Volume 2

Capítulo 41: O jovem homem e a sombra negra

No ato de pularem no meio da intensa luta entra duas Dragoons, Rudel e Eunius cumpriram seu objetivo com sucesso. Eles foram bem-sucedidos, mas isso resultou em um problema. A diferença entre uma Dragoon em atividade e Rudel (que mesmo sendo forte ainda era apenas um estudante) continuava gigantesca. Lilim brincou com ele usando sua faca, de vez em quando pressionando ele com seus ataques mágicos.

(Rudel): “A realidade é mesmo diferente!”

Ao contrário do leve deleite de Rudel, Lilim era a seriedade em pessoa. Dentro de Lilim, uma emoção sombria se contorcia e falou com ela.

[Sombra]: (“Mate ele! O noivo que traiu você... mate Rudel!!!”)

(Lilim): “Eu vou te matar!! Eu definitivamente vou te matar!”

Pensando nas diferenças entre seus físicos, o corpo masculino e maior de Rudel tinha a vantagem. Mas dos movimentos corporais para a experiência, Rudel tinha deficiências em vários campos. Não havia excessos nos movimentos de Lilim e a ativação de sua magia e sua precisão foram polidas ao limite.

As diferenças na experiência e no poder atormentaram Rudel. Mesmo assim, ele lutou para salvar Lilim. Ele estava tentando salvar alguém muito mais forte do que ele. Além disso, Rudel tinha a determinação para enfrentar a dor para completar seu objetivo.

No coração de Rudel, ele ouviu a voz do Dragão de Lilim.

[Dragão]: (“Filho dos homens, qual o seu objetivo? Poderia ser que você está tentando salvar minha contratante? Eu aprecio o pensamento, mas se você realmente se importa com ela, então mate ela! Se ela viver assim, tudo o que a aguarda é o sofrimento”)

Para essa voz dracônica ressoando em seu coração, Rudel permaneceu encarando Lilim e para o Dragão em suas costas ele disse...

(Rudel): “Sendo controlada e atormentada... convencida de que ninguém nunca vai reconhece-la! Não é assim que isso deve acabar!”

Assim que Rudel atacou Lilim com sua espada, a lâmina foi detida pela faca dela. Com movimentos fluidos, ela habilmente redirecionou a força do golpe.

(Lilim): “Então você está tentando até tomar o meu próprio Dragão desta vez... é sempre assim, todos sempre me deixam. É sempre assim, porque eu sou repulsiva! Se vocês odeiam meus olhos, só digam! Eu vou arranca-los de uma vez e vou me tornar alguém que você gosta! Então... então por favor, não me abandone!!!”

Os olhos negros de Lilim se encheram de lágrimas e Rudel olhou para ela com tristeza. É verdade, a figura de Lilim lembrava o antigo Rudel que nunca sonhou com Dragões. Essa foi outra razão que o impediu de abandonar Lilim.

O Rudel original era um personagem secundário feito para ser odiado, apenas para enfrentar uma morte miserável no início da história final do jogo. Irreconhecível por todos, ele ficaria completamente sozinho. Abandonado por sua noiva Cattleya, ele foi o responsável por muitas casualidades no país enquanto ele fugia para implorar que o |Império| aceitasse sua deserção.

Como resultado, um general imperial o cortou como se ele fosse um pedaço de lixo e ele se tornou uma piada para os soldados imperiais. No fim das contas, um personagem secundário que não passava apenas de uma infeliz mosca. Mas até Rudel tinha um importante papel para desempenhar. O evento em que ele é morto pelo general inimigo era o evento que sinalizava o início do capítulo final.

A morte de Rudel iniciava o fim da história. Isso já estava decidido. Era a vontade do mundo.

Enquanto Rudel não sabia nada sobre isso, algo em seu coração o sacudiu. Talvez fosse precisamente pelo fato de ele estar desesperadamente tentando salvar Lilim.

