Volume 2

Capítulo 6: O que todos os nerds querem fazer pelo menos uma vez na vida.

A Katzenfallen Scan agora e Mahou Scan!

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"Par de valetes."

"Heh-heh-heh. Full house."

"...!"

O conselho estudantil estava organizando uma festa de boas-vindas para Masachika e Ayano depois da escola. Depois de terem um jantar leve e relativamente cedo na cafeteria da escola — que estava aberta à noite também, embora com menos opções no cardápio — levaram a festa para a sala do conselho estudantil, onde desfrutaram de petiscos e refrigerantes enquanto se conheciam. 

Eles se dividiram em dois grupos: Masachika, Touya e Chisaki estavam sentados na mesa do escritório, e os outros quatro estavam jogando cartas no sofá para visitantes. Principalmente era Alya e Yuki jogando. 

As coisas estavam um pouco estranhas entre elas quando a festa começou (mais como se Alya estivesse mantendo sua distância de propósito de Yuki), mas graças aos esforços de Yuki em tentar conversar com ela, Alya gradualmente começou a se soltar. Agora estavam tendo uma partida amigável de pôquer.

"Desisto. Estou fora", disse Alya com um pouco de irritação.

"Oh, você está? Eu só tinha uma carta alta, mas parece que às vezes vale a pena blefar."

"Hã?!"

"Oh meu. Que pena, Alya."

Cada um deles recebeu um saco de petiscos, que estavam usando como apostas, mas Yuki estava arrasando com seus colegas, talvez por ser muito mais experiente. Cerca de 80 por cento dos petiscos de Alya agora pertenciam a Yuki. 

Maria riu ao ver a cena e imediatamente recebeu o olhar de desprezo de Alya. Enquanto isso, Ayano estava com sua expressão habitual enquanto distribuía as cartas com indiferença, em pé entre Alya e Yuki. Surpreendentemente, ela era natural na distribuição das cartas. Deve ter sido seu amor por servir aos outros.

"Eu posso ter dito isso da última vez que estávamos jogando jogos de tabuleiro juntos, mas Yuki está em um nível acima do resto quando se trata de jogos", comentou Touya de onde estava sentado ao lado de Chisaki, observando-os jogar.

"Sim, ela é de uma família de diplomatas, afinal. Jogos assim são naturais para ela", disse Masachika, concordando.

"Hmm... tenho certeza de que isso faz parte, mas acho que talvez seja também por causa de quão ruim Alya é. Ela é tão fácil de ler."

Masachika quase caiu da cadeira, chocado com a avaliação direta de Chisaki.

"Chisaki... Algumas coisas são melhor deixadas sem serem ditas... mesmo que eu estivesse pensando a mesma coisa!", repreendeu Masachika.

"?! Oh... Desculpe."

"Não, está tudo bem... Quero dizer, Alya realmente não tem uma boa cara de pôquer. De jeito nenhum."

"Uau, Kuze. Cruel."

"Quero dizer... Olha para ela. Vê?"

Quando Masachika descansou o braço no encosto da cadeira e olhou para trás, viu as sobrancelhas de Alya se levantarem e seus lábios se apertarem quando ela pegou as cartas que Ayano lhe deu. Depois de ponderar por alguns segundos, ela apostou teimosamente uma boa parte de seus petiscos, mas Yuki imediatamente aumentou a aposta, fazendo com que Alya desistisse. Curiosamente, ambas tinham apenas uma carta alta, com Alya segurando a carta mais alta.

"Vê a expressão que ela fez? Ela deixa dolorosamente óbvio toda vez que recebe uma mão ruim."

"Não esperava que a Pequena Kujou fosse tão fácil de ler. Ela sempre pareceu muito mais emocionalmente contida que a irmã, mas depois de ver isso... talvez a Grande Kujou seja na verdade a mais difícil de ler, afinal", ponderou Touya.

"Sim... acho que você pode estar certo", concordou Masachika enquanto observava Maria, que assistia à partida com um sorriso gentil.

"Eu a conheço há mais de um ano agora, e honestamente, ainda nunca sei o que ela está pensando. Ela realmente parece ser essa pessoa moralmente pura e boa na maior parte do tempo, então consigo entender por que todos a chamam de Madonna, mas ela se comporta de maneira tão estranha às vezes", comentou Chisaki com um sorriso irônico.

"Ela realmente vê as coisas de maneira diferente da maioria das pessoas, né?"

"Ou talvez ela seja apenas uma cabeça de vento?"

"Eu não disse que algumas coisas eram melhor deixadas sem serem ditas?!"

Masachika exclamou e quase escorregou da cadeira novamente, espantado com o quão direta Chisaki podia ser.

"Eu poderia ficar assistindo você cair da cadeira o dia todo, Kuze", disse Touya, rindo.

"Ha-ha... A propósito, por que você chama Alya e Masha por esses apelidos?"

"Hmm?"

"Sabe, 'Grande Kujou' e 'Pequena Kujou'."

"Oh..."

Touya coçou o queixo por alguns momentos, então sorriu amplamente para Masachika.

"Quero dizer... parece meio legal, não é?"

"...O quê? É só isso?"

Masachika reagiu sinceramente como se o motivo o pegasse de surpresa, mas depois de perceber que Touya parecia meio decepcionado, ele adicionou, confuso:

"Oh! Quero dizer...! Definitivamente soa legal! Eu sei exatamente o que você quer dizer! Só não esperava que você dissesse algo assim com tanta seriedade..."

"Oh... Você entende, né?"

Enquanto Touya pigarreava e se recomponha, Chisaki preparava chá com um sorriso alegre.

"Você não precisa fingir. Você só está muito envergonhado para chamar as garotas pelo nome quando não precisa, certo?"

"B-bem, uh... Isso pode ser possivelmente parte, eu suponho?"

Os olhos de Touya se moveram nervosamente, essencialmente confirmando que sua namorada estava certa.

"Uau. Apenas uau."

Masachika não sabia o que mais dizer, mas Touya de repente parecia convencido e argumentou:

"Estou mais surpreso que você possa chamá-las pelos apelidos."

"Você está fazendo parecer que sou socialmente inepto. Não é grande coisa."

"Kuze, não esqueça que eu era bem socialmente inepto até um ano atrás. Eu quase não tinha experiência em conversar com garotas."

"Ah, é verdade. Eu tinha esquecido completamente disso."

