Volume 2

Capítulo 84: Guardiã de Nox

Determinada, Dilin cruzou as estreitas passarelas suspensas entre as majestosas montanhas do mundo de Nox, rumo ao castelo que abrigava a sua deusa.

Enquanto se aproximava da grandiosa construção, o céu soturno mostrava-se partido, como se uma fenda luminosa de proporções colossais tivesse rompido o frágil telhado de vidro que cobria aquele mundo. A luz intensa derramava-se pelas fissuras celestiais, projetando sombras incertas nas encostas das montanhas e criando um espetáculo temeroso de tirar o fôlego.

A garota não avistou uma pessoa nos arredores, imaginou que todos estivessem trancafiados em suas casas orando para que a deusa os protegesse e resolvesse a estranha rachadura que dividia o céu.

Dilin atravessou os portões conhecidos do castelo que sempre estivera aberto para qualquer um que precisasse da ajuda divina de Nox. Mas, dessa vez, ela sabia que o pedido de ajuda viria de dentro daquela fortaleza. Pelo menos, foi o que havia planejado em conjunto com Lashir, a guardiã que queria colocar um fim no ciclo de sofrimento dos seus semelhantes.

Passou pelos corredores vazios e rapidamente chegou ao belo pátio do castelo, conhecia todos os atalhos e segredos daquele lugar. Passou tanto tempo ali, que podia ser considerado a sua segunda moradia após a casa de Telmo, o seu tutor.

Sem se surpreender, viu a singela porta no centro do pátio amplo aberta de forma convidativa. Ela se aproximou, sem preocupações quanto ao que encontraria lá dentro.

Ao entrar no recinto, seus olhos percorreram o ambiente com uma sensação de desalento. Ao fundo, o trono em madeira ornada, ao mesmo nível ao restante da sala, se destacava minimamente. Não era por uma simples casualidade, a própria Nox que ocupava aquele assento, é quem demandou tamanha simplicidade. Afinal, a sala do trono não era para mostrar poder, e sim para dar esperança ao seu povo, era como pensava a divindade.

De qualquer forma, mesmo que fosse o trono mais empoderado e extravagante que pudesse se imaginar, não chamaria mais atenção do que a poderosa magia de Nox sendo emanada ao centro do cômodo simples.

A própria deusa Nox se empenhava em sua concentração sobre a magia em suas mãos. Ela tinha as palmas das mãos juntas frente ao seu peito enquanto de pé no centro do cômodo. Além dela, apenas uma mulher mais velha a acompanhava de modo a observa-la em silêncio se agarrando a esperança.

— Senhorita Dilin? — perguntou sussurrante, de modo surpreendida, a mulher mais velha ao notar a presença da garota adentrando ao lugar.

— O que está acontecendo, Lúcia? — dissimulou Dilin.

— Nosso mundo está sendo atacado... — sussurrou com os traços enrugados de preocupação em seu rosto envelhecido. — Onde está Montague?

— Eu não sei — a garota desviou os olhos encobrindo a verdade e avançou ácida. — Mas era o esperado, não é?

— O quê? — Lúcia se abismou, sem entender a amargura da jovem.

Dilin elevou a voz deliberadamente, direcionando suas palavras para Nox, que estava concentrada no centro do cômodo:

— Se ele não tivesse sido escolhido. Se eu fosse a guardiã, poderíamos tentar impedir isso.

Nesse momento, Nox percebeu a presença de Dilin e voltou sua atenção para a jovem, suas luzes brilhando diminuíram de intensidade.

— Pequena Dilin?

— Me poupe de seu teatro, deusa — confrontou a garota.

— Dilin... — Lúcia ficou boquiaberta com aquelas palavras atrevidas em direção a autoridade máxima de seu mundo.

A garota não diminuiu o tom, e seguiu com os olhos fixos em Nox e as palavras afrontosas à deusa.

— Eu sei de tudo sobre o que está acontecendo além do nosso mundo. Eu sei tudo sobre o final do acordo com Lux, o final do dadivar.

