Volume 9

Capítulo 286: Camaradas do D

No fim, amarrei o antigo grupo de aventureiros promissores e os arrastei para o posto de guarda na fronteira perto da Grande Floresta. Foi um pequeno desvio, mas não foi um problema.

No posto de guarda, recebi repetidos agradecimentos por aceitar a tarefa e distribuir comida a eles, mas respondi que isso não foi nada demais.

Assim como Kikkori disse, o touro se acalmou depois de acordar e puxou o dragão congelado de modo obediente.

Nesse ritmo, parecia que o atraso causado pelo problema seria mínimo.

No entanto, o problema estava no meu emprego.

Desempregado… eu não era mais um Desempregado.

Por enquanto, deixei meu emprego como Plebeu, mas não conseguiria mais voltar para o Desempregado.

As habilidades que aprendi enquanto o Desempregado ainda estavam presentem, assim eu ainda poderia ter cinco empregos, poderia ver o emprego de outras pessoas e não haveria problemas para viajar para o Meu Mundo.

Eu também ainda possuía a habilidade Procura de Emprego.

Nesse caso, o problema era...

"Eh?"

Não havia... nenhum problema?

Em primeiro lugar, a razão pela qual continuei como Desempregado foi apenas para fornecer informações as Deusa-samas sobre essa classe, em outras palavras, eu era algo como uma cobaia.

Além disso, ser um Desempregado implicava o risco de me dar habilidades incompreensíveis como o "xxxx". Nesse caso, eu não deveria estar feliz com esta reviravolta?

Não precisaria mais me incomodar quando as pessoas perguntassem qual era o meu trabalho.

É isso mesmo, eu vou aceitar isso.

Eu poderia muito bem aumentar o nível do meu Plebeu e talvez me tornar um Plebeu Lv99.

— … ei, Ichinojo-san. Eu estava pensando que você parecia estar deprimido, mas agora parece que está de bom humor, está tudo bem?

— O que você quer dizer? Estou me sentindo ótimo.

Eu respondi Insep com sinceridade.

Eufórico ao ponto de querer agradecer ao ex-grupo de aventureiros promissores.

Graças à minha Organizar Habilidades, poderia ocultar as habilidades que adquiri nos trabalhos criminais e ainda poderia utilizá-las. Havia muitas habilidades perigosas, mas também havia muitas úteis.

Por exemplo, a habilidade chamada Voz de Pássaro.

 

Voz de Pássaro: Habilidade de Avaliação (Pirata Lv5 | Marujo Lv5 | Usuário de Monstros Lv5)

Capaz de identificar cantos de pássaros e entender seus significados.

Quanto maior o nível da habilidade, melhor você entenderá o conteúdo específico dos cantos dos pássaros.

 

À primeira vista, parecia uma habilidade de conto de fadas, mas, na verdade, em vez de ouvi-los falar em palavras reais, só conseguiria entender sentimentos como "Feliz", "Cuidado", "Amor" pelas pequenas diferenças nos cantos dos pássaros.

Os marujos ouviriam os cantos das gaivotas e preveriam tempestades — esse seria meu palpite para o uso dessa habilidade.

No entanto, parecia que eu seria capaz de entender mais se o nível subisse.

O Usuário de Monstros Lv5 adquiriria essa habilidade, então talvez o cara do ex-grupo promissor de aventureiros também poderia usá-la? Aquela cara era um Usuário de "Monstros", então eu não tinha certeza.

E também havia outra habilidade que parecia perigosa apenas por seu nome: "Morte Instantânea".

 

Morte Instantânea: Habilidade de Ataque (Esfaqueador Lv5 | Assassino Lv5 | Ninja Lv10)

Duplica a velocidade do usuário por um segundo e causa três vezes o dano ao oponente.

Tempo de recarga: 72 horas.

 

Parecia útil, mas por outro lado, também teria que ter cuidado ao combater oponentes que possuíssem a habilidade Morte Instantânea.

Por outro lado, a habilidade de que não precisaria seria essa:

 

Destruição Corporal: Habilidade de Ataque (Guerreiro da Morte Lv.5 | Berserker[1] Lv15)

Ao atacar, tem uma chance de destruir o corpo do oponente.

