Volume 2

Capítulo 95: Contos de Arbidabliu

O Cajado do Criador

“Busquei por muito tempo, andei, explorei, interroguei e investiguei, eu fiz de tudo, cansei, me esgotei, cheguei ao ponto de enlouquecer, para completar minha coleção, muitos acham que ela está completa, mas eu sei que ela está longe disso, muitos itens, assessórios, armas, entre outros vários itens únicos que estão por Arbidabliu. Libriano me disse que minha busca é sem sentido, pois como todos os seres vivos, sempre nascerá um ser único e especial que se destacará dos outros, aumentando sempre essa “coleção infinita”, eu o enfrentei, pois também sabia que ele conhecia um item especial, o item mais poderosos do mundo, Libriano é um ser inteligente, mas sádico, meu corpo e mente foram testadas e torturadas até que conquistei a informação que tanto almejava, um cajado, que no início da criação de Arbidabliu foi usado pelo Criador, na criação dos seres vivos uma vara foi usada por ele, um cajado que teve o toque direto do todo poderoso, acredita-se ser o item com mais concentração de poder, e claro, está sumido, o poder é puro e não pode ser detectado, mas pode ser sentido a poucos metros de distância. Não sou o único que odeia Libriano, ele é sarcástico e cruel, mas de alguma forma as palavras dele e até seus testes me livraram da obsessão da conquistas de itens mágicos, graças a isso eu tive a benção de formar uma família com um belo filho e sonho que ele siga o meu legado, de sempre servir bem os outros e proteger o mundo contra o mal, sempre conto a história do cajado de Deus para ele, pois mesmo sem a obsessão de encontra-lo eu ainda adoraria vê-lo, quem sabe com ele em mãos, ou até perto dele eu sentiria como está perto de Deus, ainda sinto o abandono dele desde a criação da relíquia. Por um bom tempo eu desejei usar esse cajado para fazer com que não só eu, mas muitos outros pudessem sentir o poder de Deus, assim teríamos mais paz no mundo, mesmo com o banimento dos demônios ainda está tudo muito caótico com muito egoísmo. Aqui deixo as informações das armas que achei em minha jornada e algo que eu descobri sobre as armas Zordrak, o poder de destruição de “Magnum Crepitus”, usados em cajados feitos de árvores antigas e confeccionados por seres dotados de grande poder também podem ser usado nessas armas, que têm o poder de destruição maior, infelizmente esse poder destrói a arma, acredito que isso já foi feito antes, pois acredito que ainda existem muitas armas Zordrak não citadas e ocultas em lugares humildes e sem o conhecimento delas”.

 

Ray lê mais detalhes sobre armas Zordrak encontradas pelo autor, informações sobre poderes ocultos e os dons que elas podem despertar, Ray fica sabendo de um poder que pode ser usado para neutralizar a capacidade e os efeitos dessas armas deixando-o impressionado com a informação que até antes era inexistente para ele.

– Isso pode me ajudar muito.

Ray relê as informações para decorar e poder usar as informações descobertas para se defender futuramente se necessário, Ray também encontra no livro informações sobre o “Vale das Sombras”.

 

Vale das Sombras

Quando todos os seres morrem suas almas vão para esse vale, um lugar onde sofrerão todo o mal que fizeram em vida, todos os maus ficam no mesmo lugar, mas não conseguem se ver, se falar e nem se tocar é um lugar infinito que parece um vale arruinado cheio de cinzas, todos sentem dor constante e sentem suas almas queimarem conforme o mal que fizeram, suas memórias ruins são destacadas para lembrarem por muitos séculos o mal que fizeram, se depois de séculos a alma não atingir a redenção e se arrepender de tudo que fez ela ficará lá eternamente, pessoas mais bondosas e até livres de grandes maus feitos e pecados ficam pouco tempo no vale e logo voltam a se unir a Deus no descanso eterno.

 

Ray também lê sobre magias de mente e de mestres de maldição, que dão ao alvo uma pequena amostra de como é estar no vale das sombras, podendo levar a pessoa a loucura.

Na época em que os demônios viviam em Arbidabliu muitas pessoas se viam nesse vale mesmo em vida devido a uma aura demoníaca que afetava diretamente a mente e a alma dos seres vivos, relatos dizem que além dos heróis “Imortais”, muitos fiéis ao desejo de Deus purificavam essas auras do mal salvando muitas pessoas e constatando que em muitos lugares podem haver o mal, mas mesmo assim são reinados por Deus e se houver alguém que creia nisso o desejo de Deus se manifestará e a verdade libertará os bons e punirá os maus.

Ray termina de ler as informações sobre o Vale das Sombras e fica pensativo, lembrando de contos que escutava quando era pequeno e de sua fé com o mundo e com o criador.

– Sempre agradeço a Deus, por não ver tanta tragédia ou passar por muitas dores, infelizmente muitos passam por coisas horríveis e nem saem vivos.

Ray ainda fica pensativo, como se falasse com Deus em sua mente, agradecendo tudo que passou até o momento e pede forças e sabedoria para saber lidar com o futuro, ele pede pelo bem de seus amigos e pela recuperação da memória de Doug para achar seus amigos de infância, Ray observa a biblioteca e logo volta a ler o livro achando um recado de Ellen para Erèm:

 

O Electi Traidor

“Rainha das rainhas, em meus estudos eu descobri uma magia que rouba os poderes e a saúde de um Electi. Aquele homem que se rebelou há muito tempo está envolvido com isso, o poder dele se manifestou recentemente e pela mensagem que você me mandou, você também sentiu isso, ele está à espreita esperando a oportunidade perfeita para agir, temo que esse momento esteja próximo, ele se escondeu por um tempo no Antigo Mundo, mas agora está no Grande Continente, peço desculpas, pois nós os Electi atuais deveríamos ter visto isso antes e termos arrumado um jeito de detê-lo, peço que você tome cuidado, pois ele sendo um antigo Electi do Zodíaco é mais forte do que um Electi habitual, esse traidor deve estar reunindo energia e até seguidores para pegar “A Relíquia”, temo que ele saiba como usá-la para fazer coisas terríveis. Eu vou contatar os outros Electi para que possamos juntos ajudar o Grande Continente com o que pudermos, inicialmente eu posso lhe dar a certeza de que do Grande Continente esse traidor não sairá, as ilhas dos Electi que cercam vocês agora estão barrando a saída dele e de qualquer mal vindo dele, se ele sair, saberemos e o pegaremos”.

