Volume 1

Capítulo 26: O Mago idiota e o Dragoon idiota

Na sala de espera do torneio, os alunos do segundo ano do curso fundamental estavam reunidos. Todos os presentes eram os representantes de suas classes e alunos habilidosos. Com isso, as partidas começaram uma após a outra...

E era finalmente a vez da sala de Rudel enfrentar a de Luecke. Ambas as classes saíram da sala de espera. Rudel e Luecke andaram lado a lado.

(Luecke): “Eu vu dar o meu máximo Rudel”

(Rudel): “Yeah. Eu não vou pegar leve com você também. Eu vou lutar com tudo o que eu tenho”

Sem se olharem nos olhos, os dois entraram no salão, esperando até que chegasse o momento da última partida. Era uma batalha em equipe entre cinco representante e a sala de Rudel venceu a primeira e a segunda partida, fazendo o placar ficar em dois a dois. Com isso, tudo seria decidido no embate final, mas além disso, os dois só podiam se concentrar no valoroso adversário que estava diante de seus olhos.

(Árbitro): “E agora a partida final irá começar!”

Junto do sinal do árbitro, Luecke começou a tomar distância para tirar vantagem de sua especialização em ‖Magia‖. Mas Rudel não permitiria isso e se aproximou em um instante. Luecke estava consciente que não poderia vencer Rudel em velocidade. Então ele avançou para cruzar espadas.

(Luecke): “!!!”

A espada de madeira que Luecke usou para se proteger de Rudel foi esplendidamente rebatida e foi mandada girando para o ar. E enquanto Rudel estava pronto para atacar...

(Luecke): “Ainda não!!”

Luecke usou ‖Magia‖ a curta distância. Normalmente, usar isso desta forma seria muito perigoso... normalmente seria sim! Mas mesmo assim, havia alguns casos em que valia a pena correr o risco. A explosão o lançou para trás, lhe dando alguma distância de Rudel. Luecke sofreu alguns ferimentos causados pela própria ‖Magia‖. Ainda assim, ele tomou a distância que queria. E era neste ponto que Luecke poderia cumprir seu papel corretamente.

Lançando um fluxo constante de ‖Magia Elementar‖ em Rudel, ele preparava seu trunfo. Não era tão fácil como soava, e havia a possibilidade de falhar. Mas mesmo assim, Luecke decidiu encarar esta partida com toda a sua determinação.

Ele atacou Rudel com ‖Magia do Vento‖, mas o ataque foi evitado pela passada fortalecida com ‖Magia‖ de Rudel. Até para Rudel era difícil desviar de tantos ataques do especialista em ‖Magia‖ Luecke.

(Rudel): “Mesmo assim...”

Rudel desviava mais rápido do que podia falar. Mas ainda invocando ‖Magia Elementar‖, Luecke continuou sua torrente de ataques. Enquanto Rudel desviava, ele tentava se aproximar.

Exatamente como Luecke, ele usava ‖Magia Elementar‖ como uma distração para se aproximar... então ele parou. No momento em que ele tentava chegar mais perto, Luecke terminou seus preparativos. Pressentindo o perigo, Rudel recuou e Luecke usou a maioria de sua |Mana para invocar uma ‖Magia Avançada‖.

Consciente do movimento anterior que feriu o próprio usuário da ‖Magia‖, Rudel pulou para trás, mas agora ele se sentia arrependido. Ele devia apenas ter encurtado a distância.

Para os estudantes do curso fundamental, ‖Magia Avançada‖ era muito perigosa... mas a ‖Magia‖ de Luecke se ativou perfeitamente. Chamas se mesclaram em uma tempestade de vento. O ringue que era usado para os duelos foi envolvido por um pilar de chamas.

(Luecke): “Que tal isso Rudel!!”

