Volume 2
Capítulo 32: Imaginação (2)
Olhou para a porta.
"Eu realmente não estou bem..." bocejou, piscando lentamente, e foi até a porta. Tirou o pedaço de metal, destrancou e abriu.
— Bom dia, grande heroína! O rei está chamando você para o salão do trono.
— Aham... Já vou, avisa ele lá. — Antipática, Tham... Nathaly fechou a porta na cara da serva, esperou três segundos e a abriu novamente.
A serva permaneceu lá, sorrindo. Nathaly a encarou com um semblante sério e sobrancelhas levantadas.
— Vamos?
— Aham...
Caminharam até a porta do salão.
"Não dormi direito..." Nathaly se espreguiçou com os braços para cima.
Os guardas abriram a porta e ela entrou sozinha.
Ao entrar, o rei se levantou, feliz com sua presença.
— Grande heroína, sei que você deve estar muito ocupada, mas gostaria de lhe oferecer um quarto no palácio para que fique o tempo que precisar.
Chegando próxima ao trono, ela não se ajoelhou.
— Obrigada. Isso vai ajudar bastante.
— Aliás, a guilda já deve ter terminado a contagem dos monstros que você matou. Vou pedir a uma serva que a leve até lá.
— Guilda?
— Um funcionário da guilda pode explicar melhor do que eu. Por favor, leve nossa grande heroína até lá.
— Sim, majestade — respondeu uma serva ao lado de Nathaly.
Nathaly virou o rosto para o lado.
"A mágica aí, gente, caramba, hein!"
Indo em direção à guilda, caminharam pelas ruas até a área comum.
— Está vendo aquela espada grande lá na frente?
— Estou.
— É lá que fica a guilda, minha senhora.
— Entendi. E quando eu virar meu rosto... Tcharam! — a serva desapareceu. — Que novidade... Só gente estranha nessa merda.
Enquanto caminhava até a guilda, começou a refletir sobre as informações que já tinha:
"Bom, se os primordiais estão brigados com os humanos, eles não vão estar aqui."
Entrando na guilda, perdida em seus pensamentos, Nathaly nem percebeu as pessoas dentro cochichando sobre ela:
— Ela é a grande heroína?
— Ela matou quase todos os monstros sozinha? Mas nem está usando uma espada.
Embora a construção da guilda não fosse muito grande, era bem visível, principalmente por causa de sua placa, que na verdade era uma espada imensa de um gigante morto. Esta era o ponto de referência do lugar.
A guilda também funcionava como uma taverna, mas esse não era o foco principal; lá serviam apenas dois pratos e duas bebidas.
Um dos pratos consistia em bolinhos de carne bem temperada acompanhados de anéis de cebola. O outro prato era uma porção generosa de torresmos com um limão fresquinho.
As bebidas incluíam o vinho da casa, um vinho artesanal produzido pela própria guilda de Alberg, e uma cerveja artesanal, também produzida por eles. Se alguém quisesse suco, poderiam prepará-lo mediante a oferta das frutas e o pagamento de um valor específico, dependendo da fruta escolhida.
O ambiente era bem aconchegante e rústico, com pedras mescladas a madeiras escuras e belas. A iluminação das tochas adicionava um charme extra ao local. Havia um painel à direita e à esquerda do ambiente, mas Nathaly os ignorou e passou pelas mesas até chegar a um balcão com uma porta aberta atrás.
Assim que se aproximou, Nathaly cumprimentou:
— Olá.
— Yahallo! — exclamou a recepcionista, pulando de forma muito alegre.
"Ah, não. Outra maluca não!" Nathaly tentou esconder sua feição de desespero.
— Sou a Monica. Veio buscar a sua recompensa, certo?
— Para ser sincera, eu nem sei o que é esse lugar ou essa recompensa.
Monica manteve sua feição alegre com os olhos fechados, mas então virou o rosto para a porta e gritou:
— MARIO!
Sua voz saiu grave, como o rugido de um dragão.
Pah!
Mario, que consertava um armário, bateu a cabeça de susto.
Nathaly também ficou assustada e olhou para Monica com os olhos arregalados.
Os funcionários da guilda não usavam roupas iguais, mas seguiam a linha da bandeira de Alberg, já que é um serviço público.
— Oi?!
— Confere a recompensa da grande heroína e a traz para mim.
— Ah, ela apareceu. Vou procurar.
— Tá! — a feição de Monica voltou ao normal enquanto olhava para Nathaly — Estávamos te esperando há um bom tempo. Pensei que você nem viria.
Nathaly ainda com um olhar julgador, pensou:
"Exagera mais."
— Você disse que não sabe o que é esse lugar, certo? Quer que eu te explique sobre a guilda?
"Mais blá-blá-blá que não vou entender." — Conte-me, por gentileza... "Caralho, arrasei! Peita o vocabulário da mãe!" com um sorriso forçado, Nathaly respondeu a Monica.
— Bom... Aqui é o lugar onde as pessoas podem pedir serviços de caçadores. Por exemplo, naquele painel — Monica deu um pulinho e apontou para a esquerda de Nathaly — estão os rostos de pessoas procuradas e suas recompensas, geralmente colocadas pelo próprio exército. E aquele outro — ela deu outro pulinho, apontando alegre para a direita de Nathaly — é onde ficam as missões que a guilda recebe de pessoas comuns. Essas missões geralmente envolvem coletar carcaça, pele, carne ou outros itens específicos de monstros ou animais. Às vezes, são para coleta de ervas para médicos, mas essas missões são raras, pois são menos perigosas e mais procuradas. Os impostos já são retirados da recompensa das missões, então não se preocupe.
"Imposto aqui também?" — Como assim imposto?