 

Ray termina de ler e faz algumas associações:

– Então é por isso que Erèm não quis falar sobre Magnus Leafar, ele deve ser esse Electi traidor, por isso é tão poderoso... Por isso ele estava no templo de Libra, ele quer a relíquia... Se Ellen disse que sentiu ele agindo do Grande Continente, é porque ele não morreu no templo de Libra, como será que ele escapou? Não foi a primeira vez, e infelizmente temo que não seja a última, o que será que ele quer com a relíquia, o que será que ele está fazendo agora...?

Ray fica um pouco pensativo e vai até o refeitório pegar algo para comer, no caminho ele busca por seus amigos, mas não acha ninguém, depois de comer e beber ele volta a ler o livro achando alguns poemas e citações de outros Electi da atualidade, se familiarizando com seus nomes e um pouco da forma deles pensarem.

Ray termina de ler e reflete um pouco sobre tudo o que leu e com os últimos acontecimentos em sua vida, ele fica um pouco distraído sem perceber que alguém se aproxima e o aborda:

– Finalmente o líder do grupo Koètuz está de volta ao castelo!

Ray se vira para ver quem falou com ele e se alegra.

– Jhon!

– Quanto tempo amigo?

– Sim, como você está?

– Bem, eu vi seus amigos hoje mais cedo...

– Doug me falou! Me desculpe, eu deveria ter encontrado com você logo quando cheguei de Ego Sun.

– Sem problemas, eu também estava com muitas coisas na cabeça e coisas para fazer, mas enfim, estou livre e pronto para segui-lo na sua próxima missão.

– Fico feliz em ouvir isso... E como foram os estudos?

Jhon se senta ao lado de Ray e continua a conversa:

– Foi mais chato do que eu pensei, muita leitura, meditação, treino de paciência autoconhecimento e muitos dilemas... Como os estudos envolvem muita magia ofensiva para a mente e a alma, tem que se ter um grande equilíbrio próprio para não sucumbir ou ser consumido pelo poder.

– Sei como v se sente, o treino com Max também teve muitos momentos assim, de reflexão e cuidado em manusear grandes poderes.

– Sou um pouco impulsivo e ansioso, mas esse treino me ajudou muito, aprendi muitas coisas também, definitivamente me sinto mais experiente e mais forte que antes... Sonho em ser um grande mestre um dia.

– Com certeza você será! Professor...

– Obrigado... Já anoiteceu, vamos comer?

– Nossa, já é noite! Li tanto que nem percebi o tempo passar.

– Normal... Vamos? Aproveite e me conte um pouco sobre sua ida até Ego Sum e o retorno de lá.

– Claro, vamos.

Jhon e Ray caminham até o refeitório que está lotado, com muita gente comendo, bebendo e conversando, eles esperam um pouco e logo surge um lugar para eles se sentarem e comerem.

Depois eles vão até o jardim e ficam um bom tempo conversando, contemplando o céu estrelado com algumas luas a vista, desde a saída da biblioteca até o jardim eles conversaram muito, sempre animados e com bom humor, como se fossem amigos de infância.

Jhon conta mais detalhes de seu treino e de como evoluiu em suas habilidades mágicas e Ray conta com detalhes de sua viagem até Ego Sum, a ida até a ilha, os acontecimentos nela e o retorno, tudo deixa Jhon animado por saber que tudo ocorreu bem e pela recuperação de Doug, em um momento Jhon oferece um bebida em um frasco para Ray:

– Tome amigo, essa é uma poção que eu aprendi a fazer, ela tem um efeito bem interessante.

Ray pega o pequeno frasco, abre, o cheira e comenta:

– O cheiro é bom.

– É intencional, se tivesse um cheiro ruim diminuiria a vontade de beber.

-Verdade...

Ray bebe, inicialmente o gosto é bom, quando ele termina ele sente um gosto amargo, ele olha o frasco e comenta:

– Não é mal... E qual são os efeitos? Ficarei com uma grande força? Agilidade?

Jhon sorri e diz:

– Não, não é para tanto... Apenas preste a atenção, não sente nada diferente?

– Não, por enquanto não, mas o que eu devo sentir?

– Calma, sem ansiedade...

– Eu sou ansioso, a poção deveria diminuir a ansiedade.

– Se eu tivesse uma dessa eu beberia, não te daria para beber.

Ray acha engraçado e ri olhando para os lados.

– Não sinto nada, acho que você tem que voltar para a aula e ver o que você esqueceu de colocar.

– Eu acho que não esqueci de nada...

Ray começa a se sentir estranho, como uma dormência que vai tomando parte por parte de seu corpo, até sentir no corpo todo.

– Agora estou sentindo... Algo estranho... Meu corpo... O que é isso?

Jhon se aproxima e coloca suas mãos nos ombros de Ray e sorrindo o olha bem nos olhos.

– Obrigado Ray, por confiar em mim.

– Como assim?

Ray desmaia e fica nesse estado por um bom tempo, quando ele acorda se vê amarrado e amordaçado dentro de uma carruagem.



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