Pelo uso excessivo de |Mana e seu ferimento auto infligido, Luecke cambaleou. O salão se agitou com a ‖Magia‖ e se preocupou com a segurança de Rudel. Assim que o árbitro se apressou para anunciar o fim do duelo... a tempestade de fogo se dividiu em duas e se desfez... em cima do ringue, a espada de madeira de Rudel emitia uma tênue luz. Rudel tinha usado um golpe de cima para baixo...

Talvez ele tivesse se esforçado, porque sua respiração também estava irregular.

(Luecke): “... impossível. Você realmente é alguma coisa Rudel!”

Dando uma risada satisfeita, Luecke sabia que tinha que mostrar a seu primeiro amigo além de Eunius que podia lutar com seriedade. Ele continuou lançando suas ‖Magias‖... mas com o uso da ‖Magia Avançada‖ e o uso constante de ‖Magias Elementares‖, ele já estava quase sem |Mana. Ainda assim, ele continuou mantendo seu terreno sem desistir da luta.

Luecke podia ver a aproximação de Rudel em câmera lenta. Ele se lembrou do ambiente em que ele viveu desde uma idade precoce. Uma educação dura desprovida da existência de qualquer coisa parecida com um amigo. Mesmo nesse passado, Luecke amava ‖Magia‖, e ele queria alguém para falar sobre isso. Ele queria falar tudo sobre sua amada ‖Magia‖. Mas mesmo depois de entrar na academia, seu status como herdeiro de um arquiduque fez com que os outros mantivessem distância.

A única exceção era Eunius, que continuava focado em sua esgrima, e suas conversas não combinavam. Mesmo se ele falasse sobre sua adorada ‖Magia‖, as pessoas só iriam concordar com ele. No fim, ele descobriu que eles iriam concordar até se ele inventasse uma mentira. Uma vida tediosa, dia após dia.

E assim, Luecke finalmente encontrou um amigo com quem podia conversar. Rudel. Normalmente, o tema ‖Magia‖ aparecia sem precisar falar nada, mas ele podia acompanhar conversas além desse tema, e falar sobre ‖Magia‖ com Rudel (sempre sério em tudo) era divertido... apesar de ele ainda não conseguir aceitar aquele livro com o título “Como acariciar um Dragão”.

Enquanto as observações intuitivas de Rudel se destacavam, Luecke iria rir assim que eles falassem sobre a parte teórica. Para as pessoas ao redor, iria parecer uma conversa estúpida entre homens, mas era mesmo uma conversa sobre ‖Magias‖ de alto nível.

E Luecke desafiou Rudel para uma partida séria. Ele considerou se segurar para ajudar seu amigo. Seu primeiro verdadeiro amigo... se possível, ele queria aproveitar sua vida escolar junto dele.

Mas mesmo assim... ele sabia que Rudel não iria ficar feliz com tal ato, então ele não poderia pegar leve contra seu amigo. Sua visão se borrou e ficou difícil para Luecke manter seu foco.

(Luecke): “Rudel, você é mesmo...”

A ‖Magia‖ que ele tentou lançar com suas últimas forças nunca foi invocada... a espada de Rudel tocou perfeitamente o pescoço de Luecke.

(Árbitro): “Ve-vencedor! Rudel Arses!”

Depois de um momento de silêncio, a voz do árbitro ressoou pelo salão. O espaço foi preenchido por uma mistura de aplausos e vaias dos espectadores. Ouvindo isso, Rudel guardou sua espada de madeira, sem fôlego. Como se finalmente pudesse descansar, Luecke caiu sobre seus joelhos. Rudel o ofereceu sua mão.

(Rudel): “Luecke, obrigado”

(Luecke): “... não é como se eu tivesse deixado você vencer. Eu vou ser o vencedor na próxima vez... então não perca até lá”


Assistindo a partida deles da sala dos visitantes nobres, a família real e seus Alto Cavaleiros... o diretor também estava presente...

(Albach): “Isso foi esplêndido... esses herdeiros de arquiduques vão crescer maravilhosamente”

Ouvindo as palavras de seu pai, Fina supostamente estava encantada...