"Touya ainda é novo nessa coisa de 'ser mais extrovertido'. Levou uma eternidade para ele começar a me chamar pelo meu primeiro nome", acrescentou Chisaki.

"Isso porque você é especial."

"T-Touya...! V-você grandão bobão!"

"Ha-ha-ha! Não há nada de errado em ficar envergonhado!"

Touya riu secamente e segurou o lado após Chisaki ter dado uma cotovelada em suas costelas.

"Gostaria que eu enchesse seu copo de novo, Srta. Sarashina?" perguntou Ayano, que surgiu de repente atrás de Chisaki sem fazer nenhum barulho.

"Ui?!"

Chisaki deu um pulo exagerado e virou-se para encontrar Ayano ali, e um sorriso nervoso torceu seus lábios.

"Ha-ha...ha-ha-ha... Estou impressionada. Poucas pessoas conseguem me pegar desprevenida assim."

"O que você é? Uma espada mestra?"

Perguntou Masachika de forma meio brincalhona.

"Chisaki realmente é uma mestra da espada, Kuze... Mas que se especializa principalmente em socos. Suponho que isso a tornaria uma mestra dos socos..."

"Tem um bom som. Bem moderno", respondeu Masachika com voz monótona. Depois de servir uma xícara de chá para Chisaki, Ayano olhou curiosamente na direção de Masachika também. "Não, estou bem. Ainda tenho um pouco do que quer que isso seja."

"Muito bem. E você, Sr. Kenzaki?"

"Hmm? Ah, obrigado. Eu aceito."

Touya terminou o restante de sua bebida antes de estender o copo vazio para Ayano, que prontamente o encheu. Apesar da bebida ser gaseificada, era impressionante como ela a servia com praticamente nenhum gás.

"Obrigado. A propósito, ouvi dizer que você trabalha para a família Suou, e eu estava me perguntando... Não fazer barulho é uma habilidade que você precisava aprender para o trabalho?"

"Sim, aprendi com meus avós."

"Ah?"

"O avô de Ayano era o secretário do avô de Yuki, e sua avó era a governanta da família deles", interveio Masachika, despertando o interesse de Touya e Chisaki.

"Ah, sério? Então isso significa que seus pais também trabalhavam para eles?"

"Não, meus pais são trabalhadores de escritório comuns", respondeu Ayano simplesmente.

"Espera. Sério?"

"Sim, eu realmente admirei muito meus avós, foi por isso que decidi me tornar a acompanhante da Senhora Yuki, não porque era o negócio da nossa família."

"Hmm. A propósito, há quanto tempo você serve Yuki?"

Perguntou Chisaki. Os olhos de Ayano vagaram pelo espaço, mas sua expressão não mudou.

"Hmm... Não tenho certeza exata de quando comecei, mas me lembro de decidir servi-la quando estava na segunda série, acho."

"Segunda série?!"

"Um testemunho de quanto admirei meus avós. Além disso, descobri que Masa—...Senhora Yuki era alguém que valia a pena servir."

"Oh, legal."

Embora parecesse que ela ia dizer mais alguma coisa por um momento, nem Touya nem Chisaki pareceram notar.

"Ayano, psiu."

Masachika acenou para Ayano, e ela obedientemente se aproximou.

"Peço desculpas. Foi um deslize", disse ela em voz baixa. "Não se preocupe com isso. Estou apenas feliz que você tenha se corrigido quando fez isso. Mais importante..."

"?"

"Você não está mais brava?" Era o que Masachika queria perguntar, mas engoliu essas palavras quando ela olhou diretamente em seus olhos... porque sua admiração estava claramente escrita nos dela. O olhar frio que ela lhe deu durante o almoço não estava mais lá, e tudo o que restava era amor, respeito e lealdade.

O olhar em seus olhos — apenas uau. Mas por quê? O que eu fiz para entrar na lista de boas deles? E quando?

Masachika quebrou a cabeça sobre como conseguiu sua lealdade e afeto ao nível máximo, já que não conseguia se lembrar de ter feito nada especial, mas foi distraído quando Touya falou de repente.

"Então é apenas questão de boas maneiras para as empregadas não fazerem barulho? É para não incomodar seu chefe?"

"Exatamente. Meus avós sempre me disseram que para se tornar alguém que serve, você precisa se tornar ar."

"...O quê? Acho que isso não significa o que você pensa que significa."

Masachika se sentiu da mesma forma que Chisaki. Ayano não estava errada em se misturar ao fundo, mas o que seus avós provavelmente queriam dizer era "Certifique-se de sempre ter tudo pronto e arrumado para que seu chefe esqueça que você está lá".

Ela era jovem demais para entender nuances naquela época e levou o que eles disseram literalmente, porém.

"Me tornar ar? Eu posso fazer isso!"

Ela respondeu, e desde então trabalhou diligentemente para se tornar ar. Seus avós acharam adorável quando ela começou a se comportar educadamente e com cuidado enquanto tentava não fazer barulho.

"Ah, você está tentando copiar o que estamos fazendo?"

"Aww! Que criada fofa você é", eles diriam.

Mas quando Ayano parou de expressar emoção e perceberam que algo estava errado, já era tarde demais. De qualquer forma, seus avós acabaram se desculpando profundamente com seus pais por instilar erroneamente um hábito estranho.

No entanto, Ayano mesma parecia satisfeita, e Yuki já estava se tornando uma nerd descolada naquela época e respondeu dizendo: "Uma criada sem expressão! Que fofa!" Então os pais de Ayano acabaram desistindo, permitindo que sua filha continuasse seu caminho pouco convencional como criada.

Aliás, ela planejava se tornar secretária de Yuki um dia, mas ultimamente estava se tornando gradualmente mais furtiva, a ponto de fazer você se perguntar se ela na verdade estava treinando para se tornar uma ninja.

"Oh, Ayano. Você acha que eu poderia ter um reabastecimento também?"

"Peço desculpas, Srta. Maria."

Maria veio caminhando com um copo vazio.

"Alya ficou brava comigo e disse que eu estava sendo irritante."

Ela colocou a língua para fora e se sentou ao lado de Masachika, depois olhou para Alya, que estava encarando suas cartas com uma expressão séria e a testa franzida. Ela só tinha três petiscos restantes em sua posse. Parecia que esta era a rodada final.

"Ei, tudo vai ficar bem? Não vai haver uma briga, certo?"

Depois que Touya expressou preocupação em meio à atmosfera tensa, tanto Masachika quanto Maria encolheram os ombros simultaneamente.

