A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 34: Confiança

Ao anúncio de início de luta feito pelo narrador, Natsumi e Shitzu se encararam por segundos. Todas as pessoas na arena pararam e fizeram o mesmo silêncio, atentos para ver o primeiro passo de cada uma.

— Eu vou te mostrar o fracasso! Manoplas! — Natsumi avançou enquanto suas mãos eram cobertas de pedras, que formavam manoplas.

Shitzu continuou sem se mexer, isso causou um certo nervosismo em Natsumi, que não sabia como a garota poderia revidar, já que nunca tinha visto seu poder em ação. No segundo que antecedeu o golpe de Natsumi acertar em cheio o rosto de Shitzu, um número um gigante foi visto por todos na arena, e quando o soco conectou no rosto da cidadã de Poor, ela nem se mexeu.

— Como? Eu botei muita força nesse soco, como isso pôde acontecer? — A plebeia continuou socando o rosto e o corpo de Shitzu, sempre antes de um soco acertar o número um aparecia e nenhum dano era feito na estrangeira.

— Pra alguém que corre e grita primeiro, esperava que fosse mais confiante. — Shitzu soca Natsumi e o número 18 apareceu gigante no segundo anterior, quando o soco conectou no estômago da plebeia, ela foi lançada contra a parede e caiu ferida.

— Esses números, o que eles tem a ver com os golpes, o que tá acontecendo?

— Infelizmente pra você, eu não sou de falar muito, então tente descobrir por você mesma. Venha!

Como apareceu aquele número 1 antes do meu golpe e o 18 antes do dela, deu pra notar que era o nível de força do ataque, mas como isso é escolhido?, pensou a plebeia.

— Então era esse poder que a minha mãe queria tanto? O que muda do seu poder com os experimentos dela?

— Não planejo usar a anti-trindade contra você, apenas com o meu poder natural eu consigo te vencer facilmente.

Toby voltou para o camarote após desligar a ligação.

— Blair, que número gigante é esse que aparece antes do golpe? Ela diminuiu a intensidade? — perguntou o garoto com sardas.

— Eu nunca vi esse poder na minha vida, não faço ideia do que se trata. — explicou Blair, que olhou com bastante interesse para a luta.

— Como assim? Pensei que soubesse de todos…

— Ela é de Poor, idiota. — Ethan interrompeu. — Cidadãos daquela cidade obtêm poderes incomuns.

— Então todos os nativos de lá tem isso? Pensei que o Ben era um caso raro. — exclamou Toby.

— É por essa razão que o Ben já sabia que tinha um poder incomum para despertar, você lembra? — indagou a princesa.

— Sim, foi uma das primeiras coisas que ele disse quando nos conhecemos.

— Eu tenho uma ideia do que se trata o poder dela, espero que ela lembre da ajuda que fez ao Ben, assim ela pode vencer. — exclamou Ethan.

— Me conta então.

— Não.

Após tomar mais golpes, Natsumi se encontrou em completo desespero.

— É por isso que eu sou contra plebeus enfrentarem pessoas fortes, eles acabam passando vergonha. — gritou uma pessoa da plateia.

— Cala a boca seu nobre de merda! — Natsumi gritou para o homem na arquibancada.

— Não tire a atenção da luta — Shitzu socou Natsumi que foi lançada e ficou presa dentro da parede, o número 19 foi visto antes do golpe acertar.

Toby começou a se incomodar no camarote.

— Sua sombra insuportável, se você não quiser me contar, pelo menos grite a dica pra Natsumi, senão ela vai acabar perdendo. — reclamou o menino com sardas.

— Não, ela tem que perceber sozinha. 

— Deixa de ser mal amado, ela é sua companheira de equipe!

— Se você se importa tanto, grita você, eu já te expliquei uma dica. — disse Ethan, no tom mais sereno possível.

— Isso mesmo, grite, Toby. — Blair encorajou.

— Por que eu? Você também pode.

— Ela está presa na parede e vai ser finalizada sem ter honra alguma na luta, se eu me importasse como você, gritaria logo. — explicou Blair.

Toby correu para o mais próximo da luta possível e encheu o peito de ar.

— NATSUMI! LEMBRE-SE DO TREINAMENTO COM O BEN!

Todos na arena encararam o garoto com sardas.

— Eu falo, plebeus são só problemas… — falou um cara nos assentos.

