Date A Live Japonesa

Tradução: Shirogatari Scans


Volume 1

Capítulo 2: Início do Jogo

— Já faz um tempo.

Na minha cabeça, uma voz que já tinha ouvido antes ecoou em algum lugar.

— Finalmente, finalmente nos encontramos de novo, ×××.

Uma voz cheia de nostalgia, animada.

— Estou contente, porém, apenas um pouco mais. Espere apenas mais um pouco.

Quem é você, perguntei, mas não recebi resposta.

— Não vou abandoná-lo de novo. Eu definitivamente não vou errar de novo. E é por isso… Aqui, a voz misteriosa foi cortada.

***

Parte 2

— … Haa!

Shidou veio,

— Uwahh!

E soltou um grito.

Bem, é claro. Afinal de contas, uma mulher que ele não conhecia estava segurando suas pálpebras abertas com os dedos, enquanto jogava uma luz nos seus olhos com o que parecia ser uma lanterna pequena.

— … Nn? Ele acordou.

A mulher estranha com uma cara sonolenta disse, com uma voz espaçada e indiferente.

Parecia que ela estava checando os movimentos da pupila do inconsciente Shidou, então seu rosto estava extraordinariamente perto. Ele podia sentir uma fragrância leve, provavelmente o cheiro do seu xampu.

— Q-Q-Q-Q-QUEM É VOCÊ?

— … Nn, aah.

A mulher, ainda distraída, levantou o corpo, jogando tristemente a franja para o lado.

Assim que certa distância foi posta entre eles, tornou-se possível ver toda a aparência da mulher.

Ela estava vestindo algo parecido com um uniforme militar, e tinha cerca de 20 anos. Seu cabelo bagunçado, olhos decorados com grossas olheiras escuras e um urso de pelúcia coberto de cicatrizes, que o rosto por acaso estava espreitado no seu bolso do uniforme militar, eram suas características especiais.

— … Eu sou a Oficial de Análise daqui, Murasame Reine. Infelizmente o Oficial Médico saiu. — Mas não se preocupe. Mesmo que eu não tenha uma licença, posso pelo menos cuidar de alguns machucados.

— …

Ele não podia evitar ficar preocupado.

Porque essa mulher chamada Reine parecia obviamente menos saudável que Shidou.

Na verdade, desde cedo, como se estivesse desenhando um pequeno círculo com a cabeça, seu corpo tem balançado instavelmente.

Shidou, agora com a parte de cima do corpo esticada, lembrou-se do que Reine acabou de dizer.

“Daqui”?

Ele perguntou, olhando ao seu redor.

Shidou estava dormindo numa maca simples. Circundando, havia uma cortina branca que era usada como um divisor. Era parecido com uma enfermaria escolar.

Entretanto, o teto estava um pouco fora do lugar. Alguns tubos lisos e fiações estavam visíveis.

— Q-que lugar é, esse…

— … Ah, esse é o escritório médico do <Fraxinus>. Você estava inconsciente, então nós o trouxemos para cá.

— <Fraxinus>…? E eu estava inconsciente…, ah—

Certo, Shidou tinha sido arrastado para uma batalha entre a garota misteriosa e Origami, e tinha sido nocauteado.

— … Um, uhm, posso fazer algumas perguntas? Várias coisas que eu não entendo aconteceram… Shidou disse enquanto coçava a cabeça.

Porém, Reine não respondeu, virando silenciosamente para longe de Shidou.

— Ah— por favor, espere…

— ... Siga-me. Tem alguém que eu gostaria que você conhecesse.... Eu sei que tem várias perguntas, mas sou horrível para explicar. Se você quer algo específico, deveria perguntar a essa pessoa.

Dizendo isso, ela abriu as cortinas. Atrás delas, tinha um espaço ligeiramente grande. Havia em torno de seis camas alinhadas, e no fundo da sala havia algumas ferramentas médicas desconhecidas.

Reine virou-se para o que parecia ser à entrada da sala, e cambaleou na sua direção. Ela tropeçou imediatamente, e com um bang bateu a cabeça na parede.

— ! V-Você está bem?

— … Uuuu.

Ela não tinha caído. Gemendo, Reine estava encostada na parede.

— … Aah, desculpe. Não tenho dormido o bastante recentemente.

— F-Faz quanto tempo desde a última vez que dormiu?

Shidou perguntou, e Reine, depois de pensar um pouco, levantou três dedos.

— Três dias. Então é claro que você estaria com sono.

— … Talvez em torno de trinta anos?

— As unidades são muito diferentes!

Shidou tinha até preparado uma resposta para em torno de três semanas, mas aquela foi inesperada.

E isso obviamente ultrapassava a idade que parecia ter.

— … Bem, é verdade que não consigo lembrar a última vez que dormi. Eu tenho alguma coisa tipo insônia extrema.

— E-Então é isso…

— … Oh. Ahh, licença, está na hora do meu remédio.

Reine procurou nos bolsos, e tirou uma caixa de comprimidos.

Ela então abriu a caixa e derramou os comprimidos na boca, como se estivesse bebendo.

— Hey!

Sem nenhuma hesitação, o monte de comprimidos na boca de Reine se foi com um crunch crunch crunch gulp e involuntariamente lançaram-se em uma rotina de comédia.

— … O que é, você é barulhento.

— Quantos você comeu! E de qualquer maneira, que remédio era aquele!?

— … Eram todas pílulas de sono.

— Você vai morrer! Isso não é uma boa piada!

— … Mas eles não são realmente efetivos de qualquer maneira.

— Que tipo de corpo você tem!

— … Bem, é doce e delicioso, então tudo bem.

— Isso não seria Ramune¹!?

Depois do ataque de gritos, Shidou exalou um suspiro profundo.

— … De qualquer maneira, por aqui. Siga-me.

Reine devolveu a caixa vazia para o bolso, e mais uma vez começou a andar com passos cambaleantes, abrindo a porta do escritório médico.

— …

Shidou rapidamente colocou os sapatos e saiu da sala, seguindo-a.

— O que é isso…

Do lado de fora da sala, havia o que parecia ser um corredor estreito.

A cor pálida das paredes e do chão estilo mecânicos por alguma razão fez Shidou recordar das entranhas da nave de guerra espacial que apareceu em alguma ópera espacial, ou dos corredores do submarino de algum filme.

— … O que eu estou fazendo?

Shidou, já sem saber o que era o que, lentamente começou a mover os pés.

Confiando apenas nas costas de Reine que estava cambaleando com passos vacilantes, os passos ecoavam no corredor que parecia ter saído de um filme.

Depois de andar por um tempo.

— … É aqui.

No final do caminho, Reine parou na frente de uma porta com um pequeno painel eletrônico do lado e disse algo.

No momento seguinte, o painel eletrônico deu um clique leve e a porta abriu suavemente.

— … Aqui, por favor, entre.

Reine entrou. Shidou seguiu-a depois.

— … Isso é…

Ele viu a cena do outro lado da porta.

Para explicar em uma única frase, era como a proa de um navio. Na frente da porta que Shidou havia passado, o chão se espalhava numa forma metade oval, e posicionado no centro estava uma cadeira que parecia ser o assento do capitão.

Além disso, seguindo as escadas suavemente inclinadas dos dois lados levavam para um nível inferior, onde podia-se ver os membros da tripulação operando consoles de observação complexos. Era escuro como um todo, e os monitores espalhados aqui e ali emitiam uma luz que desagradavelmente afirmava sua presença.

— … Eu o trouxe.

Reine balançava a cabeça vertiginosamente enquanto falava.

— Bom trabalho.

O cara alto parado do lado da cadeira do capitão fez uma reverência como um mordomo. Ele tinha cabelos ondulados e um nariz que não parecia japonês. Era um rapaz que parecia poder aparecer em uma novel BL.

— Olá. Eu sou o Vice Comandante daqui, Kannazuki Kyouhei. Prazer em conhecê-lo.

— O-Ok…

Enquanto coçava o rosto, fez uma pequena reverência com a cabeça.

Por um momento, Shidou havia pensando que Reine estava falando com aquele cara. Entretanto— ele estava enganado.

— Comandante, a Oficial de Análise retornou.

Kannazuki chamou e da cadeira do capitão que estava com as costas para eles, um gemido baixo foi ouvido, enquanto ela lentamente girou.

E então.

— Eu te dou as boas vindas. Bem-vindo ao <Ratatoskr>.

A voz da pessoa que era chamada de ‘comandante’ soava um pouco amável demais, conforme a figura de uma garota usando uma camisa militar escarlate nos ombros ficou clara na sua visão.

Seu cabelo estava preso em dois laços pretos. Ela tinha uma forma pequena, olhos redondos como bolotas e na boca um Chupa Chups.

Shidou franziu a testa. Afinal de contas, não importava como você encarasse aquilo—

— … Kotori?

Exatamente, não importa se você vá pela aparência, pela voz, ou pela aura que a circulava, embora houvesse algumas diferenças, aquela garota era sem dúvida a irmãzinha fofa de Shidou, Itsuka Kotori.

***

Parte 3

— Itsuka, Shidou.

Murmurando numa voz fraca que ninguém mais poderia ouvir, seu rosto apareceu na mente de Origami.

Sem dúvida, ele era o garoto daquela vez. Não tinha como as memórias de Origami estarem erradas.

Era vergonhoso, mas eles só se encontraram daquela vez, então não tinha como ele se lembrar de Origami. Desde que entrou no colégio, ela tentou aproximar-se dele de várias maneiras, mas todas acabaram falhando.

E agora, havia um problema ainda mais urgente.

— Por que ele estava em um lugar como esse?