"Vai ficar tudo bem. Alya pode não parecer, mas na verdade está se divertindo muito", disse Masachika.

"Sim... Ela está se soltando para variar e está aproveitando cada minuto", disse Maria enquanto observava sua irmã.

"Pode apostar", concordou Masachika. "Oh meu Deus. Você consegue dizer?"

"Sim, é óbvio."

Enquanto Masachika e Maria trocavam olhares e compartilhavam um sorriso suave, Touya e Chisaki estavam completamente perplexos. Isso é ela se soltando? os dois se perguntavam enquanto inclinavam a cabeça incrédulos. Mas para Masachika, Alya estava se soltando em um nível que ele nunca tinha visto antes.

Ela estava mostrando alegria pura em tudo o que fazia enquanto jogava um jogo com talvez sua primeira amiga feminina da idade dela em anos. Por exemplo, olhe para a forma como ela estava olhando para suas racionais de petiscos esgotadas. Esses não eram os olhos de alguém em pânico porque estavam prestes a perder. Eram os olhos de alguém desapontado porque o jogo estava quase acabando. Seus olhos estavam dizendo: "Quero jogar mais, mas o jogo vai acabar desse jeito se eu não fizer algo!"

O que aconteceu com a "princesa solitária"?

Masachika pensou sobre o segundo apelido dela na escola e revirou os olhos. Mesmo que ele sempre soubesse que ela não era tão inacessível como todos a faziam parecer, quando a viu se divertindo jogando cartas assim, ele foi tocado de uma maneira difícil de descrever.

"Oh meu Deus. Parece que estamos todos sem nada."

Masachika virou-se para o som da voz de Maria e viu que a garrafa plástica na mão de Ayano estava vazia. Ayano foi pegar outra, mas logo percebeu que o resto das bebidas também haviam acabado, e ela congelou.

"E se eu descer e comprar algumas bebidas na máquina de venda lá embaixo?"

"Deixe-me cuidar—"

"Não se preocupe, Ayano. Você é a heroína hoje. Deixe comigo. ♪"

"…?"

Não apenas Ayano, mas tanto Touya quanto Chisaki também estavam confusos com o que ela queria dizer, mas Masachika pareceu entender.

"Uh… Significa que você é uma das convidadas de honra hoje e uma garota, o que te torna a heroína."

"Exatamente. ♪ Agora vamos, herói. Estou contando com você para me proteger. ♪"

"Espera. Sério?"

A sugestão dela pegou Masachika de surpresa, mas depois de perceber que seria difícil para uma garota carregar todas aquelas bebidas sozinha, ele incentivou Ayano a relaxar e se levantou.

"Ei, vou pegar algumas bebidas na máquina de venda lá embaixo. Precisam de algo?" perguntou Masachika enquanto olhava para o sofá onde Alya e Yuki estavam sentadas.

"Me traz um refrigerante, Kuze, por favor?"

"Eu vou querer uma cola... Espera. Gengibre, por favor."

"Um... Vou de chá de limão."

"Eu adoraria um café au lait se possível. Oh, o marrom, não o branco."

"Canja doce de feijão vermelho, por favor."

"Eu estou bem só com água."

"Quem você pensa que eu sou, Príncipe Shotoku? Pare de gritar todos os seus pedidos de uma vez. E, Masha, você não precisa me dizer o que quer. Vamos à máquina de venda juntos."

"Ah, certo. ♪" Maria sorriu como se dissesse "oopsie", e Masachika sorriu de volta para ela. Touya então começou a procurar algo para anotar os pedidos de todos, mas Masachika falou antes que ele pudesse encontrar qualquer coisa.

"Aff... Refrigerante, gengibre, chá de limão, café au lait marrom, canja de feijão vermelho e água. Anotado."

"…?!”

Tanto os alunos do segundo ano quanto Alya olharam para Masachika e Maria com total espanto enquanto saíam da sala do conselho estudantil. Uma vez no corredor, os detectores de movimento detectaram seus movimentos, e as luzes se acenderam.

O sol vermelho da noite dourava o pátio da escola do lado de fora da janela enquanto eles caminhavam pelo corredor até que Maria disse com um tom relaxado:

"Obrigada de novo, Kuze."

"Por quê?"

"Por ajudar a Alya. Por decidir concorrer com ela na eleição... Tenho certeza de que ela está emocionada."

Sua expressão transbordava de compaixão, adequada para alguém também conhecida como Madonna na escola.

"Não é nada pelo que você precisa me agradecer..."

"Oh? Mas é. Antes de você aparecer, Alya não tinha ninguém em quem pudesse contar."

"Huh..."

Maria estava usando um sorriso gentil e mais relaxado, diferente de seu habitual alegre, quando Masachika inconscientemente parou e murmurou:

"Espera... Você está...?"

"Hmm?"

"Oh, ah..."

Depois de dizer quase involuntariamente o que estava em sua mente, ele se deteve e se perguntou se realmente estava tudo bem perguntar. No entanto, antes que ele percebesse, ele já estava levantando a questão novamente como se o olhar gentil de Maria o compelisse.

"Isso pode ser apenas minha imaginação, mas você tenta propositalmente não agir séria ao redor da Alya?"

Maria piscou lentamente como se fosse pega de surpresa. Então ela desviou o olhar para o mundo lá fora do outro lado da janela, seus lábios se curvando em um sorriso de tirar o fôlego, belo e maduro.

"Eu não quero competir com a Alya."

Embora o que ela disse não parecesse uma resposta a princípio, Masachika pareceu entender. Eu sabia, ele pensou.

"Alya é uma trabalhadora extremamente dedicada que sempre coloca tudo o que tem em tudo o que faz... e isso é uma das coisas que amo nela."

Maria falava como se estivesse imaginando um mundo onde apenas os dois existiam.

"O que significa que você está desempenhando o papel da 'irmã mais velha relaxada' para que ela não a veja como uma rival?"

Ela riu da pergunta direta e franca dele.

"Eu não estou atuando. Levar tudo tão a sério fica cansativo. Não fica? Você precisa relaxar pelo menos um pouco. Tudo com moderação... Ah, mas não nego que me comporto de forma mais 'leve e descontraída' ao redor da Alya."

"Ha-ha-ha... 'Leve e descontraída', né?"

"Hehe... Você me culpa? Ela me mima por causa disso."

"Oh, ela faz isso, é?"

Masachika disse com um sorriso irônico, pensando em como geralmente era o contrário com as irmãs.

