Volume 1
Capítulo 19: Verdadeiro Estado de Blue Garden
Antes do amanhecer-
Na sombra da enorme parede protetiva da cidade fortaleza Paula, Zeshald estava resumindo a informação que ele juntou da situação interna de Blue Garden, enquanto decidia suas ações futuras de acordo com a informação sobre o atual estado de Fonclanc, que ele obteve de um colaborador (Reifold).
“Entendo, então Yuusuke está agindo esplendidamente desta vez. Ainda assim, só de ouvir o que ele fez… o poder dele parece tremendo.” (Zeshald)
“Mesmo que eu tenha esperado algo assim dele, ele me espantou também.” (Reifold)
Reifold riu mesmo quando ele mesmo quase foi pego na confusão.
Neste momento, a cidade fortaleza Paula estava preocupada em restaurar sua força de combate devido à aniquilação da trupe de vento. Grupos militares de artes divinas estavam lotados com pedidos de recrutamento e conscrição. Por causa disso, a vigilância de Zeshald ficou mais solta, dia a dia.
“Eu irei em breve me encontrar com a sacerdotisa d’água [Rainha].” (Zeshald)
“Na capital principal, Cofta?” (Reifold)
Quando o país foi estabelecido, os crentes do deus d’água Shalnar se rodearam ao redor do templo e eventualmente se estabeleceram. Em seguida eles criaram um pequeno reino. A nação era oficialmente governada por uma rainha, que tinha um suporte massivo de seus cidadãos e residia no castelo-templo de Shalnar no coração de Cofta.
Atualmente, o país era governado na verdade pela segunda capital – a cidade fortaleza de Paula. Izapnar, que era o governante desta cidade, tinha quase controle absoluto de assuntos militarísticos e civis do país. Podia ser dito que o país era controlado pela sala do conselho situada no nível do subsolo da fortaleza.
Não havia antagonismo entre a sacerdotisa d’água, rainha Rishause, e o comandante supremo Izapnar. Contudo, isso não significava que suas visões políticas e opiniões eram iguais. A relação deles era mais próxima à ignorância mútua, no que ambas capitais eram governadas independentemente.
Olhando para esta situação, Zeshald viu isso como uma oportunidade de que ele poderia se aproveitar.
“Nesse caso, eu devo entregar esta informação para o outro lado (Fonclanc).” (Reifold)
“Me desculpe fazer você fazer isto toda hora.” (Zeshald)
“Não ligue. Eu já recebi uma recompensa do Yuusuke.” (Reifold)
“Recompensa?” (Zeshald)
Reifold tirou um pequeno brinco, lembrando um inseto, e mostrou ele para o confuso Zeshald.
“Este gancho de pesca é incrível.” (Reifold)
***
Por volta da mesma hora em que Yuusuke avistou Isotta nas ruas de Sanc Adiet, Zeshald estava andando pela estrada principal do centro da cidade até a fortaleza principal de Paula. A maioria das pessoas comuns viviam no lado norte da cidade fortaleza, levemente fora do centro da cidade. Enquanto isso, as instalações importantes estavam concentradas na fortaleza construída abaixo do centro da cidade.
Paula foi construída no pé da cordilheira Bouzas que ocupava mais da metade do território de Blue Garden. A fortaleza em que Zeshald estava indo, parecia com uma parede de semi-círculo com uma enorme circunferência. Seu propósito era proteger contra ataques do reino de Fonclanc. Apesar do fato desta estrada ser bem longe do centro da cidade, vários estandes de rua móveis se alinhavam nela.
Toda organização de artes divinas tinham seus alojamentos residenciais e de treino dentro dessas paredes. Haviam também civis e milicia de artes divinas que vivam mais longe do centro da cidade. Por causa disso, haviam vários quartos vazios que as milicias declarariam [pertencendo à “este e aquele” grupo] e usavam-os relativamente livremente.
