Volume 7
Capítulo 130: O harém de Aleist
Aleist fez uma viagem da |Cidade Portuária de Beretta| para uma cidade próxima da fronteira.
Aceitando um pedido de um comerciante para ser seu guarda, ele seguiu até o seu destino. Falando sobre o tempo, eles não tiveram muito tempo livre, mas mesmo assim, foi uma ação que ele determinou ser necessária.
Seu próprio pelotão era composto por ⌈Cavaleiras⌋ e não era como se todas estivessem preparadas para combates. Um esquadrão precisava de assistência da retaguarda também. Talvez a entusiasta a arqueóloga[1] Pasette Yulineria fosse um bom exemplo. Se tivéssemos que especificar, ela possuía a maioria das funções de uma ⌈Ladra⌋.
Começando com a ‖Evasão de Armadilha‖, ela era habilidosa em desmontar fechaduras. Essas eram técnicas que ela tinha adquirido no processo de seguir por seu amado caminho de arqueóloga que ela desejava, e não era como se ela desejasse roubar alguém. Seu conjunto de habilidades estava meramente no escopo de uma ⌈Ladra⌋.
Enroladas em seu casaco verde, suas bolsas de couro guardavam muito mais ferramentas do que armas. Ela amava livros e era uma ⌈Cavaleira⌋ com o tipo de poder decisivo para simplesmente correr e fazer algo num piscar de olhos.
Dentro da carruagem balançando, ela estava tentando decifrar o diário do herói que ela obteve. Contanto que ela tivesse tempo, ela iria olhar o diário todos os dias.
Aleist sentou em frente a ela. Enquanto ela lia as passagens de novo e de novo, ele a chamou.
(Aleist): “Há algo especial nesse diário?”
No jogo, isso não era nada mais do que um simples item, mas quando Pasette ergueu seu rosto do livro para olhar Aleist, as bochechas dela coraram. Enquanto Aleist notava a afeição direcionada a ele, ele fingiu não perceber.
(Pasette): “U-umm… isso é… interessante?”
(Aleist): “Por que você respondeu com uma pergunta?”
Quando Pasette pensou em como seu rosto estava ficando vermelho, ela o enviou um olhar preocupado.
(Pasette): “É porque eu não costumo ser entendida. As outras garotas continuam me perguntando qual a graça em ler sobre os diários de outras pessoas”
Para o sorriso sem graça de Pasette, Aleist só poderia murmurar "Entendo". Ele estava se certificando de não se intrometer nos problemas entre as mulheres. Embora isto não fosse a melhor forma para lidar com a situação, contanto que elas não fossem longe demais, Aleist iria ignorar isso.
Ele não estava tentando ser insensível, sua intervenção só iria criar mais problemas. Quem quer que ele ajudasse iria ser reconhecida como uma inimiga pelas outras.
[Aleist]: ("Garotas com certeza são assustadoras. Elas fazem facções e… huh? Garotas? Pensando bem, elas já não são adultas?")
Enquanto Aleist olhava para o diário, Pasette abriu sua boca.
(Pasette): “Antes que o |Reino de Courtois| fosse formado, houve uma era em que pequenos países se emaranhavam por toda a parte, e havia muitos conflitos. Mas este diário vem de uma era um pouco anterior. Porque ele detalha a forma como os 〈Gora〉 ainda empunhavam sua fúria pelo território”
Escutando sobre os 〈Gora〉, Aleist inclinou sua cabeça, então Pasette apressadamente ofereceu uma explicação.
(Pasette): “〈Gora〉 são monstros ferozes que vivem no |Império|. Há lendas de que eles podem chegar ao tamanho de montanhas, eles têm quatro braços e, nessa época, eles ainda estavam em |Courtois| também”
(Aleist): “Não há mais nenhum? (En-então havia esse tipo de monstro assustador!?)”
Nunca tendo escutado sobre os 〈Gora〉, Aleist estava um pouco assustado, mas ele fingiu tranquilidade. Concordando, Pasette o disse que estava tudo bem enquanto ela continuava com sua explicação.
(Pasette): “Desde que os ⌈Dragoons⌋ fizeram sua aparição, eles foram erradicados do lado de |Courtois|. Como temos ⌊Dragões⌋, os 〈Gora〉 no |Império| não podem vir para cá. É por isso que as pessoas importantes dizem que eles devem ser bem inteligentes”
(Aleist): “En-entendo. (Obrigado Deus! É sério, obrigado!!)”