É difícil dizer quando ela está brincando e quando está falando sério.

Masachika coçou a cabeça enquanto olhava para o teto, se perguntando se ela era realmente uma pessoa séria no fundo ou tão relaxada quanto parecia. Foi quando sussurros de Maria fizeram cócegas em seus ouvidos.

"Eu não quero que a Alya fique sozinha."

Quando ele baixou o olhar e viu sua expressão séria, seu coração deu um salto. Ele prendeu a respiração enquanto ela olhava diretamente para seus olhos, sorrindo suavemente antes de continuar como se estivesse falando consigo mesma.

"Não apenas irmãs, mas os relacionamentos entre irmãos em geral também são muito difíceis. Eles são as pessoas mais próximas de você, mas por causa disso, você se compara a eles."

"Yeah..." Masachika estava dolorosamente consciente do que ela queria dizer. Masachika, o garoto que abandonou o lar onde nasceu, desprezou sua mãe, rebelou-se contra seu avô e fugiu de casa... mas uma vez que ele tinha escapado, percebeu que estava vazio.

Não havia nada que ele quisesse fazer. Não havia nada que ele quisesse ser. Ele havia forçado tudo sobre sua irmã e se tornara um homem livre, e ainda assim ele não era nada.

Não conseguia continuar assim. Tinha que fazer algo—algo que não podia fazer quando vivia naquela casa—algo que realmente queria fazer. Porque qual seria o sentido de sempre fugir, afinal?!

… Eu estava ansioso, mas nada mudava. Não havia nada que me empolgasse. No fim das contas, eu não passava de um pirralho que fugiu de casa impulsivamente e era orgulhoso demais para voltar de rasteira.

Yuki assumiu como a irmã mais velha da família e cresceu para se tornar uma jovem magnífica. E eu? Eu desperdicei o talento com que fui abençoado e desapareci lentamente até não ser nada. Eu poderia fazer a diferença se me dedicasse, e ainda assim nem tentei fazer nada. Minha existência não tinha importância.

Era impossível não comparar um pedaço de lixo sem valor como ele com sua irmã trabalhadora, que tinha amor incondicional por sua família. A única razão pela qual ele não era dominado pela inferioridade e permanecia próximo de sua irmã era por causa do esforço que ela colocava em seu relacionamento.

Ela nunca mudou.

Mesmo agora, ela se certificava de que o irmão soubesse que ela o amava. Para ela, não importava se ele era Masachika Suou ou Masachika Kuze. Ela o amava da mesma forma. E ela não tinha vergonha de dizer isso, por isso Masachika não podia deixar de amá-la de volta.

Se não fosse por ela, ele certamente manteria sua distância.

Ela realmente é a irmã perfeita.

Foi então que ele percebeu algo. Será que Yuki estava agindo como uma nerd atrapalhada perto dele para que ele não se sentisse inseguro? Ela estava agindo de propósito como uma idiota às vezes por causa dele?

Não… Isso realmente é quem ela é.

Embora ele tenha percebido que estava pensando demais, ele também percebeu que isso poderia ser um pouco verdade, e foi por isso que ele sentiu que poderia entender um pouco por que Maria fazia o que fazia. Não era apenas uma atuação. Era um lado dela que ela queria manter em segredo porque amava sua irmã... e queria ser amada por ela também. A maioria das pessoas quer parecer legal na frente das pessoas de quem gostam. Maria simplesmente buscava o oposto, mas o porquê não era diferente.

“Masha… Você é uma irmã muito boa.”

"Heh. ♪ Eu sou, não sou? As aparências podem ser bem enganosas."

Ela orgulhosamente estufou o peito com um sorriso presunçoso, mas seu sorriso quase imediatamente se tornou travesso enquanto colocava um dedo na frente dos lábios enquanto fechava um olho.

“Você não pode contar nada disso para a Alya, tá?”

O coração de Masachika disparou, nunca tendo visto Maria parecer tão atraente antes, então ele resmungou secamente para esconder seu nervosismo.

"Não vou contar. Ela nem acreditaria mesmo se eu contasse. 'Ei, sua irmã na verdade é uma pessoa muito séria.' Como se ela fosse acreditar nisso."

"Oh meu Deus. Acho que você está superestimando minha seriedade. Ainda sou muito mais relaxada do que a Alya. Além disso..."

O sorriso preocupado de Maria desapareceu instantaneamente, e ela olhou nos olhos de Masachika como se estivesse olhando para sua alma.

“... Eu não sou a única escondendo seu lado mais sério. Não é verdade, Kuze?”

“…”

Masachika ia tentar fazer uma piada para não dar uma resposta real, mas imediatamente percebeu que isso seria inútil e deu de ombros.

“Não tenho algum motivo respeitável para fazer o que faço como você.”

Eu não estava fazendo isso por ninguém além de mim mesmo. A única razão pela qual eu estava brincando e agindo como um idiota era para me proteger.

“Eu faço isso por mim mesmo… porque sou egoísta,” Masachika murmurou depreciativamente, imaginando que Maria não entenderia seus murmúrios incoerentes. Masachika reconheceu e aceitou que era lixo, mas isso não mudava o fato de que ele ainda tinha medo de as pessoas conhecerem essa parte dele.

Ele brincava porque não queria que as pessoas percebessem que, no fundo, ele era um canalha. Afinal, ser conhecido como preguiçoso ou idiota era muito melhor do que as pessoas pensarem que ele era um canalha. Ele nunca seria completamente aberto com ninguém para manter essa parte de si escondida deles.

Mas tudo o que ele estava fazendo era proteger o pouco, insignificante orgulho que tinha no final. Ele era o grande fingidor, vivendo sua vida como uma fraude, por isso as pessoas que viviam verdadeiramente pareciam tão brilhantes para ele. Eles eram radiantes, e isso o fazia sentir-se mal por não poder viver sua vida como eles.

“Eu acho que você poderia dizer que eu finjo ser o preguiçoso irresponsável porque é divertido. É só isso. De qualquer forma, não se preocupe comigo.”

E mais uma vez, ele se fez de bobo para evitar realmente se abrir para ela e fazer com que ela percebesse quem ele realmente era. Por que ele começou a falar sobre si mesmo assim em primeiro lugar? Ele quase nunca mostrava vulnerabilidade, mesmo para sua família.

