Tsunagari Brasileira

Autor(a): Lich


Volume 2

Capítulo 12: Coroa

BOKUTSUNAGARI

Coroa

O vampiro observava a cena; o rosto mudou ao ver o corpo do amigo. Um ódio pesado se formou por baixo dos olhos — parecia que ia explodir a qualquer momento.

— Kagami... levanta a cara. Sei que está ferido; você vai se regenerar, certo?

Sem resposta, a tensão só crescia.

— Ei... eu posso explicar.

Akihiro levantou-se, braços abertos em gesto de defesa, mas foi ignorado. O outro avançou sobre Hikaru, apertou-lhe o pescoço e quebrou a mão, fazendo-o largar a faca. O grito foi abafado pela falta de ar.

— Humano nojento, como ousa matar meus amigos?

— Amigo, espera! — Akihiro correu, tentando intervir, e viu lágrimas escorrerem pela face dele.

— Olha, eu entendo sua dor, mas larga ele. Está confuso; matou por não entender os nossos sentimentos.

— Você o conhece? São amigos? — a voz saiu dura.

Akihiro hesitou e assentiu. O vampiro soltou Hikaru e o atirou de lado; a mão quebrada já sangrava.

— Não quero mais mortes. Não quero vampiros nem humanos morrendo.

— Isso explica seu cheiro de quimera.

Confuso, Akihiro viu o outro pegar o corpo e seguir para a floresta de bambu. Ficou olhando Hikaru, que encarava o próprio pulso partido.

— Akihiro, tô cansado. Me ajuda a levantar?

— ...Não.

— Qual é... me ajuda pelo menos a levantar. Estou todo quebrado.

— Você me enoja. Não sei por que eu te poupo.

— Você virou fraco, Akihiro. Não tem coragem de matar ninguém. Deve ser por causa da sua namorada vampira.

— Talvez. Mas prefiro isso a ser um assassino como você.

Virou-se, saiu do templo e foi andando devagar para casa; cada passo parecia custar mais. No caminho encontrou Morgan; o olhar dele estava vazio, como se toda a energia tivesse ficado lá no templo.

— Morgan...

Ela o abraçou com força.

— Eu não consegui salvar o Kagami. Desculpa... — a voz dele falhou e ela desabou em lágrimas.

— Tá tudo bem. Eu imaginava que seria difícil.

— Eu sou fraco, Morgan! — ele confessou, o desespero mordendo a voz.

— Não. Você correu pra salvar alguém da minha espécie. Isso já diz muito.

— Sou fraco por não ter coragem de matar o Hikaru... sou patético.

— Akihiro... — ela não sabia o que dizer; estava perdida até que uma voz os cortou.

— Precisam de ajuda, pombinhos?

A voz familiar faz o casal se virarem para a direção do chamado. Kimiko apareceu com o sorriso de sempre. Enquanto isso, o vampiro que carregara Kagami caminhava sem expressão, lembrando escolhas e momentos que o trouxeram até ali. 

— Ei Chigiri, vem! Vamos explorar o mundo exterior!

De repente, o vampiro abre seus olhos, claramente acordando de um sono profundo, enquanto enxerga seus dois amigos: Kenichi e Kagami. Eles estavam em uma mata profunda, onde o sol não batia em quase nenhum dos vampiros e o solo, sendo bem mais limpo com vários bambus.

 — Ei gente, eu acabei de acordar… Porque querem ir para o mundo exterior assim? São quantas horas?

— Não faço ideia, mas o Kagami teve a brilhante ideia de sair daqui porque um grupo de vampiros da nossa maturidade saíram para curtir a noite. — Diz Kenichi não fazendo o contato visual e nem um pouco animado com a ideia.

— Ei Kenichi nem fica com essa cara, nem tudo é ofensa para os nossos deuses superiores.

— A questão é que eu gosto de manter a minha crença e respeito a eles. Eu sei que eles me entenderiam.

— Então porque não vamos sem você ficar com cara fechada?

Kenichi suspira ignorando Kagami.

— Uma pergunta, foram todos os vampiros dessa região de vampiros em que vivemos? Ou apenas alguns?

— Foram os que menos valorizam a vida e a nossa expecie… Por isso o idiota do Kagami quer ir junto.

— Bom, não vejo problema em irmos apenas para passar tempo, não é como se alguém fosse nos descobrir.

— Até você, Chigiri? Santo Jizō, me perdoe por ter amigos assim…

— Para de ser tão chato Kenichi, Jizō vai nos proteger do mal, e sempre é compreensível com os vampiros. Não é como se ele fosse nos punir por querer se divertir um pouco.

— E a Kimiko? Acha que ela vai ficar feliz da gente sair assim?

— A Kimiko nos dá liberdade para sair, e sempre é super tranquila em relação a isso.

O vampiro teimoso olha para a resposta de Chigiri, e logo em seguida se vira para Kagami o encarando antes de tomar uma decisão.

— Ok eu vou ir, mas caso a gente seja visto ou atacado, eu nunca mais converso com vocês.

