A Deusa do Banheiro Japonesa

Tradução: Brinn

Revisão: Ryokusan000


Volume 1

Capítulo 24: Afterstory, Parte 4 – O Recém-Chegado

– Isso realmente cheira mal afinal.

Izumi lavou as bolhas verdes que ela havia formado no banho.

O sabão em pó contido na vasilha que ela havia trocado com o Príncipe Hinoki, confinado na torre de Yohk’Zai, tinha um cheiro péssimo.

De tempos em tempos, ela não conseguia nem mesmo aguentar o cheiro de mato flutuando no ar. Ou melhor, ao invés de mato, era mais como o cheiro de ervas esmagadas, ou talvez como o cheiro do musgo verde que aparecia nos tanques de água durante o verão.  Apenas pensar que isso havia sido feito por mãos humanas deixou uma impressão bem profunda nela, em certo sentido.

Mas para piorar a situação, os pontos ruins desse sabão não acabavam aí. Ele também era ruim para fazer espuma e, na maior parte do tempo, permanecia como uma geleia.

De qualquer forma, dizem que os melhores remédios têm gosto ruim e esse sabão provavelmente havia sido produzido sem qualquer aditivo. Pensando assim, Izumi decidiu tentar usá-lo, mas…

“Mesmo se isso fosse a melhor coisa para a minha pele no mundo, a minha sanidade não aguentaria!”

Ela deu um longo suspiro e começou a enxaguá-lo debaixo do chuveiro.

No fim, Izumi se lavou com o sabão normal e entrou na banheira.

O sabão, aquele que ela mais gostava nos últimos anos, não era ruim. Mas enquanto ele não era ruim, ela ainda sentia falta do macio e suave sabão que havia ganhado do príncipe de Jebas.

O sabão feito à mão pelo próprio príncipe proporcionava, segundo as próprias palavras dele, uma experiência de banho maravilhosa.

Normalmente, Izumi precisava usar um hidratante do início do outono até o início do verão por causa de sua pele seca, mas ela não precisou usá-lo no dia que testou aquele sabão.

Entretanto, ela só foi capaz de usá-lo uma única vez…

Mas ela não se arrependia apenas de ter perdido o sabão, como exemplo, havia os sais de banho que ela não havia usado nem uma única vez.

Izumi juntou as mãos e pegou um pouco de água. Ela suspirou enquanto observava a água pingando entre seus dedos.

Se ela tivesse usado aqueles sais de banho, que tipo de cheiro maravilhoso essa água teria?

– Eu não consigo desistir disso afinal.

Izumi encarou o espaço sem expressão.

E procedeu a mirar o homem de pele escura que ela imaginou flutuando ali.

Tudo o que aconteceu havia sido culpa dele por nutrir aquelas aspirações entediantes.

Se as coisas chegassem nesse ponto, ela só precisaria que o príncipe de Jebas fosse capaz de viajar pelo mundo livremente!

Para isso, era indispensável que o mundo além da janela estivesse em paz.

Pelo bem do príncipe Hinoki, pelo bem de todas as pessoas que eram vítimas das ambições de Karasu e pelo seu próprio bem também…

– Vamos fazer isso, pela paz mundial!

Ela cerrou seus punhos enquanto renovava sua determinação.

Então, ela de repente percebeu.

Sua conexão com aquele mundo não seria cortada contanto que houvesse uma certa pessoa lá que precisasse desse sabão que fedia à tanque de água seco no meio do verão.

Após ouvir sobre a situação tensa em que aquele mundo se encontrava, Izumi primeiro foi encontrar com o verdadeiro Huuron para checar a verdadeira identidade de Karasu. Então ela se encontrou com o príncipe Hinoki para saber qual era o seu desejo.

Quem ela deveria encontrar agora?

Talvez ela devesse ir encontrar Roten e Yuataree para ter uma boa conversa com eles?

Ou talvez ela devesse ir explicar o que estava acontecendo para a Princesa Aqua e dizer a ela que seu irmão estava voltando?

Na verdade, a princesa Hitow de Sunayu não falou bem de seu noivo, o Rei Cornou de Tohji? Talvez fosse uma boa ideia parar lá e pedir a ajuda deles também.

E já que as correntes de água subterrâneas também a preocupavam, ela queria se encontrar com a Mira novamente.

Sua decisão de esmagar as ambições de Karasu e ajudar todos os países afetados por elas foi definida, mas ela ainda não tinha certeza de por onde começar.