“… Hmm.” (Zeshald)
No que Zeshald andou por uma dessas tais filas de estandes móveis, ele parou no que algo pegou seu interesse. Várias pessoas [artless], usando colares de escravos, amontoados ao redor de um estande. Um deles parecia ter uma ferida na perna. Esta pessoa estava sentada para diminuir o peso na sua perna, mas ela estava constantemente preocupada sobre leve sangramento.
Zeshald lentamente se aproximou dela e curou sua ferida com suas artes de cura. A mulher, com uma expressão grata em seu rosto, queria dizer algo para agradecer, mas sua expressão mudou para medo no que ela foi chicoteada por seu mestre por falar por vontade própria.
“Isso basta! Ele consegue entender sem você falar.” (Zé)
“…” (Maria)
A mulher [artless] abaixou sua cabeça. Naquela hora um homem, que aparentemente era o mestre dela, saiu da loja e falou numa voz comandante.
“Você fez algo com minha artless?” (Retardado)
“Não, eu vi que uma delas estava ferida então eu a curei.” (Zeshald)
“?…! Vo-você é… instrutor chefe Zeshald!” (Zé)
No que este capanga reconheceu Zeshald, os dois apressadamente mudarem suas atitudes. Além de ser um valioso e talentoso usuário de artes d’água, Zeshald tinha uma certa influência em Blue Garden. Entre esses fatos, a maestria das artes d’água de Zeshald era especialmente bem conhecida através da cidade fortaleza.
“Oooh, então foi isso, contudo… o estoque que nós temos agora não é nada além de sobras.” (Retardado)
“Não se preocupe. Curar é meu hobby, então não ligue pelo que eu acabei de fazer.” (Zeshald)
No que o mercador de escravos hesitou sobre como recompensar Zeshald, o instrutor chefe deixou isso quieto com “eu não preciso de qualquer dinheiro”. Depois que o mercador de escravos saiu, levando todos os escravos com ele, Zeshald respirou um suspiro enquanto pensava no tratamento dos [artless] neste país.
Num país com um sistema de casta, os [artless] eram tratados como pessoas que não foram abençoados por qualquer um dos deuses. Contudo, em Blue Garden, um país que se ostentava sobre a igualdade entre os usuários de artes divinas, aqueles que não usavam artes divinas eram tratados como se eles nem fossem humanos.
“Instrutor chefe Zeshald!” (Plausha)
“Hm? Ah, Plausha-kun? Você já está saudável o suficiente para sair?” (Zeshald)
“Sim, me desculpe por ter lhe preocupado… venha amanhã, eu serei capaz de continuar treinando, então eu ficarei nos seus cuidados de novo.” (Plausha)
Uma cadete usuária de artes d’água cumprimentou Zeshald. Alguns dias atrás ela repentinamente deu uma pausa de seu treinamento, mas parece que o objetivo dela de juntar a trupe d’água não mudou.
“Eu decidi isso um longo tempo atrás, mas… minha irmã não está mais aqui.” (Plausha)
“… Entendo…” (Zeshald)
A última informação sobre a irmã dela veio da Fortaleza Gear Hawk. Em seguida o corpo dela foi retornado por Fonclanc. A forma de Plausha, de pé pasma diante do corpo levemente esmagado ainda estava fresca na memória de Zeshald. Para aliviar a atmosfera, Plausha mudou o tópico da discussão deles.
“A propósito, instrutor chefe, quando você viveu em Fonclanc, você costumava manter vários [artless]. Você estava usando eles para alguns experimentos de artes d’água?” (Plausha)
“Não, eu vivi junto com eles na vila deles.” (Zeshald)
“Eh? Junto com os [artless]?” (Plausha)
Plausha estava completamente estupefata em como Zeshald não mantinha nem um [artless] na casa dele.
***
“Este é um problema difícil, tá certo.” (Violet)
“Parece mesmo.” (Yuusuke)
Yuusuke imediatamente relatou para Violet o que ele havia aprendido naquele dia ao retornar ao castelo. No que ele estava falando sobre Shinra, surpresa se mostrou no rosto de Violet por um momento. A cor da face de Kreivol mudou e ele saltou de seu assento, mas foi propriamente restringido por Violet que proibiu ele de falar sobre isto.