Ela não conseguia entender porque ele tinha aparecido nas ruas após o alerta de SpaceQuake ter soado.

Também— ele definitivamente havia visto. Origami, no equipamento especial— e o Espírito.

— Sargento Tobiichi, as preparações estão completas!

— …

Com a voz mecânica súbita, Origami balançou a cabeça abatida verticalmente. Ela então se focou imediatamente no comando em sua cabeça.

O comando viajou para baixo pela fiação da roupa presa em torno do corpo de Origami, passando pelas partes propulsoras das costas e ativando o Realizer incorporado.

Envolvido no equipamento cuja forma não parecia adequada para voar, o corpo de Origami estava flutuando ligeiramente no ar.

JGSDF² – Base Tenguu.

No hangar situado em uma das esquinas, seguindo as instruções mecânicas, Origami pousou em sua doca pessoal como se estivesse sentando, colocando suas armas de volta nos lugares designados e finalmente, exalando um suspiro profundo, desligando todos os Realizers.

Ao mesmo tempo, o peso do equipamento e o stress acumulado que não tinha sentido nem um pouco momentos atrás se abateram sobre seu corpo, tudo de uma vez.

O som de uma máquina começou detrás dela e os propulsores que carregava estavam desligados. No entanto, tiveram de passar mais três minutos até que Origami pudesse mover-se daquele lugar.

Isso sempre acontecia após utilizar um CR-Unit. Voltando de um super-humano para uma pessoa normal, o corpo sentia-se anormalmente pesado.

Unidade Realizer de Combate. Geralmente chamado de CR-Unit.

Aquele era o nome dado para o equipamento tático que usava a tecnologia miraculosa, o Realizer, na qual os humanos obtiveram depois de um longo SpaceQuake trinta anos atrás.

Ele recebia os resultados calculados pelos computadores e, distorcendo as leis da física, os manifestavam no mundo real.

Resumindo, embora tenham algumas restrições, é uma tecnologia que transforma imaginação em realidade. Tem sido chamado de sistema que pode produzir a chamada ‘magia’ através de modos cientificos.

Ao mesmo tempo, era o único jeito dos humanos lutarem com os Espíritos.

— Saia do caminho! Maca passando!

Uma voz gritando veio da direita.

Movendo apenas os olhos, Origami notou um membro da equipe com o mesmo uniforme mecânico na maca.

— … Merda, droga, aquela vadia…! Eu juro que vou matá-la…!

O membro da equipe na maca estava segurando uma atadura encharcada de sangue na testa e murmurando amargamente insultos enquanto era levado.

— …

Não deveria haver problemas se conseguia praguejar com tanto vigor. Perdendo o interesse, Origami moveu o olhar de volta.

Na verdade, se o tratamento for efetuado usando um Realizer para usos médicos, enquanto não for um ferimento extremamente sério, pode ser curado num instante. Quando Origami quebrou sua perna antes, no dia seguinte ela já podia andar de novo.

——

Enquanto exalava um longo suspiro, Origami olhou de relance para cima. Ela se lembrou da batalha de hoje.

— A calamidade que destruirá o mundo, Espíritos.

Era uma anormalidade que super-humanos como Origami não podiam nem ter esperanças de eliminar.

Aparecendo do nada, espalhando destruição por capricho, eram monstros ao nível de desastres naturais.

— …

No final, até mesmo a batalha de hoje acabou com o Espírito se perdendo, porém era mais como se o Espírito houvesse decidido descer as cortinas.

Perdido não significa que o Espírito morreu.

Tudo o que significa, é que o Espírito escapou para outra dimensão.

Embora houvesse registros em livros onde parecia que as ações dos AST expulsassem Espíritos, Origami, assim como todos os outros membros envolvidos em batalhas diretas, sabia.

Os Espíritos não sentem absolutamente nenhuma ameaça vinda deles, e quando os Espíritos somem, era simplesmente por capricho.

— …

Sua expressão não mudou nem um pouco.

Entretanto, Origami cerrou os dentes de trás com força.

— Origami.

A voz que veio de dentro do hangar quebrou seus pensamentos.

— …

Silenciosamente, virou-se para encarar a voz. Seu corpo provavelmente não tinha se acostumado ainda, já que sentia que sua cabeça estava extremamente pesada.

O Realizer básico equipado no uniforme de fiação, quando iniciado, pode expandir o território pessoal em alguns metros ao redor da pessoa.

Esse território é a essência do CR-Unit. Como o nome diz, é um lugar onde os pensamentos do usuário podem tornar-se realidade.

Ele tinha a habilidade de suavizar qualquer ataque externo, bem como ainda permitia a falta de gravidade por dentro, para se sentir livre. Enquanto o território estiver expandido, os membros da AST podem tornar-se super-humanos.

Por isso que na volta, por um tempo após usar o CR-Unit, era difícil mover o corpo livremente.

— Bom trabalho.

Usando o mesmo uniforme que Origami, estava uma mulher em torno dos seus 20 anos, com a mão no quadril.

Capitã Kusakabe Ryouko. A Oficial Comandante da AST a qual Origami fazia parte.

— Você fez bem expulsando aquele Espírito sozinha. … Eu dei o relatório escrito para Tomonara e Kagaya. O que estávamos pensando, recuando e deixando o espírito só para Origami.

— Eu não o expulsei.

Origami respondeu e Ryouko encolheu os ombros.

— Bem, tenho que reportar desse jeito para os superiores. Se não mostrarmos algum resultado, os orçamentos cairão.

— …

— Vamos, não faça essa cara. Eu estou te elogiando, afinal de contas. Nessa situação, onde o lugar do campeão ainda está vazio, você está se esforçando bastante. Ainda, se você não estivesse aqui, o número de pessoas que morreram a mais não seria só um ou dois.

Fuuuu, exalou a respiração.

— Mas ei,

Ryouko afiou o olhar, agarrou a cabeça de Origami e virou-a em sua direção.

— Você estava um pouco fora dos limites. — Quer tanto morrer assim?

— …

Com seu olhar cortante ainda fixado em Origami, Ryouko continuou.

— Você realmente entende com que tipo de oponente você estava lutando aqui? Aquilo é um monstro, pelo amor de Deus. Um furacão com inteligência. — Você entende? Dentro das suas habilidades, suprimir os danos ao mínimo, dentro das suas habilidades, faça-o se perder o mais rápido possível. Esse é o nosso trabalho. Não exponha-se ao perigo inutilmente.

— Isso está errado.

Origami respondeu enquanto olhava Ryouko diretamente nos olhos e, mais uma vez, abriu os lábios levemente.

— Derrotar os Espíritos, esse é o dever do AST.

— …

Ryouko franziu a testa.

Como capitã da AST, era suposto que entendesse o nome da Equipe Anti-Espíritos melhor do que Origami.

Por ter entendido, afirmou.

— Não podemos fazer nada além de suprimir os danos. Entretanto, enquanto reconhecia isso, Origami repetiu mais uma vez.

— Eu vou, derrotar, os Espíritos.

— …

Ryouko soltou um suspiro e tirou as mãos da cabeça de Origami.

— … Eu não planejava ouvir o que pessoalmente acha. Pense o que quiser. — Entretanto, se parecer que você desobedecerá algum comando no campo de batalha, será expulsa do time.

— Entendido.

Origami deu uma resposta curta, ergueu o corpo que tinha finalmente ajustado e foi embora.

***

Parte 4

— Então, esse é o monstro que chamamos de Espírito, e aqui é a AST. Eles são a JGSDF da Equipe Anti-Espíritos. Você se meteu em uma situação bem preocupante. Se não o tivéssemos reconhecido, você teria provavelmente morrido duas ou três vezes a essa hora. Então, para a próxima—

— E-Espere um pouco!

Shidou aumentou a voz, tentando segurar Kotori, que tinha começado sua rápida explicação.

— O que é isto? Depois de todo o trabalho que essa comandante está tendo para dar-lhe uma explicação direta. Se for chorar, então o faça com mais dignidade. Já que é assim, eu posso ao menos dar-lhe o privilégio especial de lamber o meu pé.

Estufando o peito levemente, com um olhar que parecia estar olhando-o de cima, uma corrente de abusos que não eram estilo de Kotori saiu da sua boca.

— Se-Sério!?

A voz cheia de alegria veio do que estava parado ao lado de Kotori, Kannazuki. Kotori instantaneamente respondeu “você não” e lhe deu uma cotovelada no plexo solar.

— Gah…!

Vendo essa mudança, Shidou abriu a boca em surpresa.

— … Ko-Kotori… É você? Você estava segura?

— O que é isso, esqueceu-se do rosto da sua irmãzinha, Shidou? Eu sabia que era ruim em lembrar-se das coisas, mas não esperava que fosse tanto. Talvez seja uma boa ideia reservar um lugar para você numa casa de repouso agora mesmo.

Uma linha de suor desceu pelo rosto de Shidou. Ele beliscou a bochecha. Doeu.

A irmãzinha amável de Shidou nem conseguia parar de chamá-lo de “onii-chan”. Coçando a parte de trás da cabeça, Shidou soltou uma voz perturbada.

— … De alguma maneira, eu estou tão confuso que é como se o interior da minha cabeça tivesse virado o Crocodile Panic. Que merda está acontecendo? Ou melhor, onde estou? Quem são essas pessoas? Também—

Kotori, acenando com a cabeça um “ok, ok”, estendeu a mão e parou Shidou.

— Acalme-se. Se eu não entender o que está perguntando, então não tem como respondê-lo.

Dizendo isso, Kotori apontou para a tela na ponte.

Ali, a garota de cabelo preto que Shidou encontrou mais cedo, assim como os seres humanos em armaduras mecânicas, estava sendo exibida.

