisas que seus antepassados derramaram sangue para proteger

não eram algo que pertencia a eles, mas sim uma posse de outros,

eram propriedade daqueles nobres falsos.

Ah, a guerra acabou, mas vocês continuam presos na pobreza!

Isso é óbvio! Já que tudo que vocês fizeram foi ajudar as pessoas no poder!

Em geral, que tipo de indivíduos são estes governantes? Mesmo que os monstros invadam suas aldeias, eles não enviam tropas para protegê-los.

Eles os descartaram, eles descartaram vocês, humanos. Apesar disso, no mesmo instante em que os Lordes Demônios começaram a se aproximar, os nobres alistaram vocês a força para se sacrificarem mais uma vez.

Pela humanidade!

Mesmo que a Peste Negra tenha varrido seus vilarejos, aqueles no poder não deram a cura para vocês. Eles descartaram vocês, humanos, completamente.

Porém, assim que os Lordes Demônios se aproximaram,

os aristocratas os alistaram para que se sacrifiquem.

Pela humanidade!

Agora a ‘humanidade’ a que os nobres se referem já ficou clara.

A humanidade de que estão falando são dos humanos chamados aristocratas.

O continente a que se referem é exclusivamente o território que os nobres possuem.

 

Para que serviram seus ancestrais?

Eles apenas serviram aos seus opressores.

 

Para que serviu esta guerra?

A guerra serviu apenas para preservar essa opressão.

 

Para que serviram estes 1.500 anos de história?

No último milênio, vocês morreram e continuaram morrendo servindo apenas para poder passar adiante sua miséria eterna para seus filhos e filhas!

 

Ó, humanidade, não a humanidade a que nobres se referem com suas palavras açucaradas,

mas sim vocês, servos, ralé, escravos e súditos.

Vocês, donos desta terra.

Vocês, os súditos que precisam se tornar os donos.

Não tem algo de errado? São vocês realmente as verdadeiras ‘escórias’?

Como vocês são os proprietários desta terra,

os aristocratas não seriam os parasitas

presos as suas peles e suas veias,

não seriam eles a verdadeira escória que se alimenta do sangue e do suor de vocês?

Como eles são a ralé, então não seria apropriado que vocês se tornem os senhores?

Por que os nobres estão ficando com os grãos de trigo e de milho que vocês plantaram e colheram?

Por que eles não protegem seus súditos quando são atacados por monstros, mesmo que digam serem seus donos?

Por fim, por que eles continuam recolhendo impostos, mesmo que todos estejam morrendo famintos?

 

É porque eles não são proprietários.

Ó, humanidade, eles não são proprietários, mas sim ladrões.

Eles são bandidos que roubam tudo que vocês deveriam desfrutar.

Os nobres apenas os privam. Ao privá-los, eles vivem nas casas que vocês constroem, vestem as roupas que vocês tecem e comem os grãos que vocês plantaram e colheram.

Como este comportamento absurdo pode ter continuado pelos últimos 1.500 anos?

Humanidade, o motivo é este.

É porque eles estão segurando as armas.

Não há outra razão além desta.

Se vocês solicitam que diminuam os impostos, eles desembainham suas espadas.

Se vocês pedem que lhes deem ervas para as doenças, eles apontam suas lanças.

Se vocês faltam ao trabalho para cuidar de suas mães doentes, eles te golpeiam com seus chicotes.

Apenas com espadas,

apenas com lanças,

apenas com chicotes.

Neste caso, então humanidade, o que vocês precisam fazer?

O que todos precisam fazer para proteger o que é de vocês?

O que todos precisam fazer para não passar adiante a sua miséria!?

Vocês precisam ser cortados por uma espada e morrer?

Vocês precisam ser perfurados por uma lança e chorar?

Vocês precisam ser golpeados por um chicote até não conseguirem mais ficar de pé?

 

Há uma resposta! Só há uma única resposta!

Não existe outra escolha que não seja usar força contra força!

Levantem seus machados. Peguem suas bestas. Armem-se.

Usem suas ferramentas de agricultura e perfurem as cabeças deles.

Façam com que apenas vocês desfrutem daquilo que plantaram.

Façam com que as coisas aconteçam de forma natural, correta.

Não continuam sendo enganados achando que são ralé.

Vocês são os donos desta terra.

Vocês são os humanos verdadeiramente humanos.

Tudo neste continente é seu por direito!

Só devem ir à guerra por vocês mesmos!

 

Lutem!

Porque ninguém irá recuperar os seus direitos por vocês.

Lutem!

Porque ninguém irá viver por vocês!

Lutem!

 

Ó, humanidade, o que são os súditos? Eles são tudo!