Então, Yuusuke também foi proibido de falar para qualquer um sobre esta questão. Yuusuke acenou, aceitando essas restrições depois de ter ouvido que os detalhes serão explicados para ele numa data futura, no que ele entendeu que ele se meteu em alguma zona complicada.
Depois disso eles discutiram os problemas dos [artless] e o relacionamento entre os [artless] e os usuários de artes divinas. Violet cruzou seus braços e respondeu à Yuusuke que dar ordens para os guardas comuns e reformar a opinião pública pode ser difícil no que esta solução também estava envolvida com crenças religiosas.
“Para começar, tentar mudar as próprias fundações do país jogaria Fonclanc em completo caos.” (Violet)
“Eu acho que sim.” (Yuusuke)
“Se isso acontecesse, você teria que depender de sua própria força, certo?” (Violet)
“Julgando apenas pelos números, nós usuários de artes divinas superamos os artless. No fim, as pessoas artless provavelmente seriam forçadas à condições ainda mais duras.” (Kreivol)
Pensando em como aumentar a posição social e direitos dos [artless] dentro do atual sistema de casta, Kreivol especulou que havia uma possibilidade de melhorar o atual esteriótipo dos [artless] pelas próximas poucas décadas ao educar as crianças sobre o melhoramento dos direitos dos [artless].
Contudo, este método seria impossível de se executar no que certamente toparia com oposição.
“Ainda assim, algo pode ser feito sobre a ordem pública e discriminação.” (Kreivol)
“Você tem algum bom plano?” (Yuusuke)
“É simples. Usando a [honra dos cavaleiros] como uma razão, nós podemos apertar a atitude dos guardas sobre seus deveres.” (Kreivol)
“Oooh, como esperado de um elite! É realmente uma grande ideia, mas…” (Yuusuke)
Uma sombra de desapontamento começou a aparecer no rosto de Kreivol, no que Yuusuke denunciou a ideia dele explicando que valor [honra] tem para os [simples guardas] num tom levemente apologético. Eles usavam seus salários para comer, e você não pode comer honra. Era simples assim.
“Eu acho que eles dariam prioridade pelo pão de cada dia ao invés de orgulho e honra.” (Kreivol)
Apresentando com uma escolha entre família e orgulho, pessoas ordinárias escolheriam família. Logo, a solução primeiro precisaria ser adequada para eles. Enquanto não se podia dizer que orgulho e honra eram sem valor, essas pessoas não podiam encher suas bocas com isso.
“Bem, não é que eu discorde completamente com sua opinião.” (Yuusuke)
“Hmm… certamente… nosso rei também prefere a verdade sobre honra.” (Kreivol)
Enquanto Kreivol resmungava, pensando sobre isto no que mais e mais rugas apareciam em sua testa, Violet, tomando o lugar dele na discussão, acenou enquanto lembrava que a corrupção e subornos, alarmante entre os burocratas, obviamente também estavam presentes entre os guardas comuns, assim como com a plebe.
“Mudar o senso comum pode não ser fácil, contudo, com a cooperação dos chefes do país, pode haver um método fácil para aliviar a situação.” (Violet)
“Oooh? E qual seria esse método?” (Yuusuke)
“Anunciar uma lei protegendo os [artless]”, Violet foi direto ao ponto.
***
“Paaaaiiiiii~~ Por favor me ouça, eu tenho um pedido para você~” (Violet)
O rei foi então pedido para pensar em alguma razão apropriada para fazer uma lei protegendo os [artless]. Haviam poucos escravos em Fonclanc, comparado com Blue Garden, então se tal lei fosse ser feita, haveriam poucas pessoas que seriam incomodadas por ela.
Escravidão não era ilegal em Fonclanc, mas [artless] eram tratados como um pouco mais que escravos. Por causa das diferenças minutas no tratamento contra os [artless], o rei considerou que o efeito da lei de proteção seria mínimo. Incidentalmente, o número de escravos era maior do que o número de usuários de artes divinas e isso era verdade com os outros países também. A qualidade dos escravos era intimamente ligada com o status do dono de escravos. Se alguém pudesse pagar para manter escravos usuários de artes divinas, ele era visto como alguém de maior status do que alguém com apenas escravos [artless].
