Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Delongas


Volume 3

Capítulo 91: De volta para casa.

Tyler foi embora, mas continuou extremamente incomodado com a situação da cidade de Mil. Não se tratava apenas de um desaparecimento de uma jovem, se ele estivesse correto, e ele achava que estava, talvez uma guerra acontecesse.

Tyler não queria que uma guerra estourasse tão cedo. Ele calculou que, pelo menos, um ano seria o suficiente para estabilizar o seu governo e implantar as novas diretrizes.

Pelo que havia descoberto com o rei Otaviano, os reinos humanos estavam em uma tênue e frágil paz, Tyler temia que sua pessoa fosse o ponto de desequilíbrio. E o pior que tudo apontava para isso, muitas pessoas já tinham ouvido falar de seus feitos, porém eles eram tão grandes que poucos achavam que eles eram verdadeiros, e aqueles que achavam que eles fossem verdadeiros achavam que não poderiam ser reproduzidos por todo um exército.

Um herói pode ser grande e mítico, alcançando feitos inacreditáveis, contudo um exército não.

No mundo moderno existem inúmeras nações que tem um contingente bastante reduzido, mas cada membro é muito bem treinado e equipado.

No mundo antigo, exceto pelo império romano, quase nenhum deles treinava com seriedade todos os soldados. Era muito comum um mensageiro do rei passar nas aldeias com a intimação do rei chamando-os para a batalha, e como num passe de mágica, agricultores viravam soldados.

Tyler sabia muito bem que devia mudar isso, porém mais importante que saber do problema, ele sabia como resolver. Em primeiro lugar ele faria com que seu exército regular fosse muito bem treinado e disciplinado, eles seriam seu escudo. Agora a espada extremamente afiada e pontuda seriam as forças especiais.

Tyler estava bem certo de que um comando de forças especiais era muito mais do que útil, eles eram soldados essenciais. Ele não tinha recursos para fazer dezenas de milhares desses homens, mas as centenas desses fariam uma diferença que ninguém poderá prever

.

***

 

Saindo depois que o expediente do armazém já havia terminado, Tyler teve seu caminho livre até a empresa. No caminho ele mudou de roupa e decorou as desculpas que precisava para encobrir sua falsa viagem de negócios.

Por um momento ele se sentiu como um marido infiel. Tyler teve certeza de que ter uma amante era muito mais trabalhoso do que parecia.

“Olá.” Tyler cumprimentou os garotos quando entrou no escritório.

“Tio!” Eles o receberam animados.

“E aí como estão as coisas?” Ele quis saber.

“Estão correndo muito bem, dos nossos tópicos de pesquisa alguns já foram completamente baixados e arquivados.” Night Up respondeu.

“Sério, quais foram?” Tyler estava curioso.

Shift trouxe um tablet e mostrou uma planilha para Tyler.

“Meios de transporte: Equipamentos agrícolas, veículos de passeio, veículos de carga, meios navais para superfície, meios navais submersíveis, meios aéreos planadores, meios aéreos à pistão, meios aéreos de turbo hélice, meios aéreos à jato, meios aéreos à foguete.

Educação e ensino: tec. enfermagem, tec. administrativo, tec. logística, tec. economia, tec. mecânica, tec. eletricista, tec. marcenaria, tec. metalurgia, tec. informática, tec. agricultura, tec. veterinária, tec. biologia, tec. botânica, tec. cozinheiro, tec. zelador, tec. bombeiro, tec. torneiro mecânico…” A lista era imensa, e não somente tinha a categoria de técnico, mas também ela tinha a opção bacharelado. Além de um extenso material de apoio com livros e videoaulas.

Tyler entrou no tópico militar, mas apenas leu por alto. Os garotos separam as armas por categoria e depois por calibre.

Cada arma tinha seu esquema tático de construção e o passo a passo para fazer, além das possíveis falhas de projetos e de como resolvê-los.

“Parece que vocês não estiveram apenas brincando.” Ele elogiou, se estivesse só não teria feito nem um décimo disso.

“Isso não é nada, o futuro da raça humana depende de nós!” Night Up disse, todos os garotos atrás dele tinham olhares orgulhosos, embora eles parecessem um pouco cansados, ainda sim pareciam bastante satisfeitos por seus esforços.

“Verdade, são homens como vocês que são lembrados nos livros de história.” Tyler elogiou novamente.

Essas palavras os encheram de ânimo novo, quem não gostaria de ser lembrado nos livros como um dos poucos que lutaram contra as adversidades e salvaram a humanidade?