— É uma taxa que vai para o rei, para a proteção da cidade, da muralha, e pelos serviços de água, entre outros. Algumas pessoas tentam burlar o sistema e vender de forma ilegal. Se o exército pegar, elas vão presas, então não vale a pena, né? — Monica sorriu.
"Tô vendo essa proteção aí..." pensou Nathaly, meio séria e desanimada, com um olho mais aberto que o outro, olhando para Monica. — Entendi.
— Você não precisa criar nenhuma ficha. Não se preocupe, se matar algum monstro e quiser vender, é só chegar aqui que eu cuido do resto. — Monica fez um joinha com a língua de fora, mantendo o sorriso.
Nathaly a encarou com seriedade.
Depois de alguns segundos, andou até o painel com os rostos dos procurados.
Olhando para um que tinha muitos símbolos, perguntou a Monica:
— Como funciona o dinheiro aqui?
— Ué? Normal. Uma moeda de ouro vale 100 de prata ou 1000 de bronze.
— Por que essa menina tem uma recompensa muito mais alta que os outros?
Monica pulou, dando piruetas pelo balcão, e caiu em pé ao lado de Nathaly.
"Essa garota é retardada!" pensou, olhando para Monica com um olhar estranho.
— Essa moça não é qualquer pessoa; ela é conhecida por dois nomes: Ladra Lendária e a Quarta Bruxa. Isso de bruxa eu não entendi até hoje, mas essa mulher era uma ladra muito temida aqui. Ela roubava qualquer um que quisesse, não importava se eram ricos, pobres, demônios ou até mesmo primordiais. Ela tomava tudo que era valioso em instantes e desaparecia com uma velocidade absurda. As vítimas relatavam que ouviam apenas o som de uma gota de água, e quando se davam conta, tudo havia sumido. A única descrição que temos dela é de uma garota com cabelos brancos, vestindo uma roupa preta com azul escuro que parecia uma noite estrelada, e que manipulava uma foice de água.
No dia em que essa descrição foi feita, ela estava passando pelas casas de ricos aqui em Alberg. Os guardas conseguiram segurar sua roupa, mas ela matou quatro guardas e quase matou o general do exército. Após matar os quatro e deixar o general agonizando e sangrando no chão, tentaram cercá-la, mas não adiantou muito; ela se movia rapidamente, se esquivando dos soldados enquanto roubava dinheiro e outros itens preciosos. Um soldado, que havia comprado uma espada cravejada de joias, teve a mão cortada e sua espada roubada...
Nathaly segurou uma risada ao ouvir isso.
— Depois disso, ela entrou em um beco e desapareceu completamente. Essas foram as palavras dos soldados e do general, que faleceu mais tarde naquela noite, há 23 anos. Ah, lembrei também: o general disse antes de morrer, "vestido estrelado preto e azul. Jovem garota dos olhos brilhantes".
— Ah.
— Algumas coisas não fazem sentido nisso. Há teorias que podem até ser chamadas de lendas.
— Como assim?
— Alguns velhos dizem que ela era um demônio da lua, mas isso nem faz sentido. Demônios da lua nem existem. Outros dizem que era um demônio da água, por causa da foice de água, mas os relatos indicam que o cabelo dela era longo e branco.
— E o que isso tem a ver?
— A cor do cabelo é a mesma cor do sangue dos demônios e de seus poderes, pelo menos até onde eu sei. Teoricamente, o poder dela deveria ser de um demônio da luz, mas não é, já que ela usava uma foice de água. Chamá-la de Quarta Bruxa é estranho, já que bruxas também são lendas; ninguém sabe se elas realmente existem.
[ — ...a Bruxa dos Anões e a Bruxa dos Híbridos pr... ]
Nathaly se lembrou de Akli comentando sobre Bruxas.
— Hmm... — Nathaly voltou a olhar os símbolos ao lado do retrato da moça. — Não sei ler. Quanto vale a recompensa pela cabeça dela?
— 100 mil moedas de ouro.
— Isso é muito?
— Muito. Os outros procurados, por exemplo, têm uma média de 200 moedas de prata a uma moeda de ouro...
— Ente...
— 100 mil pela dela morta — disse com seriedade.
Nathaly olhou para o rosto dela.
— A recompensa viva é de 500 mil moedas de ouro. Imaginamos que ela tenha roubado muito mais que isso, milhares de moedas de ouro, além de joias e outras coisas. Se a encontrassem viva, poderiam interrogá-la para descobrir onde está o tesouro.
— Monica! Deixei a recompensa na sua mesa — comentou Mario.
— Vou pegar sua recompensa, já volto! — Monica pegou as moedas e entregou a Nathaly. — Aqui estão, 500 moedas de ouro. As escamas, peles e carne dos monstros que você matou no ataque valem muito, realmente muito mesmo.
— Vou ter que carregar isso? — perguntou Nathaly, segurando cinco sacos cheios de moedas.
— Deixe no banco do reino e ande com uma moeda só, que já é suficiente.
— Onde caral... Poderia, por obséquio, me informar a localização exata deste estabelecimento a que você se refere? "Caralhouu!"
— ...
— ...
Depois de se encararem por alguns segundos, Monica finalmente quebrou o silêncio:
— ...Fica no início da área nobre, do lado esquerdo da grande rua.
— ...Entendi. Vou deixar lá. — Com um sorriso forçado, Nathaly saiu aliviada da guilda e, enquanto caminhava pela rua, seu sorriso desapareceu e sua expressão voltou ao normal.
Olhando ao redor, pensou:
"Onde caralhos é esse banco agora?"
Mesmo sabendo que é à esquerda do reino, o lugar ainda era imenso.