— Eu não sei do que você está...

— Pare, Nox! — a garota esbravejou interrompendo. — Eu falei para parar com as mentiras. O acordo com a deusa Lux acabou há algum tempo, não foi? Uma guardiã de outro mundo me contou.

Nox permaneceu em silêncio, deixando o peso do que Dilin tinha descoberto falar por si só. A garota, embora temerosa da verdade, continuou e desafiou a deusa a responder.

— Por que não me diz? Por que ainda pretende realizar o sacrifício do dadivar, se o acordo não está mais vigente? Por que escolheu Mon para isso?! Diga alguma coisa!

A tensão no cômodo era palpável enquanto Dilin esperava por uma resposta de Nox. A deusa finalmente rompeu o silêncio e suas palavras soaram com pesar.

— Dilin, minha escolha foi difícil e, ao mesmo tempo, necessária. Montague carrega em si um grande poder e benevolência.

A garota fitou Nox, seus olhos demonstrando uma confusão que transparecia em sua expressão.

— Exatamente. O Mon é o mais puro e confiável. Então, por que insiste em fazê-lo guardião? Não sabe que o destino de um guardião é o sacrifício?

— Não é verdade. Como você disse, o dadivar não está mais de pé. O acordo com Lux foi quebrado, mas o risco de sua vingança é real. Mesmo sem o acordo, ela ainda pode desencadear sua ira sobre nós.

— Se isso estiver certo, se o que você falou é verdade, por que o sacrifício está acontecendo? Por que a fenda no céu se abriu? Por que Mon vai ser sacrificado?

Nox respirou fundo antes de revelar:

— Porque eu fiz o meu próprio acordo com Lux.

— O quê?

— Lux está sendo pressionada. Ela precisa de poder, mais do que nunca. Por isso ofertei um último sacrifício, em troca do meu maior desejo.

— Como ousa entregar Mon assim, sem...

— He! — Nox deu uma única gargalhada satisfeita e sorriu inabalável. — Você é mesmo uma irmãzinha protetora, não é, Dilin?

— Hã?

— Eu sou uma deusa. Sou a deusa desse mundo, eu sei de tudo que acontece por aqui — Nox continuou com um sorriso orgulhoso no rosto. Chamou a sua serva mais confiável para a conversa: — Lúcia.

— Sim — respondeu a mulher de cabelos grisalhos prontamente se colocando à disposição.

— Lúcia, você se lembra do que eu disse sobre notar uma garotinha brilhante que se esforçou ao máximo para proteger o irmão.

— É claro, minha deusa. Mas, como sua conselheira, que jurou só lhe dizer a verdade, tenho que corrigi-la. Foi eu quem notou o potencial da tal garotinha.

— Me dê um crédito pelo menos uma vez, Lúcia — rebateu Nox.

— Claro, claro.

— De qualquer jeito. A garotinha dedicou cada manhã, estudou incansavelmente todas as tardes e enfrentou noites solitárias, dia após dia, nos últimos anos. Ela demonstrou uma determinação inabalável e, mesmo que tentasse esconder, sua generosidade transparecia. Afinal, quem se esforçaria tanto por outra pessoa desse modo?

Dilin se surpreendia a cada palavra de sua deusa. Nox continuou:

— Essa garotinha até mesmo rejeitava ser chamada de “irmã” por essa pessoa, acreditando que seria mais fácil para ele esquecê-la se não houvesse esse vínculo.

— Como...

Dilin tentou falar, ainda descrente sobre o que estava escutando, mas Nox a interrompeu prontamente para continuar com suas palavras:

— Estar disposta a se esforçar tanto, para apenas se tornar um sacrifício? Que desperdício.

A garota à frente balançou a cabeça se desprendendo dos seus sentimentos mais gentis e das lembranças mais ermas. Retornou ímpia:

— Não faz diferença. Você simplesmente decidiu escolher o Mon, não foi? E agora oferta um sacrifício para Lux, você é a pior. Não merece um guardião como Mon lhe servindo. Não merece o mundo que tem.