“Conseguiu mudar alguma coisa?” Shift perguntou esperançoso.

“Infelizmente não, acho que aquela data dos 200 dias não pode ser mudada, mas consegui levantar outras pessoas ao redor do mundo para que elas também possam lutar contra os illuminatis.” Tyler respondeu.

“Acho que se seguirmos todos os cronogramas, todas as informações que os senhor queria serão reunidas no dia 180.” Night Up disse.

“Isso é muito bom, obrigado.”

“Tyler!!” Calie saía do escritório e exclamou surpresa quando viu Tyler conversando com os garotos.

“Olá, ainda está aqui, não é um pouco tarde?” Ele perguntou.

“Eu tinha que resolver algumas coisas com os fornecedores chineses, por isso fiquei até mais tarde. Não sabia que você voltava hoje.”

“Nem eu, consegui terminar mais cedo e voltei.” Tyler falou e piscou para os garotos.

“Tenho alguns relatórios para te passar, poderia passar um tempo comigo?” Calie perguntou.

“Não vai ficar tarde para você?” Tyler quis saber.

“Um pouco...” Ela pensou na filha que estava com uma babá. “Quer jantar em casa?” Calie ofereceu uma saída.

“Ótimo, tenho que entregar algumas coisas para a Mel.” Tyler sorriu.

Cada qual em seu carro eles foram para a casa de Calie, por uns instantes Tyler pensou se seria prudente andar pela cidade com um carro carregando mais ou menos 500 quilos de ouro e prata.

“O que é isso?” Calie perguntou quando viu um pequeno bolinho branco com caramelo enrolado nos braços de Tyler.

“Esse é o Tupã.” Tyler passou o pequeno cachorrinho para os braços dela.

“Hã?” Ela ficou confusa.

* Gemidos *

 O cachorrinho parece que gostou dela no mesmo instante, ele lambeu e cheirou Calie, mostrando carinho.

‘Que safado!’ Tyler nunca tinha visto um cão tão traíra. Toda vez que Tyler o pegava no colo ele o tentava morder, mesmo quando ele lhe dava leite.

“Que fofinho, qual a raça dele?” Calie perguntou enquanto beijava o cãozinho.

“A raça?” Tyler foi pego de surpresa, esse detalhe ele tinha deixado passar. “Husky tibetano!” Ele pensou rápido.

“Husky tibetano? Nunca ouvi falar.” Calie franziu o cenho.

“Eu te disse que acharia um bom cachorro, essa raça não é muito conhecida, mas é muito boa.”

“Ele é muito bonitinho, por um momento quando você disse que iria escolher um cachorro para a Mel eu pensei que seria um pitbull ou um rottweiler. Ainda bem que é esse cãozinho adorável!”

“Sim, esse aí é bem manso...” Tyler suou frio, mas o que ela faria depois que o cachorro estivesse do tamanho de um bezerro?

“Ele não é muito novo?” Calie perguntou quando viu que ele nem tinha os olhos abertos ainda.

“Sabe o que é imprinting?” Tyler perguntou. (Imprinting = Carimbar, estampar.)

“Imprinting de quê? De folhas?” Ela quis saber.

“Não esse tipo de imprinting, eu falo do biológico.” Ele esclareceu.

“Não sei.” Ela respondeu.

“Sabe quando você vê os patinhos seguindo a mamãe por onde ela quer que vá?”

“Sei.” Ela balançou a cabeça concordando.

“Quando o ovo se rompe, os patinhos têm uma ligação com o primeiro animal que vê, eles o seguem pensando que aquele ser é sua mãe.”

“Tem um filme que uns patinhos seguem um porquinho, é a mesma coisa?” Calie quis saber.

“Sim, nesse filme os produtores colocaram o porquinho em um local onde os ovos chocaram, quando eles nasceram pensaram que esse porco era sua mãe.” Tyler falou depois que se lembrou do filme.

“E o que isso tem a ver?” Calie quis saber.

“Essa raça é especial, quando ele abrir os olhos ele vai ter uma lealdade absoluta para com a primeira pessoa que olhar.” Tyler falou.

“Nunca ouvi falar em uma raça assim.” Calie estava surpresa.

“Eu te disse que ele era especial.”

“E o que eu faço?” Ela perguntou em dúvidas.

“Ele vai abrir os olhos amanhã, nesses dias fique com ele a todo instante depois que ele te reconhecer como dona ele pode ficar em casa só ou cuidando da Mel sem problemas.” Tyler respondeu.

“Sei… bom, vamos entrar, a Mel está esperando.”

“Mamãe!” A menina gritou pulando nos braços dela assim que a viu.