— Uhmmm… você disse… Espírito?

Shidou perguntou enquanto coçava a bochecha. Lembrou-se da palavra que Kotori usou em sua explicação mais cedo.

Aparecendo aleatoriamente no mundo, um monstro de origens desconhecidas.

— Sim. Ela é um ser que não existia nesse mundo originalmente. Apenas por aparecer nesse mundo, não por sua própria vontade ou qualquer coisa assim, a área ao seu redor seria levada pelo vento.

Com um bang, Kotori bateu as duas mãos e depois abriu, simulando uma explosão. Shidou fez uma careta com a mão ainda na bochecha.

— … Desculpe, a escala é um pouco grande demais, então é difícil entender.

Ouvindo isso, Kotori encolheu os ombros, “você ainda não entende depois de tudo isso?” e suspirou.

— O que estou dizendo é que esses SpaceQuake, ou melhor, o fenômeno que chamamos assim, são efeitos causados depois que Espíritos como essa garota aparecem no nosso mundo.

— O q…

Shidou inconscientemente uniu as sobrancelhas. Um terremoto numa área aberta. SpaceQuake.

Um fenômeno extremamente irracional que destrói a humanidade, no mundo. E a razão por trás de tudo isso é aquela garota—?

— Bem… a escala de destruição varia. Poderia ser limitado, tão pequeno como alguns metros, ou tão grande como— em torno da extensão de um buraco gigante aberto no meio do continente.

Kotori fez um grande círculo com os braços.

Ela provavelmente estava falando sobre o primeiro SpaceQuake trinta anos atrás— aquele que era conhecido como O Desastre Aéreo da Eurásia.

— A sorte estava ao seu favor, Shidou. Se a escala da explosão naquela hora fosse um pouco maior, você provavelmente teria sido desintegrado instantaneamente.

— …

Foi exatamente como ela disse. Mesmo agora, o corpo de Shidou curvou-se de medo. Vendo Shidou daquele jeito, Kotori fechou os olhos pela metade.

— E de qualquer forma, por que você saiu enquanto o alerta soava? Você é idiota? Queria morrer?

— Não, não é… porque você estava, olhe pra isso.

Shidou tirou o celular do bolso e mostrou os dados da posição de Kotori. Como esperado, o ícone de Kotori estava parado em frente ao restaurante familiar.

— Hm? Ahh, isso.

Entretanto, Kotori tirou seu próprio celular do bolso.

— Ahh…? Por que você tem, isso.

Shidou trocou olhares entre a tela do seu próprio celular e o que Kotori carregava, que estava bem na frente dos seus olhos. Por Kotori estar naquele lugar, ele achava que ela teria derrubado o celular na frente do restaurante.

Kotori encolheu os ombros e soltou um suspiro profundo

— Eu estava imaginando o porquê de você ter saído enquanto o alerta soava. Então essa é a razão. Quão estúpida você acha que eu seria, irmão idiota.

— M-Mas… Ehh, por que esse—

— Simples. O motivo é que estamos na frente do restaurante agora mesmo.

— Huh…?

— Ok, então. Acho que seria mais rápido se eu mostrasse. — Corte o filtro. Seguindo as palavras de Kotori, a proa escura imediatamente iluminou-se.

No entanto, não era porque as luzes ligaram. Se alguma coisa, era como se uma cortina preta que escondesse o teto tivesse sido subitamente removida.

Na verdade, o céu azul espalhava-se ao redor deles.

— O-O que é isso…

— Por favor, não faça algazarra. A área lá fora é exatamente como você vê.

— A área lá fora é… isso.

— Mhmm. Onde estamos é exatamente 15000 metros acima da Cidade de Tenguu. Em termos de lugar, acabou coincidentemente sendo bem em torno do restaurante familiar onde planejávamos nos encontrar.

— Onde nós estamos…

— Exato. Esse <Fraxinus> é uma aeronave.

Cruzando os braços, Kotori soltou um sorrisinho *fufun*. Era exatamente como uma criança se gabando sobre seu brinquedo favorito. Não— se alguma coisa, era provavelmente mais próximo de uma mãe apresentando seu filho criado carinhosamente.

— A-Aeronave…? O que diabos é isso. Por que você está em um lugar como esse?

— Esse é o porquê, eu não disse para ouvir minhas explicações em ordem? Até mesmo um frango pode lembrar-se de andar três passos.

— Uuuu…

— … Entretanto, pensar que esse lugar seria encontrado através de um dispositivo de rastreamento de celular… nós deixamos isso passar completamente. Deixamos nossa guarda baixa depois de aplicar o Invisível e Evitável com o Realizer. Devemos levantar algumas contramedidas depois.

Enquanto murmurava palavras que Shidou não entendia, Kotori colocou a mão no queixo.

— D-Do que você está falando?

— Ahh, não se preocupe. Eu não esperava que você acompanhasse isso de qualquer maneira, Shidou. Afinal de contas, você tem um cérebro que perderia para o de um caranguejo peludo em termos de preço por grama.

— …

— Comandante. Miso de caranguejo não é feito com cérebros e sim com entranhas.

Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Shidou quando Kannazuki disse aquilo com uma voz firme.

— …

Kotori moveu os dedos, acenando para ele vir, e Kannazuki deu uma leve reverência.

E então *pa*, o palito do pirulito que ela havia acabado foi jogado na direção dos seus olhos.

— Nuaaaaaghh!

Apertando o olho, Kannazuki caiu para trás.

— V-você está bem?!

Não parecia que ele estava se mexendo. Shidou levantou a voz em preocupação. Porém, logo quando estava para correr até ele, parou.

Kannazuki, que havia caído no chão, tirou um lenço do bolso e com uma expressão em êxtase, calmamente o enrolou ao redor do palito de pirulito que Kotori havia jogado nele.

— Desculpe, eu te fiz ficar preocupado? Eu estou bem, essa é uma recompensa em nosso tipo de trabalho!

Dizendo isso, Kannazuki instantaneamente levantou, parando perfeitamente ereto. Que tipo de trabalho era aquele, Shidou particularmente não queria saber os detalhes.

— Kannazuki.

— Sim.

Kotori levantou dois dedos e Kannazuki tirou outros dois doces para repor e deu a ela.

— Então, voltando ao assunto. AST. Essa é uma unidade especializada em Espíritos.

Enquanto falava, Kotori apontou para um grupo de pessoas que estavam sendo mostradas na tela.

— … Uma unidade especializada em espíritos… o que exatamente eles fazem?

Ouvindo a pergunta de Shidou, Kotori levantou as sobrancelhas como se a resposta fosse óbvia.

— Simples. Se o Espírito aparece, então eles voam até lá e cuidam disso.

— Cuidam disso…?

— Essencialmente, os exterminam.

— …!

Não era como se o que Kotori havia dito fosse uma surpresa.

Entretanto— Shidou foi assaltado por um sentimento como se seu coração estivesse sendo torcido.

— E-Exterminam…?

— Isso.

Despreocupadamente, Kotori assentiu.

Shidou engoliu em seco. O som das batidas do seu coração estavam terrivelmente alta.

Ele entendeu o que eles disseram. Espíritos. Eles certamente eram uma existência perigosa. Mas— não importa o que, para ir tão longe a ponto de matá-los.

Subitamente, Shidou viu o rosto da garota em sua mente.

(— Afinal de contas, você não veio para me matar também?)

O significado por trás dessas palavras que a garota disse, ele finalmente entendeu.

Tanto quanto o sentido daquela expressão que parecia que as lágrimas cairiam a qualquer momento.

— Bem, se você considerar isso normalmente, tê-los mortos seria provavelmente o melhor para nós.

Aparentemente sem nenhuma emoção particular, Kotori falou.

— P-Por… quê?

— Por que, você pergunta?

Com uma expressão distorcida, Shidou perguntou como se estivesse gemendo e Kotori sofisticamente botou sua mão no queixo.

— Não há nada de estranho nisso, certo? Eles são monstros. Apenas por aparecerem nesse mundo, eles causam SpaceQuakes. Eles são o veneno mais maligno e mortifero que existe!

— Mas você não disse antes? Que os SpaceQuakes não têm nada a ver com os desejos dos Espíritos.

— Exatamente. Pelo menos, acredita-se que a explosão ao chegarem nesse mundo não são relacionadas as intenções do Espírito. — Mas, há marcas de destruição e vítimas de SpaceQuake resultadas pelas lutas com a AST depois.

— … Mas não é porque essas pessoas da AST os atacaram?

— Bem, pode ser. — Entretanto, essa é meramente uma hipótese. Pode ser que, se a AST não fizer nada, os Espíritos encantadoramente comecem suas atividades destrutivas.

— Isso… provavelmente não acontecerá.

Kotori inclinou a cabeça em espanto com a afirmação de Shidou.

— Qual é a sua prova?

— Alguém que destrói ruas por diversão… não faria uma expressão como aquela.

Alguma coisa como aquela era muito vaga e fraca para ser chamada de prova, mas… por alguma razão, Shidou acreditava naquilo do fundo do seu coração.

— Então, provavelmente não é de acordo com a intenção deles, certo? Mas ainda assim—

— Estando ou não causando isso voluntariamente, esse não é o problema. Em ambos os casos, é um fato que os Espíritos estão causando os SpaceQuakes. Não é como se eu não visse aonde quer chegar, mas você não pode deixar uma existência perigosa ao nível de uma bomba nuclear sozinha, só porque sente pena dela. Hoje aquele caso terminou com apenas uma pequena explosão, mas não podemos ter certeza que da próxima vez não será um desastre ao nível da Eurásia.