Eu continuo baixando minha guarda quando falo com Masha por algum motivo…

Talvez isso se deva à sua aceitação? Masachika sorriu boba olhando para longe, lamentando ter revelado esse lado de si mesmo para alguém que ele não conhecia há muito tempo. Maria se aproximou silenciosamente dele e levantou gentilmente a mão.

"Está tudo bem."

"…?!"

"Vai ficar tudo bem. Você está se esforçando ao máximo, e tudo vai dar certo, Kuze," Maria o assegurou carinhosamente enquanto acariciava sua cabeça.

"…?! Eu...! Eu não estou...!"

...dando o meu melhor. E o que ia ficar bem de qualquer maneira? Masachika se perguntou prontamente, mas ele não conseguiu transformar esses pensamentos em palavras e simplesmente baixou o olhar. Seu coração tremia.

Ele não conseguia dizer nada. Ele se sentia estranhamente nostálgico. Era tão reconfortante, e no entanto, se ele baixasse a guarda mesmo que um pouco, as lágrimas transbordariam, então ele cerrou os dentes e lutou desesperadamente contra o impulso.

"Você é um garoto, afinal... Você é tão forte."

Maria olhou para ele com olhos de infinita bondade como se estivesse tentando acalmar uma criança ferida ou acalmar um bebê chorão. Após alguns momentos, Masachika moveu desconfortavelmente a cabeça baixa, e Maria imediatamente parou de tocá-lo como se entendesse o motivo.

"…Eu sinto muito mesmo," murmurou Masachika.

"Você não deveria. Eu sou mais velha que você, então é meu trabalho cuidar de você. hehe. Finalmente me sinto como uma aluna do segundo ano no conselho estudantil. Alya e Yuki são tão maduras para suas idades que sempre me sinto como a membro mais nova que precisa de orientação."

"Ha-ha-ha. Posso ver isso."

Maria fez um bico enquanto de alguma forma também exibia seu sorriso habitual e animado. Masachika estava grato a ela por agir como sempre.

"De qualquer forma, eu... eu vou garantir que isso não aconteça de novo."

"Por quê? Não me importo. Seja como for, eu dou as boas-vindas."

"Eu não posso. Sou um homem, e meu orgulho não permite. Além disso, eu me sentiria culpado, já que você tem um namorado."

"Oh... Certo. ♪ Mas tudo bem. Ele não é do tipo que se incomodaria com isso!"

"Oh..." Masachika deu um aceno incerto enquanto Maria orgulhosamente estufava o peito. Será que era realmente seguro aceitar sua palavra, ou ela estava brincando de novo?

"De qualquer forma, vamos indo? Todos vão morrer de sede se continuarmos os fazendo esperar," comentou Maria.

"Boa ideia. Não queremos isso," concordou Masachika, deixando seus pensamentos de lado por enquanto. Eles partiram para a máquina de refrigerantes no primeiro andar novamente, compraram as bebidas para todos e as levaram de volta para o conselho estudantil juntos.

"Oh, ei. Demoraram para voltar vocês dois."

"Sim, uh..."

"Desculpe por isso. ♪ Kuze e eu só estávamos nos divertindo muito conversando. ♪"

"Mesmo? Legal. De qualquer forma, bom timing. Nós acabamos de terminar de preparar tudo."

Por algum motivo, no momento em que abriram a porta do conselho estudantil, Touya estava os esperando com um sorriso audacioso.

"Prontos para o que?" Masachika perguntou curioso, e o sorriso presunçoso de Touya ficou ainda mais pretensioso.

"Para o jogo mais desafiador de todos os tempos. Uma pequena tradição do conselho estudantil."

***

"…Então é mah-jongg."

Uma mesa um pouco fora de lugar de mah-jongg ficava no meio da sala do conselho estudantil. Estava bastante desgastada, claramente mostrando sua idade enquanto as belas mulheres do conselho se sentavam ao redor dela, tornando toda a cena ainda mais surreal. Touya sorriu rigidamente como se sentisse da mesma forma e então embaralhou as peças.

"A propósito, eu não estava mentindo quando disse que era tradição jogar mah-jongg em nossas festas de boas-vindas."

"Okay... Bem, eu estou familiarizado com o jogo, mas e quanto aos outros?"

Masachika voltou seu olhar para os outros.

"Eu sei jogar. Minha família e eu jogamos juntos às vezes," disse Chisaki confiantemente.

"Acho que pelo menos sei como arrumar as peças," ofereceu Yuki. "Eu também," disse Ayano simplesmente.

"Desculpe. Eu realmente não sei..." Alya admitiu. "Eu sei em sua maior parte," disse Maria, imperturbável.

Surpreendentemente, havia um bom número de membros que sabiam jogar. Masachika olhou com desprezo para sua irmã, que era uma sexta dan em mah-jongg online, por dizer que "pensava que pelo menos sabia como arrumar as peças". Ele então começou a pensar sobre a competição, mas Touya prontamente começou a formar as equipes.

"Agora, como é tradição, jogaremos em duplas. Chisaki e eu, Suou e Kimishima, e Kuze e Pequena Kujou. Grande Kujou, você ficará sozinha. Está tudo bem?"

"Está tudo bem para mim. ♪ Precisamos de alguém extra para animar a festa, sim?"

"Masha, você está realmente se referindo a si mesmo como 'alguém extra'?"

"Porque eu sou. ♪ Só sei o básico de mah-jongg, afinal."

Maria sorriu de uma maneira muito animada enquanto tomava assento. Masachika então mudou seus olhos na direção de Alya.

"Ei, uh... Que tal você ficar atrás de mim e assistir enquanto eu jogo por agora para que eu possa explicar como o jogo funciona?"

"Okay."

Masachika sentou-se em frente a Touya enquanto Chisaki sentava-se à sua direita. Parecia que Yuki planejava apenas observar por enquanto.

"De qualquer forma, todos prontos? Não temos muito tempo até fecharem a escola, então teremos que fazer uma partida rápida. Ah, e como é tradição..."

Touya sorriu de repente com uma expressão afiada.

"...a equipe vencedora pode 'ordenar' às outras três equipes que façam o que quiserem. Dentro do razoável, é claro."

"O quê?"

Masachika ergueu uma sobrancelha, já que sua parceira era uma completa iniciante, o que o colocava em desvantagem, mas os outros surpreendentemente pareciam concordar com isso.

"Parece bom para mim! Um pouco de perigo torna tudo mais excitante!" disse Chisaki.

"Bem, eu suponho que ninguém aqui pediria algo muito louco, então estou bem com isso também. ♪" Maria acrescentou alegremente.