Em primeiro lugar, quem diabos precisaria daquele sabão fedorento?

Mas então, ela sempre esteve preocupada com a luta que podia começar entre Yohk’Zai e Triht a qualquer momento.

Pensando nisso de novo, ela se lembrou do governante de Triht, Setsugen.

Quando ela o encontrou nas montanhas, Setsugen deu a ela a impressão de ser um cara reservado e honesto.

Apesar de mais tarde ela descobrir que ele era bem popular.

Mas ele travar uma guerra contra Yohk’Zai era um pouco difícil de imaginar.

Em primeiro lugar, ele não teria chance de vencer se isso acontecesse.

Izumi continuou a pensar enquanto cruzava seus braços dentro da banheira.

Então, ocorreu a ela que primeiro ela precisava arranjar tempo enquanto a guerra ainda não havia começado.

Se a guerra acontecesse, as cicatrizes deixadas por ela em forma de ressentimento permaneceriam por muito tempo. Apenas deixando o mundo pacífico que Izumi desejava cada vez mais distante.

Mas então, o que ela poderia fazer para conseguir mais tempo?

Até que ponto as preparações para a guerra haviam avançado em ambos os lados e onde eles planejavam lutar?

 “Hum…”

Izumi suspirou. Normalmente ela esvaziava sua menta de qualquer pensamento e, ou ficava encarando o vapor, ou lia um livro que trazia para o banheiro.

– Eu sou a única que poderia criar qualquer vantagem eu acho.

Se conseguissem levar o exército de Yohk’Zai para dentro das montanhas, eles provavelmente poderiam atrapalhá-los com pequenos exércitos de guerrilha.

– Espere, essa não é exatamente uma tática defensiva…

Em primeiro lugar, já que Triht precisava de pedras de fogo, eles não tinham escolha a não ser lutar por elas.

Mas era difícil imaginar que eles seriam capazes de lutar com toda sua força em um terreno com o qual eles não estavam acostumados, como o deserto.

Então, se, por exemplo, eles formassem uma aliança com pessoas que estavam acostumadas com o deserto, eles poderiam ter mais chances.

“…Huh?”

Izumi acidentalmente deixou sua voz escapar.

Quando ela encontrou Setsugen nas montanhas, ele estava a caminho de se encontrar com a tribo Kak’Kenah, ou assim lhe foi dito por aquele velho careca que estava tentando capturar a princesa Yunoha.

Mas quando ouviu que Teo Keh provavelmente já havia encontrado com Huuron, ele disse que não tinha mais assuntos em Zaharya.

Então, isso significava que…

“Tudo faz sentido agora.”

Izumi abaixou a cabeça.

Como pode ser? Não apenas Karasu, mas Setsugen também, ambos estavam pensando em fazer coisas perigosas quando se encontraram com Izumi.

As pessoas que ela encontrava do outro lado da janela não eram apenas pessoas fracas com problemas.

Izumi percebeu sua própria ingenuidade.

Talvez no caso de Setsugen houvesse certas circunstâncias que estavam além do seu controle…

Mas ainda assim, não importa qual seja a razão, de forma alguma existe uma desculpa aceitável para envolver pessoas normais em uma guerra.

Mas então, por que ele pensou que a tribo Kak’Kenah aceitaria se juntar à Triht?

Além disso, o irmão do chefe da tribo foi subornado por Yukama e estava preparado para envenenar a bebida de Setsugen em um banquete. Levando isso em consideração, parecia que a tribo Kak’Kenah também sofria com problemas internos.

Após pensar até esse ponto, ela ouviu levemente o som da voz de uma pessoa.

Depois de ouvir com um pouco mais de atenção, ela percebeu que era a voz de um homem.

Um suspiro… E uma voz rude, do tipo que parecia estar acostumado a xingar.

– Err…

Izumi ficou preocupada. Se a janela realmente se conectasse com a pessoa que ela queria, em quem ela estava pensando dessa vez?

Enquanto hesitava, a voz continuou a vociferar sem parar:

“Merda! Dane-se isso! Droga!”

A pessoa do outro lado da janela parecia estar bem irritada e impaciente.

Ela não sabia a quem a janela havia se conectado dessa vez, mas não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso. Se levantando, ela abriu a janela.

“Oh, uma cara nova.”