Nox concordou sem hesitar, surpreendendo Dilin:

— Você está certa.

— O quê?

— Você está certa, pequena Dilin. — repetiu a deusa frente às duras palavras. — As suas ações me fizeram refletir. A sua entrega por quem você ama, me fez mudar de ideia.

Nox fixou os seus olhos nos da garota e continuou revelando os seus mais profundos pensamentos:

— Eu sou uma deusa horrível. Fiz diversos dos meus guardiões sofrerem. Geração após geração. Sacrifício após sacrifício. Não mereço nenhum dos meus servos, e muito menos esse mundo maravilhoso.

— Não diga isso... — Lúcia tentou interromper o sentimento autodepreciativo, mas Nox fez questão de ignora-la.

— É por isso que eu decidi fazer esse acordo com Lux.

Dilin continuava a sentir-se amargurada e questionou com veemência:

— Então, mesmo assim, pretende fazer o sacrifício? Isso é ridículo! — Balançou a cabeça negativamente, se forçando a aceitar. — Que seja. É por isso que estou aqui, deusa Nox. Eu quero que você me transforme na sua guardiã. Eu quero que você me use como seu sacrifício para esse acordo insano.

O céu berrou um estrondo que sacudiu a terra e lembrou todos eles do que estava prestes a acontecer.

— Eu não posso — respondeu Nox.

— Como?

— Eu já fiz o acordo com Lux. Já preparei tudo. O sacrifício já está decidido.

— Você não vai conseguir o sacrifício. Mon não está aqui. Eu o prendi bem longe. Você não tem escolha — revelou Dilin, confiante em sua decisão.

— Eu nunca disse que o sacrifício desse acordo era o Montague.

— Não é o Mon?

— Está tudo pronto, Lúcia? — perguntou Nox à mulher que aparentava ser a mais velha da sala.

— Sim. O selo já está pronto, minha deusa.

— Seja uma boa conselheira para essa garota, tá bom, Lúcia? Ela é bem cabeça dura.

— Não se preocupe. Vai ser mais fácil do que meu último trabalho.

— He! — Nox deu uma única gargalhada e sorriu para sua serva antes de retornar ao centro do cômodo com um único objetivo em mente.

— Esperem. Do que vocês estão falando? O que está acontecendo? — Dilin estava completamente confusa em meio aquela sensação de despedida.

— Foi uma honra servir a você, minha deusa — Lúcia afirmou, com orgulho e respeito nos olhos enquanto observava Nox no centro da sala.

A deusa sorriu radiante para as outras duas e se voltou ao selo que estava preparando. Colocou as palmas das mãos juntas novamente à frente de seu peito e concentrou-se.

A luz sobre as mãos da deusa voltou a brilhar intensamente. Ao lado de Dilin, Lúcia sussurrou orgulhosa:

— Nox não aceitou o acordo com Lux. Ela decidiu fazer o seu próprio sacrifício. Decidiu se sacrificar pelo seu maior desejo. O desejo de fazer as pessoas de seu mundo livres.

— O quê? Por quê? — perguntou a garota sem acreditar no que estava frente aos seus olhos.

— Por que Nox é a nossa deusa. Ela se recusou a entrar na guerra ao lado de Lux, pois isso significaria sacrificar os seus servos para satisfazer o poder da deusa maior.

O piso sob seus pés começou a estremecer e o brilho proveniente de Nox atingiu seu auge. Tão radiante, que não era mais possível encarar diretamente e apreciar sua magnificência.

— O que está acontecendo? — perguntou Dilin desviando os olhos para longe da luz enquanto tentava se manter de pé sobre o balançar do castelo.

Lúcia tentou resumir enquanto também se esforçava para se equilibrar:

— A deusa maior está prestes a punir Nox. Este mundo será completamente destruído pela ira de Lux. A única maneira de sobreviver é deixá-lo.

— Deixá-lo?

— Através da fenda no céu. Nox vai usar toda a sua magia em um selo para erguer o castelo através da fenda. Vai levar toda a fortaleza para outro mundo.