"Não me importo também." Yuki concordou com as apostas.

"Os desejos da Lady Yuki são os meus também." Ayano concordou sem surpresa.

É fácil imaginar como minha parceira competitiva vai reagir depois de tudo isso.

"Estou bem com isso também."

"Você esqueceu que era um completo iniciante?"

Quando Masachika olhou para Alya, ela parecia determinada a não recuar, não importa o que.

Como ela pode ser tão confiante?

Mas ele concordou relutantemente apesar de suas reclamações.

"Ah... Tudo bem, estou dentro. A propósito, a equipe vencedora pode ordenar as outras equipes a fazer algo, certo? Não cada indivíduo na equipe vencedora?"

"Exatamente. Afinal, não seria justo com a Grande Kujou se ela milagrosamente conseguisse vencer."

"Vou precisar de um milagre, hein?"

Maria sorriu como se não se importasse, mas Touya claramente não a considerava uma ameaça.

"Oh, a propósito, Presidente... Quais são as regras específicas?" Masachika perguntou enquanto reunia suas peças.

"Hmm... Vamos começar com trinta mil pontos e permitir dora vermelho, kuitan, portas dos fundos, agariyame, ron duplo, ron triplo, yakuman duplo, yakuman triplo... Bem, você entendeu. Vale tudo. Ah, exceto o jogo não termina quando alguém fica falido."

"Ha-ha... Tudo bem."

"Ok, então. Vamos começar. Chisaki, é a sua vez!"

"Hã?"

Chisaki piscou em confusão como se tivesse sido pega completamente desprevenida e só estivesse planejando assistir ao jogo, mas Masachika também ficou surpreso.

"Espere. Você não vai começar, Presidente?"

"Heh! O herói sempre chega na hora certa."

"Uh-huh."

E assim começou a partida de mah-jongg deles. No entanto...

Mesmo assim... o que há com esse conselho estudantil?

...Masachika estava cercado por belas mulheres: à sua esquerda, à sua direita e em frente a ele. E entre as lindas flores sentava-se um único personagem de fundo.

Se ao menos fosse strip poker, eu—

"Kuze?"

No instante em que o pensamento lascivo surgiu em sua mente, ele sentiu um calafrio por trás e imediatamente começou a explicar apressadamente as regras.

"Hã? Ah, certo. Então, depois de lançar os dados, Masha se tornou o dealer. O dealer recebe mais pontos quando ganha e também será o dealer na próxima rodada..."

Ignorando o olhar frio vindo de trás e o olhar todo-sabido e presunçoso da pessoa diagonalmente à direita, Masachika continuou:

"Basicamente, você quer uma mão vencedora de quatorze peças. Então, quatro grupos de três peças iguais e um par. Isso é o básico."

"Minhas desculpas. Parece que ganhei esta rodada."

"Oh, veja como a Ayano acabou de ganhar a mão com uma peça autodisposta? Isso se chama tsumo. É chamado de ron quando você ganha graças à descarte de um oponente."

Alya, sendo uma aprendiz rápida, já tinha as regras bem entendidas em sua maioria quando a quarta rodada começou.

"O que significa falir e perder?"

"Falir significa ter menos de zero pontos, e há uma regra onde o jogo termina automaticamente sempre que isso acontece com um dos jogadores, mas não estamos jogando com essas regras desta vez. Então... parabéns! Agora você pode se endividar e ainda assim ter que sofrer por sabe-se lá quantas rodadas!"

"...Isso é bom?"

"Bem, isso lhe dá a chance de dar a volta por cima se estiver otimista... e também pode fazer você ficar endividado pelo resto da vida se isso fosse um jogo de mah-jongg real com apostas."

"Você já apostou em mah-jongg antes?"

"Ah, olhe. Eu posso chamar um pon."

"Kuze?"

Após o final da quarta mão, Masachika trocou de lugar com Alya. Tanto Ayano quanto Chisaki venceram duas vezes nessa rodada, colocando Ayano na liderança, seguida por Chisaki, Masachika e então Maria.

Ayano realmente joga com segurança. Ela é boa. Chisaki, por outro lado, joga muito agressivamente. E Masha? ...Eu nem tenho certeza se ela sabe jogar.

Eles continuaram enquanto Masachika dava conselhos a Alya de vez em quando, mas Chisaki e Ayano continuavam competindo para vencer e se tornar a distribuidora. Quando a segunda metade do jogo começou, Chisaki trocou de lugar com Touya e Ayano com Yuki. Quase imediatamente, Yuki venceu com uma mão de pontuação alta, e quando Touya eventualmente se tornou o distribuidor, ele venceu três mãos seguidas.

Hmm... Touya está trapaceando, pensou Masachika enquanto observava de trás de Alya.

Agora entendi... "Vale tudo", né? O que significa que trapacear também é aceitável.

Pelo que Masachika pôde ver, Touya estava manipulando as peças no muro e usando um truque de mão ao retirá-las para trocar a peça indesejada por outra do muro — ele tinha certeza de retirar o que precisava para ganhar.

"Oh, wow. Eu venço de novo."

"Uau, Touya! Você é incrível!"

"Ha-ha-ha! E é por isso que eu sou o presidente."

Embora Touya aceitasse alegremente o elogio de Chisaki sem um pingo de modéstia, se você olhasse com atenção, poderia ver uma leve sombra sobre seus olhos como se estivesse um pouco envergonhado consigo mesmo.

Parece que Chisaki não percebe que ele está trapaceando, então ele deve estar usando algum truque que torna quase impossível perceber de trás.

Foi quando Touya finalmente percebeu que tinha sido pego.

Você percebeu, hein, Kuze? Impressionante. Eu não esperava que Suou também notasse... Mas sem ressentimentos, tá? Porque isso também é uma tradição do conselho estudantil.

E ele não estava mentindo. Isso era realmente uma tradição do conselho estudantil do ensino médio da Academia Seiren... Em cada festa de boas-vindas para os calouros, o presidente e o vice-presidente trapaceavam e faziam de tudo para derrotar os calouros no mah-jongg.

Era a forma deles de ensinar aos novos membros que eles nunca sobreviveriam à eleição para presidente do conselho estudantil se nem conseguissem sobreviver a uma partida de mah-jongg... Ou pelo menos, era essa a desculpa deles todos os anos quando na realidade, o que estavam fazendo era mais próximo de abuso e manipulação do que qualquer outra coisa.