— Mesmo assim… chegar a ponto de matá-los…

Shidou argumentou teimosamente e murmurando “Meu Deus”, Kotori encolheu os ombros.

— Vocês só se encontraram por alguns minutos e, acima de tudo, era alguém que quase te matou, mas você ainda está do lado deles… Poderia ser que você tenha se apaixonado por ela?

— N-Não mesmo. Eu estava apenas imaginando se havia algum outro jeito.

— Algum outro jeito, huh.

Ouvindo as palavras de Shidou, Kotori soltou um longo suspiro.

— Então vamos ouvi-lo, que outros jeitos você acha que existe?

— Isso é—

As palavras pararam.

Na sua mente, ele havia entendido completamente o que Kotori havia dito.

Uma aberração que deixava marcas profundas no mundo só por aparecer— Espíritos. Uma coisa como essa deve ser eliminada o mais rápido possível.

Entretanto, foi apenas por um momento.

Shidou testemunhou aquilo. O rosto da garota, que parecia que as lágrimas estavam para cair. Shidou havia ouvido aquilo. A voz da garota, cheia de sofrimento.

— Ahh, isso é errado, foi o que ele havia pensado.

— … De qualquer maneira.

Da boca de Shidou, palavras começaram a fluir naturalmente.

— Se… nós não falarmos com eles propriamente nem uma vez… não saberemos.

O medo de encarar a morte diretamente naquela hora ainda estava cravado nas profundezas do seu corpo.

Era, honestamente, um medo que faria qualquer um querer escapar. Entretanto, Shidou não podia simplesmente deixar aquela garota daquele jeito. Porque ela é— o mesmo que Shidou.

Ouvindo as palavras de Shidou, os lábios de Kotori se curvaram em um sorriso malicioso. Era como se ela estivesse dizendo “Eu estava esperando por essas palavras”.

— Entendo. — Então, deixe-me ajudá-lo.

— Huh…?

Enquanto a boca de Shidou pendia aberta, Kotori abriu os braços.

Reine, Kannazuki, a tripulação espalhada abaixo e ainda a aeronave —<Fraxinus>, era como se ela estivesse indicando todos eles.

— Eu disse que nós vamos ajudá-lo com isso. Todo o poder do <Ratatoskr> será utilizado para apoiar Shidou.

Com um movimento elegante, Kotori botou os dedos nos joelhos.

— O qu-que você está falando? Eu não—

— Deixe-me responder sua primeira pergunta. Sobre quem somos nós.

Como se para bloquear as perguntas de Shidou, Kotori aumentou a voz.

— Ok? Os modos de lidar com um Espírito se encaixam basicamente em dois métodos principais.

— Dois…?

Shidou perguntou. Kotori deu um aceno exagerado com a cabeça e então levantou o dedo indicador.

— O primeiro é a aproximação que a AST está utilizando. O método de exterminá-los através de um confronto de poder.

Seguindo aquilo, seu dedo do meio também levantou.

— O outro é… o método de falar com os Espíritos. — Nós da <Ratatoskr>. Uma organização criada com o propósito de resolver os SpaceQuakes sem matar os Espíritos, através da conversa.

— …

Shidou estreitou as sobrancelhas, pensando. Sobre o que exatamente a organização é e por que Kotori era parte de uma organização como aquela… havia várias perguntas em sua mente, mas— por agora, ele perguntou a que estava lhe incomodando mais.

— … Então, por que tal organização vai me ajudar?

— Você entendeu tudo errado. Em primeiro lugar, a organização chamada <Ratatoskr> foi criada por causa de Shidou.

— Ha, haaaa…!?

Shidou teve uma quebra magnífica de expressão e soltou uma voz histérica.

— Espere um pouco. Agora eu estou mais confuso que antes. Por minha causa?

— Sim. — Bem, talvez seja mais correto dizer que é uma organização para estabelecer as bases do papel de Shidou em negociar com os Espíritos, com o objetivo de resolver o problema. De qualquer jeito, é uma organização que não existiria se Shidou não existisse.

— E-Espere. O que você quer dizer? Todas essas pessoas se reuniram por essa razão? Ou mais importante, por que eu!?

Shidou perguntou. E enquanto rolava o doce dentro da boca, Kotori murmurou.

— Mm, bem, Shidou é especial.

— Isso não é uma explicação!!!!

Incapaz de resistir, ele gritou.

Entretanto, Kotori sorriu destemidamente e deu de ombros.

— Oh, bem, você entenderá o motivo eventualmente. Não é o bastante? Eu estou dizendo que nós, todos os membros e todas as nossas tecnologias, vamos nos voltar as suas ações. Ou— você está pensando em parar sozinho entre os Espíritos e a AST sem nenhuma preparação? Você morrerá, com certeza.

Kotori revirou os olhos e falou com uma voz fria. Sem perceber, Shidou segurou a respiração.

Era como Kotori havia falado. Shidou estava apenas dizendo suas ideias e esperanças, mas não possuía nenhuma intenção de torná-las realidade.

Eram tantas as coisas que ele queria dizer que parecia que transbordariam de dentro da sua garganta, mas ele de alguma maneira resistiu e perguntou apenas o que avançaria com o assunto.

— … Então, para isso, o método de conversa, o que precisa ser feito particularmente?

Um pequeno sorriso flutuou no rosto de Kotori.

— Sobre isso.

Ela então botou a mão no queixo,

— Faça o Espírito— se apaixonar. Sorrindo, ela disse aquilo orgulhosamente.

.....

Depois de um tempo.

— … O que?

Uma gota de suor desceu pelo rosto de Shidou enquanto franzia o rosto.

— … Desculpe, eu realmente não entendo.

— Como eu disse, vire amigo dela, fale com ela, flerte com ela, namore com ela, e faça-a ficar perdidamente apaixonada.

Ouvindo Kotori falar isso como se estivesse determinada, Shidou enterrou a cabeça nas mãos.

— … Uhm, e por que isso resolveria o problema dos SpaceQuakes?

Kotori colocou um único dedo no queixo e com um “mmmm” fez um gesto de que estava pensando.

— Se nós queremos a solução dos SpaceQuakes sem usar a força, então nós precisamos persuadir o Espírito, certo?

— Parece certo.

— Para isso, não seria mais rápido fazer o Espírito gostar deste mundo? Oh, esse mundo é maravilhoso~, se eles ficarem assim, então até mesmo um Espírito não tumultuaria aleatoriamente.

— Entendo.

— Assim, bem, não é dito com frequência? Que se você se apaixonar, então o mundo todo parece lindo. — Então, encontre-se com ela e faça o Espírito se apaixonar por você!

— Não, tem algo errado nessa lógica.

Era óbvio que a lógica tinha ido embora pela janela. Com uma gota de suor caindo pelo rosto de Shidou, ele comentou.

— E-Eu não posso passar por uma coisa dessas…

— Fique quieto seu frangote.

Shidou tentava expressar sua queixa, mas Kotori cobria com uma voz alta que não o deixava escolha.

— Eu não deixarei a AST matar os Espíritos~, tem que haver outro jeito~, mas eu não gosto do jeito da <Ratatoskr>~…? Se você vai ser ingênuo então ao menos faça com moderação seu besouro. O que você pode fazer sozinho? Saiba seus próprios limites.

— Ugghh…

— Eu não preciso da aprovação do fundo do seu estômago. Mas se você não quer matar os Espíritos… então você não tem autoridade para escolher o método.

Por algum motivo, um sorriso maligno flutuou no rosto de Kotori.

Na verdade, era como ela havia dito.

Sem nenhum poder ou suporte, mesmo que Shidou queira falar com aquela garota, Espírito, mais uma vez, não se tornaria realidade.

Os métodos da AST estavam fora de questão— provavelmente, até mesmo o grupo de Kotori queria iludir os Espíritos por benefício próprio, já que era o único motivo que podia pensar.

Porém— era um fato que não havia outro jeito

— …, eu entendi.

Shidou assentiu amargamente e o sorriso de Kotori preencheu seu rosto.

— Yoroshiku. Olhando a data em que estamos, a próxima vez que um Espírito aparecerá será pelo menos daqui a uma semana. Nós começaremos a treinar amanhã.

— Huh…? Treinar…?

Shidou pronunciou atordoado.

***
Parte 5


O dia seguinte chegou. 11 de Abril, terça-feira.

Após o dia em que Shidou passou por uma experiência estranha e irreal.

No fim, após isso, Shidou foi transferido para uma sala diferente onde foi dada uma explicação detalhada sobre a atual situação até tarde da noite por um homem que não conhecia (honestamente, realmente não se lembrava das últimas partes), e depois de assinar vários formulários ele finalmente foi autorizado a voltar para casa.

Sem mesmo tomar banho ele desabou em sua cama, e antes de perceber, já era de manhã.

Ele arrastou seu corpo lentamente para escola, e aguentou as lições enquanto esfregava os olhos sonolentos, finalmente a última aula tinha acabado— estava pensando quando no momento em que o incidente aconteceu.

— Venha.

— Eh?

Subitamente.

A mão de Shidou foi agarrada por Origami enquanto ele soltava uma voz confusa.

— Ah, es-espere…

Sua cadeira caiu com um estrondo e ele foi carregado para fora da sala por Origami.

Atrás dele, a boca de Tonomachi estava escancarada, e por algum motivo, grupos de garotas estavam fazendo tumulto com um *kyaa, kyaa*.

Enquanto pensava que outro boato ia começar por aí, Shidou seguiu Origami. Bem, pelo menos é melhor do que ser tratado como o ’melhor casal’ com Tonomachi, confortou a si mesmo.

