Volume 2

Capítulo 68: As suas chances acabaram

Ye Wanwan foi presa assim que chegou ao Jardim Jin.

KA DA—

O som da fechadura da porta sendo trancada fez o seu coração tremer. Sem notar, intensificou o agarrão que mantinha na sacola de remédios.

Depois de metade de um mês, havia voltado para esse lugar.

Mesmo que a situação estivesse sob controle, não mudava o fato de que a garota estava com medo. Ela mal conseguia conter o sentimento, que tinha sido gravado na sua alma após ter passado tanto tempo aprisionada naquele quarto familiar e luxuoso. O seu corpo apenas poderia aprender a superar aquilo pouco a pouco.

A mulher tinha pavor do escuro e silêncio por causa do seu cativeiro de sete anos. Mas, no fim, ao se acostumar com essas coisas, passou a sentir medo do oposto — luzes e multidões.

O pior de tudo não era ser confinada, mas era saber que, se um dia fosse liberta, seria incapaz de escapar da gaiola na sua mente.

Mesmo tendo voltado no tempo — antes de todas as tragédias acontecerem —, era impossível escapar das memórias traumáticas e das sombras da sua vida passada.

A jovem escutou passadas familiares do outro lado da porta, se aproximando, pouco a pouco, do quarto. Com o ambiente tão quieto, o som claro dos passos era assustador.

Segundos depois, a fechadura foi aberta.

Ver aquela expressão terrível, como de um demônio enfurecido, fez as pupilas de Ye Wanwan se contraírem. Naquele momento, a cena diante dos seus olhos e as memórias da sua vida passada pareciam se misturar…

O rosto aterrorizado dela era como veneno, capaz de corroer a consciência e fazer toda a racionalidade e controle de Si Yehan se dissolverem em instantes, como sal tocando em água. 

Sem aviso, a mulher foi jogada na cama sem qualquer cuidado, e a sacola que estava segurando com força em mãos foi arremessada para longe, caindo no chão. Abriu a boca para falar, mas a sua garganta frágil foi apertada por mãos fortes, tornando cada vez mais difícil de respirar; sentia como se a vida estivesse se esvaindo do seu corpo. 

Quando, finalmente, foi solta, sentiu tanto os seus lábios quanto a sua língua serem mordidos. O gosto do sangue preencheu a sua boca…

— Wanwan, eu te disse antes… que essa seria a última vez… mas, agora, as suas chances acabaram… — Acompanhado dessas frases cheia de julgamento, ele se afastou até ser escutado o som da porta sendo trancada novamente. 

Após ser solta, Ye Wanwan começou a tossir de forma violenta. No canto dos seus olhos continha sinais de lágrimas, mas, do medo que sentia, apenas frieza e melancolia restavam.

O escritório estava uma completa bagunça.

O grande espaço vazio estava coberto por uma camada de escuridão amarga. O homem sentado à mesa parecia uma velha estátua. Firme e resistente à opressão, mas que, aos poucos, era corroída, perdendo a sua cor e vivacidade.

Em meio aquele silêncio mortal, o som de uma batida soou no cômodo.

— VÁ EMBORA–!!! 

O grito violento, tomado pela cólera, fez com que as batidas parassem de imediato. Mas, logo depois, elas voltaram, só que mais breves e apressadas. Depois de não receber nenhuma resposta, a pessoa do outro lado abriu uma fresta e passou para dentro do escritório. 

A situação ali era pior, muito mais terrível do que ele tinha imaginado. Sendo recebido pelo olhar intimidador dos olhos avermelhados, semelhantes a uma besta selvagem, do seu mestre, Xu Yi ficou tão aterrorizado que sua face ficou branca.

Entretanto, o que ele tinha a relatar era de extrema importância. 

“O Mestre precisa saber disso!” O secretário forçou a si mesmo a se acalmar. Só aquele gesto exauriu quase todas as suas forças, mas conseguiu encontrar a sua voz para falar. 

Quando abriu a boca, as palavras se derramaram como cachoeira: — Nono Mestre, eu chequei pessoalmente às informações. Senhorita Ye realmente não foi para a escola, ela deu meia volta e dirigiu até o Hospital Ren Ai…

Sentindo os arredores ficarem mais sufocantes, o corpo do assistente estava coberto de suor.

— Porém, a câmera de segurança nunca mostrou a senhorita indo para a sala de emergências. Depois de chegar no hospital, ela registrou uma visita com um doutor especializado em medicina tradicional chinesa no departamento de atendimento ambulatorial… — Com medo de Si Yehan não entender o ponto crítico daquilo tudo, propositalmente, completou: — Do começo ao fim, a senhorita Ye não se encontrou com o Gu Yueze!



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