Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 3

Capítulo 32: Lago paradisíaco!

Na noite anterior Tyler estudou o mapa de forma cuidadosa, ele tinha decorado todas as estradas e cidades do caminho.

Da capital ao início da floresta eram 100 km, para as pessoas desse mundo uma viagem dessa distância era de no mínimo 3 dias, mas você poderia fazer em dois se viajasse rápido e sem bagagens.

Mas para Tyler não durou nem três horas! Ele sentiu-se com sorte pois pegou um extenso prado em sua frente o que acelerou em muito sua viagem. 

Em pouco tempo Tyler podia ver o limite claro entre o prado e a mata. As árvores eram altas e frondosas, quando ele desceu e andou nos limites pôde sentir a umidade no ar e aquele aroma característico de mata fechada, uma mistura de grama cortada com folhas verdes. Tyler amava esse cheiro! 

Tyler estacionou seu carro a poucos metros dentro da floresta e cobriu com uma lona camuflada, para completar ele ainda colocou alguns galhos.

Como não tinha nenhuma ideia de onde ir, ele queria apenas explorar um pouco até ter uma noção maior sobre o local, ele pegou o drone e sobrevoou o tapete verde. 

Tyler não viu nenhuma estrada ou trilha de animal, mas a uns três quilômetros ele pode ver um aglomerado de rochas e um pequeno lago.

Era como falava um certo ditado, “se você não sabe para onde vai, você não está perdido”. A situação de Tyler era bem parecida, ele decidiu ir para aquele lago e lá fazer um pequeno acampamento de onde poderia fazer incursões maiores dentro da mata.

Tyler vestiu um colete tático que estava repleto de bolsos para munição, e uma mochila bem grande com vários equipamentos de camping. Ele olhou no mapa a direção da recém descoberta lagoa e partiu. 

Tyler andou por meia hora, seu lado botânico estava muito excitado com as plantas, ele observava cada uma com uma emoção crescente. Ele normalmente andava com uma câmera profissional, mas como ele estava só e tinha que andar com o peso reduzido decidiu fotografar sua jornada com um celular, é claro que ele tinha escolhido um modelo muito resistente e com uma câmera de alta resolução.

Distraído Tyler só fotografava e andava, em poucos momentos ele chegou a um limiar na mata, mas algo não estava certo! Em vez de chegar no lago, coisa que ele achou cedo demais, ele tinha voltado para o exato local de onde tinha saído.

Isso não devia ter acontecido, ele tinha um senso de direção extremamente afiado!

Tyler pegou uma bússola, alinhou-se na direção que desejava e caminhou novamente.

Depois de uma hora caminhando ele novamente saiu no mesmo local de partida.

Isso o irritou profundamente.  

— Porquê isso está acontecendo?

Mesmo usando a bússola e checando sua posição a cada poucos metros ele não conseguiu ir adiante.

— As fadas! — Tyler teve um lampejo de entendimento, Macal havia lhe alertado sobre essa suposta magia na floresta, bem, não era atoa que ela se chamava floresta da perdição.

Pensando em como reverter esse problema Tyler lembrou de um antigo método de andar em linha reta na mata. 

Tyler tinha um paracord 750 de cor laranja berrante, era aproximadamente uns 50 metros. Ele amarrou a ponta na cintura e deixou o resto livre pelo chão.

A técnica é extremamente simples, mas muito confiável. Primeiro você se alinha na direção que querer e de tempos em tempos olha para trás. A corda deixa uma linha clara dos seus movimentos.

Cada pequena curva pode ser vista na deformação deixada, seus últimos 50 metros estão registrados atrás de você.

Com base nisso Tyler se alinhou e partiu novamente. Para sua surpresa ele notou que estava querendo fazer grandes curvas.

— Nessa vocês não me pegam! — Tyler falou alto, ele não sabia se estava sendo observado.

Parecia que agora tinha dado certo, em três horas ele realmente chegou ao lago.

Tyler ficou boquiaberto... Aquilo não era uma lagoa de águas claras. Eram águas cristalinas! Dependendo da posição que você estivesse, você literalmente não via a água.