— Isso é loucura!

— É um poder extraordinário, de fato. É por isso que ela precisou se sacrificar. Levar o castelo e todos os seus servos para um novo mundo é o último desejo de Nox.

— Todos os servos?

— Sim. Estão todos aqui na fortaleza, nas dependências baixas do castelo.

Dilin sussurrou seu pensamento surpreendida:

— Vocês tinham tudo planejado...

— O acordo de Nox, é não ter acordo.

Dilin levantou uma das sobrancelhas estranhando o absurdo que acabara de ouvir. Se lembrou de algo importante e mudou completamente o tom. Estava agora preocupada:

— Espera! O Mon, eu o prendi e...

— Não se preocupe. O senhor Telmo vai cuidar disso.

— O senhor Telmo? Não, você não entendeu! Eu prendi o Mon em um selo. Um selo aprisionador de Rubrum.

— Um selo? — se preocupou Lúcia.

— Droga...

Dilin correu, saiu pela única porta do cômodo em meio ao desequilíbrio provocado pelo estremecer da terra. Atravessou o pátio com alguma dificuldade e, quando chegou as grandes janelas no corredor das paredes externas do castelo. Viu a fenda no céu se aproximar.

As luzes provenientes do outro lado da fenda iluminavam o mundo de Nox como a muito tempo não se via. A sombra do castelo, se erguendo ao céu em conjunto com uma porção de terra que se resumia em uma ilha voadora, era projetada na cidade abaixo que parecia pequena àquela altura.

Lá de cima, enquanto sobrevoava o mundo de Nox, Dilin reconhecia cada canto da cidade onde crescera. Seus olhos se fixavam particularmente no precipício que marcava a divisão entre o oceano e a fronteira final. O lugar onde havia perdido os seus pais e o lugar onde havia aprisionado a pessoa pela qual tinha mais apreço e admiração.

Sussurrou com pesar:

— Mon... O que foi que eu fiz?

Dali, a cidade parecia diminuir de tamanho cada vez mais, devido a altitude que o castelo ganhava. Dilin procurava por algo que pudesse fazer quanto a Mon, mas nada seria o suficiente para alcança-lo. Se sentia cada vez mais incapaz à medida que suas distancias aumentavam.

Repentinamente, sentiu uma dor inimaginável acertar sua cabeça. Levou suas mãos às orelhas ao ouvir um ruído repugnante e fechou os olhos em sofrimento. Seu cérebro parecia estremecer e seus sentidos serem entrelaçados com seus sentimentos mais amargos.

Ouviu uma voz lhe chamar.

— Minha pequena Dilin.

A voz de Nox. A voz que lhe trouxe o fim da dor repentina e o alivio silencioso. Dilin tirou as mãos que cobriam suas orelhas e abriu os olhos. Viu o nada, o vazio. Apenas uma figura se evidenciava, a deusa Nox e sua fraca luz.

— O quê? — sussurrou Dilin, perplexa.

— Pequena Dilin, eu estou preocupada. — disse Nox em meio ao nada.

A garota desistiu de tentar entender onde estava, mas se afligiu ao perceber que Nox emitia um fraco brilho.

— Deusa, sua luz está...

— Minha luz está se extinguindo, assim como minha magia e, por fim, minha vida. — Nox parecia frágil, mas seu olhar irradiava determinação. — O que me preocupa é que não sinto mais a energia mágica de Montague. Por isso estou aqui.

— O Mon, ele...

— Ele ainda está vivo, mas a conexão de guardião que eu compartilhava com ele se rompeu.

— O selo de Rubrum — sussurrou Dilin, compreendendo a situação.

— Pequena Dilin, tenho um último pedido a fazer a você.

— Um pedido?

— Dilin, eu quero que você se torne a minha guardiã.

A garota arregalou os olhos. Aquela era a frase que ela tanto buscou, mas dita nessa situação, era quase como um castigo. Só podia significar que Nox estava realmente preocupada e desacreditada no seu atual guardião.

