A Voz das Estrelas Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 3 – Parte 3

Capítulo 78: Para o Fim

Deitado na colina relvada, Gabriel Russell sentia as pontas do curto cabelo castanho-claro menearem.

Utilizava a mochila de travesseiro, com a cabeça ainda sobre as mãos cruzadas e posicionado uma perna acima da outra dobrada.

Os olhos ametistas e a faixa da Via Láctea, que cortava o céu noturno, se entreolhavam.

O tempo permanecia a correr, tal como a entropia continuava a marchar rumo à destruição do universo.

Ciente disso, tinha dificuldades para pregar as vistas e cair no sono; afinal, aquele universo poderia alcançar seu fim prematuro a qualquer instante.

No entanto, dissemelhante a sua inquietação, a garotinha em sua companhia levava a vida bem mais tranquila.

Repousada com o lado esquerdo do corpo voltado ao solo, dormia sem muitos problemas.

O semblante plácido era esboçado por um leve sorriso inconsciente, enquanto as pálpebras conectadas se mexiam de forma vagarosa — parecia estar sonhando.

Virou o rosto de modo a fitá-la durante um tempo.

Olhar para aquele rostinho pálido e pacífico, coberto por bagunçados fios de cabelo branco, o fazia remeter à razão que o conduziu àquelas circunstâncias irreais, perdurantes há mais de três anos.

Num involuntário gesto pacificador, levou a mão tenaz a ajeitar as mechas a caírem sobre sua face, as colocando com cuidado atrás da orelha à vista.

Ela remexeu o rosto em resposta, mas continuou adormecida. Com aquilo, voltou a encarar a abóbada desprovida de nebulosidade.

Poucas estrelas restavam àquela altura, onde, a cada dia, o domínio exterior daquele mundo se tornava mais e mais escurecido.

Apesar disso, de certa forma, começara a sentir maior conforto ao lado daquela pequena anã branca.

Com o tempo, passou a perder a batalha para o sono, que lhe apossou num turbilhão inesperado.

Quando a negritude o abraçou, imagens turvas começaram a surgir na velocidade do pensamento.

O sorriso de sempre, desfalecido, seu maior tormento a ponto de fazê-lo ranger os dentes no lado exterior.

Tal momento de maior instabilidade e fragilidade, ninguém poderia contemplar.

Ao menos esse seria o normal, para qualquer outra ocasião, onde estivesse naturalmente sozinho.

Incapaz de se livrar da sucessão de lembranças agonizantes, a boca do garoto começou a entoar palavras desconexas e nomes confusos.

O sofrimento durou bastante tempo, até que uma corrente de calor se envolveu em uma de suas mãos. Aquilo serviu como o choque necessário para dissipar toda a profusão incontrolável.

Naquela posição, os lábios pararam de tremer e as pálpebras unidas relaxaram.

A respiração tornou-se branda novamente, a exemplo da boca, que parou de entoar os balbucios regados em desespero.

Tal sensação afável se manteve, de pouco em pouco proliferada pelo resto do corpo. Afundado na própria inconsciência, desejou permanecer assim até quando fosse possível.

A claridade trouxe incômodo a suas vistas, mesmo fechadas.

Virado com o flanco esquerdo do torso na grama, despertou vagarosamente até encontrar o rosto pálido perto do seu.

Não se assustou ou tampouco apresentou alguma reação exacerbada. Apenas encarou a profundidade daquela dupla de íris azul-ciano, tão límpida quanto a abóbada matutina.

— Bom dia! — Sorridente, a menina expressou-se com euforia no tom de voz.

Gabriel não devolveu o cumprimento; ainda tinha dificuldades para lidar com aquele tipo de afabilidade, ainda mais vindo de uma estranha que somente lembrava sua irmãzinha.

Levantou-se do relvado na iminência de esticar os braços e estalar as juntas do corpo inteiro.

Bocejou com a mão à frente dos beiços, inclinou o pescoço a ambos os lados, também os crepitando. Em seguida, ergue-se por inteiro, por intermédio de um salto veloz.

Sothis seguiu o exemplo, ficando de pé ao seu lado.

— Você fala enquanto dorme... — O murmúrio dela o alcançou, mas nenhuma resposta corporal ou verbal foi devolvida. — Isso é estranho... Ouvi falar que os seres daqui tinham sonhos, mas não sabia que podiam ser ruins...

O marcado não queria encará-la ao saber que ela tinha descoberto aquilo, por isso manteve-se focado no céu completamente dominado pelo anil.

Foi nesse átimo que, de alguma maneira, remeteu à altura do processo inicial do sono, onde começou a ter as evocações angustiantes.