(Lilim): “Este é o fim! Eu vou matar você e me matar em seguida!”

Assim que Lilim disparou com sua faca e sua magia, Rudel puxou o cinto de suas calças e o segurou com sua mão esquerda. A espada de Rudel estava próxima de seu limite. Ele tinha um péssimo sentimento sobre isso. Ele não seria capaz de lutar de mãos vazias... enquanto Rudel pensava nisso, ele também decidiu agir para pôr um fim nesta situação.


A uma certa distância, Cattleya e Eunius assistiam esses dois. Mas Eunius tomou alguma distância de Cattleya. Ela tinha certeza que ele ainda estava com medo dela. Mas o homem em questão...

[Eunius]: (“Por que esta mulher está fedendo tanto?”)

Ele era incapaz de aguentar o cheiro da bomba de fumaça de Mies.

(Cattleya): “... vai acabar logo. Eu apreciaria se você não me impedisse desta vez. De outra forma, Rudel-sama vai morrer...”

(Eunius): “Ah? Esse cara não vai morrer. Pelo menos até ele se tornar um Dragoon, esse cara não pretende morrer”

Como Eunius respondeu cheio de confiança... “Que tipo de fundamento é esse!”, os olhos de Cattleya pareciam dizer isso. Para Cattleya, Dragoons eram apenas outra divisão dos Cavaleiros do país. Enquanto suas características os destacavam, ela estava muito consciente de que o país apenas os via como uma força conveniente de Cavaleiros a sua disposição.

Ideais contradizem a realidade... ao invés dos Dragoons que as pessoas mais admiravam, os Altos Cavaleiros que protegiam as pessoas importantes do país eram mais abençoados em seu trabalho. Longe das linhas de frente, se você pudesse ganhar a confiança da realeza como um guarda, então uma promoção não seria um sonho.

Do outro lado, o local de trabalho dos Dragoons era muito mais perigoso. E mesmo se você ganhasse a confiança da coroa, essa confiança só serviria para te colocar em ainda mais perigo.

(Cattleya): “O que há para se ansiar? O que há para sonhar? Quando você nem sabe de nada”

Ouvindo o murmúrio de Cattleya, Eunius suspirou enquanto ele observava a luta de Rudel.

(Eunius): “... valores variam de pessoa para pessoa. Rudel sabe sobre as obrigações dos Dragoons e ele entende como eles são usados. E mesmo assim ele não pensa em desistir... é por isso que eu posso confiar nele”

Depois de olhar para a figura de Eunius, Cattleya voltou seus olhos para a batalha.

(Cattleya): “Eu estou com inveja... talvez seja por isso que eu odeie tanto ele”

Rudel podia continuar perseguindo seus sonhos. Cattleya sentiu inveja desse lado dele. O sonho dela era se tornar uma princesa. Mas a realidade a fez nascer como uma nobre de ranking médio. O talento que ela demonstrou desde jovem fez dela uma Cavaleira.

Esses talentos que eram o bastante para fazer todos ao redor sentirem inveja eram algo que ela nunca tinha pedido. Se ela fosse capaz de descarta-los, ela faria isso na mesma hora. No entanto, espadas tomaram o lugar de suas flores e o aço inflexível cobriu seus vestidos... para Cattleya que cresceu desse jeito, Rudel era brilhante demais.

Ela que viveu exatamente como lhe disseram, e Rudel que perseguia seu próprio sonho. Os olhos de Cattleya assistiram a luta dos dois.


O cinto na mão esquerda de Rudel envolveu o braço direito de Lilim para selar seus movimentos. Com isso, os dois lados só podiam usar um braço e foram forçados a entrar em combate corpo a corpo. Lilim passou sua faca para sua mão esquerda para atacar Rudel. Rudel aparou o golpe com sua espada, porém...

