Volume 1

Capítulo 11: Assustei vocês?

A atmosfera na casa lentamente foi esfriando e, naquele momento, a relação dela com Si Yehan parecia ter voltado a como era antes do seu renascimento, assim como o medo que sentia retornava ao corpo pouco a pouco. Felizmente, o som de passadas vindo até a sala de jantar quebrou a tensão. Xu Yi trazia consigo um grupo de jardineiros, floristas e construtores para dentro do cômodo.

— Nono mestre, os reparos que serão feitos no jardim… hm…

A sentença morreu na sua boca ao visualizar a garota sentada ao lado do chefe. Seus passos também foram interrompidos, e os trabalhadores que estavam logo atrás ficaram confusos.

Ele não ficou surpreso só por causa da bela aparência da jovem, mas porque sabia que o seu mestre tinha um sério caso de TOC e ficava enojado ao se aproximar de mulheres. Havia só uma única mulher no mundo inteiro que era tolerada — ninguém menos do que Ye Wanwan. Então quem diabos era essa outra?

Olhando para o secretário e os construtores, deu uma mordida no dumpling de camarão e se desculpou: — Hm, esqueci de fazer minha maquiagem hoje. Assustei vocês?

— Ye…Ye Wanwan!!!

Ao escutar aquela voz familiar, todo mundo, incluindo Xu Yi, ficaram chocados.

Aquela criatura horrorosa sempre teve uma linda voz, que soava tão clara quanto o rio em Jian Nan — cristalino e brilhante. Mesmo assim, só de ouvir o tom belo da sua voz, já era o suficiente para fazê-los ficarem enojados. Isso porque, desde que ela foi trazida para o jardim Jin, eles estiveram sofrendo todos os dias. 

“Esta garota do lado do mestre, tão bonita quanto uma flor de lótus, é mesmo Ye Wanwan?”

— Não acham que assim é melhor? Vocês parecem mais surpresos agora do que quando pintei o cabelo de verde! Eu devia mudar pro verde de novo amanhã? — vendo a reação de todos, disse enquanto considerava a ideia.

Eles não estavam só surpresos; estavam totalmente horrorizados!

— Não, não, senhorita. Você está muito bonita desse jeito! — respondeu o assistente ao sair do transe, balançando a cabeça em negativa com veemência.

Não fazia ideia de que essa era a aparência dela de verdade sem maquiagem. “Então quer dizer que todo esse tempo a questão não era que a senhorita não sabe se maquiar, mas tem problemas mentais?”

“O mestre tem um olhar bem afiado. Como ele podia enxergar a beleza natural dela debaixo daquela camada de cores grossas como concreto?”

Se Yan Wanwan soubesse o que estava se passando dentro da cabeça de Xu Yi, com certeza ia contar a ele que o seu mestre não precisava enxergar debaixo daquela “parede grossa como concreto”, na verdade, ele gostava da parede!

— Vocês todos vieram para discutir os reparos que serão feitos no jardim? — perguntou. 

— Sim — respondeu instintivamente. 

— Posso fazer algumas sugestões? 

Ela tentou sua sorte. “Já que vou ter que viver aqui por um tempo, por que não torno o ambiente mais confortável pra mim mesma?”

“Não tenho permissão pra ir à escola, mas não deve ser um problema querer personalizar o lugar, não é?” Lembra-se que, exceto por sair de casa, Si Yehan sempre fez todos seus caprichos. 

Ao ouvir o pedido da mulher, o secretário quis dar as costas e fugir. Imediatamente, direcionou seu olhar para o mestre, na esperança de que este iria ter juízo. “Nono mestre! Te imploro! Não deixe que ela destrua mais do jardim!"

— Você decide.  — foram as duas palavras que ele deu como resposta. 

— … — Xu Yi, que não teve escolhas a não ser aceitar seu destino miserável, perguntou: — Senhorita, o que deseja fazer?

— Não gosto de rosas ou lavandas. Em vez disso, poderia mudar os canteiros para girassóis? — respondeu depois de pensar com cuidado. 

O sujeito ficou sem palavras por alguns instantes. Sua próxima pergunta foi instintiva:

— A senhorita gosta de girassóis?

Comparado a pedidos como “Queimem todas as flores” ou “arranquem todas” que estava esperando, o que havia sido requisitado foi algo bem normal. 

— Elas são… aceitáveis.

— Então por quê…

— Porque no futuro, vamos poder fritar e comer as sementes! — seus olhos brilharam ao dizer. 

— Bem….

Si Yehan: “……”

Apontando para o lado, continuou:

 — Também, não devemos criar mais desses peixes Koi tão caros naquele lago. Eles são fracos e nem dá pra comê-los. Coloque carpas de grama, carpas prateadas e aqueles camarões marinhos pequenos no lugar… e troquem as pérgolas de rosa para uvas… Na verdade, poderíamos plantar batatas doces junto com as uvas…



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