Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli


Volume 3

Capítulo 67: Aumentando a influência.

Tyler estava tão sujo de lama que decidiu tomar um banho antes de jantar com os representantes dos outros nobres, ele de repente sentiu que deveria começar a cuidar melhor dessa casa. Mesmo ela sendo sua e sempre a usando, ele não havia feito tantas melhorias, apenas luz elétrica nos ambientes maiores, uma geladeira na cozinha e um ar-condicionado portátil no quarto.

Seu banho ainda estava sendo em uma banheira de madeira, ele não sabia quem, mas sempre que ele vinha se deitar, havia água quente nela.

Depois de se sentir devidamente limpo ele desceu.

“Mestre, esses são o senhor Mikatus que representa o lorde Alen, o senhor Jitus que representa o lorde Naru e o lorde Zel que vem em nome de seu pai Thar.” Thoran apresentou os homens.

“É um prazer receber a todos, vamos conversar mais à vontade na mesa, enquanto comemos algo.” Tyler os convidou enquanto analisava cada um deles.

No primeiro momento ele não reconheceu nenhum desses nomes, talvez esses lordes ainda não fizessem parte da sua área de influência, Tyler estava levando em consideração tudo isso antes de decidir por qual abordagem tomar, afinal o apoio das outras casas nobres eram as que valiam mais pontos na competição. “Thoran, traga aquela bebida especial para que eu possa brindar com esses nobres.”

Todos os homens da mesa ficaram excitados quando ouviram essas palavras, a fama de Tyler o precedia. Quem não sabia que ele possuía itens fantásticos além da imaginação? Mesmo a sala onde estavam era iluminada com uma luz mágica e fria.

Será um vinho raro feito por elfos?

Um licor de frutas espirituais?

Um chá de ervas medicinais?

Enquanto todos deixavam a mente correr solta, eles notaram Thoran trazer uma garrafa clara como cristal, porém embora a garrafa fosse clara o líquido era negro como a noite com fitas vermelhas decorando.

“Que bebida é essa?” O jovem Zel que veio no lugar de seu pai, perguntou.

“Isso é algo que eu encontrei muito longe, ouvi dizer que é uma bebida feita pelos próprios deuses, tive a sorte de encontrar algumas dessas garrafas e achei que agora seria uma boa ocasião de dividir com meus amigos!” Tyler falou em um tom pomposo.

Na verdade ele quase sentiu sua cara tremer de tão grande que era a mentira que acabara de contar, ele pura e simplesmente estava tentando comprar aqueles homens com coca-cola.

Tsss!!! Tyler abriu a tampa da garrafa e o gás fez aquele som inconfundível.

“Vamos provem.” Ele passou a garrafa para Thoran que encheu as taças deles.

Tyler ficou apenas olhando de longe, ele via claramente uma gota de suor cair ou uma garganta engolir a seco enquanto aqueles senhores esperavam em antecipação.

Ele bebeu primeiro para que eles não pensassem que havia veneno ou coisa parecida.

“Humm…”

“Céus, o que é isso!”

“Sem dúvidas deve ser uma bebida feita pelos deuses!”

“Sim, certamente o mestre Newman é realmente afortunado em poder encontrar tal tesouro!”

“Posso morrer feliz depois de provar tal tesouro!”

Se antes eles tiveram força de vontade suficiente para manter suas impressões para si, depois de provar o refrigerante não conseguiram mais guardar nem uma única palavra.

Enquanto os homens derramavam seus elogios, Tyler só podia pensar em como ele parecia a encarnação do tio Sam levando o doce sabor do capitalismo a essas crianças famintas.

“Vocês não sabem o quanto meu coração fica feliz em ver como vocês apreciaram, Thoran se certifique de que cada um tenha uma garrafa para poder levar ao seu senhor quando retornar.” Tyler ordenou.

“Sim, mestre como quiser.” Ele assentiu.

“É realmente um gesto muito nobre, eu fico agradecido, em meu nome e em nome do meu senhor.” Mikatus disse.

“Faço dele as minhas palavras, muito obrigado.” disse Jitos.

“Não vou me esquecer desse presente lorde Newman, muito obrigado.” O jovem Zel falou.

“Isso não é nada, agora me falem o que gostariam que eu fizesse por vocês?” Tyler finalmente mordeu depois de ter amaciado a presa.