O grau de destruição do corpo é proporcional ao dano causado.

 

Eu não sabia ao certo, mas imaginei o corpo do oponente que estava socando se transformando em algo que apareceria em um filme splatter[2], então decidi que a selaria sem pensar duas vezes. Já que poderia perder o meu apetite por espaguete com molho de carne.

Depois que terminei de verificar as habilidades, chequei nossos arredores com os Olhos de Falcão.

Terminamos de descer a montanha e agora estávamos indo para o leste nas vastas planícies. Se viajássemos diretamente para o leste, encontraríamos um grande rebanho de animais parecidos com vacas que seguiam para o norte.

— Kikkori. Há uma manada de animais parecidos com búfalos a leste, esse tipo de monstros vive por aqui?

— De verdade? Eu não consigo vê-los, mas se o mano diz isso. Qual é o tamanho das vacas?

— O tamanho de vacas comuns, ao contrário deste bovino enorme aqui.

— Seus números?

— Gigantesco. Perto de uma centena.

— Então essa é a grande migração dos Sugyu. São búfalos que pastam plantas aquáticas em grandes pântanos, lagoas e rios. Eles estão passando de um ponto de água para o outro.

Quando a carruagem avançou, o rebanho de Sugyu apareceu.

Eles ainda estavam a uma certa distância, mas era uma obra-prima.

— Devemos comer bife hoje à noite?

Se havia tantos, achei que não haveria problema se eu reduzisse um pouco o tamanho do rebanho.

— O rebanho inteiro atacará se você tocar em apenas um deles. O mano pode derrotá-los com facilidade, mas sem o Sugyu por aqui, existe o risco de inundações devido ao crescimento excessivo de plantas aquáticas. Por favor, deixe-os em paz.

— Tem razão, não há necessidade de um combate desnecessário.

Eu respeitei a opinião de Kikkori.

— Então, vamos montar acampamento aqui. O rebanho deve partir para outro lugar amanhã.

— Esse deve ser o caso... tudo bem, eu vou juntar alguns gravetos.

— Então, reunirei um pouco de grama selvagem comestível por aqui.

— Vou preparar a cobra que derrotamos mais cedo.

Kikkori, Insep e Chutou começaram a se preparar para o acampamento.

Eu tinha uma grande quantidade de lenha e comida na minha bolsa de itens, mas... fazer nossas refeições assim também não seria ruim.

— Então eu vou caçar alguns pequenos animais que fugiram do Sugyu.

— Não, mano, por favor, fique onde está. Não podemos negligenciar nossa tarefa de proteger a carga. Chutou não será capaz de lidar com qualquer imprevisto que ocorra por conta própria.

— Isso é verdade... tudo bem, então vou preparar água ou algo assim.

Havia uma panela vazia no carrinho, então eu criei água com Água Pequena.

— Incrível. Isso elimina o incômodo de buscar água em um instante.

— É conveniente, não é?

— Sim... é verdade, você não pode usar isso para tomar banho também?

— Banho? Com certeza seria bom, mas eu posso usar o feitiço Limpar para lavar meu corpo, então eu uso isso.

— Magia Cotidiana!? Agora que penso nisso, você criou o óleo ontem, de modo que deve ter sido o Criar Óleo da Magia Cotidiana III.

— Ó, Kikkori é tão instruído. Aliás, você conhece a Magia Cotidiana IV?

— Eu não sou tão instruído assim, então não sei sobre isso.

Parecia que ele não sabia sobre o Retornar para Casa.

Nesse caso, ele não devia conhecer a Magia Cotidiana V.

— Eu li sobre isso há cerca de cinco anos em um livro escrito pelo Big Second.

— Um livro do Big Second-sensei. Você está se referindo a esse tipo de livro?

Eu disse e tirei um livro da minha bolsa de itens.

Um livro ilustrado com uma garota com orelhas de gato.

— O quê! Esse é o trabalho fantasma de Nyantenda-sensei, "Campus Miau Miau"! E você ainda tem os três volumes completos!?

— Você sabe sobre isso? Ou melhor, aquele cara é mesmo famoso?