(Pasette): “Nessa época, eles não tinham uma linguagem comum, então eu não posso decifrar completamente isso. Há palavras misturadas, ou melhor, a mesma sentença ou palavra pode ter um significado diferente. Se soubéssemos de onde exatamente o dono deste diário veio, isso facilitaria as coisas. Como, você sabe que nós temos uma pequena diferença no uso de palavras no Sul e no Norte? É como se os dialetos fossem mais fortes nessa época e há algumas coisas que nunca iremos descobrir a menos que perguntemos a pessoas do local”
Vendo Pasette descrevendo isso tão alegremente, Aleist se lembrou dele mesmo em sua vida passada. Ele se lembrou de sua experiência com as coisas que amava sendo menosprezadas pelos outros.
(Pasette): “… eu sinto muito. Isso não é interessante, não é? Escutar esta conversa fiada”
Ele amava jogos e ele gostava especialmente de jogar os de fantasia. Mesmo depois de reencarnar, ele poderia se lembrar de como isso feriu seu coração quando seus colegas de classe o chamaram de esquisito. Era como se eles o estivessem negando como pessoa.
Seria melhor se ele tivesse um amigo que compartilhasse dos mesmos hobbies, mas, infelizmente, em sua rigorosa escola preparatória, ele foi incapaz de encontrar qualquer amigo jogador.
(Aleist): “Não, eu vou admitir que não entendi nada, mas eu posso entender que você realmente gosta disso. E olhar para o passado é meio romântico, você não acha?”
(Pasette): “Romântico? Você é o primeiro a dizer algo do tipo para mim Capitão”
O cabelo da risonha Pasette estava amarrado em um rabo de cavalo. O cabelo dela não era muito longo, então a parte amarrada era pequena. Quando ela ria dessa forma, ela parecia uma criança, ou essa era a opinião honesta de Aleist.
Depois disso, até o momento de trocar de guardas, Aleist continuou conversando com Pasette.
E ele pensou…
[Aleist]: ("Yeah, eles estão todos vivos no fim das contas")
(Pasette): “Qual o problema Capitão?”
(Aleist): “Não é nada”
No passado, mesmo que eles entrassem em seu campo de visão, ele pensava nesses personagens que não apareciam no jogo como nada além de parte dos figurantes, mas agora, ele podia ver completamente que eles estavam vivendo suas vidas. Ele experimentou este sentimento mais uma vez depois que ele deixou o ambiente da academia, e ele estava começando a desenvolver um interesse no passado das pessoas que ele encontrava.
[Aleist]: ("Bennet-san é igual. E a irmã de outra mãe de Rudel... Lena também. Eu não estava olhando ao meu redor")
Ele repensou em quão estreito era seu campo de visão antes de ele se matricular na academia. E até que seu turno de vigia chegasse, Aleist apreciou sua conversa com Pasette.
No momento em que eles chegaram ao seu destino, o Sol já tinha se posto.
A caravana, que requisitou a proteção do pelotão de Aleist, chegou em uma enorme cidade próxima à fronteira. Pelo conhecimento de Aleist, como ela era próxima da fronteira e ficava nos limites do |Reino|, essa era uma cidade com uma indústria próspera de armas e equipamentos. Antes de procurar por uma arma, cuidar dos outros equipamentos era importante.
De modo geral, os Cavaleiros de |Courtois| iriam fazer uso do armamento fornecido a eles, mas o uso de armas pessoais também era reconhecido.
Na cidade que passava uma impressão inadequada para se fazer turismo, Aleist decidiu procurar por uma estalagem.
(Aleist): “Por ora, vamos procurar pela estalagem que nos recomendaram. Se eles não tiverem nenhum quarto, devemos ficar seguros se escolhermos um lugar com um preço um pouco mais caro”
As ⌈Cavaleiras⌋ acataram as ordens de seu superior, Aleist. Todas carregavam suas próprias bagagens enquanto elas seguiam para o lugar que o comerciante recomendou a eles.
Aleist pensou que eles estavam vestindo roupas chamativas, mas esse não parecia ser o caso. Havia muitos viajantes passando, e, seja como for, havia muitos deles vestindo os mesmos trajes que eles.
(Aleist): “Não há muitos viajantes por aqui?”
Quando Aleist fez essa pergunta, Pasette, caminhando logo atrás dele, deu uma resposta.