Só vocês podem ser chamados verdadeiramente de pessoas.

Ao longo da história, o que os plebeus foram até hoje?

Eles não eram nada!

E de hoje em diante,

O que vocês, inigualável humanidade, precisam se tornar?

Tudo!

 

A guerra que mata os demônios em nome dos humanos acaba agora.

Saibam que chegou a verdadeira guerra monumental.

Vocês precisam lutar por suas próprias vidas, por sua própria autoridade.

Usem suas lanças, suas flechas e suas enxadas para ensinar a esses parasitas, que se chamam de nobres, quem são os verdadeiros proprietários desta terra.

Lutem por um mundo em que todos vivam como donos.

Criem uma história em que todos se esforcem juntos.

Façam os governantes tremer de medo diante do poder vocês súditos.

 

Além dos seus falsos grilhões,

vocês não tem nada a perder nesta guerra monumental.

Apenas o mundo que vocês precisam obter, tudo aquilo que precisam alcançar, está diante dos seus olhos!

 

Lute e revide, humanidade!

 

 

 

 

 

 

Está é a língua da ralé, que concedi a eles.

Como eles estão desesperados impacientes, devem se comunicar apenas através destes gritos ardentes, sempre em meio às lágrimas.

Eu e o Marquês de Rosenberg somos diferentes. Não espero que fiquem mansos perto de mim, e também não desejo apenas ser protegido por vocês. Os vassalos que mais amo são aqueles que sabem como trair os outros. Portanto, só posso amar a Lapis Lazuli. Posso garantir que algum dia a Lapis me servirá um cálice envenenado. Mal posso esperar por este dia.

Por outro lado, a traição da Humbaba foi decepcionante. Você não deve ser descoberto caso traía alguém, no mínimo você deveria pelo menos colher todos os benefícios possíveis caso a sua traição seja exposta. Mesmo que eu assuma que a Humbaba se deixou ser descoberta por mim de propósito, ela perdeu dinheiro! Como elas podem ter recebido só metade do valor da traição!? É por isso que elas não têm jeito. Não tenho outra escolha que não seja cuidar dessas crianças perdidas na vida. O que posso fazer? Elas são um bando de sem-vergonhas.

…A Princesa Imperial é igual a mim.

Nós dois sabemos do fato de que as palavras são apenas ferramentas. Entretanto, também sabemos que essas ferramentas são úteis para a autoridade.

A Princesa é uma garota que arranca toda a pele do rosto de uma pessoa que ande com muita maquiagem. Ela impõe que todos devem andar com seus rostos nus. De fato, não há no mundo artista melhor em arrancar rostos do que a Princesa Imperial.

Mas, Elizabeth.

Você passou sua vida toda apenas como a Princesa nascida no Império.

Não lhe resta outra opção que não seja viver eternamente sendo a ‘Princesa do Império’.

Este é o seu limite, quão fundo consegue ir. Passará a sua vida toda liderando um grupo de nobres.

Mas eu sou diferente.

Depois de cair neste mundo, contemplei constantemente como eu te derrotaria. Sou o desconhecido Lorde Demônio de Rank 71 e você é uma pessoa de influência no império mais poderoso. Eu estava por baixo e você por cima. Eu era débil e você habilidosa.

Para te derrubar daquela alta posição e te jogar na lama, formulei um grande plano.

Primeiro foi a Lapis Lazuli.

 

— Eu, Lapis Lazuli, nascida de uma súcubo Humbaba e crescida nos becos de cidades e vilas, uma pessoa que trabalhou por 10 anos como uma mercadora de terceira classe para a Firma Keuncuska, esquecerei o passado e viverei somente para o propósito de ser a subordinada do Lorde Demônio Dantalian.  Este coração. Esta cabeça. Esta alma, sempre estarão sob a posse de Vossa Alteza.

 

Trouxe esta mestiça de coração gelado, tratada como pária, para junto de mim de propósito e fiz dela a minha noiva. Não foi apenas porque ela era competente. Foi por ela ser útil para o meu grande plano. Eu me noivei com uma mulher considerada escória.

Em seguida foi a Laura de Farnese.

 

— Laura De Farnese. Sendo a terceira filha do Duque de Parma e a herdeira legítima de Piacenza, nesta noite, do décimo dia, do nono mês, do ano mil quinhentos e cinco do calendário continental, com todos os Deuses como testemunhas, jura neste momento: e Vossa Senhoria ordenar que esta jovem senhorita seja sua espada, então ela se tornará sua espada.  Se ordenada a ser sua cabeça, então ela se tornará sua cabeça.  Se ordenada a ser suas pernas, então ela se tornará suas pernas.  A determinação desta jovem senhorita, o conhecimento desta jovem senhorita, e os seus esforços serão eternamente devotados a Vossa Senhoria.