Sem dizer nenhuma palavra, Origami subiu as escadas até alcançar a porta trancada do telhado e finalmente soltou sua mão.

O barulho dos alunos saindo do colégio parecia horrivelmente longe.

Apesar de existirem pessoas a menos de dez metros de distância, parecia que aquele era um lugar solitário e isolado.

— Eh, uhmm…

Mesmo que ele não sentisse nada por Origami, por algum motivo ser carregado para um lugar

como esse por uma garota o fez sentir-se estranho. O olhar de Shidou nadou. Porém, sem nenhum aviso,

— Ontem, por que você estava em um lugar como aquele?

Ela falou enquanto olhava para Shidou diretamente nos olhos.

— Bem, parecia que minha irmã ainda estava nas ruas depois do alarme soar, então eu estava procurando…

— Entendi. — Você a encontrou?

Shidou respondeu. E com suas expressões imutáveis, nem mesmo demonstrando surpresa, Origami respondeu.

— A-Ah… sim.

— Oh. Que bom.

Ao dizer isso, os lábios de Origami continuaram a se mover.

— Ontem, você me viu.

— A-Ahh...

— Não conte a ninguém.

Quando Shidou estava para afirmar, Origami disse em uma voz de comando.

Eu imagino como ela reagiria se eu respondesse “Se você não quer que todos saibam, então é melhor fazer o que eu mandar, hehehe”, tal curiosidade perigosa apareceu na mente de Shidou.

Mas como esperado, Shidou não tinha tanta coragem assim. Lentamente inclinou a cabeça para frente.

— Além disso, não é só eu— mas tudo que você viu e ouviu ontem. Seria melhor se você esquecesse tudo isso.

Ela estava definitivamente… falando sobre o Espírito.

— … Você quer dizer aquela garota?

— …

Origami meramente olhou para Shidou silenciosamente.

— H-Hey... Tobiichi. Aquela garota—

Ele já tinha ouvido sobre os Espíritos pelo <Ratatoskr>, mas Shidou perguntou ainda assim.

Afinal, era apenas o ponto de vista de Kotori e sua organização. Se forem pessoas como Origami que cruzam espadas com eles, pensou que teriam um modo diferente de pensar.

— Era um espírito.

Origami deu uma resposta curta.

— … E-Esse Espírito, é uma má pessoa...?

Shidou tentou fazer a pergunta.

Enquanto fazia isso, era de leve, mas pensou ter visto Origami morder os lábios.

— Meus pais, há cinco anos, faleceram por causa dos Espíritos.

— … O q—

A resposta inesperada parou as palavras de Shidou.

— Eu não quero que tenham mais pessoas como eu.

— … Então é isso—

Shidou botou a mão no peito.

Tentou de alguma forma acalmar os batimentos cardíacos intensos e profusos.

Entretanto, subitamente um pensamento preocupante veio a sua cabeça. Enquanto coçava a bochecha, perguntou a Origami, que estava até agora olhando diretamente para ele.

— Agora que penso nisso, Tobiichi... sobre o Espírito e coisas do tipo, está tudo bem para você falar sobre eles...? Bem, mesmo que eu tenha perguntado…

— …

Origami ficou em silêncio por um momento.

— Sem problemas.

— S-Sério?

— Se você mantiver em segredo.

— ... E se eu não mantiver?

— …

De novo, suas palavras pararam por um momento.

— Isso seria um problema.

— Entendo... isso seria ruim. … Eu prometo a você, não contarei a ninguém.

Com um aceno, Origami aprovou.

No final da conversa, Origami moveu seu olhar para longe de Shidou e desceu as escadas.

— … Fuuu...

Quando não podia mais ver as costas de Origami, Shidou encostou-se na parede e soltou um suspiro. Mesmo que eles tenham simplesmente só conversado, ele se sentiu extremamente nervoso.

— Seus pais morreram por causa dos Espíritos— huh.

*Dong*, bateu a cabeça na parede e murmurou.

Os Espíritos eram chamados de a calamidade que destruirá o mundo. Algo assim — provavelmente acontece.

— … Fui apenas ingênuo afinal de contas...

Origami e Kotori, embora tendo direções diferentes, estavam se movendo firmemente com suas crenças.

Mas e Shidou?

As palavras grosseiras que disse a Kotori ontem, conseguiria falar as mesmas para Origami?

— …

*Haaa*, soltou um suspiro. Ele não achava que suas ações eram um erro, mas tinha um sentimento complicado.

— Kyaaaaaaaaaaaaaaa—!!

Da direção do corredor, ouviu os gritos de uma estudante.

— ...!? O-O que há de errado??

Saltando apressadamente as escadas e dando uma olhada, viu que alguns alunos haviam se aglomerado no corredor.

No centro, notava uma mulher vestindo um jaleco branco caída no chão.

— O-O que aconteceu?

— P-Parece que ela é uma nova professora e... ela caiu de repente...

Perguntei e a aluna que estava por perto respondeu apressadamente.

— Eu não entendi realmente, mas por agora vamos chamar a enfermeira—

Quando Shidou começou a falar, a mulher caída no jaleco branco segurou sua perna.

— W-Waaaah!?

— … Não se preocupe comigo. Eu só tropecei.

Enquanto falava, a mulher levantou lentamente o rosto que tinha sido achatado no chão.

— V-Você é...!

Franja longa e olheiras grossas. Estava usando óculos, mas não tinha como esquecer essas características faciais.

— … Hn? Ahh, você é—

A mulher— Oficial de Análise do <Fraxinus>, Murasame Reine, lentamente se levantou do chão.

— O-O que você está fazendo em um lugar como esse...?

— … Não consegue dizer pelo que está vendo? Virei uma professora. Particularmente, ensinarei física, como também tomarei a posição de professora-assistente de classe da sala 2-4.

Enquanto mostrava o crachá no peito, Reine respondeu. A propósito, o urso de pelúcia coberto de cicatrizes estava pendurado no bolso do jaleco, logo abaixo do crachá.

— Não, não tinha como eu saber disso!

Um grito— nesse ponto, Shidou notou que os olhares dos que os arredondavam estranhamente focaram-se neles.

— Ah... P-Parece que ela está bem.

Esticou a mão e ajudou Reine a se levantar.

— … Nn, obrigada.

— De nada. Vamos conversar enquanto andamos.

Dando atenção aos que estavam ao seu redor, Shidou sugeriu. Marchando ao passo de Reine, eles se arrastaram para longe.

— Uhm— Oficial de Análise Reine?

— Nn, ahh, só Reine está bom.

— Huh?

— … Eu também o chamarei pelo nome. Dizem que coordenação e cooperação nascem da confiança.

Reine afirmou com a cabeça algumas vezes e olhou para o rosto de Shidou.

— Uhm, você era... Shintarou, certo?

— Longe disso!

Não havia nada parecido com confiança aqui.

— … Então, Shin, isso deve ter sido repentino.

— O que há com esse final esplêndido? Ou melhor, você até me deu um apelido estranho!

O grito explodiu. Entretanto, Reine continuou como se não tivesse ouvido as palavras de Shidou.

— … As preparações para o treinamento de fortalecimento na qual Kotori falou ontem foram completadas. Eu estava te procurando. Isso é perfeito, vamos proceder para a sala de preparações de física.

Qualquer coisa que Shidou dissesse seria inútil, então ele desistiu de retrucar e depois de um longo suspiro, retornou uma pergunta.

— O que exatamente eu estarei fazendo nesse treinamento? Uhm… Reine-san.

— … Hm. Eu ouvi isso de Kotori, mas Shin, parece que você nunca se relacionou com garotas antes, certo?

— .........

— Minha irmãzinha querida, por que você está vazando a história do seu irmão com mulheres (zero) para outras pessoas?

Uma veia pulsou no rosto de Shidou e ele deu um aceno ambíguo.

— … Não é como se eu estivesse tentando te culpar. É ótimo ter morais tão firmes. … Mas, isso não o ajudará quando você tentar seduzir o Espírito.

— Ugh...

Franzindo a testa, ele gemeu.

Foi provavelmente quando estavam passando perto da sala dos professores quando,

— … Ah?

Shidou viu uma cena estranha e parou.

— … O que há de errado?

— Olhe para isso...

Estavam olhando para sala em que a professora Tama-chan estava andando— e seguindo ela, uma sombra minúscula com o cabelo dividido em dois então virou.

— Ah!

Talvez notando o olhar de Shidou, mas a expressão da sombra minúscula—de Kotori, subitamente se iluminou.

— Oniii-chaaaaaaaan!

Instantaneamente, como se sugada em sua direção, Kotori deu um ataque surpresa no estômago de Shidou.

— Hagaa³...!

— Ahahaha, você disse hagaa! Esse é o prefeito! Ahahahaha!

— Ko-Kotori...!? Por que você está nesse colégio…

Shidou perguntou enquanto, de alguma maneira, empurrava Kotori que estava agarrada ao seu estômago. E de trás de Kotori, a professora Tama-chan correu até eles.

— Ah, Itsuka-kun. Sua irmã veio aqui, então estávamos indo avisá-lo agora mesmo.

— A-Ah...

Dando uma boa olhada, Kotori estava usando os chinelos dos visitantes e tinha um crachá de visitante no peito, acima do seu uniforme do ensino fundamental. Parece que ela entrou no colégio depois de passar propriamente pelas formalidades.

— Oh, professora, obrigada!

— O prazer é meu.

A professora retornou um sorriso a Kotori que estava balançando a mão energeticamente.

— Oh, que irmã mais fofa.

— Haa... éé.

Enquanto uma gota de suor descia pelo rosto de Shidou e com um sorriso amargo, deu uma resposta ambígua.