(Pasette): “É porque há muitos criadores de equipamentos por aqui. Há muitos mercadores que vêm aqui para comprar para seu estoque, ou para vender necessidades diárias”
O que significa que eles precisariam de guardas para acompanhá-los. Para mercadores que gerenciam lojas de larga escala, não seria estranho que eles tivessem seus próprios guardas pessoais.
Depois de Aleist concordar com essa explicação, a estalagem de destino deles apareceu. Uma placa perto da porta os informava que havia quartos vagos. Assim que eles se aproximaram, ela até detalhava os preços e os tipos de comida que eles ofereceriam para quem se hospedasse ali.
(Aleist): “Hmm… o café da manhã está incluso, e quanto ao jantar, você pode usar o restaurante no primeiro andar. Além do mais, é um lugar lindo”
Pessoalmente, Aleist preferia uma estalagem bonita com um bom serviço. Não apenas ele era o jovem líder de uma casa nobre, sua vida passada foi a de um aluno do ensino médio no Japão moderno. Se colocar em uma estalagem barata era quase impossível. Além disso, suas subordinadas eram todas mulheres.
Se fosse possível, a melhor estalagem seria aquela que não as desagradaria.
O ponto da insatisfação delas estava diretamente ligado a atmosfera do pelotão, isso era algo que Aleist veio a descobrir mais tarde.
Quando ele estava viajando com Eunius, ele estava tecnicamente viajando com o filho de um dos ⟦Três Lordes⟧. Se Eunius os dissesse para ficar em uma estalagem barata, eles iriam manter suas bocas fechadas e concordariam. Isto não era válido para o Capitão Aleist delas.
(Cavaleira A): “Parece bom. Se tiver um banho, então eu sou totalmente a favor”
(Cavaleira B): “Não posso reclamar se eles estão oferecendo comida”
(Cavaleira C): “Está um pouco caro, mas nós estivemos acampando por muito tempo, então eu quero dormir em uma cama macia”
Nobres, plebeias e ⌊Demi-Humanas⌋... as várias integrantes do grupo usaram seus sensos de valores para dar uma avaliação favorável para a estalagem diante de seus olhos. Uma ⌈Cavaleira⌋ plebeia estava só um pouco preocupada com o preço.
(Aleist): “Então está resolvido, nós vamos ficar aqui. (Felizmente parece que não teremos que ir procurar por outra estalagem)”
Se elas não gostassem dessa, mesmo se elas não se queixassem com Aleist, o ar do pelotão iria mudar para pior. No jogo, ele fazia uso de estalagens baratas quando estava com pouco dinheiro, mas quando ele olhava para a realidade dessa forma, ele foi lembrado que as coisas não seriam tão fáceis.
Por enquanto, ele agradeceu o fato de eles encontrarem uma estalagem antes de escurecer enquanto ele guiava o grupo pela porta.
Assim que ele abriu a porta, o cheiro agradável do salão de jantar no primeiro andar os atingiu. O cheiro de carne assando, o cheiro de sopa fervendo... para seu grupo esgotado pela jornada, era excepcionalmente atraente.
(Recepcionista): “Bem-vindos! Vocês estão aqui para uma refeição ou uma estadia?”
Assim que a energética garota-propaganda do lugar se aproximou do grupo, Aleist confirmou se eles tinham vagas suficientes.
(Recepcionista): “Então é um grupo! Nós temos as vagas, mas quartos individuais para todos será um pouco... se vocês estão bem com quartos duplos, eu não acho que teremos problemas”
Quando ele se virou para olhar para os rostos de suas subordinadas, todas concordaram. Com fome e fadiga, ninguém reclamou que iria preferir dormir sozinho. Se alegrando por dentro, Aleist disse a jovem garota que estaria tudo bem e verificou quanto isso custaria.
(Aleist): “Se possível, alguns dias. Você pode reservar por três dias?”
(Recepcionista): “Isso está perfeitamente bem. Se fosse uma estadia prolongada, então se algum quarto individual ficar vago, nós não nos incomodaríamos se vocês se mudassem para eles”
“Estadia prolongada... então isso significa que três dias não são o bastante?”. Dando um sorriso sem graça, Aleist a disse que eles iriam se hospedar por três dias por ora e pagou a taxa.
Se movendo da entrada para o balcão, a garota chamou um jovem homem atrás dele.
