Volume 10

Capítulo 368: Vapor intimidante

Após meu treinamento com Haru, decidi lavar meu suor no banho ao ar livre.

Não senti nenhum encanto, mesmo entrando em um banho ao ar livre.

Talvez porque não houvesse neve? Eu tentei lançar magia no ar.

Iria fazer um banho ao ar livre com neve de enfeite.

— Pó de Diamante!

Uma fina tempestade de gelo rolou no céu.

O gelo explodiu e eu me perguntei se ele flutuaria no ar por algum tempo, mas depois tudo caiu devido à gravidade.

— Ah, isso dá um charme... não, isso é granizo.

Machucou um pouco. Não se tornou neve.

Enquanto eu pensava em como o que fiz foi burro, notei uma presença no vestiário.

Qual homúnculo era?

Eu lhes dei bastante reposição de poder mágico, mas Neete ainda viria ao banho masculino para me provocar, mesmo que seu poder mágico estivesse completo.

Ultimamente, me acostumei a ver Neete nua, mas ainda não conseguia manter a calma depois de tudo.

Já era hora de eu repreendê-la por isso.

Ela entrou no vestiário.

Eu me virei...

— Ei, você, já está na hora...

Minhas palavras para repreendê-la foram cortadas.

Já que não era Neete.

— Por que há granizo aqui?

Foi Flute quem entrou.

Sem um único pano a cobrindo.

— Este é o banheiro masculino! O banheiro das mulheres fica ao lado!

— Eu sei. Eu fiz algo ruim para você, então vim lavar suas costas... está frio.

— En-entendo... mas está frio agora, então entre primeiro.

— Eu vou entrar, então não me olhe tão intensamente.

— Des-desculpe.

Eu me virei depressa.

Agora que penso nisso, foi a primeira vez que experimentei isso.

Até agora, todas as pessoas que entraram no banho comigo tinham alguma afeição por mim.

Mas Flute era diferente.

Ela veio lavar minhas costas como um pedido de desculpas.

Eu não negaria a boa intenção dela...

Eu estava pensando quando senti duas sensações suaves nas minhas costas... isso era...

— Não levante sua voz...

O braço dela envolveu meu pescoço.

Eu fui pego de surpresa.

— Posso saber o que você está planejando fazer?

— Me deixe sair daqui!

— Para fazer o quê?

— Para salvar meus companheiros. Eles foram arrastados por aqueles malditos da igreja. Se eu não os ajudar... o cara que me interrogou disse isso. Todos os meus companheiros foram levados para a igreja. Eles serão julgados e mortos lá.

O cara que interrogou Flute... o soldado que foi morto quando ela se tornou uma Berserker Maligna.

Ela estava falando a verdade.

Os demônios descobertos através da Avaliação de Sangue foram levados para a igreja.

E eles provavelmente seriam julgados e condenados à morte.

— Desculpe, mas não posso deixar você sair daqui. As Elfas-Negras que moram aqui enfim conseguiram um lar pacífico. Existe a possibilidade de você revelar o segredo delas ainda estarem vivas. Não vou deixá-las enfrentarem o perigo mais uma vez. Além disso, se outros descobrirem que você ainda está viva, Suzuki ficaria em apuros por garantir que eu tinha matado você.

Eu disse e suspirei antes de continuar:

— Além disso, desculpe, mas com o seu status de ataque, você não pode me matar, mesmo que me estrangule. Você parece estar se esforçando bastante, mas não sinto nenhum desconforto.

— Quê…

Flute ficou chateada e aumentou ainda mais sua força.

— Como eu disse, não sinto nenhum desconforto.

Eu disse a ela antes. O atributo de ataque de um Buscador de Expiação não era suficiente para matar ninguém no Meu mundo.

Talvez ela pensasse que poderia conseguir algo se me pegasse desprevenido.

— Em vez disso, toda vez que você coloca força em seus braços e inclina seu corpo em mim, posso sentir a sensação do seu peito diretamente.

Depois que eu disse isso, Flute recuou ao me afastar dela.

Parecia que ela estava com vergonha de entrar no banho completamente nua.

O granizo parou sem que eu percebesse.

— Haa, você está aí, não está?

Eu chamei.

Eu só conseguia pensar em duas pessoas entre aquelas que entrariam neste banho que lidariam com a situação em que estava sendo atacado com calma.

Pionia e Neete. Mas Pionia não teria um comportamento tão lento.

— Neete.

— Você sabia, Mestre?

— Eu pude sentir sua presença. Além disso, ordenei que um Homúnculo observasse Flute o tempo todo.

