Volume 2

Capítulo 97: Vilões

Noite, 30 de fevereiro 1591 – Grande Continente, Oratio Tenebris

Cinco dias atrás o Império de Cristal se aproximou de Oratio Tenebris, montaram uma pequena base e atearam fogo na floresta ao redor do templo para cercar e prender os seus ex-prisioneiros no local, tornando-se um atentado aos seres vivos que vivem nela.

Agora os nomeados “Atilados” estão em alerta aguardando o próximo passo do Império, no lugar mais alto do templo Magnus Leafar apareceu, depois de dias sumido, ali ele ficou desde o incêndio da floresta observando e se concentrando nos próximos passos, Ynis entrou na floresta e usou seus poderes para salvar os animais de lá acalmando-os e orientando-os a irem para outro lugar.

O pátio em frente do templo ainda está cheio de corpos e sangue, alguns urubus e moscas surgiram com o tempo, os corpos em decomposição deixam um cheiro horrível no local e na entrada do templo.

No pátio estão Kisnar, Sokushin, Mahlock, Fainaru e Chris vendo o fogo que termina de consumir a floresta e Leafar em cima do templo envolvido em uma pequena aura laranja-escuro.

– Faz uma semana que ele está ali.

Samuk corrige Kisnar:

– Não, ele está há cinco dias, desde o início do incêndio na floresta.

– Certo espertalhão, e o que ele faz lá?

– Magia, deve estar conjurando algo.

– Por cinco dias? O que pode ser, uma chuva para acabar com o fogo?

Chris comenta com o olhar desanimado olhando para a floresta:

– Não, uma chuva seria fácil para ele conjurar, deve ser algo maior.

– Verdade... Mesmo se fosse, agora seria tarde.

Mahlock está séria, de braços cruzados, olhando para a parte aberta da muralha, esperando o império invadir e Fainaru questiona Kisnar:

– Você também conhece magia, deveria imaginar o que ele está fazendo.

– Não, conheço só truques pequenos, rituais e meditações estranhas não são meu forte, talvez seja a especialidade de Sokushin.

Sokushin olha para Kisnar e Fainaru e comenta:

– Não. Eu me dediquei a outro caminho mágico, me dediquei ao meu dom natural.

Todos ficam pensativos e Sokushin comenta sem olhar para Leafar:

– Consigo afirmar que a aura que o envolve está ligada ao o que ele está fazendo, vejo uma cor laranja, algo que esteja com essa mesma aura deve dar ideia do que ele está fazendo.

Sokushin fecha os olhos parecendo meditar, Mahlock continua séria com um ar de preocupação com o que virá em seguida e os outros olham ao redor procurando algo com alguma aura similar à aura de Leafar, eles olham para si mesmos vendo se estão sendo usados de alguma forma, depois de não acharem nada Chris diz irritada:

– Vou ver lá dentro, aqui fora está muito chato.

Ela se vira e se assusta em ver Primus atrás dela com uma cara alegre.

– Menino estranho, o que quer aqui?

Ele está bem animado, ele cheira um a um, se senta perto deles olhando para a lua com um sorriso de admiração e uiva como um lobo. Chris estranha.

– O que esse menino tem?

– Você deveria saber, você não fala com os animais? De alguma forma ele é um.

– Ele é diferente, não consigo me comunicar com ele.

Kisnar demostra tédio e sobe as escadas do templo e para de subir quando escuta Sokushin dizer:

– Devem ser as luas, elas estão lindas hoje.

– Como assim? Você está de olhos fechados...

Todos olham para o céu e veem cinco das dez luas que rodeiam Arbidabliu, todas elas estão com a aura de Leafar envolvendo-as, todos se surpreendem chamando a atenção de Kisnar que diz:

– Desgraçado... Como?

Mahlock olha para o horizonte e diz com admiração:

– É fogo contra fogo.

O riso de Leafar é ouvido por todos do templo, uma gargalhada sádica e alegre que aumenta gradativamente, ao longe todos veem uma chuva de meteoros caindo do céu, os meteoros estão caindo em Sodorra, destruindo as redondezas, matando algumas frotas e barracas de guerra que guardam a cidade.

A grande cidade não foi tocada, mas perdeu o campo de energia protetor, que foi destruído com os impactos e explosões dos meteoros, todos os homens do império que se aproximavam para atacar o templo se assustam com a visão dos meteoros caindo e param o avanço.

Leafar aparece no meio de seus homens no pátio e comenta:

– Isso é um sinal de que haverá guerra, se preparem, pois amanhã cedo eles atacarão, aproveitem a noite de paz.

Leafar entra no templo, seguido por Primus que parece um cão de guarda feliz. Todos os outros se olham e entram no tempo se preparando para a batalha do dia seguinte, todos se armam, comem e descansam.

Do lado do Império Ivan revisa suas táticas e se prepara para atacar Leafar, mesmo tendo visto o Império levar um ataque direto, ao amanhecer Ivan passa pela floresta destruída e toma a parte de frente da muralha e inicia a ocupação na única abertura da muralha.