 

Trouxe esta filha ilegítima, nascida como a criança de uma escrava e isolada do mundo, para junto de mim e a nomeei como a minha general representante. Ela, também, era útil para o meu grande plano. Eu dei um grande cargo para alguém considerada escória.

Por fim, as bruxas.

 

— Nós Irmãs Berbere, nascidas sem casas, criadas nos becos de cidades e vilarejos, e indivíduas que passaram a vida trabalhando como mercenárias, por décadas e séculos, agora desejamos esquecer nossos passados e encontrar um verdadeiro valor nas nossas vidas, sendo unicamente seguidoras do Lorde Demônio Dantalian. Nossos corações, nossas cabeças, nossas almas serão sempre parte das possessões de Vossa Alteza. Portanto, Vossa Alteza, por favor, tome conta de nossos corações, cabeças, e almas perdidas.

 

Eu aceitei estas bruxas, que eram desprezadas e completamente esquecidas por não terem almas, como minhas subordinadas e as nomeei como minha Guarda Real. As bruxas, de fato, eram incrivelmente vantajosas para o grande plano. Eu abracei aqueles considerados escória.

Ó, Elizabeth.

Esta é a minha preparação.

Com estas crianças, que estavam envoltas pelas sombras criadas pelas chamas deste mundo e que tiveram suas mentes queimadas por ela, eu derrubarei os seus nobres e seus plebeus. Queimarei absolutamente tudo. Sendo a Princesa Imperial isolada e pura como a neve, permaneça no topo até o fim. E então, seja sufocada pela fumaça que criaremos e queime até a morte.

A partir de hoje, as escórias das classes mais baixas serão as minhas pedras negras.

Aristocratas? Você pode ficar com todos. Pegue para você tudo que lembrar as pedras brancas. Afinal, eu terei a iniciativa neste jogo.

Ó, ralé, vocês que são a minha preparação e também as minhas pedras, o que são vocês? O que vocês precisam se tornar?

Cada pedra colocada no tabuleiro é uma que matará e que será morta pelo inimigo. Se vocês vão morrer como pedras, então é preciso que antes vocês se tornem tão firmes e resistentes quanto uma. Toda vez que vocês golpearem ou forem golpeados, um som rígido deve ressoar.

Vejo que os seus sons ainda estão muito macios Estou ouvindo tudo o que dizem. Falem mais uma vez. Agarrarei e erguerei as palavras que foram enterradas a sete palmos no chão.

 

— Me poupe, não me mate!

— Não tenho outra escolha a não ser matar primeiro quem tentar me matar

 

As suas vozes são moles. São fracas. Não continuem com simples choramingos, deem forma de palavras ao seu choro. Ameacem aqueles que tentam tomar suas vidas. Mostrem que até mesmo vocês têm um pouco de força que seja. Ao fazer isso, ao invés de estarem apenas chorando, vocês estarão cuspindo palavras.

“Nós somos um. Uniremos-nos contra o nossos inimigo. Se uma pessoa de poder enforcar a vida de um de nós, então nos juntaremos aos milhares e retaliaremos. Vamos ver se conseguem lidar com as armas de milhares.”

Ó, escórias, o que são vocês? Vocês escaparão desta condição de serem dignas de dó, pena e pesar? Estou prestando atenção nos seus sons. Falem mais uma vez.

 

— Eu sou uma pessoa, eu também sou uma pessoa.

— Nós também somos iguais! Também queremos autoridade! Também queremos autoridade…

 

Uma voz magnífica. Vamos dar uma forma a ela. Como as palavras são autoridade, e as pessoas são arruinadas caso usem suas autoridades sem cuidado, elas também caem caso usem suas palavras com descuido. Para não permitir que outros se aproximem, construam fortalezas e muralhas com palavras.

“Todos os humanos são iguais. O direito de matar alguém que tenta me matar pertence tanto a mim quanto a todos nós. Se a autoridade é o poder de matar outros, então também nos tornaremos pessoas poderosas.”

Ótimo. Esta é uma muralha com a base bem estruturada. Uma formação impenetrável. Continuem aí.

Se vocês construírem uma fortaleza, ela será a minha fortaleza.

Se vocês hastearem bandeiras, então meu exército irá ao local.

Se vocês estabelecerem um mundo, então o meu próprio mundo também estará lá.

Por direito, desejem tudo o que quiserem. Direi a vocês como.

Por direito, tornem-se algo temido. Fornecerei a vocês as armas.

Eu simpatizo com todos vocês. Eu serei os seus desejos, os seus medos e as suas mortes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu sou Dantalian.

O rei de vocês escórias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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