— Sim, recebemos a ordem. Desta vez, o oponente era o mestre, mas seria preocupante se ela atentasse contra mais alguém.

O dedo de Neete na mão direita se transformou em uma corda e amarrou a garota-demônio.

Eu não sabia que ela poderia se transformar assim também.

Eu não estava ciente, mas parecia algo que seria visto no sonho de algum alienígena do mal.

Flute se levantou obedientemente e saiu do banho.

Então, quando a garota ficou na frente de Neete, o homúnculo bateu no pescoço dela com a lateral da mão aberta e esticada.

Flute ficou inconsciente.

Achei que Neete foi um pouco dura.

— Mestre, como devemos descartar essa coisa?

— Deixe-me pensar... que tal fazê-la limpar os banheiros por uma semana?

— O mestre é fraco contra mulheres. Passei pelo problema de agir como se tivesse pego uma condenada em flagrante. O mestre deve conhecer o ditado "uma cobra em seu seio"1.

Eu sabia que Neete estava descontente em assistir em silêncio quando ela tentou me estrangular.

Bem, no fim, eu estava bem.

— Fraco, hum. Bem, é normal querer ir para casa já que ela foi trazida aqui. Eu meio que a sequestrei contra sua vontade. Além disso, ela não tinha nenhuma intenção assassina. Ou melhor, ela estava com medo de me machucar.

— Identificar Pensamento?

— Eu percebi mesmo sem usá-lo.

Afinal, ela estava colada em mim.

Eu podia sentir diretamente o batimento cardíaco dela.

Quando ela estava me estrangulando, ela não colocou muita força, mas seu coração estava batendo de forma furiosa.

Em primeiro lugar, ela queria salvar seus entes queridos, mas não poderia me matar de forma impiedosa por causa de seus companheiros.

Parecia que ela só queria me intimidar.

— Ah, você pode contar a Carol e Rarael sobre o que aconteceu agora, mas mantenha isso em segredo de Haru.

Mesmo que ela não estivesse séria nessa ação, se Haru soubesse que ela tentou me matar, da próxima vez, Haru poderia matar Flute.

— Eu sei. Mas deixe-me limitar os movimentos dela. Vou observá-la por um tempo. Pode ser impossível para ela sozinha, mas seria problemático se as Elfas-Negras ouvissem alguns rumores estranhos.

Ela formaria um grupo de resistência entre as Elfas-Negras? Não sabia das informações detalhadas de todas as Elfas-Negras, mas podia haver duas ou três entre elas que não tinha bons sentimentos por mim.

Mas mesmo que ela espalhasse boatos ruins, provavelmente não haveria formação de um grupo de resistência.

Afinal, Rarael mantinha uma disciplina rigorosa.

— Isso realmente não importa. Contanto que ela não tente prejudicar as outras.

Eu disse a Neete e as outras o que fazer se Flute tentasse matar mais alguém.

Senti pena de Flute, mas tinha a obrigação de proteger todas que moravam aqui.

— Ou melhor, todas me valorizam demais. Seria bom ajustar um pouco a favorabilidade que tenho aqui.

— A favorabilidade para com o mestre não vacilará. Afinal, o Mestre fez muito por todas. De fato, se ela for ouvida falando mal do Mestre, Flute enfrentará oposição.

— Entendo...

Olhei para Neete enquanto ela levava Flute e a perguntei:

— Ei, Neete. Se eu quisesse ajudar os outros demônios levados para a igreja...

— Por favor, não tente fazer tudo. Você precisa pensar no seu domínio. Eu te imploro.

— … tudo bem.

Eu respondi e me inclinei contra a rocha do banho ao ar livre.

O ar estava tão frio, mas minha cabeça não conseguia esfriar nem um pouco.


Nota

[1] Referência a fábula "O Fazendeiro e a Serpente" de Esopo. As Fábulas de Esopo são uma coleção de fábulas creditadas a Esopo (620—560 a.C.), um escravo e contador de histórias que viveu na Grécia Antiga. As fábulas de Esopo tornaram-se um termo genérico para coleções de fábulas brandas, usualmente envolvendo animais personificados. Na história, um Fazendeiro encontrou uma Serpente entanguida, dura, de frio. Ele teve compaixão dela. Tomando-a, colocou-a em seu seio. A Serpente logo reviveu com o calor e, voltando a seus instintos naturais, mordeu seu benfeitor, causando-lhe uma ferida mortal. "Ó...", disse o Fazendeiro em seu último suspiro, "Minha justa recompensa por ter piedade de um miserável". A moral é que nem mesmo a maior bondade aplacará o ingrato.



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