(Recepcionista): “É um grupo. Eles vão ficar por três dias, quanto aos quartos…”
O homem entregou o registro para Aleist escrever os nomes. Como Aleist inseria as informações de todas, os movimentos dele estavam realmente acostumados. Eunius ignorava esse tipo de coisa, assim, elas naturalmente seguiam direto até ele. Mesmo estando tudo bem para Aleist deixar isso com suas subordinadas, os sensos de valores deles diferiam tanto que eles iriam discutir sobre escolher estalagens.
Não havia o que fazer, então Aleist assumia esse tipo de tarefa.
(Recepcionista): “Eu vou mostrar o seu quarto”
Ficando responsável pelas chaves, a garota mostrou a Aleist e seu grupo seus quartos. Pelo número de clientes, parecia que os negócios estavam indo bem. Depois que eles foram levados para quartos separados espalhados em diferentes andares, Aleist foi o último a ser levado para um dos quartos individuais no quinto andar.
(Recepcionista): “Este é o quarto em que o ⌈Cavaleiro Branco⌋ ficou antes, sabia?”
(Aleist): “O ⌈Cavaleiro Branco⌋? Você quer dizer Rudel?”
(Recepcionista): “Oh, você conhece ele? Ele veio a esta cidade há alguns anos. Na época, também havia muitos ⌊Dragões⌋, e foi uma enorme confusão na cidade[2]. Eu estava ajudando no momento e acidentalmente entrei no quarto do ⌈Cavaleiro Branco⌋, mas ele foi gentil e legal”
A garota nostálgica chamou seu encontro com o ⌈Cavaleiro Branco⌋ de seu orgulho. Com um sentimento um pouco conflituoso, Aleist mostrou um sorriso sem graça.
No dia seguinte.
Terminando seu café da manhã, o grupo de Aleist estava se movendo de forma independente, o dia foi designado como uma folga.
Eles não tiveram nenhum descanso até esse momento, e como esta era uma oportunidade perfeita, Aleist decidiu caminhar pela cidade por conta própria. Segurando a [Espada Sagrada] enrolada em um pano sob seu braço, ele procurou pelos artesões orientais que produziram sua armadura.
(Aleist): “Eles podem usar isto?”
Ele se lembrou que a espada era registrada como um material, mas não oferecia nenhum efeito em particular. Era por isso que ele via a [Espada Sagrada] como pouco mais do que um item inútil para preencher o espaço de seu inventário. Mas diante da ameaça do |Império Gaia|, ele queria a arma mais eficiente que ele pudesse encontrar.
Não apenas para ele mesmo, ele precisava encontrar equipamentos para o resto de seu grupo.
Ele pretendia aperfeiçoar as habilidades delas, mas só com isso, pela forma como as pessoas ao seu redor estavam crescendo, ele se perguntava se isso seria insuficiente. Especialmente com Rudel, Eunius e Luecke, esses três estavam fora da norma. Ele não sabia como isso aconteceu, mas os três continuavam seus próprios caminhos em um ritmo alucinante.
Em tal situação, Aleist não era estúpido o bastante para pensar que o inimigo permaneceria fraco.
(Aleist): “Pelo menos, se isso tiver um pequeno efeito…”
Se ele encontrasse a oportunidade, ele queria difundir armas para além de seu grupo também. Só isso já deveria causar algum efeito. Enquanto ele caminhava, pensando sobre isso, ele foi capaz de avistar a ferraria[3].
Quando se tratava da ferraria do povo do Oriente, ela era famosa na cidade. Ele a localizou em pouco tempo. O fato de todos conhecerem a ferraria significava que o local era famoso.
… embora saber se era em um bom ou mal sentido fosse um assunto à parte.
(Ferreiro A): “Bom que cê veio mano!”
(Ferreiro B): “Como tá a armadura? Loucura, né?”
Quando esses homens vestidos em quimonos parecidos com artesãos viram Aleist, eles se aproximaram dele com palavras que não combinavam com suas aparências. Essas palavras traziam um delinquente a mente, algo que Aleist não era bom em lidar.
(Aleist): “Ho-hoje, eu vim para...”
(Ferreiro A): “Haah?”
Embora eles estivessem agindo de forma normal, eles originalmente migraram para esta cidade e viveram nas favelas. Eles adquiriram a linguagem de lá, então não havia como evitar que essas palavras fossem estranhas. E como essas palavras na verdade eram entendidas, os artesões perderam a oportunidade de corrigirem sua forma de falar.
