Volume 1
Capítulo 22: Afterstory, Parte 2 – Um Certo Príncipe Super Sombrio
Os blocos fundamentais da construção da torre eram enormes pedras frias.
Pelo último meio ano, essas paredes de pedra cinzas foram o limite de todo o mundo do menino.
No início de seu aprisionamento, ele havia arranhado a enorme porta de pedra várias vezes, tantas vezes que ele até já havia perdido a conta.
Havia momentos em que ele iria gritar até ele não conseguir mais gritar e havia períodos em que ele derramaria incontáveis lágrimas porque desejava estar do lado de fora.
Mas isso durou apenas alguns dias.
Agora o sangue na porta já estava seco há muito tempo, manchando a pedra.
– Eu jamais serei capaz de ir lá fora de novo.
Após aceitar esse fato, o menino começou a gastar o resto de seus dias em paz.
A única coisa que perturbava seu coração eram os pequenos pedaços de papel enrolado que secretamente entravam.
Eles ofereciam palavras de encorajamento e falsas promessas que jamais seriam cumpridas; um fato que o irritava muito.
Por que escrever palavras tão cruéis como [Nós definitivamente te tiraremos daí] quando a única chave para a porta da torre estava pendurada em seu pescoço?
Após as poucas primeiras, ele deixou essas notas que pareciam aparecer do nada fechadas e elas continuaram a se acumular num canto do quarto.
O menino só tinha olhos para um velho mapa e algumas histórias antigas que ele havia encontrado na torre.
O sonho de interligar o mapa e a história era a única coisa que mantinha o menino são.
Foi nesse estado mental que, um dia, ele viu uma mulher nua aparecer diante dele.
– Ah, eu finalmente fiquei louco…
Foi o que ele pensou.
Que alucinação adequada para um homem louco ver também – um perturbado sonho com uma mulher. Porém, o impressionante realismo disso tudo surpreendeu o menino.
Ele não sabia se estava dormindo ou não, ainda assim, ele confiou a chave da porta à mulher. Ele nunca a descartou, mas ao mesmo tempo, evitava olhar para ela com toda sua força.
Mesmo ele não tinha certeza se fez isso porque queria se livrar desse último pedaço de esperança ou porque queria desesperadamente acreditar uma última vez.
Um tempo depois daquele breve encontro, a porta que jamais deveria ser destrancada se abriu diante de seus olhos.
E com isso, a antiga Torre do Pecador Silencioso desmoronou.