Enquanto o Império se prepara para iniciar o ataque Ivan toma a frente e observa o templo de longe, vendo algumas pessoas de guarda nas entradas do local.

– Devem ser eles que tomaram o templo, Questtis é um inútil, não conseguiu manter um grupo de arruaceiros revoltados.

– Eu já vi o poder dele, ele é bem forte, um dos mais fortes do Império, mas talvez não tenha sido o suficiente para manter vários reprimidos.

– Mesmo assim atrapalhou nossos planos, mas ajudou o meu.

– Como?

– Eu dividia uma parte do Império com aqueles dois inúteis e agora o terei só para mim.

– Achei que fosse fiel à família? Fará o mesmo comigo?

– Dhallcio, sabe muito bem que não consigo mentir para você.

– Só porque consigo sentir a mentira no ar.

– Exato! Então você sabe que é uma peça fundamental para mim, o dia que não for mais, será descartado como qualquer outro.

– Você também sabe que quando você cair eu me erguerei tomando sua posição.

– Sei... E é por isso que nós nos damos tão bem.

– Pode ser...

 

Dhallcio, homem branco, idade entre quarenta anos, cabelos pretos, lisos, longos e trançados em uma grande trança, olhos escuros, alto, ombros largos, porte físico forte, está usando uma armadura grossa no tronco com o símbolo do Império de Cristal, calça botas grandes, usa uma manopla de cristal e vestes longas, tudo da cor preto, azul e com detalhes brancos, nas costas uma pequena flâmula usada como uma pequena capa, em sua cintura sua arma Zordrak “Bispo”, uma espada com cabo branco, três diamantes representando os três primeiros Electi e com uma lâmina reta, com uma escrita riscada na vertical tornando-a ilegível.

 

Dhallcio respira fundo, sentindo as vibrações de energia ao redor e diz para Ivan:

– Teremos que tomar cuidado, sinto um grande poder vindo de lá.

– Sério? Foi seu dom ou foi a chuva de meteoro que atacou o Sodorra que lhe deu essa conclusão?

– Não temos certeza se foi conjurado do templo.

– Posso garantir que foi.

Dhallcio se sente acuado pela resposta brava de Ivan, que olha com ódio para o templo dizendo:

– Por que eles não reagem? Ficam recuados até meu ataque... Que assim seja! Mande os grupos, dois, três e quatro.

– Senhor?

– Eu já disse, vamos acabar logo com isso... vejo que tem um pequeno grupo se formando na frente do templo, vamos antes que ele reúna mais forças ou mais truques.

Dhallcio avança montando em um belo cavalo e anuncia os grupos que atacaram primeiro fazendo sinal com sua espada para cada líder de grupo.

Do lado de dentro do templo todos já estão prontos e preparados para a batalha com o moral elevado e em boa forma...

 

Samuk Tono, ele anda até a beira da sacada do templo, sempre com passos leves e rosto sereno, sem armadura, com um traje similar ao que foi capturado, barra da calça e manga larga de cor branco e preto, o calçado parece uma meia grossa com o tornozelo alto e com uma separação entre o hálux e os outros dedos, seus cabelos escuros e longos estão soltos, em sua cintura carrega uma espada de lâmina curva, sua bainha é detalhada com ouro e gravuras, em sua mão direita segura o arco grande e simples e nas costas uma aljava do império cheia de flechas.

Ele olha para o exército de cristal se preparando e diz:

– Que o destino guie minhas ações para um caminho de honra e que eu esteja do lado certo da batalha.

 

Ainda na sacada um pouco distante de Samuk está Chris a Reilum-S. Com o descanso Chris voltou a ter sua pele branca rosada sem traços dos maus-tratos e de cansaço, sua segunda pele está mais escurecida, ainda mantendo o mesmo estilo, variações da cor azul e preto com elementos entre penas, escamas, pelos e muito couro, cobrindo seus ombros, busto, costas, glúteos, virilha, coxa, joelhos e calcanhares, cabelo liso, longo e volumoso de cor azul-escuro com algumas mechas azul-claros, ela usa uma pulseira feita de presas de Pantherinae, um aljava do Império cheia de flechas em sua cintura. Ela deixa seu penteado de um jeito confortável, em suas mechas de cabelo algumas penas pretas amarradas deixam o penteado despojado e bonito, em sua mão esquerda está seu arco com lâminas nas extremidades.

Ela está animada com um olhar faminto por luta e sangue.

– Venham gatinhos mirrados, vou castrá-los e colocar uma coleira em seus egos.