Treino com o Ben? É mesmo, ele também é de Poor, eu li uns livros para ajudá-lo, mas qual… É isso!

— Adeus, fracasso. — Shitzu socou Natsumi na parede, mas o número 4 apareceu e o soco pareceu um comum. — Então você entendeu.

— Muito bem! — Pedras se formaram em volta da cabeça da plebeia. — Capacete!

Ela acertou em cheio a estrangeira, o número 10 apareceu antes do ataque, o que causou uma ferida na testa de Shitzu.

— Confiança, os poderes incomuns são todos diferentes, mas eles se baseiam na confiança, Ben não conseguia despertar o poder por que não sentia confiança de ninguém, mas quando Toby confiou nele, ele despertou seu poder.

— Então aquele garoto te ajudou… Mesmo com tudo o que você fez, ele ainda te ajudou. 

— Eu tenho uma dívida com ele, e te vencer me ajuda a chegar no objetivo de pagar a minha promessa! 

Natsumi continuou dando golpes, que variaram do número 11 ao 14, todos causaram bons danos a garota estrangeira, que parecia muito incomodada.

— Perdeu a confiança, é? O número só aumenta! Parece que minha confiança é maior! —  provocou Natsumi.

— Não era pra você estar tão confiante, mesmo sabendo o poder, isso não deveria mudar tanto, de onde você tirou tanta confiança? — indagou a estrangeira.

— Eu vou acabar com esse sistema de Solária, eu vou revolucionar tudo, seus jogos conseguiram tirar minha confiança pelo desconhecimento, mas agora que sei, isso não vai ser problema pra mim e minha confiança! — explicou.

Hahahahahahhahaha! Que fofo você achando que me venceu, se achou que um poder incomum era tão raso assim, você está completamente equivocada.

— Não vou cair no seu blefe, você só quer me desmotivar!

— Meu poder não é sobre confiança, esse é só o ponto um dos poderes incomuns, todos sabem, a questão é que meu poder é sobre sorte. 

— Sorte?

— Digamos que cada vez que você me acerta um golpe, um dado de 20 números é jogado, esse é o dado comum, ele se baseia na confiança, mas existem outros dados, e o meu preferido é o da sorte! Ele é um dado comum, de 6 opções, e ele multiplica o dano ou a absorção do dano em até 6 vezes. Como está a sua sorte hoje, fracassada? — explicou Shitzu.

Sorte? Não é possível que ela pode aumentar a intensidade de um golpe em seis vezes, socos normais dela já estavam acabando comigo…? Não, eu tenho que ser confiante, o que ela quer é me assustar, a sorte não tem lados, ela pode simplesmente cair no 1 e o dano ser baixo se eu estiver confiante, mas… E se eu tiver azar?, pensou a plebeia, enquanto começava a recuar.

— Uma coisa interessante, é que o dado é jogado bem antes do golpe, vamos jogá-lo! — Shitzu estalou os dedos e um grande número 5 apareceu. — Eita… Parece que eu tive sorte… Como está sua confiança agora?

— Você não vai me acertar! — Natsumi criou um muro entre ela e a adversária.

— Me desaponta você se acovardar tanto, eu esperava mais da mulher que revolucionaria o mundo! —  provocou Shitzu — Mas você parece inocente, você achou mesmo que a Srta. Kageyama dependeria apenas de sorte e anti-trindade pra vencer? Não, ela me escolheu a dedo por uma razão.

Chamas negras cresceram nos braços de Shitzu.

— Ela me deu um poder incomum, que muitos morreram durante a experiência, mas só eu suportei. Cerca de 344 pessoas faleceram até que ela fizesse comigo, e eu superei todas as expectativas, porque diferente de você eu não sou um fracasso. — O número 20 apareceu antes da Shitzu a golpear. — É verdade, tem isso, como é um poder especial, eu tenho dois dados de 20 números para ser multiplicado por 5, o primeiro já deu 20, você já vai sofrer 100 de dano, fracassada.

Isso é alto demais, eu estou completamente sem confiança, ela vai me matar se multiplicar cinco vezes quartenta, o que eu faço?

— Desista, Natsumi. Eu não gosto de você, mas não quero te matar, você já perdeu a luta mental que travamos, então desista, ou eu vou ter que te matar, mesmo não querendo.

