Volume 1
Capítulo 13: Melão doce
Esta era a primeira vez que entrava neste quarto, e ao dar o primeiro passo adentro, sentiu um tipo de sentimento pesado no corpo. As cores do quarto eram depressivas, e no seu campo de visão superior havia um sistema de áudio tocando uma música calma de fundo. As cortinas estavam completamente fechadas, o que a fez sentir claustrofóbica.
Havia bastante álcool no quarto — uma prateleira inteira de diferentes tipos de licores fortes e até um gabinete imenso cheio de garrafas de bebidas. Além do dono do quarto, outra pessoa estava ali. O hipnotizador. Pelo que parecia, Si Yehan estava se preparando para dormir. “Tantos procedimentos apenas pra conseguir dormir…”
“Ele dormiu muito bem ontem, deve ter sido porque do sono acumulado nos últimos 3 dias.”
Quando entrou no cômodo, o hipnotizador saiu.
Debaixo da lâmpada que fornecia a única fonte de luz dali, o homem caminhou até o bar e sentou-se numa cadeira, derramando vinho tinto numa taça ao dizer:
— Pode falar.
A jovem já havia preparado o discurso mais cedo, então foi direto ao ponto, sem hesitar.
— Quero falar sobre o nosso relacionamento.
— O nosso relacionamento? — expressou seu interesse no tópico ao falar erguendo as sobrancelhas.
— Sim. Si Yehan, o que você acha da nossa relação atual? — respondeu, assentindo de forma séria.
— Você me pertence.
“......” A conversa mal tinha começado e ela já não sabia como prosseguir. Era como no dia que havia perguntado por que ele a queria tanto, quando obteve a resposta: “Precisa ser você” — Ainda não compreendia nenhuma das respostas, seja a de antes ou agora.
Forçando-se a ignorar o que ele disse, continuou:
— Todo esse tempo, nunca entendi por que você gosta tanto de mim. Com o seu status, é capaz de ter a garota que quiser. Mesmo que queira alguém como eu, gorda e estranha, existem inúmeras mulheres por aí disponíveis; dispostas a atender seus desejos.
Não importa qual seja a razão, já que chegamos a esse ponto, e não tem como voltar atrás nisso, por que não tentamos mudar a relação que temos um com o outro?
Você sempre fica furioso quando eu tento fugir, mas eu só fiz isso porque ninguém é capaz de tolerar ser monitorada, controlada e ter a própria liberdade tomada. Quanto mais você tenta me controlar e me forçar a ficar, mais eu vou tentar escapar. Como diz o ditado, um melão arrancado da videira não é doce. Tenho certeza que entende esse princípio!
O sujeito a ouviu em silêncio até que terminou de falar. Ele apoiava a cabeça na própria mão de forma preguiçosa, e a outra, que ainda segurava o copo de vinho, balançava levemente o líquido.
— Quem disse que eu gosto de melões doces?
“......”
“É impossível usar a lógica com esse cara!”
Ela entendeu bem o que ele quis dizer com aquilo. Contanto que ela fosse sua “propriedade”, nada mais importava, incluindo a vontade daquela dita “propriedade” — Não tinha como argumentar com isso.
O tempo foi passando devagar…
Não se sabe quanto tempo ficaram em silêncio, mas, subitamente, ela ficou de pé e caminhou até Si Yehan, que não disse uma palavra; indiferente ao vê-la se aproximando.
Por fim, Ye Wanwan parou bem em frente ao homem. Se inclinando na direção dele, sem qualquer aviso, seus lábios macios tocaram nos frios…
— Tem… certeza?
O som da voz dela, deliberadamente suave e doce, pousou sobre os lábios do sujeito.
— Tem certeza… que não gosta de melões doces? — repetiu de forma inocente, mas ainda assim tentadora.