Volume 2
Capítulo 136: A Peça; Desfecho Ridículo. #2
Não havia mais instrumentos de cordas, sopro ou batida tocando para guiar a cena, ao contrário, não havia mais musica nenhuma — apenas os 2 atores estavam no palco, como se eles agora fossem o centro do mundo todo. E seus passos eram todo o som que os espectadores precisavam para prestarem atenção a toda a obra.
Lin Xi caminhou até chegar de frente para o General Vermelho, agora rei de um reino todo, que estava por trás de uma mesa, com alguns papéis em mãos e lendo eles.
Sua atenção foi quebrada quando a mulher estava frente a ele, séria. Virou seus olhos para ela sorrindo levemente.
— O que minha rainha quer? É raro que você venha até mim, pode pedir o que quiser...
— Eu quero que minhas irmãs sejam mandadas para a academia.
Vermelho franziu o cenho. — Elas estão bem aqui no palácio. Os tutores delas não são o suficiente?
— Os tutores são os melhores-
— Então não tem razão para elas saírem daqui.
— Mas na academia elas irão conhecer seus futuros maridos. Já passou da hora delas casarem e começarem a criar suas próprias famílias.
— Casar? Lin Ning não é tão velha...
— Ela precisa casar agora? Não tem razão nenhuma para ela deixar de esperar alguns anos para finalmente casar, conhecer o futuro marido é essencial.
— Por que você está insistindo nisso? — Vermelho largou os papéis. — Suas irmãs estão bem aqui e não há problema nenhum em mantê-las seguras dentro do palácio, como sempre foi feito. Quem sabe o que os opositores poderiam fazer com elas naquela academia?
Lin Xi mordeu os lábios. Indo até o lado dele. A expressão séria em seu olhar se transformou em um desgosto palpável quando ela se ajoelhou lentamente.
— O que está fazendo? Você é a rainha-
— Por favor, Senhor! Liberte minhas irmãs para que elas possam viver. — Lin Xi abaixou a cabeça, ajoelhada e olhando para os pés dele. Sua voz estava rouca.. — Eu já sou sua faz anos. Sou sua mulher. Sua serva. Sou mãe dos seus filhos. Não há mais como me tirarem do meu Senhor... mas, por favor, eu faço qualquer coisa para que minhas irmãs sejam libertas! Eu imploro ao Senhor que poupe elas de viverem o resto de suas vidas como reféns! Eu nunca irei tentar sair do seu lado! Nunca tentei fazer isso...
Vermelho pôs as mãos nos ombros da garota e o cronômetro marcou 20 segundos. Ele falou, com irritação na voz tentando levantar ela.
— Uma rainha não deve se ajoelhar! Levante-se!
— Por favor, Senhor! Minhas irmãs não merecem viver como prisioneiras-
—Chega desse assunto, Lin Xi! — sua voz se tornou grave, irada.. — As suas irmãs irão ficar dentro desse palácio até que eu decida o contrário! Elas não irão para nenhuma academia ou irão arranjar qualquer marido!
5 segundos.
Lin Xi ergueu seu rosto para Vermelho, seus olhos borrados em lágrimas e uma fúria silenciosa e crescente brilhando em suas pupilas. Um ódio intenso queimava ali. O homem estava sobre um joelho, enquanto ela estava com os dois joelhos no chão, suas asas abertas sobre seus braços.
— POR QUÊ?! — seu grito foi acompanhado por um movimento ligeiro da sua mão, que entrou para baixo da sua asa e pegou uma faca, atacando direto no pescoço de Vermelho! Foi um ataque transversal de baixo para cima, que se pega no alto rasgaria a garganta!
De súbito ele pulou para trás, assustado, mas a faca foi mais rápida e fez um rasgo em seu pescoço, enganchando no colar que sempre esteve ali, e arrancando ele com força. O colar foi jogado para o canto.
O som de algo quebrando soou.
0 segundo. O cronômetro zerou.
— POR QUE VOCÊ NÃO QUER LIBERTAR MINHAS IRMÃS, SEU DEMÔNIO PERVERSO?!
Um monte de sangue escorreu pelo pescoço do General Vermelho que ao pular para trás caiu de bunda. Parecia que se tornar rei deixou ele fora de forma.