— Por acaso você conhece Nyantenda-sensei?

— Não posso dizer que somos amigos, mas eu o encontrei uma vez.

Na cidade da fronteira de Dakyat.

Usuário de Gato — ou melhor, Usuário de Mangás de Gato.

Ele disse que odiava os Cait Sith por deixá-lo com o emprego de Usuário de Gato, então ele desenhou esse livro para aumentar a popularidade do povo Gato para rivalizar com os Cait Sith.

— Que tipo de pessoa ele era? Ele apenas ilustra o Povo Gato e nunca desenha nada diferente. Imagino que ele desenha com incrível convicção.

— … acho melhor que você não pergunte. Seu sonho será destroçado.

— Entendo… isso é verdade.

Kikkori respondeu e tirou um D[3] esfarrapado de sua bagagem no carrinho.

Esse era um D com fadas como tema.

Entendo, então Kikkori era uma pessoa que também gostava de D. Assim que tive esse pensamento, Insep e Chutou pegaram seus respectivos Ds.

— Não contamos ao mano, mas, na verdade, quando fomos comemorar depois de protestar por sua falha no exame, descobrimos que todos tínhamos o mesmo interesse.

— Eu não sabia que vocês eram tão unidos. Bem, é impossível se debruçar nesses livros quando há garotas em seu grupo.

Eu e o Herói DT[4] Suzuki tínhamos dificuldade com isso.

— E-ei. Você poderia me deixar dar uma olhada nesse livro?

— Claro. Em troca, deixe-me ver seu livro também.

Assim, abandonamos nossos preparativos para o jantar e começamos uma festa de apreciação ao D.

— Olhando para eles, eu poderia dizer o gosto de todos com facilidade. Era surpreendente ver que Kikkori gostava de irmãs mais novas, mas, como eu esperava, Chutou gostava de garotas misteriosas.

— Garotas misteriosas não. De acordo com as obras de Big Second-sensei, essas personagens são chamadas de Chuunibyou.

— O quê? Elas têm distúrbios?

— Ouvi dizer que elas são muito superiores mentalmente em relação a pessoas comuns, a ponto de não serem aceitas socialmente e serem retratadas como tendo uma doença. É mais apropriado expressá-las como a nova raça humana.

Insep e Chutou começaram uma discussão terrível.

Chuunibyou não é algo tão bom assim.

Em outras palavras, o gosto de Chutou era algo como Malina.

Só que seu interesse estava nos livros.

— Nesse caso, o interesse do Insep é por súcubos[5]?

— Isso não é bom? Súcubos são encantadoras. Ahh, por que não nasci na época em que havia súcubos?

— Hmm? Súcubos não existem mais?

— Ouvi dizer que elas foram destruídas há muito tempo. Ou melhor, ouvi dizer que os súcubos não eram garotas bonitas como essas, mas apenas pareciam beldades em suas ilusões.

— Tudo bem, desde que pareçam bonitas nas ilusões. É muito melhor do que amar mini-humes.

— … isso é esquisito? Amar mini-humes?

Os três ficaram em silêncio por algum motivo depois que eu disse isso.

— É claro. Ichinojo, você já viu a raça dos mini-humes?

— Eu já vi uma meia-mini-hume.

— Qual foi a sua impressão?

— Bem, ela parece ter dez anos, mas na verdade tem dezessete. Ela é uma garota fofa.

— Isso é porque ela é uma meia-mini-hume. Mini-humes são ainda menores do que eles. E há este ditado. "Ao brincar com uma criança que você conheceu pela primeira vez, nunca prometa se casar com ela. Afinal, existe a possibilidade de que ela seja uma mini-hume adulta." Uma senhora de quarenta anos se pareceria com uma garota de cinco a seis anos.

— Este é… um ditado incrível.

Se bem me lembro, a mãe de Carol era uma mini-hume enquanto o pai dela era um hume.

Sua altura não apenas se assemelha a uma criança, mas também sua aparência?

— Agora que penso nisso, meu conhecido faz parte desse grupo. Um hume que ama mini-humes.

— É sério?