(Fina): “Sim. Rudel-dono é forte... Luecke-dono também”

[Fina]: (“Que merda você está fazendo Luecke!?!? Você está tentando fazer o mestre perder? Vocês não são amigos!? Só entregue a partida para ele!!! E por que não há nada além de monstros na chave da classe do mestre... alguém deve ter armado tudo isso!!!”)

... mas na verdade, ela estava consideravelmente nervosa. Ela lançou um olhar para o diretor. Em sua cabeça, o diretor era um dos suspeitos.

(Fina): “Mas... diretor, este torneio não está um pouco estranho?”

[Fina]: (“Pare com isso agora! Se você tentar atrapalhar meu plano... eu não vou ficar calada sobre o fato de você ter distorcido meu testemunho sobre o incidente!”)

O diretor respondeu ao olhar sem expressão de Fina. A propósito, a pessoa que distorceu o testemunho de Fina não foi o diretor.

(Diretor): “Com certeza, há muitos competidores de alto nível em uma mesma chave. Mas a academia não cometeu nenhuma injustiça”

Fina duvidou das palavras do diretor. O resto da família real assistiu a próxima partida sem interesse... para dizer a verdade, a ordem deste torneio foi decidida por vários sorteios com os representantes das salas. Ninguém cometeu nenhuma desonestidade.

O diretor olhou para Rudel na sala de espera no início da partida seguinte enquanto pensava.

[Diretor]: (“Não importava quantas vezes nós refazíamos isso, todos os adversários poderosos acabavam na mesma chave. Mesmo refazendo a ordem das lutas cinco vezes... o caminho desta criança era sempre o mais difícil”)

Resistindo a vontade de suspirar, ele explicou a próxima partida para a família real. E escutando a essa explicação, o rei olhou para sua filha, o início desses eventos... desde mais nova, ela não demonstrava nenhuma expressão em seu rosto... não, talvez ela não conseguisse. E este foi o primeiro pedido egoísta dela.

Para salvar a pessoa para a qual ela devia sua vida... depois de algumas investigações, ele descobriu que os relatórios sobre Rudel foram sobrescritos a um ponto anormal, e ele até tinha considerado reexaminar o veredito. Mas a Casa Arses em questão desejava punir esse indivíduo, e mesmo eles sendo da realeza, havia um limite em quão longe eles podiam se meter nos assuntos internos da casa de um arquiduque.

Para resolver isso, ele fez uma visita ao torneio. Mesmo se ele não chegasse ao topo, ele iria recompensa-lo com algum prêmio por seus esforços... e dizendo isso, ele iria garantir que ele pudesse se graduar corretamente, ou foi o que ele estava planejando, porém...

[Albach]: (“Eu acabei vendo algo surpreendentemente interessante. Rudel e Luecke... e Eunius. Que crianças interessantes”)

Nesta visita, ele descobriu algo diferente além de estar atendendo o pedido de sua filha. Ele percebeu que queria um filho desse calibre... poderia ser que esses três se tornaram amigos? Eles estavam se ajudando neste ponto? Eles iriam se auxiliar daqui em diante? O rei Albach pensou nessas possibilidades.


O rei de |Courtois|, Albach Courtois, era um personagem ainda mais secundário do que o próprio Rudel dentro do jogo. Ele era tratado de tal forma que poderia ser chamado de personagem genérico¹. Seu nome aparecia algumas vezes, seu rosto era mostrado na tela apenas uma única vez no evento da guerra... enquanto as mulheres ao seu redor tinham muito mais importância do que o necessário, o rei nunca disse uma única palavra.

Sendo tal personagem, o rei não tinha nem mesmo um histórico detalhado sobre sua vida. Quando até mesmo a rainha tinha um evento secreto de romance... se você pensar bem sobre isso, talvez ele fosse de fato um rei bem miserável.


Nota

[1] Aqui o tradutor usa o termo mob character, que é um termo para se referir àqueles NPCs genéricos dos jogos que não tem nenhuma característica própria, como o “Aldeão A” ou o “Guarda D”.



Comentários