— Relaxa, eu vou cuidar de você pequeno e indefeso vampiro…

Kenichi suspira já sem nenhum tipo de paciência.

— Fica quieto Chigiri, eu só quero que seja rápido.

— Então você topa?

Kenichi desvia seu olhar acenando sem nenhum tipo de ânimo. Chigiri abre um sorriso e se levanta pronto para a partida.

— Enfim, vamos? 

— Claro! O'Que estamos esperando?

Os três vampiros caminham pela mata enorme de bambu. Eles conversam de forma distraída como um verdadeiro grupo de amigos unidos, mas todo este momento é cortado por Kimiko que eles acabam se encontrando na direção oposta em que eles estavam saindo.

— Ora se não é o meu trio favorito de vampirinhos.

— Ah olá senhora Kimiko… Você estava no mundo exterior, não estava?

— Estava sim Ken, você, Kagami e Chigiri vão também se divertir?

— Pretendemos apenas sair um pouco e… — Kagami o interrompe claramente animado com as próprias ideias.

— Vamos comer comida de gente! 

— É… também

Kimiko ri docemente para os garotos.

— E você Chigiri? oque você pretende fazer?

— Ah, talvez só ir junto com os outros vampiros mesmo.

— É mesmo? A Morgan está entre o grupo de vampiros que saíram para aproveitar a madrugada. — Ela diz de forma provocativa e descontraída.

— É mesmo? Talvez eu vá e dê um oi…

— Ei Kimiko pergunta! Hoje você vai continuar a contar mais sobre seu passado como vampira?

— Bom, se a maioria dos vampiros voltarem, eu conto é claro. Mas agora eu vou voltar para o nosso ponto pois por agora quero descansar.

— Ok, até mais Kimiko! — Responde Kagami cheio de intensidade em sua voz, enquanto os três continuam a caminhar para fora da floresta.

— Sabe Kagami, às vezes eu penso que você tem uma leve queda pela Kimiko?

— Oi?! Não viaja Kenichi! — Chigiri não contém e solta seus risos de forma leve.

— Eu não menti, você fica todo animadinho quando a vê, tem certeza que não sente pelo menos uma queda?

— Porque eu teria uma queda por ela?!

— Ela é bonita, mais velha, acolhedora, e é boa em conversas, uma vampira perfeita para um vampiro.

— Eu não sinto nada! 

— não tem problema você ter uma queda, ela é realmente uma ótima vampira. Pergunto às vezes se ela já se relacionou com alguém. — chigiri acaba entrando na conversa.

— Acha que ela já teve um namorado? Ou apenas não tem interesse por vampiros como nós?

— Provavelmente ela realmente não tenha interesse. Pelo menos eu nunca vi ela se relacionando com um vampiro.

— Imagina se ela já tivesse se relacionado com um humano?

— Humano? Eu não quero nem pensar nessa opção.

— Cuidado com o que dizer Chigiri, você pode acabar irritando o apaixonado…

— A cala boca Kenichi!

Os vampiros riram juntos enquanto continuavam o caminho. Finalmente saindo da mata profunda, eles chegam no templo, e Kenichi suspira aliviadamente se ajoelhando diante a o templo e orando ali mesmo. Os vampiros esperam paciente e quando Kenichi acaba, ele se levanta dando o sinal para continuarem. 

— Você realmente leva bem sério as religiões, não é?

— Eu gosto de respeitar os nossos deuses, Giri. Quando você pratica mais e fica mais próximo deles, você se sente bem mais leve em tudo em modo geral.

— Eu acho interessante… Mas nunca tive o costume de orar ou conversar com nenhum deles, pode me dizer qual seria o deus em que eu posso ficar mais próximo?

— Todos são interessantes de você ficar próximo, mas o mais compreensível é o Jizō.

— Ei Desculpa interromper a conversa de vocês, mas vamos falar de religião em outra ocasião?

— Bom, por mim tanto faz, estou sempre disposto a falar de religião para vocês.

— Ok por mim também, o'que importa é que vamos se divertir não é mesmo? — Eles concordam enquanto descem os degraus do templo.

Chigiri se lembra de suas memórias e momentos felizes enquanto caminha pela mata. Ele sente que seus olhos ficarem irritados e molhados de tanto chorar. Após chegar bem longe do templo, ele cava um buraco fundo, enterrando seu amigo nele.

— Agora você pode viver e conversar mais com Tengu, Kagami.

Ele sorri de forma desesperançosa, mas seu momento é cortado por alguém te chamando.

— Ei! Criatura!

Chigiri se vira para a direção da voz, e enxerga Hikaru ainda com manchas de socos e esculacho em suas roupas e rosto enquanto segura a faca com a sua mão esquerda de forma firme.

— Eu disse que eu iria atrás de todos vocês, eu não vou deixar nenhum vampiro que matou meus amigos escapar.

— Ah, é você.

Seu olhar de melancolia muda cada vez mais quando olha para Hikaru. Seu rosto se preenche de ódio, pronto para atacar.

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