— Sim. Um desgraçado tímido com o nome de File. Ele foi encorajado por uma senhora mini-hume quando ficou deprimido depois de falhar nos negócios e acabou se apaixonando por ela. Ele se confessou três vezes, mas foi rejeitado nas três, até que enfim foi aceito quando se confessou pela quarta vez. Ele se tornou um mascate no Continente do Oeste após o casamento e me enviou cartas algumas vezes, mas faz muitos anos desde então.

Kikkori falou sobre esse cara chamado File com nostalgia.

Continuamos com conversas bobas como sobre a casa atual de File estar em Cabras Rochosas, que era para onde estávamos indo, mas ele não sabia seu endereço, ou como ele poderia beber um barril de cerveja e ficar bem, mas ficaria de ressaca se bebesse apenas um copo de vinho.

Parei de ler o D para ouvir a história de Kikkori.

Mas naquele momento, meu estômago roncou pedindo comida.

— Já está na hora de nos prepararmos — Luz Pequena! Com Fogo Pequeno adicionado.

Uma bola de luz flutuou na frente dos meus olhos.

— Óó, que brilhante!

— Não toque nela!

Eu gritei para ele quando Insep estava prestes a tocar a bola de luz com a ponta do dedo.

Ele involuntariamente retraiu o dedo depois de ouvir meu grito.

— Des-desculpe. Mas você não precisava gritar tão alto.

— Bem, isso foi bastante perigoso.

Eu disse e derramei um pouquinho de água de um frasco na bola de luz.

A água fez barulho e virou vapor antes de subir para o ar.

— Combinei ela com o Fogo Pequeno, então está bastante quente.

— Combinar com Fogo Pequeno, você pode fazer isso? Nunca ouvi falar de combinação de feitiços, mas se o mano está dizendo isso, só posso acreditar.

Kikkori disse com espanto.

Na verdade, eu tinha pesquisado em segredo sobre essa Fusão Mágica.

Eu consegui fazer água quente combinando Água Pequena e Fogo Pequeno em Belasra.

Até agora, só experimentei magia para iniciantes, mas meus feitiços completos eram os seguintes:

 

  • Água Pequena + Fogo Pequeno = Água Quente
  • Luz Pequena + Fogo Pequeno = Sol em Miniatura (Bola quente de luz)
  • Luz Pequena + Areia Pequena = Relâmpago (Luz do atributo do Relâmpago que pode saltar)
  • Gelo Pequeno + Água Pequena = Água congelante (Água fria)
  • Vento Pequeno + Fogo Pequeno = Lâmina de Fogo e Vento (Ataque forte de lâminas de chamas)

 

No entanto, essa Fusão Mágica não só levava algum tempo para ser ativada, como também era necessário um segundo emprego para conjurar magia em sucessão, portanto, somente eu poderia usá-la.

Eu queria ensinar Malina depois que ela se tornasse uma Aprendiz de Maga, mas com seu trabalho de Artista de Rua, ela poderia compor ainda mais com a Fusão Mágica.

— É possível abaixar isto? Só um pouco acima da superfície do solo?

— Ah, é possível sim.

Abaixei a bola de luz.

Depois que fiz isso, Chutou trouxe batatas do carrinho.

— Ah, batatas assadas? Isso com certeza será bom. Ó, verdade, eu também farei onigiri[6] assado.

Onigiri assado? O que é isso?

— Bem, você saberá quando ver.

Tirei o arroz recém cozido da minha bolsa de itens.

Troquei meu segundo emprego para o Chef ao ar Livre.

Depois de limpar minha mão com o Limpar, fiz bolinhas triangulares com o arroz e as arrumei.

— O que você está colocando agora? Molho… preto? Esse molho parecido com uma pasta é gostoso?

— É molho de soja e miso[7]. Temperos da minha terra natal.

— Mano, isto é papel?

— É um papel de alumínio. Isso é feito espalhando uma fina camada de metal chamada alumínio.

Eu disse enquanto aplicava molho de soja e missô no onigiri e os enrolava na folha de alumínio, junto com as batatas, e os colocava na bola de luz com pinças.

— Ei, mano. Quem exatamente é você?