(Lilim): “Aha! Parece que você não pode mais usar essa espada”

Justo como Lilim disse, uma rachadura se espalhou pela espada que Rudel usou para aprender todos os truques em seu livro. Rudel podia ver isso com clareza. Lilim não deixou esse momento de distração ser desperdiçado. Desta vez, ela o empurrou para baixo e começou a bater suas asas mágicas em suas costas. Assim que ela fez isso, as vibrações e o som detestável atingiram Rudel.

(Rudel): “Kuh”

Rudel tentou escapar dessa posição, mas para piorar as coisas, até a faca dela começou a vibrar.

(Lilim): “Essa é uma técnica que eu raramente uso em batalha, mas... que tal? Eu posso cortar até ferro como se fosse manteiga. Eu vou te cortar lentamente começando por sua espada até chegar a seu coração”

Como Lilim disse, sua faca lentamente criou um caminho pela espada de Rudel. E no momento pouco antes de sua lâmina ser completamente atravessada, incapaz de resistir as oscilações, a espada soltou um som estridente e se partiu. Soltando faíscas contra a faca, ela violentamente se quebrou.

Mas no último momento, como se fosse para proteger seu mestre Rudel, a ponta da espada voou em direção aos olhos de Lilim. Além disso, foi em uma distância muito curta. Ela precisava se mover e Lilim foi forçada a sair de sua posição vantajosa. Nesse intervalo, Rudel recuperou seu equilíbrio e a prendeu no chão.

A força para prede-la no chão a fez perder a faca em sua mão. Pensando que ela seria morta por Rudel que estava em cima dela, ela calmamente fechou seus olhos.

[Lilim]: (“Isso é o bastante. Neste ponto, morrer aqui seria...”)

(Rudel): “Abra seus olhos! Você está aí, não está?”

Com as palavras de Rudel, Lilim abriu seus olhos. Assim que ela o fez, ela viu Rudel encarando profundamente suas pupilas negras. E ela deixou palavras fluírem por sua boca. Indiferente a sua própria vontade.

(Sombra): “Quão longe você irá para me impedir? Se você apenas ficasse quieto... se você fizesse isso, a história teria seguido sem nenhum problema! E desta vez, o mundo vai proteger você? Indo tão longe a ponto de me colocar de lado, o mundo vai escolher você!?”

Com a confusão de Lilim, Rudel continuou com uma respiração cansada.

(Rudel): “Eu não sei quem é você e eu não sei qual é o seu objetivo. Mas entenda... se você quer causar mais problemas para mim, então eu não vou ficar esperando em silêncio!”

(Sombra): “Ha HAHAHA!!! Você me faz rir. E pensar que você se importaria com seus arredores. Mas lembre-se disto. O mundo pode ter te reconhecido, mas isso só servirá para te guiar para o seu fim. Não importa o quão longe você vá, você nunca será recompensado. Exatamente como eu, você será abandonado pelo mundo”

Rudel encarou os olhos do culpado por essa situação que estava usando a boca de Lilim para falar com ele.

(Rudel): “E daí?”

(Sombra): “... quê?”

(Rudel): “Quem se importa se algum mundo me abandonar! Mesmo assim, eu não estarei sozinho. Tem sido sempre assim... tem sempre alguém ao meu lado. Há pessoas que apoiam alguém tão egoísta como eu. Que me reconhecem! Então, eu vou reconhecer Lilim e vou reconhecer ‘você’. Eu vou dizer que você existe, que você está aqui. E agora?”

Dizendo isso, Rudel gentilmente beijou a testa de Lilim. Talvez fosse algo que um pai faria com seu filho. Mas para Lilim que queria ser reconhecida pelos outros, era mais do que o suficiente para acalmar seu coração.

(Lilim): “Obrigado... Rudel”

(Sombra): “Mesmo assim, para mim, te reconhecer é...”

Duas vozes escaparam dos lábios de Lilim antes de ela perder a consciência. Assim que ela apagou, uma névoa negra saiu de seu corpo. Assim que a névoa sumiu, sua pela negra e seu cabelo prateado voltaram para branco e louro.

