Volume 2

Capítulo 52: A primavera é mesmo ótima

Os longos cabelos verdes da jovem Elfa Millia balançavam enquanto ela caminhava. Enquanto ela olhava para o céu pela janela, ela sentia o agradável raio de Sol e o vento que ela recebia da janela aberta também estava carregado com uma sensação de gentileza. Seu terceiro ano tinha acabado e enquanto os novatos entravam na academia, Millia sentiu que ela tinha de certa forma sido promovida.

(Millia): “Não tenho certeza se foi rápido ou demorado, mas mais importante que isso, esse boletim de resultados é uma surpresa”

Assim que Millia desceu o corredor do prédio da escola, ela deu uma olhada no quadro de anúncios antes de parar para pensar.

A avaliação geral final do terceiro ano publicada listava os nomes dos dez melhores estudantes. E, surpreendentemente, Rudel estava em primeiro, com Luecke e Eunius logo atrás dele. A avaliação geral era algo decidido pelas notas acadêmicas, testes práticos e avaliações em desafios. Enquanto Eunius era devastadoramente ruim nas notas acadêmicas, o fato de ele estar no topo era devido a suas notas altíssimas nos exames práticos e desafios.

E as notas acadêmicas de Luecke eram perfeitas, mas suas notas em exames práticos só estavam um pouco acima da média. Ainda mais surpreendente, enquanto esses dois estavam no topo de suas respectivas especialidades, foi por culpa de Rudel que eles acabaram em segundo e terceiro.

Sua esgrima ficava um pouco atrás da de Eunius. Suas notas acadêmicas e dos exames mágicos ficavam um pouco atrás das de Luecke. Mas a avaliação geral de Rudel o colocou em primeiro lugar. Você poderia dizer que ele tinha poucos pontos fracos. As disciplinas que ele acompanhava eram raras entre os veteranos, que normalmente escolhiam matérias relacionadas a assuntos civis e militares.

Os nomes de Izumi e Millia não estavam presentes, mas as notas das duas não eram de forma alguma ruins. Millia se encorajou enquanto ela tirava seus olhos dos avisos e continuou descendo o corredor.

[Millia]: (“Quando eu o encontrei pela primeira vez, eu pensei que ele era apenas um filho estúpido de um nobre... ele está mesmo querendo virar um Dragoon? Com essas notas, seu futuro já está praticamente garantido”)

O primeiro encontro deles foi o pior. Tudo começou quando ela zombou de Rudel por ele estar lendo um livro ilustrado, então não havia nada a se fazer. E por causa disso, mesmo agora, ela não conseguia diminuir a distância entre eles.

Olhando para fora pela janela aberta, ela viu alunos de seu ano chamando os novos estudantes. Aqueles que estavam cumprimentando esses novatos inexperientes eram Aleist e seus amigos.

(Aleist): “Que tal isto? Eu vou mostrar a vocês a escola, então vocês querem tomar um chá pelo caminho?”

(Novata A): “Só um pouco de chá, tudo bem?”

... ele estava flertando com elas. Aleist, que era tratado como um monstro quando entrou na academia, estava agora escondido na sombra de Rudel. Mas por suas condutas e forma de falar, os quatro eram tratados como crianças problema. Quanto a Aleist, ele se tornou muito mais fácil de se falar do que era no início, então ele tinha a piedade de Millia.

(Millia): “Um Dragoon idiota, um Mago idiota e um Espadachim idiota... então o que sobra pra Aleist? Além disso, nenhum deles lê o clima e ninguém nem mesmo tenta. Para chegar as maiores notas apesar disso...”

Resmungando um pouco, Millia voltou a descer o corredor enquanto ela se lembrava de tudo o que tinha acontecido. No início, ela pensou que a matrícula dos filhos mais velhos dos Três Lordes seria um saco. Mas agora, havia muitas risadas quando as histórias deles eram contadas, e Aleist era ocasionalmente tratado como um tipo de mascote.