(Aleist): “Nã-não... um, isto”
Ele apresentou a [Espada Sagrada] enrolada em pano para um dos artesões. Mas Aleist estava ficando com os joelhos enfraquecidos enquanto esse homem assustador aceitava a espada com mãos cuidadosas. No momento que ele tirou a espada do pano, os olhos do homem se arregalaram.
(Ferreiro A): “Está totalmente enferrujada, maldito idiota!”
(Ferreiro B): “Desgraçado, como diabos você pôde deixar isto ficar tão ruim!?”
(Aleist): “Eu sinto muuuuiiiittttoooo!”
Bastante tempo foi desperdiçado antes que ele finalmente conseguisse os informar que a [Espada Sagrada] era algo que ele encontrou.
Levado para dentro da ferraria, Aleist se sentou em frente de um homem chamado Zouken.
Voltando para encontrar seus ferreiros fazendo um tumulto, Zouken se viu cuidando disso. Zouken era um armiário[4], o mais instruído quando se tratava desse tipo de armas.
E depois de ouvir sobre as circunstâncias de Aleist, ele riu com uma cara perturbada.
(Zouken): “Então eu devo me desculpar por isso. Não é como se eles tivessem qualquer intenção ruim, é só que, o lugar onde eles aprenderam suas palavras é... quando eu estava comprando e vendendo, eles estavam procurando trabalhos diários nas favelas”
Em seu momento mais crítico, Zouken saiu para vender suas katanas, enquanto os outros artesões trabalhavam nas favelas para comer. Agora eles trabalhavam juntos para alugar uma oficina e eles faziam produtos para vender.
(Aleist): “Entendo. Mesmo assim, vocês estão fazendo todo o tipo de coisas aqui”
O interior da sala era decorado com as armas que eles fizeram. Olhando para elas, Aleist estava ficando cada vez mais interessado no equipamento peculiar. Sua própria armadura era igual, mas ele sentia uma afinidade com essas peças que tinham um jeito meio japonês.
(Zouken): “Nós trabalhamos com encomendas afinal. Quem nunca teve problemas em colocar comida na mesa?”
Zouken avaliou a espada enferrujada e estragada em suas mãos enquanto conversava com Aleist. O grupo de Zouken era algo único, mas havia outra coisa que despertou a curiosidade de Aleist. Era a famosa espada que eles deveriam possuir.
O nome da espada era Yakumo... na linha das katanas, ela era a lâmina que possuía os atributos mais altos. Embora Aleist não pudesse usar ela, ele pensou que ela se provaria útil para Izumi, então ele decidiu perguntar.
(Aleist): “Me perdoe, mas você teria uma espada chamada Yakumo?”
Essa espada cara era algo que, esquecida no início do jogo, era um item consideravelmente além do alcance de qualquer um na metade do jogo. Mas o atual Aleist tinha alguma folga financeira. Apesar de tudo, ele ainda era o filho mais velho de um Conde. Ele carregava recursos consideráveis com ele quando partiu nesta jornada.
(Zouken): “Você sabe sobre Yakumo? Infelizmente, eu a vendi. Eu considero aquele homem meu salvador, entende? Eu não consigo me fazer comprar ela de volta”
(Aleist): “Ah, se ela já foi vendida, então não há o que fazer. É que tem esta mulher oriental que eu conheço e essa pessoa empunha uma katana”
Aleist se lembrou de Izumi. Pensando bem, ela recebeu uma katana de Rudel como presente. Ele escutou que isso era algo barato, mas ele se lembrou da forma que ela se alegrou por ser um item incrível[5].
(Zouken): “Presentear uma katana a uma dama... essa é a moda atual?”
(Aleist): “Não, não que eu saiba”
Enquanto os dois trocavam algumas palavras vazias, confusão começou a aparecer no rosto de Zouken. Assim que ele olhou para a [Espada Sagrada] em suas mãos, ele inclinou sua cabeça.
(Aleist): “Qual o problema?”
Terminando sua avaliação, Zouken esticou um pano sobre o chão antes de cuidadosamente repousar a [Espada Sagrada] nele. Ele revelou vários pontos que estavam o incomodando.
(Zouken): “Isto é mesmo algo do passado? Não, esta decomposição é definitivamente de anos, mas... a manufatura é, você sabe…”
Aleist explicou as circunstâncias sobre como ele obteve a espada e fez um resumo geral sobre a era do diário. Levando isso em conta, ela era definitivamente uma relíquia de séculos atrás. Zouken não parecia satisfeito, mas ele continuou.