“Violet-sama começou a balbuciar coisas estranhas de novo.” (Burrocrata)
“É por causa da influência daquele homem. Qual a importância de uma lei protegendo os [artless] e afins?” (Outro Burrocrata)
No que burocratas cochichavam isso em segredo, Rei Esvobus permitiu que Violet fizesse o que ela queria (depois de ser atacado por ela) e ela rapidamente deixou a sala de audiência (saltando) para retornar para Yuusuke para que eles pudessem combinar os conteúdos desta lei.
***
A instalação de treinamento, usada especificamente para treinar os elites, era localizada próxima da segunda capital, Paula, levemente dentro da cordilheira onde a cidade fortaleza foi construída. A instituição era similar com uma academia militar, onde instalações eram reservadas apenas para a elite de alta posição social que estavam para se juntar à um dos grupos militares de elite.
Uma estrada montanhosa de cascalhos levava até os portão desta instalação. Desta estrada, você podia alcançar a estrada que levava para a primeira capital de Blue Garden, Cofta.
A cidade de Cofta se espalhava ao redor do templo de Shalnar. O único espaço aberto era próximo da entrada ao cume, logo incontáveis alojamentos para morar e instalações estavam situados em túneis, cavados dentro da montanha. Esta cidade era a capital que foi construída na maior altitude das montanhas em Kaltsio.
O templo no cume agia como um castelo real. Rainha Rishause, que também era a sacerdotisa de Shalnar, desejava nada além de uma vida quieta. Ela suspirou melancolicamente, tendo recebido uma carta que o cônsul havia entregue para ela. Além do pedido de audiência, apenas o nome do remetente, Zeshald, estava escrito nela.
Ele era um ex-instrutor real de artes divinas de Fonclanc, que tinha recentemente assumido a posição de instrutor chefe de artes divinas em Blue Garden. Pensando que o comandante supremo Izapnar estava envolvido de novo, o humor dela ficou pesado.
Catorze anos atrás quando o pai dela, o fundador da nação, morreu, Izapnar, devoto assistente próximo do pai dela, foi apontado como um guardião oficial da então rainha de dezesseis anos até seu entronamento oficial. Izapnar trabalhou diligentemente, e através da devoção dele, o país emergente se tornou um grande poder como poderosas nações como Fonclanc. Pelos feitos dele, as pessoas começaram a cultuar ele como um símbolo de Blue Garden. Então o suporte que ele recebia das massas era enorme.
Izapnar, usando o senso de perigo iminente e a queda de um país que as pessoas sentiram após a morte de seu rei, começou a realizar um projeto secreto para proteger o país de seus vizinhos. Ele apressou a construção da fortaleza defensiva Paula, cujo propósito era de proteger o país de Fonclanc. Durante este projeto de construção, sua facção firmemente se tornou o centro do mundo político do país dele.
Apesar de ex-realistas e oficiais do palácio expressaram preocupação sobre a ascensão rápida dele ao poder, eles evitaram criticar ele e acreditaram e apoiaram ele no que ele tinha a confiança da figura chefe da realeza, Rishause, e carregava a autoridade do rei.¹
Por volta da hora do entronamento da rainha, veio à luz que a lealdade de Izapnar estava com o falecido rei e não com a princesa. Uma vaga sombra de ambição também podia ser sentida pelas ações dele. Contudo, no que ela não tinha ninguém para depender, Rishause só podia tratar ele como um vassalo leal do ex-rei.
Como um resultado, tudo desde as tarefas cotidianas às ordens de construção, Rishause era informada muito depois desses eventos ocorrerem.
“Eu acho que é impossível… recusar a audiência.” (Rishause)
Suspirando novamente, Rishause chamou sua assistente próxima.
Nota(s):
1 – Realista de realeza, não de realidade…