Os peixes literalmente voavam por cima da areia branca.

Em suas viagens pelo mundo Tyler viu muitos locais de águas claras, mas algo que chegasse perto disso apenas ele só tinha encontrado uma vez, no parque estadual do Jalapão. Esse local era um parque florestal no estado do Tocantins no Brasil.

Tyler tinha viajado por todo mundo e visto muitas paisagens, mas fora de casa seu local preferido era o Brasil, o clima, as pessoas, a comida e as paisagens. Eram sem dúvidas únicos.

Tyler não pode resistir, ele deixou a mochila do chão e foi até a beira d’água.

Ele afundou as mãos naquele cristal líquido, era tão refrescante e deliciosa que ele fez o que qualquer pessoa sã faria. Tirou a roupa e pulou!

Sabem quando dizem que são as pessoas que estragam o paraíso. Isso nunca foi tão verdade quanto agora. 

Naquele local paradisíaco um simples item fazia toda a beleza desaparecer, e isso era um velho branquelo nadando nu!!!!!

Tyler não tinha um pingo de preocupação ou vergonha, nesse mundo a densidade demográfica era baixa, se já era difícil encontrar alguém em uma floresta, imagine encontrar alguém numa floresta famosa por não deixar ninguém entrar.

Depois de carregar todo aquele peso nas costas por um longo caminho Tyler estava muito cansado, qualquer pessoa sensata teria feito o mesmo.

Ele nadou por um longo tempo, havia alguns peixes de tamanho considerável naquela lagoa, como estava nu ele achou melhor pôr no mínimo uma cueca.

“Pode ter algum peixe comunista e invejoso por aqui”. Tyler pensou enquanto se vestia.

Depois de estar completamente revigorado e refrescado Tyler começou a montar o acampamento. 

A figura de um velho de cuecas, botas e uma Glock na cintura não era nada harmoniosa.

Tyler armou sua barraca e espalhou alguns anzóis naquela lagoa. Ele tinha percebido que esse corpo d’água nem recebia ou mandava água para nenhum local, devendo ser abastecido por alguma nascente.

Enquanto tentava a sorte no jantar ele se embreou um pouco mais para pegar lenha. Ele colocou algumas armadilhas fotográficas então retornou a barraca.

Tyler pegou um pacote com suas frutas liofilizadas ele colocou as frutas secas em uma tigela e as reidratou, o processo todo levava alguns minutos, aproveitando esse tempo ocioso e foi checar os anzóis.

Felizmente ele tinha pego duas trutas de tamanho razoáveis, ali mesmo na beira do lago ele as limpou e as tratou.

“Apenas sal e azeite!” ele estava pensando na receita quando voltou para a barraca. Para sua surpresa ele notou que a vasilha que tinha posto as frutas estava com menos da metade do volume que deveria.

— Que diabos aconteceu? — exclamou silenciosamente. 

Curioso com o acontecido e encheu a vasilha novamente, colocou o celular escondido em uma pilha de roupas e então colocou para gravar.

— Nossa, acho que tenho de pegar mais lenha! — Tyler falou alto e saiu.

Ele se demorou por mais uns 30 minutos e voltou. Novamente ele viu sua tigela mexida, a excitação tomou conta dele, ele pegou um cobertor e os fones de ouvido do celular e foi ver o conteúdo das gravações, nem um minuto depois que ele saiu uma pequena criaturinha apareceu instantaneamente na tigela e começou a comer o conteúdo com avidez.

A criaturinha não era nada menos que uma fada! Uma fada de verdade!

Tyler teve que pôr as mãos sobre a boca para que os sons de riso não escapassem. Tyler agora teve outra ideia, ele pegou uma fita adesiva e estirou grandes tiras uma ao lado da outra, até formar uma única bem larga, tinha por volta de 40 X 40 centímetros.

Ele pôs a tigela no centro reabasteceu e foi preparar os peixes. Mal terminou de temperar e pôr os espetos na fogueira, então ele escutou um barulho na sua barraca.