Heh... Eles me disseram ano passado que era para "me ajudar a aprender e crescer" e me fizeram dar dez voltas ao redor da escola todos os dias por um mês após cada reunião do conselho estudantil.

Um sorriso sombrio se formou nos lábios de Touya enquanto ele lembrava da ordem que recebeu — o que deixaria qualquer Associação de Pais e Professores em frenesi se descobrissem — quando perdeu no mah-jongg.

Por outro lado, isso o ajudou a perder peso e ganhar confiança, e ele ainda fazia corridas regularmente... mas isso é outra história. Embora o fizessem correr para ajudá-lo a "aprender e crescer", o presidente e o vice-presidente na época corriam com ele também, e depois que ele terminou o mês, eles o elogiaram. Ele até tinha chorado um pouco. Mas, bem, isso também era uma história para outra hora.

Droga, eu realmente fui abençoado por tê-los em minha vida! pensou Touya.

Presidente, vice-presidente, apenas esperem... Vou mostrar a eles o quão grande é o presidente do conselho estudantil com esse movimento que vocês me ensinaram quando assumi o cargo!

Estranhamente animado, Touya estava pronto para obter sua quinta vitória seguida quando, de repente...

"Ah! R-ron!" Alya anunciou estranhamente no momento em que Yuki descartou uma peça.

"Uau. Riichi dora... Isso dá vinte e seis mil pontos, eu acredito," comentou Yuki após contar os pontos. Alya sorriu, embora de maneira um tanto decepcionada, como se a pontuação fosse menor do que ela esperava.

"Heh! Um pouco de vingança pelo que você fez comigo no pôquer."

"Sim, você me pegou."

Yuki sorriu empaticamente enquanto entregava a Alya seus marcadores de pontos. Alya imediatamente olhou de volta para Masachika com arrogância.

"Uau. Parabéns pela sua primeira vitória."

"Obrigada."

Alya jogou seu cabelo para trás orgulhosamente, mas...

Alya... Yuki te deu aquela peça de propósito.

...Masachika, que sabia exatamente o que estava acontecendo, sorriu suavemente enquanto observava o perfil de Alya. E ele não foi o único. Todos, exceto Alya e Maria, sabiam o que estava acontecendo. Yuki tinha previsto que Alya tinha uma mão com uma pontuação baixa, e ela tinha previsto perfeitamente a peça que precisava para uma chamada de ron.

Por que ela fez isso, porém? Porque ela precisava que Alya vencesse para evitar que Touya fosse o distribuidor novamente. Apenas as irmãs Kujou não entendiam o que estava acontecendo, já que eram iniciantes.

"Parabéns, Alya."

"Obrigado, Masha. Você também precisa conseguir uma vitória, tá?"

Mas ninguém ousou dizer nada, já que Alya estava toda cheia de si na frente de sua irmã, que ainda não tinha vencido nenhuma vez. Touya e Chisaki forçaram sorrisos piedosos, Yuki fez seu sorriso arcaico habitual, e Ayano aplaudiu com uma expressão em branco no rosto. A sala do conselho estudantil na Academia Seiren era um lugar gentil.

"Ahem. Vamos começar a próxima mão?"

Touya começou a embaralhar as peças. Embora o movimento astuto de Yuki o impedisse de se tornar o distribuidor novamente, o futuro de Maria era desesperador, já que ela ainda não tinha nenhum ponto, e Touya já estava muito à frente do grupo, com Yuki em segundo lugar e Alya em terceiro.

Hmm... Acho que já fiz o suficiente. Os outros vão começar a ficar suspeitos se eu exagerar. Só preciso ter certeza de não cair na armadilha deles.

Touya estava certo de que ia ganhar neste momento.

...Quão ingênuo ele era.

"Alia, você acha que posso jogar um pouco?"

"Huh? Mas..."

"Ainda não ganhei uma mão, o que me coloca em uma posição desconfortável, já que você já ganhou e é uma iniciante. Entende o que quero dizer?"

"Eu acho. Tudo bem. Podemos trocar."

"Obrigado."

Depois de trocar com Alya, que estava de excelente humor para se vingar de Yuki, Masachika se sentou e focou em sua irmã.

...Em dois minutos, Touya estava prestes a aprender uma lição difícil sobre o que acontece quando se subestima esses irmãos (nerds?).

"Oh. Minhas desculpas, Presidente. Cometi um pequeno erro."

"O quê?"

"Ron. Dealer baiman, vinte e quatro mil pontos."

Era apenas a segunda rodada quando Touya descartou um azulejo comum, o que jogou direto nas mãos de Yuki. Ele ainda acreditava que era apenas uma coincidência neste momento, mas imediatamente reconheceu que algo estava errado quando Masachika ganhou em seguida.

"Oh. Tsumo."

"O quê?"

Outros dois minutos se passaram, e ele nem sequer teve uma vez nesta mão.

"Chiihou. Uau. Ganhei como não dealer na minha primeira carta puxada. Yakuman — e tive a mão padrão mais alta."

"Uau, Masachika! Isso foi incrível!"

 "Oh meu. Você já ganhou?"

"O quê?! 'Chiihou'?"

"Parabéns, Sr. Masachika."

"Uh...?"

No meio dos olhares excitados e perplexos dos membros femininos, Touya olhou através da mesa para Masachika.

Tsk! Impressionante. Eu não achava que você tinha isso em você, Kuze.

Heh... Você cometeu seu primeiro erro quando pensou que poderia trapacear para me derrotar.

Masachika devolveu o sorriso torcido de Touya com um sorriso destemido próprio... porque ele também estava trapaceando. Yuki pode ter dito sem vergonha,

"Uau, Masachika! Isso foi incrível!" como se não soubesse o que estava acontecendo, mas ela também participou da trapaça.

Que tipo de nerds seríamos se não soubéssemos como trapacear com um pouco de controle de dados?!

Provavelmente não havia outro nerd no Japão que pudesse se relacionar com o que Masachika estava gritando em sua mente, mas esses dois irmãos dominaram a arte da trapaça. Eles conseguiram exatamente o número que queriam quando rolaram os dados como se fosse apenas natural. Aliás, foi seu avô paterno quem os mentorou na arte da trapaça.

Desculpe, Presidente. Acabou. É muito fácil quando duas pessoas estão carregando azulejos para a parede assim.

Tsk...!

Eles fecharam a enorme lacuna de pontos em apenas alguns minutos, fazendo Touya estreitar os olhos em frustração, o que divertiu Masachika.

