Volume 6
Capítulo 152: As coisas que apareceram da fonte termal
Estou encrencado. Estou ansiando por tanto tempo para aproveitar uma fonte termal. Estou desejando isto desde que vim para este mundo, mas por que as coisas terminaram assim?
Eu estava suando frio.
(Carol): “Ichino-sama… qual o problema?”
(Ichinojo): “A… ah… a vista aqui parece muito boa”
Eu disse isso enquanto me virava para olhar para a direção oposta de Carol.
(Carol): “A vista dali é bonita? Carol não pode ver nada além da mesma floresta que está nos cercando”
(Ichinojo): “Hahaha. Carol, você não entende. Paisagem também pode se referir a sombras criadas pela posição do Sol e a luz solar. A vista da floresta muda com as quatro estações”
(Carol): “Ichino-sama, as árvores desta floresta não são caducifólia¹, mas árvores perenes², então eu não acho que vão haver mudanças”
(Ichinojo): “Oh. É possível descobrir a latitude³ em que estamos pela posição do Sol?”
(Carol): “Carol pede desculpas. Esse método certamente existe, mas Carol não conhece os procedimentos para descobrir a latitude pela posição do Sol”
Eu podia ouvir a voz dela diretamente ao meu lado.
Com o som da água espirrando, eu senti algo acertando minhas costas.
Eram as costas de Carol. Yup. Eu acho que provavelmente são as costas. Mesmo que os peitos dela sejam iguais a nada, eu acredito que não confundiria suas costas com sua barriga.
(Carol): “Ichino-sama, você poderia olhar para Carol?”
(Ichinojo): “… eu estou… um pouco envergonhado”
(Carol): “Mesmo que você sempre olhe para Haru-san?”
(Ichinojo): “… não, bem, isso é verdade, mas…”
Ela tocou em um tópico complicado.
(Ichinojo): “Mas eu provavelmente não seria capaz de olhar para Haru diretamente neste ambiente”
Depois de dizer isso, Carol riu alegremente.
Suas pequenas costas tremeram um pouco.
(Carol): “… fufufu. Carol se sente um pouco aliviada. Então Ichino-sama realmente me vê como uma mulher. Carol sempre se sentiu insegura. Ichino-sama veio de um mundo diferente. Carol se perguntava se um dia Ichino-sama voltaria para o seu mundo original. Sua irmã mais nova… Miri-san, não é? Ela ainda está naquele mundo. É por isso que eu pensei que talvez você desejasse voltar para seu mundo pelo bem da sua irmã mais nova”
(Ichinojo): “…”
Eu não poderia dizer que eu não queria voltar. Mas eu sentia que eu poderia não voltar.
Contudo, eu planejei conhecer Daijiro-san não apenas porque eu quero agradece-lo, mas porque também há o pequeno desejo de ouvir se há alguma maneira de voltar ao Japão.
É claro que eu não planejo ignorar os sentimentos de Haru e Carol, mas eu também sinto que não posso deixar Miri sozinha.
Eu sinto como se eu ao menos precisasse fazer Miri saber que eu estou bem.
(Carol): “Haru-san definitivamente se sente da mesma forma. É por isso que Carol está um pouco preocupada com Haru-san agora. Vendo Ichino-sama desaparecer tão subitamente, Carol não sabe como Haru-san está agora”
(Ichinojo): “… Haru é forte. Ela deve estar investigando o porquê eu ter desaparecido. Talvez ela já tenha encontrado a resposta”
(Carol): “Ichino-sama, Haru-san é forte. Mas não sobrecarregue ela. Se você precisa contar com alguém… por favor, confie em Carol um pouco também…”
Eu olhei para o céu azul e respondi.
(Ichinojo): “Eu sempre confiei em Carol. Eu não faço nada além de confiar na gentileza de Carol. Desculpe, eu sou um mestre inútil”
(Carol): “Não, Ichino-sama absolutamente não é um mestre inútil”
Carol se levantou e gritou. Água espirrou ao redor.
Então, seus braços envolveram meu pescoço.
Ela estava me abraçando por trás… o pequeno inchaço de seu peito estava tocando minhas costas, me fazendo involuntariamente endireitar minhas costas.
(Carol): “Ichino-sama às vezes fala que é incompetente, mas isso não é verdade. Carol… nós não nos apaixonamos por uma pessoa inútil. Haru-san não ama Ichino-sama apenas porque ele é forte e Carol não ama Ichino-sama apenas porque ele salvou a vida de Carol. Até Malina-san não deve estar viajando conosco apenas porque Kannon-san disse a ela para fazer isso, ou porque vocês dois são do mesmo mundo”
(Ichinojo): “… Carol…”
(Carol): “Carol vai esperar. Até Carol completar 18 anos ou até que Ichino-sama diga que está tudo bem”
Dizendo isso, Carol se separou de meu corpo.
