Volume 1
Capítulo 38: A Biblioteca
Assim que Lin Xian entrou no sonho, uma onda de calor intenso o envolveu. A súbita elevação da temperatura fez sua pele formigar, e o suor começou a se formar na testa.
— Que calor! — murmurou Lin Xian, piscando diante da luz forte. O som estridente das cigarras preenchia o ar, e o Sol ardia ferozmente, fazendo as sombras aos seus pés quase desaparecerem.
Ele semicerrou os olhos para o céu. O Sol dominava tudo, brilhando tanto que era impossível encarar sem ver manchas. Esfregando os olhos, Lin Xian desviou o olhar. — Faz tanto tempo que não sonho durante o dia. Não estou acostumado com esse calor.
Ele estimou que a temperatura estava acima dos 40 graus celsius, um contraste gritante com o frio do inverno do mundo real. Correu até a sombra de uma árvore próxima, aliviando-se um pouco do Sol escaldante.
Lançando um olhar para o painel eletrônico de avisos, notou a data e hora: 28 de agosto de 2624, 13h33.
“Apenas uma e meia. Ainda tenho bastante tempo.” pensou Lin Xian, enxugando o suor da testa com a manga da camisa. Estava ansioso para chegar à biblioteca e aproveitar o conforto do ar-condicionado.
A praça, normalmente movimentada, estava estranhamente silenciosa, provavelmente devido ao calor opressivo. Caminhando pela sombra, Lin Xian foi até o ponto de ônibus e pegou uma linha em direção à biblioteca.
Apesar de visitar esse sonho há 23 anos, Lin Xian raramente ia à biblioteca. Com apenas três a quatro horas de tempo de sonho por dia, ele preferia atividades mais emocionantes ou enfrentar desafios significativos, em vez de vasculhar livros.
As poucas vezes em que visitou a biblioteca foi para investigar por que o avanço tecnológico parecia estagnado nessa realidade onírica. Notou essa anomalia ainda no ensino médio e, desde então, tentava descobrir a verdade por diferentes meios.
Após ler inúmeros relatórios, registros históricos, críticas e artigos de jornal, identificou um bode expiatório recorrente: problemas sociais. Queixas como “O sistema educacional falho não reconhece verdadeiros gênios” e “As escolas não ensinam nada útil, desperdiçando talentos” eram comuns. Outras críticas apontavam a escassez de jovens cientistas e como panelinhas acadêmicas excluíam estudiosos talentosos.
Embora muitos compartilhassem essa visão, Lin Xian permanecia cético. Não conseguia aceitar que, em seis séculos, nenhum gênio tivesse superado as limitações do sistema.
Com um leve abanar de cabeça, afastou esses pensamentos. — Tem algo mais por trás disso. Estou determinado a descobrir os verdadeiros motivos para essa estagnação tecnológica.
Ao entrar na biblioteca, Lin Xian foi direto para a sala de leitura eletrônica. Sentou-se a um computador e digitou na barra de pesquisa: “A cápsula de hibernação já foi desenvolvida?”
O computador zuniu enquanto processava a pergunta, e logo uma série de resultados surgiu na tela. O primeiro título chamou sua atenção: “Até o momento, a cápsula de hibernação não foi desenvolvida.”
Lin Xian não se surpreendeu; a tecnologia em seu mundo onírico permanecia estagnada há muito tempo. Clicou no artigo, que, apesar de repleto de conteúdo publicitário, oferecia informações úteis:
“Após o século XXI, a pesquisa global sobre tecnologia de hibernação sofreu atrasos significativos. Somente em 2477 o cientista americano Dr. Michaelson desenvolveu um fluido de alta oxigenação capaz de manter funções vitais e impedir a formação de cristais de gelo nas células durante a criopreservação. Essa descoberta reacendeu esperanças, mas permaneceu como o ápice da pesquisa em hibernação no século seguinte. Hoje, o Dr. Michaelson é reverenciado como o ‘Pai da Hibernação’.”
Lin Xian forçou um sorriso, quase como se já esperasse esse desfecho. — Obrigado, Dr. Michaelson, por parte do Professor Xu Yun e minha também — disse à tela do computador, fazendo uma reverência teatral.
— Próximo passo: encontrar os artigos e relatórios acadêmicos do Dr. Michaelson — murmurou Lin Xian, fechando a página e acessando o sistema de gerenciamento de livros da biblioteca. Buscou por “hibernação” e logo localizou diversos títulos relevantes.
Seus olhos se fixaram em uma entrada específica: “Uma Análise e Perspectivas da Tecnologia de Hibernação”, de Bill Michaelson.
— É esse mesmo — disse, anotando a localização: 3º andar, Literatura Científica, Seção C, Estante 67, Nível 7.
Subiu até o terceiro andar e encontrou o livro exatamente onde o sistema indicava.
— “Uma Análise e Perspectivas da Tecnologia de Hibernação” — Lin Xian leu em voz baixa, torcendo para que o conteúdo fosse compreensível.
O livro era antigo, mas bem conservado; sinal de que raramente era lido. Lin Xian se sentou perto de uma janela e começou a leitura, concentrando-se em memorizar as informações cruciais para o Professor Xu Yun.
O texto simplificava termos complexos e processos químicos, tornando-os acessíveis. Explicava que a hibernação humana envolvia reduzir ao mínimo as atividades fisiológicas e celulares, utilizando técnicas de congelamento em temperatura baixa. Contudo, o principal obstáculo era impedir a formação de cristais de gelo, que podiam destruir estruturas celulares durante o congelamento.
Virando a página, Lin Xian refletiu: — Como podemos superar o problema dos cristais de gelo?
Continuou lendo, ansioso para encontrar uma solução que pudesse revolucionar a tecnologia de hibernação.
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