A pessoa do outro lado da janela era alguém que ela nunca havia visto antes. Ele parecia ter uns vinte anos e seu longo cabelo estava preso com uma fita vermelha. Seus braços musculosos expostos tinham o mesmo tom castanho dos habitantes do deserto.

Mas o lugar onde esse homem estava não era um deserto e sim uma área rochosa.

Diversas pedras de vários tamanhos estavam caídas ao redor e o homem estava sentado em uma delas.

“Ah?”

O homem lançou um olhar duvidoso para Izumi e…

“Ah?… Woaaaa.”

Ele se levantou gritando.

Imediatamente caindo para trás e pousando de bunda no chão.

Izumi olhou preocupada para o homem, empalidecendo com o pensamento de que ele podia ter deslocado as costas com o impacto.

Seu braço esquerdo exposto estava enterrado no meio das pedras do pulso para baixo.

Pelo menos, parecia que ele não havia deslocado as costas, mas ele não conseguia se levantar porque seu braço estava preso entre as pedras.

“Isso doeu…”

Ele disse dolorosamente massageando seu ombro esquerdo.

Então ele procedeu a encarar Izumi.

“Ei, necromante. Você não sabe que é covardia chegar por trás de pessoas que não podem se mover!”

Izumi estava preocupada com a possiblidade de seu braço estar sendo esmagado pelas rochas, mas o homem parecia ter bastante energia.

“Bem, não, eu não estava exatamente tentando fazer isso… De qualquer forma, você não consegue tirar o seu braço daí?”

“Você pode dizer só de olhar. Droga, no que eu me meti?”

O homem chutou com força a pedra que cobria seu braço. Depois de um tempo, várias rochas menores caíram ao redor deles.

Izumi esticou a cabeça para fora da janela surpresa e logo ficou pálida de novo.

O lugar onde ele estava era uma encosta íngreme e várias pedras estavam empilhadas em cima deles. A forma como elas estavam ali, parecendo prestes a cair a qualquer momento, gritava perigo.

Na verdade, uma parte delas podia ter acabado de cair, vendo como o chão estava cheio de pedras.

“Você foi preso pelas pedras que caíram? Na verdade, se você ficar chutando as pedras desse jeito, isso não vai fazer com que mais pedras caiam?”

“Então o que você quer que eu faça? Que eu apenas fique sentado aqui como um pato esperando até morrer de fome?”

O homem continuou a chutar a pedra.

“E-espere! Pare!”

Se ele continuasse desse jeito, Izumi também seria arrastada pela avalanche.

Izumi rapidamente se levantou da banheira e foi pegar o recipiente com o sabão fedorento.

“Ei, olhe para isso! Eu vou te dar isso!”

“Ahh? Isso não são folhas de buffle? Elas cheiram mal como sempre huh.”

Aparentemente esse homem conhecia esse sabão.

“Então? O que você quer que eu faça com isso?”

Izumi encheu um balde com um pouco de água e colocou o sabão com cheiro de musgo – o pó de buffle – nele. Depois de um tempo, a água ficou escorregadia.

“Encharque o seu braço com isso, então o deixe escorrer pelas fendas entre as pedras.”

O homem finalmente pareceu entender como as folhas de buffle poderiam ser usadas.

Ele molhou seu braço enquanto fazia uma careta por causa do cheiro.

Finalmente ele inclinou o balde e deixou a água escorrer entre pedras. Então respirou fundo.

“Huff.”

Juntando toda a força que conseguiu, ele puxou o braço.

Novamente, pedras caíram ao seu redor.

“Eu estou te dizendo para parar! Por favor, fique quieto por um momento! Senão, eu vou fechar a janela e ir embora sozinha!”

“Cale a boca feiticeira. Você acha que eu posso fazer alguma outra coisa quando estou preso desse jeito?”

Dizendo isso, o homem puxou o braço novamente, e depois uma terceira vez.

O coração de Izumi acelerou enquanto o observava.

Mas no fim, parecia que seu braço não se moveria nem um centímetro do lugar.

“Droga, eu não consigo tirar.”

Izumi preparou outro balde de água misturada com buffle e o entregou para o homem. Então ela espiou sobre a pedra.

Como não parecia estar com dor, ele provavelmente não estava ferido. Devia haver vácuo no espaço entre essas pedras.

Após olhar com mais atenção, ela percebeu que também havia uma pequena fenda ao redor de seu braço.