Luecke destruiu as instalações usadas nas aulas práticas de magia e Eunius ia longe demais em seus duelos de espada. Aleist ocasionalmente agia sem seguir o senso comum, ou era isso que suas ações pareciam dizer. Porém...

(Millia): “Rudel é o maior problema de todos afinal”

Participando de um experimento mágico, ele ajudou a destruir o prédio; em seu duelo com Eunius, ele destruiu a arena; e seu comportamento problemático mostrava uma falta de senso comum pior do que a de Aleist. Acima disso, suas notas eram excelentes e ele era sério dentro da classe, então os professores não tinham oportunidades para repreende-lo ou corrigi-lo. Sua falta de intenções ruins apenas deixava a situação ainda pior.

(Millia): “Acho que há uma diferença pequena entre um gênio e outra coisa...”


Aleist estava mantendo seus amigos acompanhados. Honestamente, ele gostava de se divertir com seus amigos mais do que flertar com as garotas, e ele não era muito proativo nisso. Assim que Aleist virou seus olhos para o prédio da escola, a Elfa Millia estava descendo o corredor. Seus cabelos verdes estavam balançando e sua figura caminhando era muito bela.

Assim que ele ficou maravilhado, um de seus amigos, que falhou em conseguir uma companhia, falou em tom de repreensão.

(Amigo A): “O que é isto Aleist? Você tem algo com Millia?”

(Aleist): “Eu-eu não tenho! Ela só estava descendo o corredor, então eu...”

Enquanto Aleist negava, desde o início, ele tinha uma impressão favorável por Millia como uma “personagem conquistável”. Mas isso era apenas a afeição unilateral por um jogo e uma simples configuração imposta ao personagem conhecido como Millia. Ultimamente, pelas coisas que aconteceram com Rudel, ele tentou suprimir sua lógica para tomar algumas ações porque isso era um jogo.

Olhando para eles agora, os personagens do jogo pareciam ser mais charmosos do que eles eram quando ele estava jogando. Ele via a existência de Millia apenas como uma integrante de um harém, mas agora, olhando para ela desta forma, ele não podia mais vê-la como uma pessoa presa em um harém.

Seu adorável cabelo verde, sua pele branca e seu rosto fofo... seu corpo esguio e, mesmo ela parecendo ser delicada, ela era uma guerreira Elfa capacitada. Aleist ficou encantado várias vezes pelas asas iridescentes¹ da magia élfica que ela produzia em batalha. E ele achava que a expressão fria dela e sua forte força de vontade eram apenas parte de seu charme.

(Amigo A): “Ela tem muita força de vontade e é uma pessoa correta e responsável, mas se eu me lembro bem, Millia gosta de Rudel, não gosta?”

E desta forma, seu amigo o esfaqueou com uma verdade implacável. Se virando para ele, Aleist gritou.

(Aleist): “Sem chances!”

(Amigo A): “Não, é verdade, estou te dizendo. Então, se você não agir logo, pode ser tarde demais! Era tudo o que eu queria te dizer, mas... você está escutando Aleist?”

(Aleist): “É verdade... mas os Três Lordes têm boas notas e são bonitos, mas eu não acho que fico muito atrás no quesito beleza... não, eu praticamente perco em todos os outros atributos, então isso realmente não significa que...”

(Amigo B): “Ah, ele está nisso de novo”

(Amigo C): “Yep”

Assim que seus amigos consolaram um depressivo Aleist, a partir desse dia, eles escolheram cooperar com o amor de Aleist.


O fato de novos estudantes estarem entrando na academia significava que os graduados estavam saindo. Uma mudança precisava ser feita sobre os quintanistas que atuavam como os chefes dos dormitórios... e havia uma disputa para decidir quem iria assumir essa tarefa.

(Aluno A): “Eu não quero, você ouviu? Por que eu tenho que virar um chefe quando temos quatro alunos super problemáticos em nossas mãos!?”

(Aluno B): “Sua casa não é afiliada a Casa Arses? Você será perfeito”

(Aluno A): “Não, nem pensar. Controlar Rudel é impossível para mim!”