Depois de sorrir e acenar com um “tchau tchau” para Kotori, a professora saiu em direção á sala dos professores.

— … Então, Kotori.

— Huh, o quê?

Enquanto abria seus olhos redondos, Kotori balançou a cabeça.

Aquele comportamento pertencia a irmãzinha fofa a qual que Shidou estava familiarizado.

— Você... aquelas coisas ontem à noite, como a <Ratatoskr>, ou Espíritos—

— Vamos falar disso mais tarde.

Seu tom era o mesmo de sempre, mas por algum motivo teve a sensação de algum tipo de pressão, então Shidou ficou em silêncio.

Então, detrás de Shidou, a voz quieta de Reine ecoou.

— … Você chegou cedo, Kotori.

— Mm, é porque deixei o <Fraxinus> para trás na metade do caminho.

Mesmo que tenha dito falar sobre essas coisas mais tarde, ela naturalmente falou o nome da aeronave.

Sentindo que aquilo era um pouco irracional, Shidou botou a mão na testa.

Olhando para aquilo com um sorriso despreocupado, Kotori começou a andar pelo corredor, como

se para guiar Shidou.

— De qualquer jeito, hey, onii-chan. Vamos?

Dizendo isso, Kotori puxou sua mão.

— O q... Whoa, eu entendi, então vá mais devagar.

Hoje ele tinha sido arrastado por garotas diversas vezes. Enquanto pensava vagarosamente nisso, chegaram ao destino.

— Agora, entre, entre~♪.

— Não diga como se fosse 'heigh-ho'!

A pedido de Kotori, Shidou deslizou a porta. Imediatamente a seguir, franziu a testa e esfregou os olhos.

— … Hey.

— … O quê?

Reine respondeu as palavras de Shidou inclinando a cabeça.

— O que é essa sala?

A sala de preparação física não era um lugar que os alunos entravam normalmente, e na verdade, Shidou não tinha ideia do que continha.

Mas até então, ele percebeu.

— Aquilo não era a sala de preparação de física.

Afinal de contas, a visão de Shidou se encheu com um grande número de computadores, monitores e vários instrumentos eletrônicos que ele nunca tinha visto antes.

— … Eles são os equipamentos da sala?

— Por que está respondendo com uma pergunta!? Ou melhor, antes disso, essa não é a sala de preparos físicos? O que aconteceu com o professor a cargo desse lugar!

É verdade. Originalmente, aquela era suposta de ser o único lugar além do banheiro onde o gentil e singelo velho professor de física, Chousoka Beshiyouchi (apelidado de chapéu de pedra nato), podia descansar.

Agora, a figura do professor Chousoka Beshiyouichi não podia ser vista em lugar nenhum.

— … Ah, ele. Hmm.

Reine botou a mão no queixo e deu um pequeno aceno.

— …

— …

— …

— …

Desse jeito, alguns segundos se passaram.

— … Oh, bem, mesmo que fique parado aí não vai mudar nada. Por favor, entre.

— O que vem depois do 'hmm'!?

Que habilidade incrível de ignorar. É uma habilidade que os japoneses definitivamente deveriam aprender nos dias atuais.

Reine entrou na sala primeiro e sentou na cadeira colocada na parte mais profunda da sala. Depois, Kotori entrou na sala do lado de Shidou.

Então, de um jeito bem casual, ela soltou o cabelo preso pelos laços brancos e prendeu-o de novo com os laços pretos que tirou do bolso.

— Phew.

Quando fez isso, pareceu que a aura de Kotori mudou subitamente.

Ela então lentamente afrouxou a gola do uniforma e se jogou na cadeira perto de Reine com um grande thump.

E então, da bolsa que carregava, Kotori tirou o que parecia ser uma pequena capa. Dentro, alinhados lindamente em conjunto, havia vários tipos de Chupa Chups.

Era o tão falado recipiente de doces.

Kotori escolheu um, botou na boca e deu um olhar como se estivesse vendo Shidou por cima, que ainda estava parado na entrada da porta.

— Até quando você vai ficar parado aí, Shidou? Ou você está tentando virar um espantalho? É bom você desistir. Com essa cara estúpida, não acho que você poderá espantar os corvos. Ah, mas já que é tão grosso, talvez por outro lado humanos não cheguem perto de você.

— …

Vendo sua irmã que havia se transformado em uma rainha em um único momento, Shidou botou a mão na testa.

Ao mudar os laços, deve ter provavelmente causado uma troca de mentalidade.

Era como se virasse as peças do Reversi, impressionadamente como Jekyll & Hyde.

— … Kotori, qual é sua personalidade verdadeira...?

— Você está sendo bem rude. Não vai ser popular com mulheres desse jeito. — Ahh, então é por isso que você é virgem. Desculpe por ressaltar uma coisa tão óbvia.

— … Hey.

— De acordo com as estatisticas, mais da metade dos homens que chegam aos vinte e dois anos sem ter conseguido namorar uma garota continuará virgem pelo resto da vida.

— Isso significa que eu ainda tenho mais do que cinco anos sobrando! Não subestime o futuro eu!

— Pessoas que falam somente sobre possibilidades e quanto tempo tem de sobra, no final, a única coisa que acabam dizendo é “Me esforçarei a partir de amanhã”.

— Guh...

Percebendo que não venceria uma discussão, cerrou os dentes e fechou a porta.

— … Agora, de qualquer maneira Shin, o treinamento está para começar. Por favor, sente aqui.

Dizendo isso, Reine indicou a cadeira amassada entre as duas.

— … Okay.

Shidou já havia percebido que qualquer reclamação seria inútil, então seguiu em sua direção e sentou na cadeira.

— Agora, vamos começar imediatamente a tort...*cof**cof*, vamos começar o treinamento.

— Você acabou de dizer tortura.

— Imaginação sua. — Reine.

— … Ahh.

Reine assentiu. Por algum motivo, parecia que dormiria ali, daquele jeito.

— … Não apenas para baixar a guarda do alvo, mas com a intenção de ganhar sua afeição, manter uma conversa é essencial. Embora possamos dar instruções de onde ir e o que dizer… se a pessoa em questão está nervosa então não vai funcionar.

— Uma conversa com uma garota... não deve ser tão difícil.

— Imagino.

Kotori subitamente segurou a cabeça de Shidou e empurrou-a com força entre os seios de Reine.

— ......!?

— … Nn?

Reine soltou um barulho estranho.

Suas bochechas foram atacadas por uma sensação macia e quente. E seguindo isso, uma fragrância que parecia derreter seu cérebro circulou seu nariz. Shidou instantaneamente empurrou a mão de Kotori para longe e levantou a cabeça com uma sacudida.

— … O-O-O-O que você está fazendo...!

— Hmm, isso não é bom huh.

Kotori encolheu os ombros ironicamente.

— Você entende agora, certo? Se algo como isso mexer até mesmo com seu batimento cardíaco então definitivamente não é uma boa coisa.

— Não, claramente esse exemplo é estranho, certo!?

Entretanto Kotori não estava disposta a ouvi-lo, enquanto balançava a cabeça emdesapontamento.

— Sério, você é um cherry-boy, huh. Oh meu Deus, eu realmente pensei que você era um pouco fofo?

— C-Cale a boca.

— … Bem, isso não é bom? É por causa disso que viemos aqui afinal de contas.

Dizendo isso, Reine cruzou os braços. Seu busto naturalmente magnífico estava ainda mais enfatizado.

Ou melhor, eles estavam ‘montando’ em seus braços.

— …

Por algum motivo, olhar para eles o fazia sentir-se envergonhado, então sem perceber sua visão vagou.

— Treinar para se acostumar com garotas.

Na cabeça de Shidou, as palavras de Reine ecoaram.

Além disso, elas tornaram-se mais ou menos como evitar ser frustrado em situações eróticas… ou alguma coisa assim.

Kotori e Reine, o que exatamente estão planejando obrigar Shidou a fazer aqui—

— Engula sua saliva. É nojento.

Colocando os cotovelos na mesa, Kotori disse com os olhos semiabertos.

— ...! N-não, não é isso, Kotori! E-Eu não estava…

— … Oh, bem, porque não começamos imediatamente?

Cortando a conversa entre Kotori e Shidou, Reine empurrou os óculos para cima.

— Haa—, e-espere, eu não me preparei ainda...

Com a voz tremendo de nervosismo, Shidou endireitou as costas.

Sem ligar para ele, Reine murmurou “…Nn” e como a um momento atrás, trouxe o corpo em direção a Shidou.

Comparado com o caso anterior onde eles foram trazidos em contato sem nenhum aviso prévio, seu coração palpitou mais rápido.

— Ahh, o quê? O que exatamente ela vai fazer…!?

Com o coração batendo desse jeito, ele nem conseguia se mover. Enquanto fazia uma expressão como se fosse o personagem principal de um mangá shoujo dos anos 80, Shidou fechou bem os olhos.

Entretanto, não importa quanto tempo ele tenha esperado, nada aconteceu.

Abrindo os olhos e dando uma olhada, Reine só tinha apertado o botão para ligar o monitor na mesa.

— Eh...?

Enquanto Shidou encarava fixamente, a palavra <Ratatoskr> desenhada graciosamente apareceu na tela.

Depois, junto com uma música pop, garotas bonitas com cabelos coloridos foram mostradas em ordem, e um logo que parecia ser o titulo, ‘Apaixone-se, meu • pequeno • Shidou', girou.

— I-Isso é...

— … Aham. Isso é o chamado jogo simulador de encontros.

— Isso é um galge?!

Shidou soltou um grito agudo.

— Oh, o que você imaginava? Parece que só suas habilidades de fantasiar são de primeira categoria, repugnante.