De fato havia… uma fenda.

“…Humm.  Poderia ser que… Talvez você esteja com o punho fechado?”

Izumi perguntou a ele com um tom monótono.

“…”

Ele pareceu surpreso por um segundo, então ficou em silêncio. Um pouco depois disso, ele desviou o olhar de Izumi…

Nos segundos seguintes, o braço do homem saiu do meio das pedras sem problemas.

– Ele é um idiota. Ele definitivamente é um idiota.

“Isso- Isso não é o que você está pensando. Eu tinha um motivo para isso, eu vou te dizer.”

Ele provavelmente percebeu que Izumi estava pensando que ele era um idiota.

Ele começou a se explicar de forma afobada:

“Eu estava segurando um saco de pólvora! Isso é realmente valioso, então, se fosse possível, eu queria levá-lo para casa comigo.”

“…Hummm.”

Ela ainda não pôde evitar olhar para ele de forma indiferente.

Bem, pelo menos ela estava feliz por ele ter conseguido soltar seu braço.  Pensando em dizer algo como isso para ele, ela notou uma coisa estranha.

“Diga-me. Aquela pólvora, para que você queria usá-la?”

Izumi perguntou a ele enquanto olhava para as pedras espalhadas ao redor deles.

Pólvora, pedras caídas e a estupidez do homem. Dessa vez, se ela pensasse em todas as possibilidades…

O homem a respondeu ainda evitando seu olhar:

“Sim, é isso mesmo, você acertou, eu estava explodindo essas pedras! Eu fui pego pela avalanche que eu mesmo causei. Você tem algum problema com isso?!”

Ele imeditamente partiu para o ataque.

Ela soltou um suspiro exasperado.

“Por quê? Por que você queria fazer algo desse tipo? Você vai começar a construir alguma coisa?”

Ele tentou mover sua mão um pouco para ter certeza de que tudo estava bem.

“Não. Eu estava destruindo a estrada. A estrada que vai da minha aldeia até Pirenia.”

“Huh? Pirenia?”

Ela já havia ouvido esse nome antes, mas não conseguia se lembrar de onde.

“Onde… onde fica Pirenia mesmo?”

“É a montanha entre Triht e Zaharya. Humm, feiticeiras são mais ignorantes do que eu pensava.”

“Ah, claro, sim. Eu ouvi isso do Sentoor. Pirenia huh.”

Aquele denso cavaleiro, Sentoor, havia dito que a cabana onde Setsugen estava, ficava em Pirenia.

Ela soltou um suspiro de alívio após se lembrar disso.

“… O que?!”

Ela inconscientemente gritou e se impulsionou para frente.

“Whoa!”

Por alguma razão o homem pulou para trás.

“Pirenia de Triht?! Por quê? Por que você destruiu a estrada? Ah! Talvez, talvez você seja um espião de Yohk’Zai?”

Não havia dúvidas, a pele bronzeada que ele possuía era uma característica especial dos habitantes do deserto. Provavelmente ele veio bloquear a estrada sob as ordens de Huuron.

“Quem você está chamando de espião de Yohk’Zai?”

O homem franziu o cenho de desgosto e apontou para Izumi.

“Mas em primeiro lugar, para mostrá-los tão audaciosamente, você tem algum tipo de decência?”

Izumi olhou para onde ele estava apontando, em outras palavras… Para seu próprio peito.

“…Ahh, hummmm, *cof*”

Ela limpou a garganta.

Então gritou “Espere um segundo!” e correu até o vestiário.

Ela voltou ao banheiro após apressadamente enrolar uma toalha em volta de si mesma.

O homem estava descuidadamente esperando por ela, descansando seus braços na moldura da janela.

“Sério, falta uma coisa chamada decência para você…”

Ele balançou a cabeça com pena após vê-la vestida apenas com uma toalha de banho.

“Cale a boca de uma vez! Eu não ligo se alguém acha que eu sou indecente de qualquer forma. Em primeiro lugar. Quem é você? Você não é de Yohk’Zai? Por que você destruiu a estrada?”

Izumi disparou uma pergunta após a outra.

“Eu sou o irmão de Cho’Shaw, o chefe da tribo Kak’Kenah. Meu nome é Goemon. Você pode dizer que eu sou de Yohk’Zai, mas não ao mesmo tempo…”

Ele estava falando com a boca meio fechada, então sua pronuncia não foi das melhores, mas agora não era a hora de prestar atenção nisso.