Então, eu escutei o som de Carol saindo.
Está tudo bem sair deste jeito?
Pensando nisso, eu mais uma vez escutei o som de Carol se aproximando. Eu instintivamente olhei ao redor.
(Ichinojo): “Carol! Eu…”
Olhando ao redor, o que eu vi foi…
(???): “Uki?”
Diante de meus olhos estava um enorme macaco branco. Era um macaco com o tamanho de um 〈Goblin〉 de um metro de altura.
(Ichinojo): “Carol virou um macaco!?”
(Carol): “Não, Ichino-sama, isso é um monstro!”
Carol escondeu seus peitos com uma toalha e gritou.
Quê!? Droga! Eu não notei o monstro se aproximando devido ao prazer da fonte termal e a tensão de agora há pouco.
Eu imediatamente me levantei e me preparei… eh?
O 〈Macaco〉 não parecia ter nenhuma intenção de me atacar enquanto ele caminhava e se molhava na fonte termal.
Exatamente como os macacos japoneses que amam fontes termais.
(Carol): “… Ichino-sama, olhe ali!”
(Ichinojo): “… eh?”
Perto do gelo, eu vi uma cena bizarra.
〈Macacos〉 estavam saindo de dentro da fonte termal.
Havia provavelmente 50 deles.
Nenhum deles parecia desejar lutar comigo e eles estavam apenas aproveitando a fonte termal.
(Ichinojo): “Um buraco onde monstros aparecem…”
No entanto, seria perigoso se eu fosse atacado aqui, então eu saí da água.
Os 〈Macacos〉 ignoraram completamente tudo o que fizemos e não pareciam querer nos atacar.
O número dos 〈Macacos〉 aumentou um pouco depois disso, mas ele parou em pouco mais de 60. Parecia que eles não iriam aumentar mais do que isso.
(Ichinojo): “Por acaso será a entrada para o |Labirinto| secreto?”
(Carol): “Certamente é uma passagem secreta, mas eu não escutei sobre monstros de |Labirintos|que não atacam humanos. Apesar de ser possível determinar se eles vieram de um |Labirinto| matando-os e observando se os corpos permanecem”
(Ichinojo): “Isso não é motivo o bastante para ataca-los e, mais importante ainda, eu não quero sujar a fonte termal com sangue”
(Carol): “Carol acha que as prioridades estão invertidas, mas Carol concorda”
(Ichinojo): “Então vamos ignorar os 〈Macacos〉… e tentar mergulhar?”
Quem não arrisca não petisca. Mas nesta situação, não sabemos a profundidade da caverna do tigre e nem o valor do filhote dele⁴.
Além disso, eu sabia de algo. Ainda assim, saber que você não sabe nada também pode ser considerado que você sabe de algo.
Eu sabia que havia algo dentro da caverna e que eu fui enviado para esta ilha por algum motivo.
Se esse motivo pode ser explicado dentro da caverna, eu devo entrar lá.
(Ichinojo): “Carol, entre no |Meu Mundo|. Não é uma boa ideia fazer você esperar aqui nem fazer você voltar para a praia”
(Carol): “Entendido. Por favor, chame Carol assim que você chegar do outro lado da caverna”
Eu usei minha habilidade ‖Hikikomori‖ para abrir um portal para o |Meu Mundo| e deixar Carol entrar.
Então, eu entrei na fonte termal com meus sapatos e roupas enquanto segurava minha espada. Os 〈Macacos〉 mal se moveram mesmo depois de ver meu comportamento desrespeitoso.
Talvez seja pelo efeito do pedaço de gelo, mas a água estava menos quente, mesmo assim, ela ainda estava próxima de 40º C. Porém, eu não tinha tempo para aproveitar essa água por muito tempo.
Olhando para a localização de onde os 〈Macacos〉 saíram, apesar de não notar mais cedo, havia um enorme fosso lá. Como um teatro subterrâneo.
Eu respirei profundamente e mergulhei em direção ao fosso.
Notas:
1 – Na botânica, caducifólia, caduca ou decídua é uma planta que, numa certa estação do ano, perde suas folhas, geralmente nos meses mais frios e sem chuva (outono e inverno), ou em que a água se encontra congelada ou de difícil acesso no solo;
2 – Na botânica, folha persistente ou folha perene ou perenifólia é um atributo da folhagem das plantas que mantêm as suas folhas durante todo o ano. A maioria das plantas das zonas tropicais são de folha persistente, enquanto que a maioria daquelas nas zonas temperadas, não o são;
3 – A latitude é a distância ao Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich. Esta distância mede-se em graus, podendo variar entre 0º e 90º para Norte ou para Sul;
4 – Há um provérbio no Japão que diz “Se você não entrar na caverna do tigre, você não vai capturar seu filhote”. Tem um significado parecido com o nosso “quem não arrisca não petisca”.