Volume 2

Capítulo 147: O Início da Jornada

 

— Por que pararam? Aquilo não é assunto de vocês. — o velho advertiu.

Ye Ti estava com uma expressão pesada, e sua mão deslizou o pincel na tela. Já fazia 7 dias que a mesma música estava tocando, e a cada segundo extra suas esperanças eram postas à prova.

Isso queria dizer que Qin Xa passou 7 dias no mesmo teste sem obter resultado algum. 

"Se ela demorou 7 dias na Verdade Eterna, a Ligação das Almas será bastante impossível para ela superar."

Ninguém nessa sala tinha mais esperança de que Qin Xa fosse capaz de herdar o Dao do Entretenimento em sua totalidade. Eles suspiraram, ja pensando que sua Mestra iria novamente ficar triste, mas continuaram o que estavam fazendo com muita dificuldade.

Tirando o velho, ninguém ali parecia ter mais alguma esperança de que Qin Xa fosse capaz de herdar o Dao do Entretenimento. Após um segundo de atraso para organizarem seus pensamentos, suas mãos voltaram a se mover e as conversas continuaram.

Se fosse apenas para desenhar um beija-flor, todos aqui poderiam fazer isso com extrema facilidade em questão de minutos, mas o verdadeiro desafio aqui era fazer com que mesmo em uma pintura, as asas, cabeça, corpo, as flores que estavam ao redor, o sopro do vento e a posição das luz nas penas… tudo tivesse vida e movimento. 

O objetivo não era apenas desenhar, era desenhar tão bem que quem olhasse não soubesse dizer o que era real e o que não era. 

Hong Qing encarou sua pintura, encarou o beija-flor, olhou para sua colega ao lado e disse: — O meu é mais bonito.

— Parabéns. Hoje não tem refeição para você. 

— Calma, Shi Lin! O seu é muito mais gracioso e vivido. Até mesmo eu com minha pobre visão consigo reconhecer toda a importância de cada traço na tela, feito com o…

— Acha que me bajular vai fazer eu te dar comida hoje? — Shi Lin bufou, apontando o pincel para a cara arrependida do outro. — O seu não é o mais bonito? Coma ele!

Hong Qing abriu a boca, mas a voz do velho soou primeiro: — Comer um quadro não é bom. Mas sabia que existe uma técnica que usa os ácidos do corpo para criar o desenho?

— Que nojo…

— Que nojo…

— Nojento…

— Não parece legal de fazer.

— Não é nojenta. Han Lining desenvolveu ela depois que foi Engolida por uma Serpente do Submundo Rosa, há uns 400 anos. 

— Mas qual a utilidade disso?

— Você faz um desenho com ácido? Precisa mesmo ser útil para alguma coisa? 

Os discípulos resolveram ficar calados e voltar a trabalhar. Seu irmão mais velho não estava batendo muito bem da cabeça nos últimos tempos.

*****

Em frente para um portão que não poderia ser descrito de outra forma se não colossal, um jovem de longos cabelos azuis contemplava sua imponência e majestade. O portão de cor bronze se erguia do chão para seus mais de 500 metros, e o muro ousava ser mais alto do que ele — mas diante de sua presença, mesmo se o muro tivesse o dobro do tamanho, anda pareceria pequeno.

— Finalmente eu saí da Classe Baixo. — constatou, dando um suspiro. — Qin Xa, eu não irei te decepcionar!

Esse jovem era Ranyu Sheng — agora que ele avançou de Classe, ele entrou no verdadeiro mundo dos cultivadores marciais! Ou era assim que ele deveria se sentir, mas a ideia de entrar no mundo dos verdadeiros cultivadores marciais era inovada a cada Classe. 

Mesmo quando atingiam seus objetivos, nunca seriam artistas marciais completos.

Assim que Ranyu Sheng passou pelos portões, com seu coração batendo um pouco rápido, ele pôde imediatamente sentir que o Qi dentro dos muros de bronze era muito mais espesso e pesado do que nos muros externos! 