Tyler largou tudo e correu para a barraca, mas para a sua tristeza ele não viu nada.

Sem perder a calma ele simplesmente entrou e fechou o zíper, diferente da primeira vez quando ele cuidou de Krinna em uma barraca grande de 5 a 6 pessoas, essa era apertada na embalagem dizia de 2 a 3 pessoas, mas só cabiam 3 se você quisesse imitar uma sardinha na lata.

— Não vou te fazer mal algum, eu peço desculpas por lhe prender, eu estou muito curioso e gostaria de fazer amizade. — Tyler falou para o nada, na esperança de obter alguma resposta.

Mesmo depois de alguns minutos ele não viu nada. — Sei que gostou da minha comida, eu tenho muito para dividir!

Novamente nada aconteceu, quando ele pensou que não tinha pego nada, uma pequena figura se materializou grudada na fita adesiva.

Apesar de ter visto esse serzinho nas gravações, ele se surpreendeu com a figura na sua frente, ela tinha um corpo de uma pessoa, era o corpo de uma mulher para ser mais preciso.

Pelos seus cálculos ela devia ter uns 30 centímetros de altura! O engraçado era que essa era a altura exata de uma boneca Barbie. Tyler só pode rir com essa coincidência.

Ele foi com muito cuidado retirá-la da fita, do mesmo jeito que se pega um rato, assim estava a pobre coitada. Ela tinha uma vestimenta verde escura e estava pregada de bruços.

Por sorte suas delicadas asas não tinham sido pegas. Eram quatro, finas e transparentes como as de uma abelha ou uma mosca.

— Eu vou te tirar disso, fique calma e tente não se mexer muito! — Tyler disse tentando acalmá-la, pois ela ainda batia fervorosamente as asas tentando se libertar.

Ele foi com as duas mãos e a desgrudou com muito cuidado, depois de muito jeito e esforço desgrudou a pequena.

Quando Tyler libertou aquela pequenina ela deu um grande sorriso.

Contudo, quando se deu conta das suas vestes voou assustada para o cobertor de Tyler e se escondeu.

O problema era que as suas roupas verde-escuras eram na verdade folhas! E isso continuou grudado na fita. 

— Me desculpe não foi a minha intenção. — Tyler tratou logo de se desculpar, ele tinha que admitir era muito vergonhoso ter suas roupas rasgadas, e mais ainda para uma mulher.

Uma cabecinha vermelha saiu do cobertor. A mocinha tinha um cabelo ruivo muito bonito e ruivo e combinado com seu tom de pele bem alvo, que agora também estava rubro de vergonha. 

— Eu vou fazer uma nova para você.

Tyler rapidamente pegou sua mochila, o primeiro tecido que veio foi uma blusa branca de algodão. Ele cortou em um formato rude de um retângulo, como toda pessoa que acampa Tyler também tinha um kit de costura na mochila, não era nada extraordinário, apenas linhas e agulhas.

Costurar não era bem a praia de Tyler, ele nunca tinha feito um curso na área, porém para ele que sabia como costurar veias em um campo de batalha. Isso não era nada aos seus olhos.

Devido a pressa ele fez um retângulo e depois cortou com uma tesoura três simples buracos, o da cabeça e os do braço.

— Tome aqui, está pronto! Eu vou me virar e quando você se trocar venha para minha frente, entendeu? — Tyler pôs o pequeno vestido na frente dela e se virou.

Pouco tempo depois uma menininha veio para sua frente caminhando.

— Olá, qual o seu nome? — Ele perguntou.

A mocinha abriu a boca e falou, contudo, Tyler não pode escutar nada. A voz dela era muito baixa.

— Desculpe, não consigo te ouvir, espere um instante.

Tyler pegou o celular e colocou o fone, ele selecionou a opção de microfone do aparelho e colocou o microfone nas mãos dela.

— Pronto, pode falar agora. Qual é o seu nome?

A menina estava curiosa com tudo aquilo, mas mesmo assim falou. 

— Maya!



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