Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 3

Capítulo 42: Velho, mas ainda forte!

— Pronto? —  Tyler perguntou para Rafir.

— Sempre! — Ele respondeu.

— Lá vai. — Tyler andou até o centro da roda. Com seus punhos erguidos ele adotava uma postura claramente de boxe.

Rafir não se intimidou e foi a frente escolhendo atacar primeiro. Ele desferiu dois jebs seguidos só para testar os reflexos de Tyler. Mesmo quando ele olhava para o aspecto magro e senil de Tyler ainda sentiu uma clara intimidação! Toda a postura do velho era de um hábil guerreiro, não havia nenhuma abertura visível, foi nesse momento em que Rafir finalmente pensou se tinha sido uma boa ideia essa aposta.

Tyler desviou com facilidade dos ataques. O rapaz usava uma postura parecida com a do karatê, mas era arcaico e rudimentar. Era quase como se não estivesse completamente formado.

Com os pés leves e ligeiros Tyler não parava quieto no lugar, ele se aproximou e meteu um soco rápido de esquerda para desequilibrar, e depois deu um cruzado de direita.

Um lutador experiente sabe que a verdadeira força de um soco bem dado não vem dos braços. O golpe começa na planta dos pés e segue pela perna dominante, passando pelo quadril acumulando força depois subindo pela coluna até o braço! 

O lutador literalmente sente a energia fluindo pelo corpo.

Phaa!!!

Rafir ergueu as mãos para se defender, mas a força desferida pelo velho foi muito mais poderosa do que ele havia previsto.

O punho de aço de Tyler foi pego pelas mãos do jovem, porém não foi parado. Ele levou a mão que defendia até o próprio rosto dele. O som foi alto e seco! 

O jovem foi obrigado a retroceder um par de passos para evitar cair… 

— Não me subestime! — Tyler disse sério.

— Não irei. — O rapaz disse enquanto cuspia sangue.

Rafir ajeitou sua postura e fez um kata de ataque.

Tyler imediatamente reconheceu e mudou sua base de boxe para karatê.

— Ahhhhh!!! — Rafir veio com toda a força e velocidade que podia.

Os dois rapidamente entraram em uma sucessão frenéticas de golpes! Ao olhar de um leigo parecia que Rafir possuía uma grande vantagem pois seus golpes estavam fazendo Tyler retroceder pouco a pouco.

Contudo se o espectador fosse experiente em combate saberia que Tyler não estava encurralado ou defendendo como podia. Ele estava guiando Rafir, em nenhum momento o jovem tinha acertado diretamente, e tudo o que ele fazia parecia ser previsível aos olhos do velho.

— Você tem uma boa base, será fácil lhe treinar depois. — Tyler sorriu e disse.

— Não me insulte! — Tomado por uma onda de indignação e raiva Rafir reuniu toda força que tinha e atacou.

— Não estou, quando eu for rei você será muito importante em meu reino. — Tyler parou de ser bonzinho e foi para cima.

Quando Rafir se descuidou, Tyler pegou um de seus braços e o usou como alavanca girando o corpo dele por cima do seu próprio. Ele tinha feito esse mesmo golpe com o guarda da cidade de Atazar, e os resultados foram iguais.

Com um baque surdo o pobre jovem que foi pego desprevenido teve o ar expulso dos pulmões quando suas costas bateram no chão.

Tyler não continuou, ele deixou que Rafir se recuperasse. Enquanto ele esperava seu oponente recuperar o fôlego ele olhou para a plateia, todos estavam boquiabertos e viu até alguns soldados trocando moedas.

“Eles estão apostando?” Tyler pensou.

Rafir recuperado veio sem dó, ele socava e tentava chutar com uma vontade digna de nota.

Tyler desviou dos socos, contudo ele foi forçado a se defender do chute. Mesmo que ele tenha usado os dois braços para se defender, ainda sim sentiu uma dormência considerável neles.

— Ahh, moleque! Eu vou mostrar a ele como é uma pancada capitalista! — Tyler bufou, mesmo que o menino tivesse ganhado seu respeito, ele nunca iria perder.

Tyler voltou para o boxe, quando Rafir veio em mais uma investida, se esquivando levemente para a direita, ele quebrou sua sequência de golpes e contra-atacou,

Com uma série de socos rápidos no estômago, Rafir desmamou totalmente, seu oponente era implacável e para finalizar ele mandou um gancho tão forte na ponta do queixo que desacordou o pobre coitado antes mesmo dele cair no chão!

Por incrível que pareça a ponta do queixo é o pior lugar da face para se levar um soco. O motivo é por que quando um golpe é desferido ali sua cabeça gira rapidamente e seu cérebro que estava em repouso se choque contra as paredes do crânio.

— Ele o matou?

— Não sei.

— Acho que sim, você não viu aquela pancada?

— Não tem homem que suporte aquilo.

— Eu já tinha visto o lorde Rafir lutar antes ele é realmente forte, mas não teve qualquer chance contra o lorde Newman.

Tyler estava ouvindo as conversas dos soldados e não pôde deixar de rir. Ele queria dar uma legítima pancada capitalista, mas essa luta foi o mesmo que comparar a América com Cuba!

— É melhor eu dar um jeito nisso… — Ele foi ao carro e pegou o kit de primeiros socorros.