Mikatus que era o mais velho iniciou a conversa. “O meu senhor é um grande admirador seu e tem visto como o senhor tem cuidado desta cidade, ele pensou que poderia estreitar os laços entre nossas duas cidades.”

“Isso é sempre bom, ele tem algo que deseja de mim?” Tyler não procurou arrodear muito.

“A forja que o senhor fez para os seus ferreiros foi ouvida por todos os cantos, meu senhor gostaria de saber se o mestre poderia fazer uma em sua cidade, é claro que ele pagaria o seu devido preço pelos seus serviços.”

Para um leigo essa era apenas uma conversa simples e uma forma fácil para Tyler conseguir mais dinheiro, entretanto você deve olhar a situação na conjuntura social que é esse mundo.

Em um período medieval os ferreiros são os armeiros, eles são a ponta da indústria bélica de uma nação, aqui ainda existe um agravante de ter as feras, ou seja, para que um lorde possa garantir a segurança e independência da sua cidade, ele precisa ter bons ferreiros sempre fazendo suas armas.

Muitas e muitas vezes quando um reino invadia outro ele matava todos os ferreiros do lugar para evitar futuras revoltas. Na verdade até hoje essa tática é usada para controlar uma população, o primeiro passo é proibir as armas dos cidadãos foi assim na Alemanha nazista, a Rússia comunista e mais recentemente na “democracia” venezuelana.

Os pais fundadores quando estavam fazendo a constituição americana ficaram muito preocupados com a possibilidade de no futuro um governo ou uma nação estrangeira vir querer tirar seus direitos à liberdade, e por isso deu livre acesso às armas de fogo.

Essa foi uma medida tão acertada que hoje em dia 88 de cada 100 habitantes americanos têm uma arma. Pode até parecer que possuir armas é uma coisa de “países encrenqueiros”, mas na verdade muitos dos países mais seguros e pacíficos de todo o mundo são os líderes na relação arma/habitante.

Suíça, Finlândia, Noruega, Suécia, França, Canadá e Áustria são umas das nações com os maiores índices de armas por habitantes do mundo, a Suíça que é famosa por seus relógios e chocolates “obriga” aos homens possuírem armas em casa.

Cada homem é obrigado a servir no serviço militar quando chega a idade e quando sai para ser reservista ele tem que comprar o fuzil que usava quando estava servindo, e quando entra para a reserva o governo doa as munições uma vez ao ano para que ele possa sempre estar em condições.

Ou seja, Tyler aqui não só estava garantindo uma fonte de renda para a cidade desses nobres, mas sim um meio de garantir a existência deles.

“Eu não cobrarei nada para fazer, contanto que todo ano me paguem 10% dos lucros obtidos nas vendas, é claro que a manutenção e se preciso a expansão da forja será feita por mim sem custo nenhum.”

Tyler quase pôde escutar o queixo deles baterem na mesa. Não havia nada no que “pensar” ou “analisar” a proposta, por qualquer ângulo que você olhasse essa era uma proposta irrecusável! Todos eles em algum momento teriam que pagar impostos sobre seus lucros ao rei, e Tyler nem estava cobrando muito e além disso estava bancando a construção, manutenção e futura expansão. Quem diria não?

“Eu aceito!” O jovem Zel foi enérgico e tomou a frente antes que qualquer um pudesse falar.

“Nós também!” Os outros dois quase gritaram com medo de perder a oferta.

“Que bom, assim que eu terminar com os meus deveres mais urgentes, tanto nessa cidade como na capital, eu irei pessoalmente retribuir a visita de vocês.”

“Oh, isso seria ótimo, meu senhor o receberá com muito bem.” Jitus falou.

“O meu também.”

“E meu pai também.”

Cada um disse sem perder sua chance.

“Na cidade de vocês existe problema com falta de água?” Tyler sondou.

“Embora tenhamos poços, nos anos mais secos alguns tendem a secar.” Mikatus disse.

“Somos uma cidade cortada por um rio, contudo algumas aldeias mais distantes sofrem por falta de água.” Zel falou.

“Na minha é o mesmo caso do senhor Mikatus, tivemos uma seca ano passado e quase metade dos nossos poços secaram.” Jitus falou.

“Bom, eu acabei de furar um poço na expansão da cidade, amanhã passem lá e vejam, eu irei cobrar 1.000 moedas de ouro por poço, mas vejam, ele não vai secar mesmo nos verões mais rigorosos e não precisa de ninguém para tirar água, ele vai jorrar sozinho.”