— … N, i-isso n...

Se atrapalhando por causa das palavras… de alguma maneira conseguiu se acalmar limpando a garganta.

— E-Eu estava apenas imaginando se algo como isso realmente conta como treinamento...

Silenciosamente, Kotori olhou para ele com um olhar como se estivesse vendo algo sujo. Ele esperava que ela ao menos dissesse algo. Esse silêncio, esse silêncio é doloroso.

— … Bem, por favor, não diga isso. Essa é só a primeira parte do treinamento. Além disso, não é algo que você pode achar nas lojas, ele foi produzido por todo o <Ratatoskr>. Ele reproduz realisticamente situações que podem acontecer na realidade. Deve ser ao menos capaz de te preparar. Por sinal, é para maiores de 15.

— Ahh... então não é para maiores de 18.

Shidou disse aquilo sem nenhum significado particular, e Kotori olhou para ele com um olhar beirando a pena.

— Você é o pior.

Então, Reine coçou a cabeça.

— … Shin, você não tem 16? Você não deveria poder jogar jogos para maiores de 18, certo?

— Mas isso não é sutilmente diferente do que disse um momento atrás?!

Ele gritou, mas não parecia que nem Kotori nem Reine responderiam.

— … Nn, então vamos começar.

— Ok, ok... vejamos.

Apesar de sentir que algo não tinha sentido algum, Shidou pegou o controle da sua mão como pedido.

Jogando um galge enquanto sua irmã e professora veem, que tipo de punição é essa? Ele pensou. Passando o monólogo do protagonista, o jogo prosseguiu.

Então, a tela subitamente ficou preta.

"Bom dia, meu irmão! Hoje é mais um ótimo dia!"

Junto com essas palavras, uma CG fofa apareceu na tela.

Uma garota baixa, provavelmente irmã do protagonista, foi desenhada em uma estrutura inclinada.

Ou melhor, ela estava pisando no protagonista que estava dormindo. Com a calcinha a mostra.

— Não tem como!!

Enquanto agarrava o controle, Shidou aumentou o tom da voz.

— … O que há de errado, Shin. Algum problema?

— Você não disse que reproduziria situações que poderiam acontecer na realidade?!

— … Exatamente, tem algo estranho ali?

— Estranho ou não, uma situação confusa como essa nunca... poderia...

Parando no meio, a testa de Shidou começou a suar.

Lembrou-se que, por algum motivo, uma experiência extremamente similar parecia ter acontecido ontem de manhã.

— … O quê?

— … Esqueça, não é nada.

Com a sensação que havia alguma coisa extremamente estranha, Shidou voltou ao jogo. Depois que avançou um pouco o texto, algumas palavras apareceram no meio da tela.

— Huh...? O que é isso?

— Mm, são opções. Você escolhe a próxima ação do protagonista através de um desses. Ao fazer isso, seus pontos de afeição mudarão de acordo, então tenha cuidado.

Dizendo isso, Kotori apontou para o topo do lado direito da tela. Ali, estava algo como um contador com o ponteiro no zero.

— Hmm... Entendi. Então estará tudo bem se eu só escolher um deles, certo?

Shidou moveu os olhos do contador de pontos de afeição para as escolhas certas.

① “Bom dia. Eu te amo Ririko.” Abraça amavelmente sua irmã.

② “Estou acordado. Ou melhor, você me acordou completamente.” Puxa a sua irmã para a cama.

③ “Te peguei, sua idiota!” Segura a perna que está pisando em você e dá uma Chave de Tornozelo.

— … O que diabos são essas três opções! Que parte disso é real?! Eu nunca fiz nenhuma dessas coisas!

— Tanto faz, mas o tempo limite já está acabando.

— Huh...?!

Exatamente como Kotori disse, o número mostrado embaixo das opções estava passando gradualmente.

— … Acho que terei de fazer isso.

Shidou disse como se estivesse gemendo e escolheu a mais normal entre as opções, ①.

— Bom dia. Eu te amo Ririko.

Abraço minha irmã Ririko amavelmente.

Ao fazer isso, o rosto de Ririko se enche de desprezo e ela me empurra para longe.

— Eh... hey, o quê, quer parar com isso? É grosseiro.

Os pontos de afeição caíram para menos cinquenta.

— Isso deveria ser real!

Enquanto batia o controle nos joelhos, Shidou gritou.

— Ahhhh, você é um idiota. Mesmo que seja sua irmã, é óbvio que isso aconteceria se você a abraçasse subitamente. — Jeez, que bom que é só um jogo, se isso acontecesse na realidade, um amável buraco de ar seria aberto no estômago de Shidou.

— Então o que eu devo fazer!

Shidou gritou sobre esse tratamento extremamente irracional e Kotori agiu como se não tivesse ouvido.

Com um suspiro, ela ligou a tela LCD na sua frente.

— Ah...? O que você está fazendo?

— Mesmo que seja um treinamento, precisa ter um pouco de tensão.

Na tela, um cenário que ele conhecia apareceu. Era a entrada do Raizen High School. Ali, a vista da câmera, estava um senhor de meia-idade usando o uniforme do colégio.

— … O que há com esse cara?

— Ele faz parte da nossa tripulação.

Dizendo isso, Kotori puxou do nada algo que parecia um microfone e falou nele.

— Sou eu. Shidou falhou na escolha. Faça.

— Huh?

O homem na imagem curvou-se.

— Huh...? O-o quê?

Shidou estreitou as sobrancelhas e o homem na imagem tirou um pedaço de papel do bolso. Ele então segurou-o na frente da câmera.

No momento em que viu aquilo, Shidou sentiu um choque, como se seu coração tivesse parado.

— I-Isso é—

Vendo a reação dele, um sorriso que mostrava que estava gostando muito daquilo surgiu no rosto de Kotori.

— Exatamente. É o poema que o jovem Shidou, afetado pelos mangás, escreveu: 'Etude, o tributo do mundo corroído.

— P... P-P-P-Por que você tem isso…?!

Era sem dúvida o poema que Shidou tinha escrito no seu notebook no ensino fundamental. Mas antes de entrar no ensino médio, tornou-se vergonhoso e ele deve ter jogado fora.

— Fufu, pensei que poderia ser útil algum dia, então eu o peguei.

— O, o-o-o quê você está planejando...!

Sorrindo, Kotori deu o comando, “Faça”.

— Certo.

Com uma resposta curta, o homem educadamente colocou o poema dentro do armário de sapatos mais próximo.

Desse jeito, algum aluno que chegar ao colégio amanhã acabará lendo o poema que Shidou pôs sua alma para fazer!

— O... o que você está fazendo!

— Não faça tanta confusão, você é vergonhoso. Se errar enquanto estiver lidando com um Espírito, então não terminará com algo assim. Não há dúvidas sobre o que acontecerá com Shidou, mas há também a possibilidade de sermos levados juntos. — Então, com o objetivo de te dar a sensação de tensão, botei essa penalidade.

— Isso é demais!! Ou melhor, eu não seria o único que se machucaria?!

Shidou gritou e Reine afirmou, botando a mão no queixo.

— … É verdade, o que Shidou diz tem sentido.

— ! E-Exatamente!

Com a ajuda inesperada, o rosto de Shidou se iluminou. Porém,

— … Nesse caso, quando Shin errar uma opção nós deveríamos encarar também algum tipo de penalidade.

Dizendo isso, ela começou a lentamente tirar seu jaleco.

— Esp... o que você está fazendo?!

— … Uh, você não estava dizendo que era injusto que fosse o único a ser envergonhado? Então quando Shin errar a escolha, eu vou tirar uma peça de roupa desse jeito.

Ela disse e sem parecer particularmente envergonhada cruzou os braços.

— Não foi isso que eu quis dizerrrr!

— Tanto faz, continue o jogo.

Kotori impacientemente chutou a cadeira.

Com a aparência de que estava para chorar, Shidou desistiu e encarou a tela.

Mas, se as escolhas que aparecerem depois são todas como essa, ele não tinha confiança de que conseguiria passar seguramente por elas.

— Uwah, frangando e pensando como um plebeu, que vergonhoso.

— C-Cala a boca, é minha primeira vez jogando alguma coisa assim, então me dá um tempo!

— Jeez, certo então. Só essa única vez. — Salve aqui.

— O-Ok...

Depois de terminar de salvar, recomeçou o jogo e voltou a primeira escolha.

— …

Com uma expressão sombria, olhou as opções… realmente não parecia haver uma escolha decente.

Mas não parecia que a ③ aumentaria seus pontos de afeição. Pelo modo de eliminação, escolheu a ②.

— Estou acordado. Ou melhor, você me acordou completamente.

Acordando meio sonolento, puxei Ririko para cama e joguei as cobertas por cima dela.

— Ah..., o-o que você está fazendo!

— Eu não posso evitar. É por causa de Ririko que chegamos a esse ponto.

— !! Não, pare! Nããããão!

— Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem.

A tela ficou preta.

Os acontecimentos após isso aconteceram em um instante.

A irmã mais nova desabando em lágrimas. O protagonista sendo batido pelo pai. O som claro de algemas. O protagonista, rindo sozinho na sala escura.

Com essa CG de fundo, uma música triste, assim como os créditos, começaram a rolar.

— Que diabos foi isso!!!!

Incapaz de resistir, Shidou gritou.

— Se você faz algo assim subitamente, então é óbvio que vai acabar se tornando um agressor sexual.

— Então a ③ é a resposta correta?!

Shidou reiniciou o jogo e pela terceira vez retornou a primeira escolha, selecionando dessa vez a ③.

— Te peguei, idiota!