 

Na entrada direita do templo esta Amanda Mahlock, seu cabelo está todo trançado com as pontas chegando ao seu ombro, ela está fortificada usando armadura de metal e feita de cristal do Império, veste uma pequena “capa” feita de couro e pelo de urso polar de sua antiga roupa, seus troféus são destaques, um brinco de diamante e vários anéis diferenciados nas duas mãos, ela empunha o antigo machado de Baltazar concertado e em sua cintura usa sua antiga maça com espinhos que se abre em um mangual, ela está séria e em pose de luta esperando impaciente a batalha passando o machado de uma mão para a outra.

– Finalmente ação, cansei de treinar com bonecos de madeira, agora aquecerei meus músculos com os ossos dos meus inimigos.

 

Na entrada esquerda está Kisnar Alois, ele foi o mais beneficiado com os últimos acontecimentos, parecendo mais bonito e mais jovem, tem mais ou menos trinta e cinco anos, cabelo curto e barba castanho-escuro arrumada e limpa, está banhado, cheirando melhor do que de costume, com roupas limpas e finas, parecendo um rei, veste calça, casaco e botas chamativas com tons escuros, ele está sem camisa deixando seu peito e abdômen expostos sem pelos e com porte físico atlético, em sua cintura usa uma bainha simples, um pequeno saco de couro e algumas adagas amarradas, em sua mão está seu antigo sabre ornado com joias e na outra mão veste sua luva com símbolos desenhados com sangue, segurando um pequeno cetro simples feito de ouro com um diamante pontudo na ponta, sua voz charmosa deixa sua aparência mais chamativa fazendo o sentir-se mais bonito e vaidoso.

– Mesmo como auxiliar ainda brilho como um rei!

 

No centro, nas escadas da entrada principal do templo está Magnus Leafar com seus trajes de costume, ao seu lado está Primus sentado com cara de sono, atrás de Leafar está Ynis Mon usando um traje de magos do Império de tons verdes e amarelos e em sua mão seu bumerangue trincado, branco, feito de osso de um grande animal e com algumas gravuras, Ynis sempre com semblante otimista e empático fala com Leafar:

– Atilados? Você como líder, o que tem em mente?

– Nada importante, ficaremos recuados já que Dhallcio está lá.

– O Bispo... Eu soube que ele é um assassino de magia.

– Sim, ele treina os soldados para eles serem resistentes a magia e seus sacerdotes dão grande resistência aos grupos.

– Isso vai ser difícil.

– Não, isso será mais interessante do que difícil... Suba, como prometido você não matará ninguém, só salvará vidas hoje.

– Obrigado, e assim será.

Ynis entra no templo subindo indo em direção da sacada. Fernand sai com um grupo grande de arruaceiros, ladrões e homens com armaduras roubadas dos homens mortos do império, ele se aproxima e fala com Leafar:

– Aqui estão os homens que eu recrutei, o grupo de elite.

Os olhos de Leafar ficam azul-escuro e depois de alguns segundos olhando para o grupo ele diz sorrindo:

– Ótimo, vocês o grupo de elite entrem em formação, vocês iniciarão e acabarão com esta batalha para que assim possamos avançar.

Fernand está confiante, ele comanda seus homens em uma formação simples e avançam até os homens do Império. Leafar chama a atenção de dois dentro do grupo apontando para eles:

– Você! E Você! Vocês não se encaixam nesse grupo, entrem e nos fundos façam o que Fainaru pedir.

– Fainaru?

– Sim, é um homem simpático, vai ver que será fácil encontrá-lo, agora vão.

– Sim senhor.

– Fernand, corram e acabem com eles, daremos suporte daqui.

Fernand avança rápido contra os grupos do Império que se aproximam devagar, em minutos o grupo de Fernand chega ao embate com os guerreiros do Império e morrem rapidamente, Samuk ameaça atacar com suas flechas, mas ele desiste ao ouvir Leafar dizer:

– Não! Não estrague a glória deles, eles estão tendo o que merecem, agora consigo ver melhor o que essa primeira leva tem para nós.

Os grupos do Império a frente são formados por:

Grupo dois: Guerreiros de elite com elmos de chifre montados em cavalos grandes com armadura. Grupo três: Formado por arqueiros e lobos de guerra com armadura com espinhos Grupo quatro: Um grupo de sacerdotes com alguns escravos empurrando alguns pilares de cristal sobre rodas. O grupo de Fernand não conseguiu passar pelo grupo dois e foram mortos em instantes, Leafar ri olhando a cena e comenta:

– Meu grupo de elite não serviu nem para cansar os inimigos... mas serviram de munição... Sokushin, inicie o ataque!

 

Sokushin Butsu, ele está usando sapatos simples e seu antigo e grande roupão de tecido fino de cor preta desgastado com partes rasgadas e um pano dourado preso por um broche de bronze em seu ombro que chega até sua perna, ele está em pé há poucos metros de distância de Leafar, seus cabelos longos e prateados ficam esvoaçantes por causa da energia que está conjurando, ele anda um pouco e rapidamente linhas fantasmagóricas saem de suas mãos e conectam todos os corpos mortos do pátio.

– Seres sem almas são armas fáceis e poderosas...



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