“Isso é possível?” Mikatus perguntou incrédulo.

“Sim, amanhã quando for dia eu irei furar mais outros dois ou três e então podem ver com seus próprios olhos.”

“Mestre Newman, meu senhor me deu isso para que eu desse de presente em forma da nossa amizade.” Jitus se levantou e mostrou um pequeno baú.

Tyler pegou e abriu para ver, ele estava repleto de gemas, todas de ótima qualidade e em várias cores diferentes.

“Como prova da nossa amizade eu não irei recusar, diga ao seu senhor que o espero no fim do mês na capital.” Tyler falou enquanto pegava o pequeno baú.

“Meu senhor também tem um presente como símbolo da nossa amizade.” Mikatus falou e trouxe uma pequena caixa dourada muito bem ornamentada, ela era significativamente menor que o baú de Jitus, mas era muito mais bonita.

Tyler aceitou e abriu a caixa, era uma safira muito linda do tamanho de um ovo de galinha, porém o mais impressionante na pedra é que ela tinha um veio dourado em seu interior. Tyler não era nenhum gemólogo, mas era geólogo e seus conhecimentos sobre pedras preciosas eram bem maiores do que uma pessoa comum.

Normalmente um veio no meio de uma gema significaria que ela perdeu seu valor, contudo o contrário aconteceu aqui isso era chamado incruzão, esse veio dourado dava um toque exótico e charmoso na pedra. Tyler imediatamente se lembrou de Calie, o azul da safira lembrava os olhos dela e o veio dourado era como uma mecha de cabelo dela, ele não soube a razão de ter pensado nisso, mas soube que tinha de dar essa pedra de presente para ela.

“Meu senhor conseguiu essa pedra quando ele era jovem e salvou a vida de um comerciante anão há muitos anos atrás, ele me disse que isso é apenas um sinal de que a amizade de vocês será muito duradoura” Mikatos explicou.

“Eu acredito no mesmo.” Tyler falou, interiormente ele quase se arrependeu de comprar esses homens com uma garrafa de coca-cola.

“Eu também tenho um presente!” O jovem Zel apressou-se em falar com medo de ser deixado para trás.

Ele pediu para que Thoran fosse até a porta e chamasse os servos dele, pouco depois dois homens fortes traziam uma grande caixa de madeira reforçada com barras de ferro.

A caixa mais parecia um cofre, os homens seguravam ela por duas grandes argolas localizadas no topo.

“Isso foi achado pelo meu avô enquanto caçava na floresta e desde então está na nossa família, o lorde Macal quis comprar ela de nós muitas e muitas vezes, por favor, aprecie isso como símbolo de nossa amizade.” Zel falava enquanto tirava uma chave guardada em um colar.

Tyler acertou quando imaginou que aquilo fosse um cofre, na verdade o conteúdo era uma planta.

Dentro de um vaso de madeira muito bem esculpido estava um pequeno arbusto de uns 40 centímetros de altura.

“Essa é uma Lirana de quase 200 anos de idade, nossos mais capazes servos vem cuidando dela e adubando com núcleos de feras desde que ela está em nossa família.” O rapaz disse todo orgulhoso.

“Para que serve ela?” Tyler perguntou curioso, ele tinha lido vários livros daqui, contudo nunca tinha visto qualquer citação dessa planta.

“A Lirana é tida como uma das mais medicinais ervas, sua raiz é uma batata que se ingerida pode ser capaz de reverter quase qualquer caso de doença, mesmo as mais graves.” O jovem respondeu.

‘Clare!!!!!!!’ Tyler imediatamente pensou, ele ainda não tinha levado em consideração procurar uma cura para a mãe de Calie aqui nesse mundo, mas agora que ela tão gentilmente bateu à sua porta ele não negaria.

Se ele fizesse o mesmo processo de liofilizar essa raiz assim como tinha feito com o yang sangrento, ele talvez fosse capaz de curar ela.

“Muito obrigado meu jovem, eu realmente vou me lembrar desse gesto!” Tyler falou sem esconder suas emoções. “Thoran, dê mais outra garrafa para esse senhores quando eles forem embora.” Ele ordenou.

Os homens agradeceram e conversaram mais um pouco durante o jantar, porém a mente de Tyler já vagava longe, tudo no que ele pensava agora era em retornar e ajudar Clare a se recuperar, talvez ele nem furasse o restante dos poços.



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