Torci a perna da minha irmã, dando uma Chave de Tornozelo— ou tentando.

— Ingênuo.

Curvou o corpo escapando do aperto, e desse jeito, passou a perna ao redor das minhas costas e segurou minhas pernas num esplêndido Shapshooter.

— Gwahh...?!

Depois disso, por causa dos ferimentos sofridos, o protagonista tornou-se paraplégico e foi forçado a viver preso a cadeira de rodas. — Dessa maneira, o jogo acabou.

— Hey, não era a ① a escolha correta afinal de contas?! E normalmente sua irmã mais nova não deveria poder fazer um movimento assim!

— Hmpf.

Assim que Shidou disse isso, Kotori segurou-o pela gola e arremessou-o no chão, instantaneamente segurando suas pernas e fazendo um Sharpshooter.

— Gah...?!

— Hmph, gah? Pelo menos chame pela sua mãe.

Dizendo isso, ela soltou Shidou e endireitou cordialmente seu cabelo.

— H-Hey, onde você aprendeu um golpe des—

— É uma forma de defesa pessoal para damas.

Ela disse categoricamente.

A imagem que Shidou tinha de uma dama subitamente mudou para uma lutadora musculosa profissional.

— Ugh..., e sobre isso? no final, qual é a resposta certa?

— Jeez, você vai até pedir à criadora pela resposta?

Enquanto falava, Kotori tomou o controle de Shidou, reiniciou o jogo e procedeu até a primeira escolha.

Ela então continuou encarando silenciosamente a tela sem selecionar nada.

— ...? O que você está fazendo? Se não se apressar—

Antes de Shidou terminar de falar, o número que aparecia embaixo chegou a zero.

— Nnnn… só mais dez minutos…

— Vamos! Acorde já!

Desse jeito, uma conversa extremamente normal foi mostrada na tela. O marcador de pontos de afeição não subiu nem desceu.

— O qu...

— Você não acha que tem algo errado em escolher entre opções tão estranhas?

Rindo desdenhosamente, Kotori devolveu o controle para Shidou.

— Farei uma exceção especial e deixarei você continuar dessa parte, então se apresse e continue. Oh, e começando da próxima escolha, haverá penalidades.

— Guh..., grr...

Sentindo algo inexplicável, Shidou pegou o controle.

Continuando o jogo, uma professora ostentando um busto que passava de 100 centimetros apareceu na tela.

Mesmo que já fosse algo irreal, Shidou ignorou e continuou. Então,

— Kyaa!

Com um grito, a professora tropeçou aparentemente em nada e caiu de um jeito que o rosto do protagonista foi empurrado entre seus seios.

Como esperado, o controle foi jogado na mesa.

— Não tem como! Algo assim…

Começou a falar, mas, de novo, Shidou sentiu um suor frio, e desanimadamente pegou o controle de volta. Ele sentiu que algo como isso, mesmo a situação sendo diferente, aconteceu algum tempo atrás.

— O que há de errado, Shidou?

— … Nada.

Silenciosamente, continuou o jogo.

Ao fazer isso, uma escolha apareceu novamente.

① — Depois de algo assim… professora, eu estou ficando apaixonado por você. — A abraça gentilmente.

② — E-esse é o deus dos seiosss!! — Segura os seios.

③ — Chance! — Muda para um armlock.

… Mais uma vez, nenhuma delas parecia ser sã.

— Então é igual...!

Shidou cerrou os punhos firmemente. Esse deve seguir o mesmo padrão do anterior. Esperando até o contador chegar a zero, como esperado, um texto apareceu na tela.

— …, kyaaaah! O que você está fazendo!? Pervertido! É um pervertido!

A professora gritou e os pontos de afeição caíram para 80 negativos.

— O que diabos!

Shidou gritou e Kotori meramente balançou a cabeça em desprezo.

— Se você se aproveitar dos seus seios por tanto tempo sem tentar sair, a resposta parece óbvia.

— Então o que eu deveria fazer!?

— Você não leu o texto anterior a escolha? Ela é a orientadora do Clube de Judô, Goshogawara Chimatsuri. Você deve botá-la em modo de defesa e mover sua atenção dos peitos para a disputa.

— Como diabos eu deveria saber isso!

— Bem, um perdedor é um perdedor. Faça.

— Entendido.

O homem na câmera pegou um pedaço de papel do bolso novamente e mostrou para a câmera. Nele, estava um desenho bruto de um personagem, assim como as suas configurações detalhadas.

— Is... Isso é!

— Isso mesmo. É o manuscrito do personagem original que Shidou criou no passado.

— Gyaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah?!

Apesar de Shidou ter soltado um grito, o homem botou o papel em um armário aleatório.

— Pare pare pare paaaaare!

Shidou segurou a cabeça e gritou, e Reine começou a fazer movimentos farfalhantes.

— ..., Reine-san!

Ele tinha esquecido. Ela tinha dito que sempre que Shidou levasse uma penalidade, ela removeria outra peça de roupa.

Bem, por Shidou ser um aluno saudável do ensino médio, não é mentira dizer que ele não estaria feliz… mas, por algum motivo, ele estava incomodado.

Felizmente, Reine ainda estava usando várias roupas no corpo. Se ele se certificasse de não fazer nenhuma outra escolha errada, então—

— … Nn

Exatamente quando Shidou estava pensando isso, Reine lentamente moveu as mãos pelas costas, fez algo que deu um clique, então moveu as mãos por dentro da roupa, contorceu-as um pouco e tirou o sutiã pelo pescoço.

— Você vai começar daí?!

Shidou gritou, e Reine inclinou a cabeça para o lado.

— … Tem algum problema?

— Não, mas você não está claramente fazendo na ordem contrária?! Ou melhor, você não precisa tirar mais nenhuma roupa!

— … Hmm? Isso não é injusto? Eu ainda posso continuar…

— Você só quer tirá-las, não é?!

Shidou aumentou a voz e sua cadeira foi chutada novamente com um *gan*.

— Eu não ligo para isso, mas se apresse. Olhe, o próximo personagem já apareceu.

Dizendo isso, Kotori apontou para a tela.

— Guh...

Sem escolha, Shidou continuou o jogo.

Dessa vez, o que apareceu na tela foi a cena de uma garota que parecia estar na mesma série do protagonista, que se chocou contra ele na esquina do corredor e caiu com as pernas em forma de M com a calcinha completamente visível.

——!

Enquanto procurava na memória, Shidou cerrou os punhos e disse em voz alta.

— Não tem nenhuma! Essa com certeza não aconteceu!!

— … Sério? Mas eu acho que isso acontece inexplicavelmente…

Isso foi o que Reine disse, mas ele definitivamente não passou por isso antes. Shidou balançou a cabeça confiantemente.

Mas sua cadeira foi chutada outra vez.

— Esse não é um jogo onde você tenta decidir qual situação é realista ou não. Faça direito. Se errar de novo na próxima escolha— isso.

Dizendo isso, Kotori mexeu no computador a sua frente.

— … Ah?

Shidou juntou as sobrancelhas enquanto um vídeo era mostrada na tela.

—— O fundo era o quarto de Shidou. Ali, estava um Shidou seminu.

— Isso... é...

O rosto de Shidou ficou pálido. Afinal de contas, aquilo era—

Special Instant Lighting Blaaaaaaaaaast!

Na imagem, Shidou fez uma pose com as duas mãos juntas na cintura e com todo o poder, subitamente as empurrou para frente.

Kotori fez uma expressão que parecia que não haver possibilidade dela apreciar nada além daquele momento.

— Exato, isso é de antigamente, quando Shidou estava cuidando da casa sozinho... *pu*, quando estava praticando seu movimento mortifero original no quarto... *kuru*, um vídeo...

Incapaz de segurar, Kotori disse enquanto ria espalhafatosamente.

— NãããããããããÃããããÃããããããooo—!

Shidou soltou seu grito mais magnífico do dia.

— Kotori! Isso não! Por favor, qualquer coisa, mas não isso!

— Fufu, é melhor você ter certeza de escolher a resposta certa da próxima vez então. … Ahh, se você desistir no meio do caminho, eu vou botar esse vídeo em um site de vídeos.

— ...

Com uma expressão de que estava para chorar, Shidou agarrou o controle mais uma vez.


Notas:

1 – (em japonês: ラムネ) ou Lamune é uma bebida gasosa não-alcoólica do tipo soda limonada fabricada no Japão. A palavra é uma corruptela do inglês lemonade, pois tanto a soda quanto as garrafas originais eram importadas do Reino Unido.

2JGSDF(陸上自衛隊; Rikujō Jieitai): Abreviação para Japan Ground Self-Defense Force, um dos ramos do Japan Self-Defense Force, no qual significa, Força de Auto-Defesa Terrestre do Japão, assim como tem aeronáutica, marinha e exército, esse ramo é como se fosse o exército de lá.

3 – Mike Haggar, ou simplesmente Haggar, é o personagem principal da série de jogos de luta da série Final Fight. Após suas lutas na corrupta cidade de Metro City, virou o prefeito de lá.

4 – Um acessório em Doraemon, que se usado, ninguém mais te notaria. Não tem nenhuma tradução oficial em inglês, mas em japonês é ‘ishikoro boushi’.

5 – Jekyll & Hyde: Musical americano que virou filme, chamado no Brasil de “O médico e o monstro”. Conta sobre Jekyll, que acreditava que todos tinham seu lado bom e mau e queria provar isso. Então ele bebe uma poção que acaba criando uma “segunda personalidade”, que ele chama de Mr. Hyde. Então é como se Shidou dissesse que Jekyll (Kotori fofa) tivesse se transformado em Hyde (Kotori Comandante).



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