Ele pegou um protetor cervical e pôs no pescoço do jovem, evitar movimentos bruscos era essencial agora. Depois ele passou o vidro de álcool perto das narinas dele para que o cheiro forte o despertasse.

— Hamm… minha cabeça… — Rafir gemeu.

—- Calma, não se mexa muito, a pancada foi muito forte, você pode ter complicações depois se não se cuidar. — Tyler advertiu.

— Eu nunca fui suprimido de uma forma tão absurda. Nem mesmo contra meus mestres. — Ele disse triste.

— Quer que eu te ensine? — Tyler perguntou.

— Está brincando? — O rapaz perguntou espantado.

— Não, nem um pouco. — Tyler quis rir. — Você vai cumprir com sua palavra agora que perdeu a aposta?

— Mas é claro, eu fui homem para propor e irei aceitar os resultados! —  Rafir disse com uma convicção firme nos olhos.

— Muito bom, agora que trabalha para mim, sugiro que fique quieto e assista.

Tyler estava aquecido e queria mais!

— Quem quer lutar? — Ele gritou para a plateia.

Quando viu que nenhum deles se pronunciou, ele completou. — Eu dou 50 moedas de ouro para quem me derrotar. — Tyler foi no carro e pegou um pequeno saco de couro.

Mesmo assim ninguém foi à frente. — Vamos melhorar as coisas… Quem aguentar 10 trocas de golpes leva, prometo não mandá-los para o outro mundo mais cedo.

Tyler olhava a multidão quieta, quando finalmente um soldado alto e forte saiu de trás dos outros e avançou. —  Eu aceito!.

— Qual o seu nome? — Tyler quis saber.

— Nael, meu senhor. — O soldado foi educado, mas ao mesmo tempo mantinha sua coragem e olhava tyler nos olhos.

— Ótimo, pode me chamar só de Tyler, eu sugiro que venha logo com tudo que tem, ou do contrário não terá chance.

O soldado aproveitando-se da sua altura e força superior atirou-se de forma ousada, seus punhos pareciam borrões no ar, Tyler recuou dois passos e aplicou uma rasteira!

Nael caiu no chão como uma pedra.

— Você é bem forte, porém não tem técnica, venha que eu vou te mostrar o que é arte suave. — Tyler disse enquanto dava espaço para o seu oponente se recuperar.

Levantando-se e atirando-se novamente Nael parecia não ter ouvido Tyler. Ele errou um de seus socos e deixou o braço estendido por mais tempo que o necessário. Tyler aproveitou essa chance e derrubou o jogando por cima dos ombros da mesma forma que tinha feito com Rafir, contudo ele não deixou o jovem soldado se recuperar aplicando-lhe um mata leão poderoso!

O nome correto desse golpe é Hadaka Jime, ele é originário do judô e jiu-jitsu. Quando é aplicado com êxito o lutador consegue cortar a circulação sanguínea do adversário. O que define se esse golpe é letal ou não é apenas o tempo em que ele dura.

Quando bem feito não dura nem três segundos para o oponente perder os sentidos. Primeiro é uma sensação de asfixia e depois a pressão do sangue na cabeça passa para os olhos. você literalmente sente eles inchando!

Nael estava sentindo aquela sensação em primeira mão. Que pode se chamada de no mínimo, escrota!

Se debatendo e arranhando os braços de Tyler desesperado por ar ele sucumbiu, como um boneco de pano sem movimento algum.

Tyler o libertou e deu uns tapas na cara dele. — Acorde que eu não vou lhe fazer um boca-boca, se depender de mim você vai morrer!

Haa!! Cof cof cof… Nael despertou de seu apagão puxando todo o ar que podia.

— Está bem? — Tyler perguntou.

— Sim… — Ele respondeu massageando seu pescoço.

— Ótimo, coma isso. — Tyler deu um pedaço de fruta seca para ele e o liberou.

— Próximo! — Ele gritou, contudo ninguém mais tinha coragem de vir.

— Acho que você espantou a todos. — Rafir disse quando Tyler foi se sentar ao lado dele, o velho parecia claramente desapontado.

— Eu devia ter fingido, assim poderia ter lutado mais… — Tyler estava decepcionado.

— Que tipo de luta era aquela? Nunca vi movimentos como aqueles! — Rafir falava estranho pois ainda estava com o colar cervical.

— Era uma mistura de várias artes marciais diferentes, depois vou te ensinar.

— Sente dor? —  Ele perguntou.

— Minha cabeça ainda dói, não imaginava que o tinha uma mão tão pesada.

— Hahaha, engula dois desses com água, vai te fazer bem. — Tyler passou duas aspirinas.

O bom dos remédios convencionais nessas pessoas é que elas têm um organismo completamente limpo, então qualquer remédio, por mais fraco que seja já tem um efeito muito grande.

— Obrigado, o que irá fazer agora? — Rafir disse enquanto tomava aquelas pedrinhas estranhas.

— Vou aproveitar o dia e voltar para a capital e amanhã vou voltar para Nil.

— Tem coisas tão urgentes na sua cidade?

— É, tenho um pouco…—  Tyler foi um pouco evasivo na resposta. — Quer uma carona até a capital?

— Sim, seria ótimo.

Pegando as peles e os núcleos dos lobos, os dois partiram. Tyler não queria perder tempo aqui, até porque tempo era o que ele menos tinha  nesse momento.

 



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