(Zouken): “Não é como se eu não acreditasse em você, mas a feitura dela é nova demais”
(Aleist): “Nova?”
Enquanto Aleist dirigia seus olhos para a espada posta no chão, Zouken explicou de maneira que ele pudesse entender.
(Zouken): “É a técnica, ou melhor, o processo de fabricação. Sua feitura é mais avançada do que o que é feito agora. A têmpera[6] foi feita com algum tipo de material imbuído com magia dentro do metal, e há a pedra incorporada na lâmina. É um tipo de pedra preciosa com |Mana〉 selada dentro. Eu ouvi que os ferreiros da |Capital Real| só conseguiram criar uma espada como esta recentemente. Pelo que eu escutei, esta aqui é de um acabamento muito melhor, porém...”
Lutando para dizer algo, Zouken refletiu um pouco antes de oferecer uma hipótese apropriado. E ele se forçou a aceitar isso.
(Zouken): “Bom, é possível que um antigo processo de fabricação foi perdido, e ele só está sendo redescoberto agora. Quando você pensa nisso assim, esses artesões do passado devem ter sido bem avançados. Apesar de me irritar ter que dizer isso como um ferreiro”
Aleist concordou com as palavras de Zouken, e ele recomeçou a conversa.
(Aleist): “Então você será capaz de usar isso para fazer algo?”
(Zouken): “Eu posso. Quero dizer, este é o melhor material possível. Pelo que eu posso ver, há muitos usos dentro dela”
Aliviado por ela poder ser usada, Aleist pediu a fabricação de uma arma. Mas então, Zouken cometeu um equívoco.
(Zouken): “Mostre-me sua espada e suas mãos”
(Aleist): “Sim?”
Como solicitado, ele mostrou suas duas espadas e suas mãos. Zouken acenou com a cabeça algumas vezes enquanto começava a anotar.
(Zouken): “Então, você está bem com reforçar essas duas espadas usando o material dessa outra, certo? Eu vou levar algum tempo... metade de um ano. Não, se você me der três meses, eu vou te mostrar que eu posso fazer isso”
(Aleist): “Não, um...”
Aleist notou que Zouken estava tentando usar a [Espada Sagrada] como material para reforjar suas próprias espadas. Ele tentou recusar isso, mas Zouken sorriu.
(Zouken): “Para ser capaz de fazer uma arma para um ⌈Espadachim⌋ de tamanha qualidade, minhas habilidades estão gritando. Eu vou chamar meus amigos artesões logo e vou te fazer as melhores espadas”
Ele parecia extremamente satisfeito. E Aleist…
(Aleist): “Eu-eu conto com você”
Foi incapaz de dizer a ele que isso era um mal-entendido.
Notas
[1] Arqueologia é a ciência que estuda as culturas e os modos de vida das diferentes sociedades humanas (do passado e presente) a partir da análise de vestígios materiais. É uma ciência social que estuda as sociedades através de seus restos materiais, sejam estes móveis (como por exemplo um objeto de arte) ou objetos imóveis (como é o caso das estruturas arquitetônicas). Incluem-se também no seu campo de estudos as intervenções feitas pelo homem no meio ambiente.
[2] Rudel viajou para uma cidade na fronteira com Luecke, Eunius, Vargas e Basyle na época em que ainda estudavam. Eles chegaram nessa cidade no capítulo 37 para eliminar um Ogro que foi visto nas redondezas.
[3] Ferraria é um estabelecimento que manuseia o ferro artesanalmente, fabricando objetos com múltiplas utilidades.
[4] Cutelaria (também chamada de armiaria ou armoaria) é a arte ou ofício do cuteleiro (também chamado de cutileiro, armiário, armoário ou acerador), ou seja, a pessoa que fabrica ou vende instrumentos de corte. São produtos da cutelaria, portanto, espadas, adagas, facas, facões, machados, punhais, navalhas, em outras palavras, todos utensílios metálicos de corte e/ou perfuração.
[5] No capítulo 37, Rudel conheceu um vendedor de armas oriental e comprou uma katana dele para presentear Izumi.
[6] A têmpera é a consistência que se dá aos metais, principalmente ao aço, mergulhando-os em estado ardente em um banho de água fria.