— Ei, Kikkori, essa é uma boa pergunta.

Até agora, eu estava sempre consciente dessa questão porque meu emprego real era o Desempregado e eu odiava muito isso.

Mas agora eu poderia dizer isso.

— Eu sou eu mesmo. Com a possibilidade de me tornar o que eu quiser.

— … Ichinojo-san. Isso pareceu algo que Chutou diria, sabia?

— … sério?

Tá bem, isso foi um pouco desajeitado.

Para esconder essa tentativa desajeitada, tirei a folha de alumínio.

Ichinojo subiu de Level.

Meu Chef ao ar Livre subiu de nível.

É claro que ainda estaria quente, então deixei a comida esfriar por um momento.

— Deve estar pronto — quente!

Devo dizer que já imaginava que Insep não poderia esperar, então ele foi o primeiro a tentar tocar a comida.

— Você está bem?

— Eu-eu estou bem. Ai.

Mesmo tendo acabado de se queimar, no momento em que abriu o onigiri assado, ele deu uma mordida enorme e queimou a língua também.

— Eu disse para você não se apressar... bem, mas não havia o que fazer com esse cheiro tão delicioso.

— Ah, não posso esperar mais!

— Eu também.

Os três experimentaram o onigiri assado primeiro, em vez da batata assada.

Eu estava preocupado que a combinação de molho de soja e miso se adequaria ao paladar dos residentes do Outro Mundo, mas...

— Mano, o que é isto? É superdelicioso!

— Incrível! Está gostosíssimo!

— Esta pode ser a melhor comida oferecida por Deus!

Parecia que era uma preocupação desnecessária da minha parte.

Eu comi também.

— Sim, comer onigiri assado ao ar livre é com certeza interessante, ao contrário de comê-lo em casa.

— De repente me lembro de File dizendo algo semelhante em suas cartas. Que existem três condições para beber álcool delicioso.

— Três condições? Ah, é verdade. Ingrediente, método de fabricação e gerenciamento, esses três, certo?

— Mano, essas são as condições para os fabricantes de cerveja produzirem uma bebida deliciosa. O que File estava falando eram as condições para beber.

… eu cometi um equívoco.

Mas, condições para beber?

Como os acompanhamentos para uma deliciosa bebida?

— "A primeira é o ambiente. Você também pode observar belas paisagens. Apenas colocar uma única flor na mesa tornaria o álcool mais saboroso".

O ambiente é com certeza importante quando se come.

Comer enquanto observa as estrelas deixaria a comida mais deliciosa. Devia ser o mesmo para o álcool.

— "Outra seria beber com um amigo estimado. Não importa o quão delicioso seja o álcool, não faz sentido se você não tiver outra pessoa para descrevê-lo".

Eu podia entender quando se tratava de refeições, mas para álcool... hmm.

Haru era fraca em relação ao álcool, enquanto eu não conseguiria me fazer Carol beber álcool.

Malina também não poderia beber.

— "Por último, o álcool tem o melhor sabor quando se comemora algo".

— Bem, eu meio que entendo a maior parte disso. Eu não falei com pessoas com o mesmo interesse há muito tempo e comer com vocês quando não tenho que me importar com muitas coisas torna a comida mais saborosa.

— Eu também, mas há uma continuação na carta. Me perguntei por que File começou a falar sobre isso, mas depois ele se gabou sem cessar da criança que acabara de nascer. De como ela era um anjo, de como ela parecia com a esposa dele ou como ela seria uma estudiosa no futuro. Mesmo que ela tivesse acabado de nascer.

— Imagino que ele seja um pai coruja. Mas todos os pais se comportam dessa maneira. Meus pais fizeram uma grande comoção quando minha irmã mais nova nasceu... bem, minha irmã é com certeza um gênio.

— Hein, Ichinojo-san tem uma irmã mais nova? Por que não a apresentar a Kikkori?

— Idiota, eu só gosto de personagens de irmãs mais novas nos quadrinhos. Ichinojo também, não leve isso a sério.

— Eu entendo, bem, vou apresentá-la se houver uma oportunidade.

Eu disse não apenas para ser educado, mas na verdade pretendia mesmo fazer isso.