Durante um breve período, foi tomado por uma quentura gradativa, incumbida de salvá-lo daquele mar de pesadelos.

Isso, por si só, puxou a atenção que ele tanto evitava em oferecer. Ao fitá-la, um tanto cabisbaixa, acima do ombro, mussitou:

— Você...?

Interrompeu-se no limite de deixar o restante da pergunta escapar da ponta da língua, trazendo o olhar entrefechado dela a sua orientação.

Conforme encarava seu rosto pálido, diversas possibilidades para caso prosseguisse com aquela curiosidade passaram por sua cabeça.

Primeiramente, nem era o foco principal. Se preocupar com algo tão fútil, na concepção particular, somente os atrasaria.

— Não é nada. — Por isso desistiu e voltou a desviar a atenção.

Confusa, a anã branca inclinou ligeiramente a cabeça à esquerda, fazendo seus curtos fios caírem sobre o ombro.

Sem ofertar novas elucidações, o Marcado de Sirius se agachou a fim de apanhar a mochila.

Deu alguns tapas na traseira dela no intuito de se livrar da grama presa, então passou suas alças pelos ombros.

Com os pequenos detalhes resolvidos, tornou a caminhar até o declive da zona de alto relevo.

Fazendo beiço, a alva o acompanhou através de rápidos saltos, sem sentir desconforto mesmo descalça. Continuou a encará-lo, conforme caminhava a seu lado.

O pequeno tronco inclinou-se à frente na tentativa de forçá-lo a devolver o olhar, mas os globos ametistas sustentaram-se no trajeto retilíneo.

Ciente sobre a incapacidade de convencê-lo a mudar de ideia, soltou um grunhido descontente ao virar o rosto e conectar os cílios.

A exemplo de uma simples criança birrenta, acelerou as passadas, no objetivo de liderar o caminho.

Desse modo ele não teria outra escolha senão reconhecer sua presença naquele lugar.

Ofereceu uma olhadela de canto, mas o rosto dele permanecia altivo até demais, o bastante para não atender sua estatura baixa.

A paciência foi embora naquele momento, obrigando-a a desistir das estratégias infantis. Restou suportar a curiosidade acerca daquela indagação incompleta.

Seria difícil, mas decidiu consigo que daria seu melhor. Hora ou outra a resposta viria. Apostava nisso com certa facilidade — e um pouco de malícia envolvida.

Taciturnos, deram procedência ao caminho prometido há alguns dias. Passaram por prados, regiões florestais, um pântano, vales e pequenas cadeias montanhosas.

Em determinados pontos encontraram alguns degenerados, porém os abateram sem tantas dificuldades.

Fizeram pausas estratégicas para se alimentar e recuperar o vigor perdido durante a longínqua caminhada. Os dias se passavam em zunidos.

Ainda que a primavera proporcionasse dias mais duradouros, comparada às duas estações anteriores, a noite tomou conta do céu em velocidade recorde.

O lado ruim, naquele cenário específico, era a ausência de algum lugar bom para poderem dormir em paz.

Os dois avançavam por uma região florestal, misturada a ruínas constituídas por prováveis construções antigas, feitas à mão com pedras de diferentes formatos e tamanhos.

Enquanto observava os monumentos condenados pelo avanço irrevogável do tempo, percebeu a adoção de um semblante ponderado na face da garotinha.

Assemelhava estar mais centrada no escopo em si, pois sequer oferecia atenção às decadências históricas que preenchiam boa parte da trilha.

— Estamos chegando...

De repente, escutou o balbucio afônico soar.

Dito isso, deu início ao preparo mental para a chegada no objetivo determinado desde o encontro exordial, na região nevada.

Optou por não dizer algo a respeito, restringido a seguir o fluxo bem comedido da anã branca.

Levaram menos de dez minutos para alcançarem a saída da área fechada, encontrando-se com a beirada de um grande morro.

Recebidos pela brisa fresca, cara a cara com o crepúsculo diretamente do poente solar, avistaram a pequena vila.

Localizada alguns metros abaixo, chamava a atenção pela aparente ausência de residentes.

O som de cigarras predominava a região abandonada, fazendo-o perceber, em primeiro lugar, a aglomeração de árvores nas cercanias das habitações.

As vistas do marcado entrefecharam perante a configuração de casas construídas à base de madeira, algumas em pé e outras praticamente destruídas, fosse por ação humana ou temporal, a exemplo das ruínas na floresta.

A disposição do panorama geral daquela altura, pôde conferir outros detalhes interessantes.

O primeiro deles era a presença de um cemitério, bem distante da zona central onde situavam-se as residências.

Também enxergou um lago quase seco, dividido por duas extensivas faixas de terra.

Por fim, havia o grande templo, situado a alguns quilômetros da posição atual.

