Volume 3

Capítulo 142: Diplomacia do Outro Mundo (1)

Assim que a mesa subiu, passando a poucos centímetros do rosto de André, e levanto a cobertura junto, a luta iniciou. 

Long-Hua foi o primeiro a atacar.

Um soco direto, mirando o tórax de André, que se jogou para o lado e rolou para uma direção diferente de onde estavam Zita e Sônia. Além de não querer lutar contra o Rei do Sul, André não queria envolver as duas mulheres.

Na verdade, sua ideia era apenas enrolar a luta até que a mesa do chá tocasse o chão novamente. Mas, conhecendo a força de Long-Hua, poderia demorar um pouco. E sem seus antigos poderes, isso seria bem chato.

Ele nem teve tempo de se levantar e já viu o pé do rei indo em sua direção.

André usou a força do movimento que seu corpo tinha e adicionou mais um leve empurrão com o cotovelo para se jogar de cima da rocha. O primeiro passo era desviar do ataque, durante a queda ele pensaria no pouso.

Talvez devesse ter se preparado para o impacto.

Acertar o chão com as costas doeu um pouco, mas deu a André tempo de se pôr de pé antes que Long-Hua chegasse outra vez. E ele chegou com violência, esmagando a rocha atrás de André com o punho.

Se o rapaz não fosse rápido em desviar, teria sido esmagado em vez da rocha. Mas um ataque previsível como aquele não seria o suficiente. Era óbvio que Long-Hua estava medindo a força de André.

Enquanto o Rei do Sul continuava atacando e tentando se aproximar de André, o jovem mantinha uma sequência de esquivas e saltos longos em busca de manter distância.

Long-Hua não era um grande usuário de magia, pelo contrário, sua força física e inteligência muito acima da média era o que o tornava tão melhor que a maioria dos soldados daquele mundo. André sabia que não poderia vencê-lo no mano-a-mano sem auxílio de seus poderes.

Mas restavam apenas dois cristais com fragmentos de Rancor, e André não achava sábia desperdiçar um com uma luta daquelas. Ele decidiu que só usaria se Long-Hua o pressionasse a tal ponto.

Uma rocha do tamanho de um carro voou em sua direção.

A força exagerada de Long-Hua ainda assustava André a cada vez que ele via aquelas demonstrações desnecessariamente absurdas de poder físico. Se um soco poderia esmagar André, uma rocha daquelas poderia matá-lo.

Ele não queria morrer.

Ficar na defensiva, ou melhor, na evasiva, não era o ideal. Se ele só precisava sobreviver até que a mesa caísse, talvez não fosse tão difícil. Mas ela ia demorar a voltar ao chão, isso era certeza.

Long-Hua não parecia star disposta a deixar André devanear. Outro soco apareceu na frente do rapaz, que apenas desviou a cabeça e girou o corpo, como se previsse o chute que vinha em seguida.

Ele havia desviado de dois ataques rápidos e fortes, mas a distância havia diminuído, era isso que Long-Hua queria. André já havia lutando contra ele antes, e conhecia bem a força do Rei do Sul, e por isso mesmo estava querendo evitar aquele confronto desnecessário.

Long-Hua sempre gostou de resolver as coisas com poucas palavras e muitos socos. Típico da cultura sulista.

Mais um soco, seguido de um chute, e outro soco. Os ataques estavam ficando mais intensos e menos espaçados, isso era ruim. Mas Long-Hua ainda estava brincando. Uma brincadeira bem perigosa para a saúde de André.

Um chute sem recuo acertou André no peito, o mandando pelo ar por alguns metros, até que uma rocha muito dura interrompesse seu trajeto aéreo. Ele nem ao menos teve tempo de se equilibrar, e já viu um solado de uma bota a poucos centímetros de seu rosto.

Um movimento rápido com a cabeça a ponto de provocar um estalo no pescoço e a rocha atrás dele foi reduzida a brita. Aquilo teria causado um desastre na face de André, caso acertasse.

Mesmo que não se considerasse um homem de sorte, André agradeceu aos deuses quando percebeu que a rocha não foi suficiente para impedir o trajeto de Long-Hua, e agora o Rei do Sul estava uma dezena de metros mais longe do que segundos antes.

Não era muito, mas o suficiente para André se recompor.

Ou talvez não. Antes que ele se preparasse, o Rei do Sul o acertou outra vez, não de cheio, já que André conseguiu desviar parcialmente. Mas foi o suficiente para causa muita dor e derrubar ele outra vez.

André usou a mesma tática de girar enquanto caía. Isso evitou que o pé de Long-Hua o acertasse em cheio nas costelas. E ainda chutou a perna do Rei, mas ele desviou saltando para cima.

Tempo comprado para se levantar e preparar a guarda para o próximo ataque, que veio no mesmo instante em que André pôs os braços na frente do rosto.

Um soco forte que o empurrou para trás e fez o rapaz lamentar ter recuperado a sensibilidade de ambos os membros superiores. Mesmo que o braço esquerdo ainda estivesse em recuperação, aquilo doeu muito.

Poucos segundos haviam se passado dede que a mesa de chá foi lançada para cima, e não havia forma de resolver aquilo que não fosse de boa e velha forma da violência desenfreada.

André deu uma rápida olhada nos arredores e viu uma Brogo adulta, coisa rara, abraçada com outra pessoa muito parecida com ela. Deveria ser a irmã que Jairo havia comentado.

Elas também precisariam de tempo para pôr a conversa em dias. No momento que a conversa diplomática entre o Rei do Sul e o filho mais novo do Leste acabasse, o encontro das duas seria encerrado.

Não era de seu feitio enrolar em uma luta, mas quando se estava contra Long-Hua, talvez fosse necessário.

— Tem certeza de que precisamos fazer isso? — André perguntou.

Long-Hua não respondeu, apenas sorriu e avançou mais uma vez.

Olhando para cima, André não conseguiu ver se a mesa ainda subia ou já descia, mas resolveu apelar. Ele tirou um cristal preto do bolso, jogou no chão e pisou em cima, usar o segundo fragmento de Rancor era necessário.

Um segundo depois ele sentiu a névoa em sua pele, clamando por seu ódio.



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