— Mata! Mata! Mata! Mata! Mata! — começou a gritar a plateia.

— Filha! Desista logo! Não tem problema desistir às vezes! — gritou o pai de Natsumi, muito preocupado com a sua filha.

— Mata! Mata! Mata! Mata! Mata! — continuaram a gritar na arquibancada.

— Calem-se seus nojentos! — Shitzu apontou a mão para a plateia. — Desista Natsumi, ou você vai dar o que os nobres querem, eu também não suporto eles, então não me faça fazer a vontade deles, desista logo!

— Eu não posso, eu mereço sofrer um ataque que possa me matar, você sabe que eu mereço. — explicou Natsumi, chorando atrás do muro.

— O garoto que você fez promessa também iria preferir que você desistisse, deve saber que ele não quer te ver morrendo.

— Natsumi! Tudo bem desistir, não morra! — gritou Toby.

— Não me importa que todos pensem que eu possa desistir, Shitzu. — Natsumi quebrou o muro e acertou um soco com sua manopla de pedra no rosto da estrangeira, o número 20 apareceu. — Uma revolucionária não pode desistir de seus orgulhos nunca!

Shitzu foi jogada para trás, mas rapidamente se levantou e avançou lentamente até Natsumi, que recuava de medo.

— O rapaz das sardas conseguiu me cativar no primeiro momento que o vi, mas você, é a primeira pessoa desse país a conseguir minha admiração, então por favor, aceite esse golpe final como um sinal de respeito. — Shitzu preparou seu soco e Natsumi apenas virou seu rosto e esperou o golpe.

Todos estavam completamente assustados. Toby e o pai de Natsumi tentaram invadir o local para impedir o ataque, mas foram impedidos. E o soco ocorreu.

O soco ia em direção ao rosto de Natsumi, mas Shitzu hesitou e o socou o joelho da garota, o número 20 apareceu na tela, e a intensidade 200 quebrou o joelho da plebeia.

AAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRGHHHHHHHHHH!!!! — Natsumi começou a agonizar no campo de batalha.

— Natsumi não tem mais condições de continuar a batalha, Shitzu é a vencedora da luta! — anunciou o narrador.

As pessoas na arquibancada começaram a vaiar por Shitzu não ter matado a garota, então ela mostrou os dedos para os nobres e rapidamente foi até o camarote.

— Me desculpe, eu tentei fazer ela desistir, mas não funcionou, eu não queria matar ela, então esse foi o melhor jeito que pensei. — Shitzu juntou as mãos e curvou pedindo desculpas para o garoto de sardas. Que não sabia o que falar, pois estava assustado.

— Ele não sabe como reagir a isso, mas eu agradeço por ele, Shitzu. — disse Blair.

— Espero poder te enfrentar, princesa, meu objetivo nesse campeonato é você, por você que eu quebrei o joelho daquela garota.

Ethan caminhou lentamente até o local em que Natsumi estava sendo colocada na maca.

— Toby! Arrrghh! Eu preciso falar com você, por favor, venha até aqui!

O garoto com sardas rapidamente se soltou de Shitzu e correu em direção a Natsumi.

— Que bom, pelo menos vou poder pedir desculpas. — disse a plebeia, antes de receber um canhão de luz vindo do Ethan, o golpe a jogou longe novamente e a desacordou.

— Não abra essa boca pra ser fracassada novamente, se quiser ser revolucionária então aguente seus problemas! — gritou o garoto.

A plateia começou a ovacionar Ethan, gritando seu nome após ele desacordar a garota que estava agonizando.

Toby apenas observou de longe aquele acontecimento, e automaticamente a febre em seu corpo aumentou consideravelmente.

— O QUE É VOCÊ!? SEU DESGRAÇADO DE MERDA, POR QUE FEZ ISSO COM ALGUÉM DA SUA EQUIPE? — gritou o garoto com sardas, com sua garganta rasgando de tanta força que gritou.

— Não precisa gritar, rato imundo, eu tenho bons ouvidos. — respondeu calmamente.

— EU VOU TE MATAR!

— Então tente.

— Atenção, não teremos intervalo desta vez por ordem da assembleia, todos que não se chamam Toby Burn ou Ethan Rogers saiam do campo de batalha imediatamente, a luta deles irá começar!

— Toby… — Blair estava preocupada, mas não podia falar com seu amigo.



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