Prontamente cogitou quanto ao propósito encontrar-se em tal construção — a maior e mais resistente dentre todas —, mas a anã branca desceu o morro no intuito de avançar a outro local.

Gabriel decidiu acompanhá-la, já ciente sobre onde desejava ir.

Sem prestar esclarecimentos, a alva alcançou os incontáveis túmulos na extensão do campo aberto, onde havia uma grande árvore milenar precedida de uma ampla falésia.

Sothis caminhou entre todas as lápides improvisadas, todas grafadas na superfície rugosa com traços em diferentes vertentes.

Alguns possuíam somente marcas verticais, enquanto outras detinham uma mistura de verticais e horizontais — algumas diagonais também eram vistas na minoria.

Entretanto, o grande destaque vinha para a maior das estelas, localizada embaixo do arvoredo ancestral.

A madeira levemente amarelada oferecia um contraste fabuloso às plantas de coloração alva, semelhantes aos fios de cabelo daquela pequena estrela.

O símbolo nela era a formação de um pentagrama estelar.

— É assim que vocês nos veem... graças a ela. — As palavras da anã branca soaram contra o vento. — Essa é a representação de seu sofrimento. O início de tudo...

Virou metade do corpo até a visão do rapaz, enfim focada em seu rosto.

Ao passo que seu cabelo dançava no espaço, encarou a dupla íris ametista dele, como se buscasse ler seus pensamentos.

E o mesmo podia ser dito do outro lado, onde a curiosidade modificava o alvo a ser atingido.

Ainda assim, o Marcado de Sirius não quis questioná-la. Embora soubesse que ela responderia qualquer coisa, não achava justo após ignorá-la por tanto tempo como tinha feito no princípio daquele dia.

Envolvidos somente pelos ruídos da natureza, permaneceram assim durante um breve período. A menina tornou a caminhar, dessa vez rumo à direção de onde surgiu.

Acompanhada pelas passadas lentas do rapaz, passaram pelas diversas residências — a grande maioria circular, construídas por uma série de troncos.

A diferença surreal vinha do grande templo, responsável por espalhar um ar de modernidade incomum em comparação às estruturas adjacentes.

Subiram as escadinhas e adentraram o recinto escurecido, também bastante avariado em suas estruturas internas e externas.

Possuía pedaços de madeira derrubados do teto, onde diversos buracos permitiam a passagem da luz celestial.

Em um dos cômodos mais espaçosos, encontraram o único detalhe dissemelhante a tudo que podiam encontrar naquele lugar — incluindo o próprio santuário.

Tratava-se de um púlpito de pedra branca, que alcançava metade da altura daquele recinto.

Acima dele, sustentado por um suporte prateado que continha pequenas hastes curvilíneas, semelhantes a galhos ramificados, residia o objeto procurado pela anã branca.

— Aqui estamos — mussitou, com certa dose de aflição no timbre vocal.

Era uma pedra preciosa incolor, mas cujo brilho parecia ter luz própria em suas estruturas de múltiplas faces.

À vista do marcado, era semelhante ao conhecido cristal chamado diamante.

— Era isso que queria?

Enfim disse algo, surpreso quanto a aparente simplicidade do objetivo.

No entanto, de certo havia um detalhe importante naquilo tudo...

— Sim. — Levou a palma destra sobre o objeto, deliberando uma energia ressonante por todo o recinto. — Essa é, com certeza, a última ligação física entre a Rainha e esse lugar. Posso reconhecer a energia dela aqui. E de mais alguém, mas... é a única forma de conseguirmos contatá-la.

Gabriel esgazeou as vistas perante tamanha pressão, a procura de sustentar as estribeiras.

De fato, experimentou a mesma influência congelante daquela garota ser irradiada pela proximidade entre a mão da acompanhante e o cristal cintilante.

Entretanto, ainda faltavam algumas peças a serem encaixadas no quebra-cabeça mental.

A primeira dúvida que surgiu foi entoada logo na sequência, ao se aproximar dois passos da criança.

— E então... como faremos?

— Segure em meu ombro.

Sem pestanejar, o rapaz levou a mão dominante até o ombro canhoto dela.

Conseguiu receber todo o esforço dela para tocar o objeto, diferente do que pensava há alguns segundos. Ela não estremecia nem um pouco, mas depositava todo o esforço possível em empurrar a palma abaixo.

Era como se uma parede invisível, de força contrária tão intensa quanto a sua, a repelisse.

Sustentou a abordagem até onde foi possível. No fim, a energia oposta acabou explodindo em uma violenta onda de choque, capaz de jogar a dupla para trás com impetuosidade.

Gabriel empenhou-se para amortecer a queda da menina, utilizando o próprio torso como centro de impacto.