— Mas...

— Dilin, eu quero que você se torne a guardiã, quero que salve todos os meus servos, incluindo Montague. Eu quero que você mantenha todos seguros, independente do mundo, não importa para onde o destino os leve.

— Mas você...

— Escute, o selo do castelo já está concluído. Assim que eu lhe tornar guardiã, não restará mais magia alguma em meu corpo. Eu deixarei de existir. Mas o selo continuará ativo. E você estará por conta própria, entende isso?

— Por quê? Por que está fazendo isso? Você é a deusa deste mundo.

— É o único modo de mantê-los todos seguros. O meu mundo é vazio sem todos vocês. Não é nada sem Montague, sem Lúcia, sem Telmo, sem Dilin. — Ela sorriu determinada. — Eu amo todos vocês. Amo todos os meus servos. É por isso que estou fazendo isso. Posso não ser mais a deusa deste mundo que será completamente destruído, mas continuarei sendo a deusa de cada um de vocês. Minha magia continuará protegendo cada um. Mas você tem que aceitar ser a minha guardiã, aceitar a fazer minha magia continuar a proteger todos.

Dilin compreendeu cada sentimento e emoção nas palavras de sua deusa. Parecia que essas palavras não só atingiam seus ouvidos, mas também penetravam profundamente em seu ser. Ela sentiu amor, medo, orgulho, arrependimento e uma variedade de outras emoções que não eram dela, mas que fluíam por meio da magia gentil de Nox.

Dilin já havia aceitado o pedido de sua deusa, mesmo que não tivesse colocado isso em palavras. Na verdade, ela já havia aceitado aquele pedido muito antes dele ser feito.

A deusa Nox se preparou de maneira solene:

— Dilin — Nox elevou a voz —, você promete proteger as pessoas desse mundo arruinado?

— Com toda a minha determinação, eu prometo — respondeu a garota respeitosamente em meio ao vazio.

— Promete manter a magia de seu mundo segura e pura?

— Com lealdade, eu prometo.

— Promete guardar o desejo de sua deusa?

— Com a minha vida, eu prometo! — concluiu Dilin, ajoelhando diante de sua deusa de maneira solene.

— Eu, Nox, a deusa desse mundo maravilhosamente perfeito que vou continuar amando pela eternidade! He! — Deu uma única gargalhada satisfeita, quebrando o seu próprio protocolo, sorriu inabalável. — Lhe atribuo, Dilin Isolda, o título de guardiã.

Dilin abriu os olhos mais uma vez. Encontrava-se de volta no corredor do castelo de Nox, diante das grandes janelas que revelavam o céu e a fenda em direção a outro mundo se aproximando. A sensação da magia percorrendo seu corpo era inegável. Ela estava ciente do que precisava fazer, e sabia exatamente como fazê-lo. Afinal, ela era a melhor candidata para esse posto, a que mais estudou, a que mais treinou e a que mais se dedicou. Estava na hora de fazer tudo aquilo valer a pena.

A guardiã de Nox subiu no parapeito da janela. O vento das alturas a atingiu com força, seus cabelos balançaram apressados. Seus olhos se fixaram no céu, acompanhando a cortina de luz que fluía da fenda, abrangendo parte de seu mundo. Enquanto isso, o castelo continuava a elevar-se.

Então, com firmeza, voltou seu olhar para baixo, observando as montanhas acidentadas e a cidade que se distanciava rapidamente. A altitude podia instigar a solidão, mas Dilin a ignorou por completo. Ela não hesitou.

Dando um passo à frente, para fora da janela, em direção aos céus, permitiu que seu corpo caísse.

— Espere por mim, Mon. Estou a caminho — murmurou para si mesma, sua voz audível em meio ao rugido do vento forte que a cercava em sua queda livre pelo céu.

Estendendo os braços para baixo, erguendo as mãos em direção ao solo distante, a Guardiã de Nox, como um pássaro finalmente libertado de sua gaiola, alçou voo gracioso sob a brilhante cortina de luz proveniente da fenda no céu.



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