Não se preocupe, Presidente. Prometo que não vamos trapacear na última rodada.

O quê? Não me diga que você...

Touya quase suspirou em voz alta quando Masachika fez contato visual com ele. Depois que os dois irmãos ganharam suas mãos, todos estavam quase empatados em primeiro lugar, com exceção da santa mãe Maria, que estava profundamente endividada. Quem ganhasse esta próxima mão provavelmente venceria o jogo inteiro.

Não queremos que nossos parceiros saibam que estamos trapaceando, certo? Vamos jogar limpo e encerrar este jogo.

...Hmph. Tudo bem. Não preciso trapacear para ganhar. Você sentirá o grande peso e poder que carrego como presidente!

Eles trocaram sorrisos masculinos em concordância.

Agora...

...vamos ter...

...uma luta justa!

As cortinas do destino foram levantadas, e a batalha final concluída. "Oh meu. Acho que ganhei esta mão?"

"“Huh?”"

Os dois homens viraram suas expressões bobas na direção da voz inesperada e incerta; olharam para a mão de Maria; e imediatamente trocaram olhares.

"Presidente..."

"Sim..."

"Vale tudo, certo? O que significa que isso..."

 "…Sim."

"Masha, isso é..."

"Chisaki? Huh? Pessoal, o que há de errado?"

Chisaki parecia chocada. Até os olhos de Ayano estavam arregalados.

"Quatro trincas ocultas, trincas de todos os três dragões, uma mão apenas de dragões e ventos...," Yuki murmurou com um sorriso nervoso.

"Oh meu. Tenho quatro yaku? Um...eu acho que isso valeria cerca de oito mil pontos?"

"Isso é um quadruplo yakuman! Isso são cento e vinte e oito mil pontos!" Masachika gritou em desespero.

"Para quê foi tudo isso? Tudo o que fiz...," Touya murmurou amargamente enquanto finalmente se recuperava de seu choque inicial.

"Sério?!"

O milagre de Maria a colocou em primeiro lugar quando o jogo terminou, tornando tudo o que os outros fizeram sem sentido. Yuki e Ayano ficaram em segundo lugar, seguidos por Touya e Chisaki. Enquanto isso, Masachika e Alya caíram para o último lugar, já que um não dealer ganhou a rodada, o que significava que eles tinham que pagar ainda mais com os pontos que tinham. Maria foi então agraciada com o direito de dar uma ordem aos seis perdedores.

"Hmm... O que devo pedir a todos vocês para fazerem?"

Ela colocou um dedo indicador nos lábios e olhou ao redor da sala até que seus olhos pousaram nos pequenos saquinhos de doces assados adornados com fitas que foram distribuídos no início da festa de boas-vindas. Seus olhos se arregalaram como se tivesse uma epifania. Masachika teve um pressentimento muito ruim sobre isso... e seu pressentimento acabou se confirmando.

Alguns minutos depois.

"Oh meu Deus! Vocês são tão fofos. ♡"

Maria deu um sorriso caloroso para as garotas um pouco envergonhadas e para os

meninos trêmulos e emasculados em pé diante dela.

"Presidente..."

"Não diga mais uma palavra, Kuze."

Todos tiveram que usar uma fita pelo resto do dia — essa foi a ordem de Maria. Maria mesma colocou as fitas em suas cabeças, e uau — grande coisa para as garotas, certo? Grande coisa mesmo. Elas pareciam ter passado por uma pequena transformação, especialmente Chisaki, que não era atenta à moda e acabou ficando tão bem que as outras garotas deram gritinhos de surpresa quando a viram. Os problemas eram Masachika, que tinha um rosto genérico de NPC, e o gigante Touya, que tinha o rosto de um homem de meia-idade. "O que fiz para merecer isso...?"

"Você? Olhe para mim. Isso é um crime contra a humanidade."

"Não sei. Geralmente, pessoas populares conseguem fazer coisas que os outros consideram meio excêntricas. As pessoas são mais aceitantes; talvez elas digam, 'Ah, ele gosta de fitas? Legal.' Mas quando um estudante comum como eu faz esse tipo de coisa, as pessoas geralmente se contorcem e te chamam de nomes."

Os dois meninos trocaram olhares, sentindo pena de si mesmos, quando os outros membros do conselho estudantil se aproximaram deles.

"C-continuem... Não é tão ruim assim. E-eu até acho que vocês dois estão bem," Chisaki conseguiu engasgar.

"Seria muito mais convincente se você não parecesse prestes a explodir de rir. Em vez disso, só me faz sentir pior."

"Ela está certa, Masachika. Você está realmente bem. Confie em mim."

"Seus olhos estão rindo, Yuki."

"Estou falando sério. Você concorda, Ayano?"

"Sim, você está muito bem."

"Estou mais preocupado que você consiga dizer isso com um rosto sério."

"Kuze..."

"Alya..."

A expressão de Alya era indecifrável quando ela disse seu nome, mas no momento em que Masachika olhou em sua direção, suas sobrancelhas se ergueram, e ela rapidamente cobriu a boca e virou a cabeça para longe.

"Não olhe para longe. Diga alguma coisa, droga."

"…! E-eu... e-eu acho que você está muito bem. Você está... fofo?"

"Vá em frente e ria! Já pode tirar isso do seu sistema!"

"Haha-haha!"

"Yuki! Eu não estava falando com você!"

Yuki de alguma forma gargalhou enquanto mantinha sua fachada de dama, então Masachika lhe lançou um olhar penetrante. No entanto, Chisaki começou a rir também como se as risadas de Yuki fossem contagiosas. Até mesmo os ombros de Alya começaram a tremer enquanto ela olhava para o chão, cobrindo a boca, então Masachika desistiu.

"Presidente, Kuze, olhem para cá. ♪"

"N-Não me diga que você vai tirar nossa foto?!"

"Claro que vou! Hoje é um dia especial, afinal. ♪"

Touya sussurrou para Masachika, cuja expressão se tensionou de medo.

"Apenas desista, Kuze. Trapaceamos, e ainda perdemos. Não temos direito de recusar."

"M-mate-me!"

Essas foram as últimas palavras do cavaleiro capturado enquanto sua expressão se torcia em agonia. Depois disso, apenas os sons da risada das garotas e das persianas da janela se fechando ecoaram pela sala do conselho estudantil, chegando ao fim quando um professor passou para dizer que estavam trancando tudo.

 

 



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