E levantando ela com seus braços, Rudel começou a carrega-la. Essa cena era exatamente a forma de uma bela mulher sendo carregada como uma princesa por um jovem Cavaleiro. Vendo essa cena, Cattleya se sentiu com inveja de Lilim.

O Dragão do Vento livre do Dragão Vermelho se aproximou dele. O chão tremeu debaixo do avanço de seu enorme corpo.

[Dragão]: (“Filho dos homens... você não honrou sua promessa comigo”)

(Rudel): “Eu vou salva-la. Eu vou fazer um relato sobre este incidente também e eu vou fazer um sincero pedido para emprestar o poder da minha casa. Então você poderia apenas me dar um pouco de tempo?”

Rudel ainda não tinha desistido e mesmo que ele tenha até salvado sua contratante, o Dragão do Vento não podia dizer mais nada. Ele olhou para o céu.

[Dragão]: (“Parece que meus companheiros estão se aproximando...”)


Pelo relatório de Cattleya e as investigações de seus subordinados que ele trouxe para acompanha-lo, o vice capitão dos Dragoons pensou que teria que desistir de Lilim. Nas poucas horas desde que ela aterrissou... a primeira impressão que ele teve era a pior possível e isso ainda não tinha mudado.

Tentar ferir os três filhos mais velhos das casas dos Três Lordes e com várias outras acusações, cabeças certamente iriam voar. Literalmente. Ainda assim, para o vice capitão que pensou nisso, Rudel reportou a situação com olhos cintilantes.

Rudel relatou nada além da verdade, ele nem tentou defender Lilim a respeito do que ela tinha feito. Mas ele baixou sua cabeça para o vice capitão enquanto falava.

(Rudel): “Você não pode fazer nada para salva-la!? Ela é minha noiva”

Assim que Rudel se curvou, o vice capitão ficou ainda mais confuso. Ele também queria salvar Lilim, que ainda tinha um belo futuro pela frente, mas isso não mudaria o fato de que ela causou um problema. E não era apenas Rudel. Mesmo se a casa de Rudel tolerasse ela, ele não poderia pensar que os outros nobres de alto nível iriam ficar em silêncio.

(Vice Capitão): “Eu aprecio o sentimento, mas... quando as coisas escalaram tanto assim...”

Enquanto o vice capitão lutava para encontrar as palavras certas, Eunius e Luecke que estavam observando o chamaram.

(Eunius): “Eu não me importo. Se eu falar para o meu velho que eu lutei com um Dragão, ele só vai se gabar por isso”

(Luecke): “Eu também não me importo. Eu vou escrever uma carta apropriada para a minha casa”

Com as palavras desses dois, os olhos de Rudel brilharam. Mas esses três não eram os únicos feridos. Basyle e Vargas também se machucaram. Percebendo os sentimentos de Rudel, Vargas que estava apoiado no ombro de Basyle concordou.

(Vargas): “Eu estou bem, vamos apenas dizer que eu me machuquei lutando com um Ogro

(Rudel): “Vargas, você tem certeza?”

(Vargas): “Isto é só um favor Rudel. Você vai me pagar algum dia”

Enquanto o vice capitão olhava para eles, os cinco se curvaram.

(Vice Capitão): “Eu não posso prometer nada, mas eu vou fazer tudo o que puder para conseguir um pouco de clemência para ela. Nós vamos transportar vocês para a cidade, assim... hey. Cattleya, venha até aqui também... não, esqueça”

Cattleya se aproximou sem graça do vice capitão. Ela também queria levar esses cinco para perto da cidade, porém... o cheiro que ela liberava impediu que todos se movessem. De forma insensível, até seu Dragão estava mantendo distância dela.

(Cattleya): “Isto não é minha culpa, estou te dizendo! Aquela mulher! Maldita seja! Escória imperial!!!”



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