(Aluno C): “Se Vargas tivesse permanecido por mais um ano... então não teríamos que nos preocupar com isso...”

Opiniões voavam dentro da sala de reuniões do dormitório enquanto os estudantes zelosamente tentavam passar a função um para o outro. Normalmente, um jovem nobre iria assumir o papel de líder e os plebeus seriam os ajudantes para lidar com os trabalhos desagradáveis. Mas o ano anterior foi um ano especial em que todos os estudantes plebeus conquistaram qualificações para se tornarem Cavaleiros.

Rudel era o culpado. O pontapé inicial para esse evento sem precedentes tinha ligação com o comportamento problemático e repetitivo de Rudel. Os incidentes com as garotas, seus pedidos de duelo e sua infiltração no dormitório das garotas...

(Aluno A): “Aquele cara tem um passe livre para o dormitório feminino, sabiam!? Antes de inveja, eu tenho respeito por ele!”

(Aluno B): “No passado, invadir o dormitório das garotas era um plano inevitável, mas agora, com todas aquelas Altas Cavaleiras lá, não há pessoas idiotas o bastante para tentar fazer isso... não é?”

(Aluno C): “É claro que é impossível! Há até rumores dele com a Segunda Princesa! Eu teria sorte se fosse apenas chutado para fora de minha casa com um rumor desses”

(Aluno D): “Essas Altas Cavaleiras, vocês sabem, se for para proteger a castidade da Princesa, eu escutei que elas podem até mesmo ‘cortar’ os envolvidos”

(Aluno E): “Como se elas pudessem se livrar de um dos Três Lordes

(Aluno F): “Isto tudo é apenas uma teoria. Mas se algum idiota além de Rudel tentar entrar no dormitório feminino enquanto eu for o chefe do dormitório...”

A sala de reunião ficou em silêncio. Esta era outra razão para eles não conseguirem tomar uma decisão. A existência de Fina exigia uma grande responsabilidade por parte dos chefes do dormitório masculino. A parte de “cortar” os garotos era uma ameaça vazia, mas, mais do que isso, não havia garantias de que não existiriam idiotas entre os calouros.

(Aluno A): “Eu definitivamente não quero isso!”

(Aluno B): “Há-há algum garoto problema entre os novos estudantes?”

(Aluno C): “Em todos os anos há alguns, mas este ano, vamos receber alguns da casa de um Marquês²...”

(Aluno D): “Vamos rezar para que não apareça nenhum peixe grande no nível de Rudel”

Normalmente, fazer vista grossa aos nobres de alto nível que invadiam o dormitório feminino era parte do trabalho do chefe do dormitório. Se isso fosse usado como desculpa para prejudicar as relações dentro da escola, seria um preço baixo a se pagar. Mas se alguém tentasse algo como isso agora, seria perigoso demais.

Enquanto a conversa seguia, um dos garotos se lembrou da existência de Izumi. A única existência capaz de deter Rudel com palavras e até mesmo os outros dois dos Três Lordes a escutavam. Sua existência milagrosa era tão famosa quanto a de Rudel.

(Aluno E): “Não, esperem um pouco, aquela estrangeira chamada Izumi está entre os alunos do quarto ano, não está? Que tal fazermos dela a nossa chefe do dormitório?”

(Aluno F): “Essa é uma ideia extremamente maravilhosa, mas não vai acontecer”

(Aluno E): “Eu sei...”

Os quintanistas não sabiam o porquê de eles terem que passar por tantos problemas. Eventualmente, o tempo passou e o dia terminou sem que nenhum chefe fosse decidido.


Notas

[1] Iridescente é algo que reflete as cores do arco-íris; relativo às cores do arco-íris.

[2] Marquês é um título nobiliárquico da nobreza europeia, que foi depois utilizado também em outras monarquias originárias do mundo ocidental, como o Império do Brasil. Na hierarquia o termo marquês é imediatamente superior ao conde e inferior ao duque.



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