“Então… você… foi a pessoa que Yukama subornou para envenenar Setsugen? Aquele irmão do chefe da tribo Kak’Kenah?”

Após dizer isso, o corpo do homem – de Goemon, saltou para trás. Ele esticou a mão até o quadril, para a adaga que carregava ali.

“Quem diabos é você?”

Ele disse com um tom tenso. Izumi balançou as mãos afobada.

“Não- não é o que você está pensando. Eu não sou uma espiã ou algo do tipo. Eu nem mesmo sou de Triht ou de Yohk’Zai!”

Entretanto, Goemon ainda estava alerta.

“Então você é alguma rebelde contra mim?!”

Izumi tremeu ao ouvi-lo rugir de raiva. Ela inclinou a cabeça um pouco depois.

“Não, apenas pense com calma por um momento. Um rebelde não desejaria trabalhar para você, mas eu até te ajudei.”

Goemon ficou estático por alguns segundos. “Você tem um ponto aí.” Ele disse e afastou sua mão da adaga.

Izumi suspirou de alívio.

“Umm, eu quero te perguntar um monte de coisas, mas se você preferir que eu não te pergunte muito, a única coisa que eu realmente quero saber é o motivo de você ter destruído a estrada.”

Goemon mordeu os lábios, então finalmente disse:

“Para proteger as pessoas de Triht dos ataques de Yohk’Zai.”

Izumi piscou algumas vezes.

“Poderia ser que, a razão pela qual você aceitou ajudar Yukama a envenenar Setsugen, foi a mesma?”

“Exatamente.”

Goemon olhou diretamente para os olhos de Izumi, então continuou a falar sem parar.

“Aquele bastardo do Setsugen. Ele queria usar minha aldeia como base para atacar Yohk’Zai e meu irmão decidiu se aliar a ele… Ele estava completamente errado em fazer isso! Faz quanto tempo que nos tornamos independentes de Yohk’Zai? Apenas vinte malditos anos! Vinte anos desde que fomos presos por Yohk’Zai, vinte anos desde que tivemos que batalhar, vinte anos desde que tivemos que arar todos os nossos campos devastados novamente… Sim, talvez nós tenhamos ficado restritos a uma área menor, mas minha mãe e todas as mulheres da aldeia, todos ficaram tão felizes. Mas agora, ele… ele quer jogar toda a tribo Kak’Kenah em uma guerra novamente?! O que ele acha de tudo que tivemos que passar antes?”

Goemon se sentou ali desesperado, abraçando suas pernas.

“… Eu sei. Eu sei que eu ainda não havia nascido quando a batalha contra Yohk’Zai aconteceu, mas meu irmão já tinha vinte anos de idade. Ele sucedeu a mãe após ver meu pai ser morto em batalha, ou assim me foi dito. Eu entendo o motivo do meu irmão e dos meus parentes terem ressentimento de Yohk’Zai. Mas o que eles planejam conseguir tanto tempo depois!”

Izumi permaneceu em silêncio. Ela não conseguia encontrar palavras para consolá-lo.

Isso não era apenas uma discussão sobre se as pessoas que aproveitavam suas vidas no presente ou aquelas que se ressentiam do passado estavam certas ou erradas.

Apenas –

“A única coisa que eu quero é a paz mundial.”

Izumi murmurou com um suspiro. Não importava em qual mundo fosse, era impossível separar o preto do branco, o bem do mal. Era impossível realizar os desejos de todas as pessoas.

Goemon ergueu a cabeça e olhou para Izumi.

“Quanto tempo vai levar para as pessoas de Triht restaurarem a estrada que você destruiu?”

“Um mês ou menos…”

“Isso será mais do que suficiente. Você pode se levantar por um momento?”

Izumi esticou a mão para Goemon. Ele timidamente a pegou e se levantou com vigor.

“Eu vou realizar o seu desejo.”

“O que?”

Goemon ergueu as sobrancelhas.

“Eu estou dizendo que vou parar o conflito entre Yohk’Zai e Triht. Se os dois países não se atacarem, seu irmão também não fará nada, certo?”

“Ah, sim…”

O homem assentiu. Izumi sorriu para ele e disse:

“De qualquer forma, eu preciso de alguma coisa como pagamento adiantado. Essa fita amarrada no seu cabelo deve ser o suficiente!”



Comentários