Os dois recuaram até o cômodo anterior, derrubando duas portas de correr no processo.

Sothis resmungou de dor, mesmo segurada pelo rapaz, que sofreu a maior parcela do empurrão.

Ambos se levantaram do chão e, cautelosos, recuperaram a proximidade ao cristal.

— O que aconteceu?... — O marcado questionou antes mesmo de ela dizer algo.

— Ela não nos deixa acessar... — Apertou as pequenas mãos, enraivecida como o acompanhante jamais havia visto. — Está usando seu poder para não nos permitir acessar a Singularidade.

— E então?

— Não... faço ideia. — Fitou o objeto sustentado pelos galhos metálicos. — Eu consegui sentir uma fraca brecha, mas não tenho ideia de como poderíamos aproveitá-la.

O Marcado de Sirius pensou em algumas possibilidades, que nem ele fazia ideia sobre serem viáveis ou não.

Contudo, por um motivo nada compreensível, remeteu ao fator crucial dos encontros de três anos atrás.

Afinal, ele sempre estava com a atual Rainha.

Pensou mais um pouco consigo, antes de informar Sothis sobre a provável saída em prol do acesso à Singularidade.

Revê-lo não seria nada agradável, de certo.

Embora fosse responsável direto por ter lhe dado uma segunda chance, mudando a concepção deturpada pela morte da irmã, ainda sentia certa ânsia ao pensar num reencontro.

Só que a magnitude do cenário não o permitiria evitar aquele caminho. Se pudesse cumprir com a promessa de ajudar a pequena estrela a salvar o universo do grande congelamento...

— Conheço alguém que pode resolver isso... — A voz, ainda um pouco afônica, chamou a atenção da criança. — Talvez... só talvez, ainda tenhamos alguma esperança.

— O badalar da destruição começou a soar...

O homem murmurou contra o vento, enquanto segurava uma pedra escura e a jogava para o alto diversas vezes.

Por intermédio do sorriso malicioso, experimentava o escuro cabelo de pontas traseiras oscilar à frente da face sombreada.

Os olhos azul-escuros eram direcionados ao céu noturno, de poucas estrelas em comparação ao momento que tinha chegado naquele planeta.

O misterioso desconhecido, sentado num assento rochoso no topo de uma enorme montanha, tinha a mais bonita das paisagens durante o crepúsculo a seu favor.

Pelo costume com a escuridão pontilhada, contemplar a beleza da mistura entre cores quentes e escuras lhe trazia o sentimento diferenciado do “êxtase”.

— De fato, este lugar é especial... — Fechou as vistas com vagarosidade, na projeção do semblante deleitoso. — Depois de passar esse tempo aqui, consigo entender o motivo de você ter se apegado tanto. São eles que nos fazem compreender esses tais “sentimentos”.

Virou o rosto à esquerda, como se pudesse identificar a figura espectral da estrela alva presente naquele plano real.

— No fim, você pagou por seus pecados e ele te puniu. Eu sei como se sente, de certa forma. Não te culpo por querer simplesmente apagar tudo, sem mais nem menos. — Semicerrou as vistas. — Mas eu não aceito isso... entende, Princesa?

Os fios a caírem sobre o rosto tampavam os olhos soturnos; a boca seguia delineada num tom de melancolia, com os cantos dos lábios levemente voltados para baixo.

— Os amaldiçoados estão desesperados para te impedir. E você está desesperada para não ser impedida... — Se levantou da pedra, esticou as costas do corpo esguio. — Bem..., creio que isso acabe se tornando um pouco interessante. Vai ser bom para compensar um pouco de todo esse tempo aprisionado por aquele maldito.

O monólogo prosseguiu.

— Agora que ele não está mais entre nós, devemos resolver isso entre nós. — Apontou a pedra escura na vertente das montanhas distantes. — Ele também te fez sofrer por bastante tempo. Mas não se compara ao meu tempo. Nem um pouquinho...

O sorriso se desfez, assim como a “concepção” da imagem da atual Rainha Celestial.

— Eu vou te alcançar em breve, para reclamar o que é meu de direito.

As sobrancelhas se levantaram lentamente, como se enfim despertasse de um longínquo devaneio.

Levou a mão livre à face, conforme balançava a cabeça para os lados e soltava gargalhadas presas entre os dentes unidos.

— Afinal, eu sou aquele que veio antes de você e de todos os outros... não concorda, irmãzinha?

Subiu a expressão ranzinza, intermediada pelos supercílios arriados e as vistas entrefechadas.

O momento de surgir em definitivo na corrida contra a marcha da entropia se aproximava.

Todos os destinos da longa história estavam prestes a serem reunidos.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

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