Passar por esse portão foi como sair da lama e entrar na água. Seu corpo inteiro pode sentir, e seus olhos puderam ver, a presença opressora do Qi, reunido aos montes por todas as ruas e no ar.

Como era a regra, Ranyu Sheng se dirigiu diretamente para um dos Postos de Regulação. Ficar vagando pelo lugar não iria ajudar em nada. 

— Mais um novato? O que é que está acontecendo? Tem cada vez mais de vocês entrando aqui. — o homem que estava lá para atender zombou de Ranyu Sheng, que franziu a testa e ficou de mal humor. 

— Eu não sou como eles, um dia eu estarei acima de todos aqui.

— Um dia? — um sorriso zombeteiro se alarganou na cara do homem. — Não seja arrogante, você é só mais um idiota que ou será expulso por ser um lixo, ou vai ser morto por ser arrogante. Quantos de você não disseram a mesma coisa e hoje estão sem cabeça? É melhor tomar cuidado com suas palavras! Região norte para você.

Ranyu Sheng pegou um medalhão de bronze e saiu emburrado do local. Ele se cansou de ser desprezado por todos que estavam ao redor, como se eles fossem melhor do que ele em alguma coisa. 

Ranyu Sheng jurou que iria pisar na cabeça de todos que zombavam dele! Não iria sobrar nenhum que pudesse se arrepender disso!

Lembrando das palavras malditas e das decisões de seu pai, um brilho frio e assassino passou por seus olhos vermelhos.

— Apenas esperem, Demônios Vermelhos Celestiais! Eu vou fazer vocês pagarem por tudo o que eu sofri aí!

Ranyu Sheng chegou em frente de uma casa com a placa "Vazia" escrito na porta e logo a ocupou. Era uma casa simples, como ele já esperava, afinal ainda eram os muros de bronze e todos que estavam aqui podiam ser considerados apenas um monte de lixo, sem valor real algum para a Seita dos Céus das Oito Cores.

Ele sabia que tinha uma semana para se estabelecer neste lugar e somente depois disso teria sua primeira missão. 

Uma semana não era o suficiente para se adequar ao peso do Qi, muito menos para estabelecer devidamente sua fundação que acabou de passar pelo estresse de subir de Classe.

Mas era tempo o suficiente para ele se acostumar com a própria força, e no fim, apenas isso importava. Mesmo com uma fundação instável, com força o suficiente, isso poderia ser ignorado como se não fosse nada.

Após olhar a casa toda, o quarto, sala, cozinha e banheiro, Ranyu Sheng ignorou tudo e sentou-se, diretamente no chão de madeira coberto apenas por um tapete. Depois de fechar os olhos, em um instante percebeu uma claridade sem limites. 

Sabia que já estava dentro da Herança Marcial… e ao abrir os olhos, ver o mar ilimitado de nuvens brancas, e de outras cores, enquanto no céu acima, um azul resplandecente banhava sua consciência. 

Ranyu Sheng não poderia deixar de sentir que acima daquele céu, havia algo horripilantemente insondável… mas seja o que fosse, não importava agora. Sua atenção estava apenas no céu ilimitado diante de si.

Encarando a primeira placa de pedra, branca, que estava a sua frente, começou a compreender a arte marcial que estava escrita nela. 

Alí estava descrita a forma perfeita de mover seu Qi e corpo, como se concentrar na forma de extrair o potencial máximo da técnica, e como a técnica deveria afetar o mundo. Havia uma riqueza de detalhes incomparável com outras artes marciais… não era por nada que essa era a Herança Marcial de um deus. 

Mesmo a melhor técnica que a seita lhe forneceu, nem mesmo descrevia com perfeição a forma de mover o Qi. Nelas era constantemente recomendado tomar cuidado com as ações... enquanto em qualquer arte de cultivo que havia na Herança Marcial, o criador descreveu os métodos de cultivo com certeza absoluta.