Só depois de um tempo a menina percebeu a bola de pêlos. “Isso é?!”

“Sim, agradeça ao tio Ty por ele.”

“Obrigada, muito obrigada tio, era o meu sonho!” A menina falou extremamente feliz.

Tyler achou engraçado ele dizer que ter um cachorro era o sonho dela, mas criança é desse jeito.

“Posso brincar com ele?” Ela perguntou para a mãe.

Calie olhou para Tyler em busca de resposta. “Ele ainda é muito pequenininho, ele é um bebê. Como ainda é novinho você pode dar leite na mamadeira para ele, mas ainda não pode brincar de outras coisas.” Tyler interveio.

“Sério, posso dar mamadeira?” A menina tinha um sorriso de orelha a orelha quando perguntou.

“Pode sim, eu ensino.” Tyler pegou uma mamadeira que comprou no meio do caminho, antes ele tinha alimentado o cão com uma seringa.

Calie deixou os dois e foi conversar com a babá.

Tyler levou Mel para a cozinha e a ensinou a esquentar o leite para colocar na mamadeira.

Tupã não sabia o que era vergonha, ele tomou tudo e ainda pediu mais.

“Qual é o nome dele, ele já tem?” Mel perguntou.

“Eu dei Tupã.”

“Tupã? Eu nunca ouvi esse nome antes.”

“Sabe os nomes como Zeus, Apolo, Thor e outros assim?” Tyler perguntou.

“Sim.” Ela assentiu.

“Tupã também é o nome de um deus, só que é o deus das matas na mitologia do Brasil.” Ele explicou.

“Entendi. Mas onde é o Brasil?” Ela perguntou.

“É um país bem grande e bonito, lá tem muitas árvores, rios e praias.” Tyler falou.

“Ohh, é lá que as fadas vivem?” Mel perguntou.

Sabendo que não tinha uma boa resposta Tyler afirmou, essa na verdade era uma boa saída. “Posso te contar um segredo?” Tyler fez um ar misterioso. “Não pode contar a ninguém, nem mesmo sua a mãe.”

“S... sim...” Ela ficou assustada.

“Eu estava viajando, mas eu não fui trabalhar. Eu fui ver as fadas.” Tyler falou.

“Que!!!” A boca dela despencou.

“Shhh!” Tyler colocou o dedo nos lábios dela pedindo segredo. “Eu estava conversando com elas, e elas mandaram um presente para você!”

“Um presente?”

“Sim, mas lembre-se que é segredo!” Tyler tirou a pulseira de ramos do bolso.

“Sim, sim eu vou guardar! Não conto pra ninguém! Eu prometo, eu prometo!” Mel estava em êxtase.

“Lembre-se.” Tyler fez o sinal da boca fechando como um zíper.

“Certo!” Ela repetiu o sinal.

“Mel, a babá disse que você não estudou para a prova!” Calie veio brava da sala.

“Mas mãe, é difícil!” A menina protestou.

“Nada de mas, vá estudar agora!” Calie foi firme.

“Calie, por que você não vai tomar um banho enquanto eu fico com a Mel, eu posso ensinar ela um pouco.” Tyler interveio.

Calie ficou indecisa, mas Mel ficou insistindo e ela cedeu. “Certo...”

“Eba!” Mel pulou de alegria.

 

***

 

Quando Calie saiu do banho encontrou Mel sentada no colo de Tyler enquanto alisava o cachorrinho.

“Então quando lhe disserem que Hitler foi um grande estrategista, ria na cara desse comunista. Hitler só foi bem-sucedido nas campanhas da África do norte e Europa, por que ele delegou as missões aos seus generais.”

Tyler estava animado enquanto falava e para piorar Mel tinha os olhos brilhando enquanto ouvia Tyler atentamente.

“Ele era um cabo de terceira e um pintor tão ruim que foi expulso da escola, a única coisa que ele sabia bem era mentir! Quando o poder lhe subiu à cabeça ele pensou que era o maioral e começou a fazer tudo do seu jeito, foi assim que ele perdeu a guerra, perdeu por que era um cabo idiota e um lunático comunista!”

“Sim, ele era comunista!” Mel respondeu alisando o cão.

* Coçando a garganta * “Estou interrompendo?” Calie cortou o assunto.

“Não, já terminamos.” Tyler piscou para a menina.

“Tyler, o que você estava falando para ela?” Calie quis saber.

“Só desmistificando algumas coisas sobre a segunda guerra.” Ele respondeu.

“Isso é bom, mas sabia que a prova era de matemática?”



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