— No entanto, me pergunto se aquele maldito do File está bem.

Kikkori disse enquanto bebia água depois de terminar de comer sua batata assada.

— "Irei te visitar um dia." Mesmo que ele tenha enviado uma carta dizendo isso. "Vou levar minha filha ***** comigo".

Deixei cair a batata que estava segurando na mão com as palavras de Kikkori.

— Eh? O que você disse?

— Mano, você derrubou sua batata.

— Não se preocupe com a batata, o que você disse?

— Hmm? Sobre a carta dizendo: "Eu irei te visitar um dia"?

— Não, depois disso!

— Eu disse: "Vou levar minha filha Carol comigo"... mas o que há de errado nisso?

Ah, então era isso.

Esse File de que estávamos falando o tempo todo.

Na verdade era o pai de Carol?


Notas

[1] Berserkir (plural para Berserker) foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionados a um culto específico ao deus Odin. Esses guerreiros entravam em tamanho estado de fúria em combate que se dizia que suas peles podiam repelir armas. Alguns eruditos modernos sugerem que a fúria dos berserkir poderia ter sido induzida por consumo de álcool e um cogumelo de espécie amanita, que causa uma variação emocional imensa, dependendo da pessoa o efeito do cogumelo poderia causar efeitos contrários aos desejados, por exemplo, depressão ou até mesmo calma, por isso tais guerreiros eram tão escassos e admirados.

[2] Splatter (ou gore) é um subgênero do cinema de terror que, deliberadamente, se concentra em representações gráficas de sangue e violência gráfica. Estes filmes, por meio da utilização de efeitos especiais, tendem a apresentar um interesse evidente na vulnerabilidade do corpo humano e na sua teatral mutilação. O termo "cinema splatter" foi cunhado por George A. Romero para descrever seu filme “Zombie: O Despertar dos Mortos” (Dawn of the Dead), de 1978.

[3] D é uma abreviação para Doujinshi, um termo japonês para publicações independentes, geralmente revistas, mangás ou romances. O termo é comumente traduzido como fanzine, que também identifica revistas independentes.

[4] DT é uma abreviação para dōtei (童貞), que significa literalmente "homem virgem" em japonês.

[5] Súcubo (em latim succubus, de succubare) é uma personagem referenciada pela cultura pop e mitologias como um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital. O súcubo se alimenta da energia sexual dos homens e coleta seu esperma para engravidar a si mesma ou a outros súcubos, e quando invade o sonho de uma pessoa ele toma a aparência do seu desejo sexual e suga a energia proveniente do prazer do atacado. Os súcubos tendem a ficar mais fortes e mais frequentes em épocas de transição de lua cheia, com isso ficando mais descontroladas e mais sedentas. Estão associados a casos de doenças e tormentos psicológicos de origem sexual, pois após os ataques se seguiam pesadelos e poluções noturnas nas vítimas. De acordo com a mitologia, são seres que podem viver aproximadamente 750 anos. A contraparte masculina desse demônio é chamada de íncubo.

[6] O oniguiri (onigiri em rōmaji), também conhecido como nigiri ou omusubi, é um bolinho de arroz japonês geralmente em forma de triângulo, ou de forma ovalada envolto por uma folha de nori (folha feita de algas marinhas). Ele pode receber vários tipos de recheio, mas, tradicionalmente, é recheado com salmão frito, umeboshi (prato feito com umê em conserva, uma fruta da família da ameixa), katsuobushi (uma conserva seca de carne de atum-bonito), ou qualquer outro tipo de ingrediente salgado ou azedo. No Japão o oniguiri é encontrado em uma infinidade de lugares que vão desde lojas de conveniência, supermercados, feiras livres, casas de sushi ou até mesmo estabelecimentos especializados em oniguiri chamados onigiri-ya.

[7] Miso, ou missô, é um ingrediente tradicional da culinária japonesa feito a partir da fermentação de arroz, cevada e soja com sal. O resultado é uma pasta usada principalmente para fazer a sopa de miso ou missoshiru, dissolvido em água quente, misturado com alguns vegetais e legumes.



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