Não havia recomendações do que evitar. Caso algo de estranho ocorresse, seria pura incompetência de quem cultivou a técnica. 

Apenas por isso Ranyu Sheng conseguia perceber a diferença de nível entre as técnicas. 

Depois de algum tempo meditando, ele abriu os olhos no mundo real, se levantou e foi praticar.

No fundo da casa havia 3 bonecos de treino, feitos de uma madeira conhecida como Árvore de Ferro Negro. A árvore logicamente tinha esse nome por conta da sua dureza extrema, o que não parecia ser um bom material para um boneco de treino… e de fato não era.

Por isso mesmo que esses bonecos foram feitos com essa árvore. Para serem péssimos objetos de treino. Eles eram incomparavelmente duros e resistentes, machucavam demais quem os golpeava. 

Ranyu Sheng se preparou e socou o boneco com toda sua força! Girou sua cintura, deu um passo à frente e desferiu um golpe com a superfície de todos os dedos! Foi um soco poderoso, preciso e devastador!

Bum!

O barulho do soco soou por toda a casa, mas o boneco ainda estava intacto. E completamente imóvel. 

— Hmmm… — um gemido soou.

"Muito duro!" Por outro lado, Ranyu Sheng estava com uma dor horrível em sua mão, na pele, nos ossos, e uma careta distorcida e feia. Isso doeu um pouco demais…

Ele sacudiu a mão, mordendo os dentes, como se isso adiantasse algo. Até mesmo uma vontade irracional de pular surgiu.

"Dói, dói, dói, dói, dói, dói, dói! Que maldição! Isso dói demais!" Ele segurou sua mão para ver se a dor passava, mas não adiantou de nada. 

A arte marcial que ele estava praticando fazia seus socos serem disparados com toda a sua força e velocidade. E socar uma barra de ferro em forma de boneco tinha consequências.

Preparando sua postura, mesmo sofrendo com a dor intensa…

Bum!

Mais uma vez ele socou o boneco, a dor se espalhou pelo seu punho inteiro. Sua cara se contorceu, mas mordendo os dentes, levantou a outra mão. 

— A dor não é nada mais que um obstáculo!

Bum! Bum! Bum! Bum! Bum!

Cada soco que Ranyu Sheng diferia contra o boneco que nem estremecia, só fazia ele gemer e experimentar uma dor maior que a anterior. A poor dor sempre era a próxima que viria, e ela sempre vinha mais intensa que a anterior!

Seus olhos assumiram um brilho frio e cruel, e seu punho caiu sobre o boneco.

Após 5 minutos de uma tortura autoinfligido com toda a sua determinação e loucura, os punhos dele estavam cobertos de sangue. Agora, eram os ossos que estavam atingindo o boneco negro.

Soco após soco ele continuou, batendo, lutando contra a agonia e a dor extrema e imaginando que esse boneco era seu mais novo inimigo. E era mesmo.

Bum! Bum!

Esse boneco era o inimigo que mostrava a sua fraqueza. O inimigo que feria seu corpo mesmo quando não tinha o poder de sequer revidar. Era o seu pior inimigo, que não tinha nem mesmo vontade — mas estava ali, parado e zombando do quanto aqueles socos eram ridículos. 

Bum! Bum! Bum!

Cada soco desse, repletos de dor e agonia, só dava a Ranyu Sheng mais vontade ainda de ficar forte!

Essa dor que ele estava sentindo não era nada comparado com a humilhação que fizeram ela passar! 

Não era nada comparado com a dor de ver aquele cadáver queimar! 

Nao era nada diante do seu ódio!

— Até eu conseguir minha vingança, nenhuma dor vai me parar! — sem pressa nem preguiça, os ossos dos seus punhos se chocaram com a madeira, fazendo sangue espirrar para os lados.

BUM! BUM! BUM! BUM! BUM!

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