Uma expressão furiosa brilhou em seus olhos, que guardando um lampejo de medo, o fez abrir a boca.
— SUA PUTA DESGRAÇADA! VOCÊ TENTOU ME MATAR! — seu berro gutural fez a raiva de Lin Xi dar forças para ela pular sobre ele, com sua faca descendo sobre o peito dele, enquanto ao lado uma névoa negra se espalhava em silêncio.
— EU NÃO SOU PUTA! — a faca desceu e chegou a furar seu peito, mas parou alí.
Vermelho segurou suas mãos, abandonando o ferimento da garganta, e bateu com o joelho em seu estômago, jogando ela para o lado. Lin Xi tossiu com dor e agonia, segurando a barriga. A faca escorregou para o lado, entrando na névoa negra cuja existência nem entrou no canto do olho dos dois.
Vermelho se ergueu do chão, furioso e chutou as costelas dela, mas seu chute caiu sobre suas asas plumosas, que protegeram o corpo pequeno, encolhido em uma tentativa de se levantar.
— VOCÊ! — Vermelho não sabia o que falar de tanta fúria e segurou o corte no pescoço que não parava de sangrar! — Como você ousa me atacar, sua cadela imunda?! O que foi que eu fiz para você retribuir dessa maneira?!
Enquanto os dois brigavam, atrás do General Vermelho uma figura extremamente magra e medonha se ergueu do chão, coberto por um manto de escuridão e um olhar intenso, repleto de insanidade e maldade.
— Eu já disse que não sou uma cadela! — Lin Xi abriu as asas, fazendo uma força poderosa bater nas pernas de Vermelho... ou pelo menos era isso que ela queria fazer, mas o homem pulou e pisou nas asas dela.
— AAAAAA! — o grito dela ecoou na sala quando som quebrando do osso ecoou, e agora sem a proteção de suas asas seu corpo inteiro ficou exposto.
Batendo sua asa livre, ela quis atacar o homem, mas um punho desceu sobre sua cara, caindo diretamente no seu nariz!
Pan!
Lin Xi engoliu o grito, e sua cabeça bateu tão forte contra o chão que saltou para cima. Se esperneou, com sangue sujando sua cara toda, enquanto lágrimas brotavam em seus olhos vermelhos de chorar, vermelhos de cólera!
— Se eu disse que você é uma cadela- GuaAAAAA! — suas palavras foram interrompidas quando a figura atrás dele fincou a faca de Lin Xi profundamente em suas costelas, e torceu, torceu e empurrou ainda mais fundo.
Vermelho caiu para o lado, saindo de cima da asa e libertando a garota para se encolher, cobrindo o rosto e quase ignorando a reviravolta na briga. Um jorro espesso de sangue cobrindo suas roupas, fez Vermelho tentar estancar a ferida usando apenas as mãos, porém, havia tanto sangue saindo…
A figura coberta por escuridão, esguia e com mais de 2 metros meio de altura, cabelos longos o suficiente para cobrir seu corpo inteiro — soltou um risada. Uma risada estranha e estridente que mais parecia 100 cacos de vidro se arranhando uns contra os outros.
KIIIIKIKIKIA!
KAAAIIKIKAIAKAIA!
HAKAIAKHAKIAKHAIIII!
EHUAHKIIGAGA!
A coisa olhou intensamente para o rosto do General Vermelho, pálido e distorcido pela dor enquanto encarava a criatura.
— O que... o que é você?! — tentou se arrastar para longe, pavor estampado em sua face diante do perigo desconhecido. Tão estranha era aquela bizarrice que até mesmo seus pés, brancos, eram enormemente desproporcionais com as pernas.
O sangue pingava da faca na mão da criatura. De repente a criatura disparou contra o caído, se curvando sobre ele, enfiando a faca em seu plexo solar, fazendo Vermelho gritar de agonia e segurar a mão da criatura.
— Nã… Não! Eu sou o Re…
Mas aquela faca saiu da sua barriga, subindo mais alto que a cabeça da aberração, que mesmo curvada ainda tinha mais de 1,80 metro, e desceu! Rasgou a carne com brutalidade feroz, fez o sangue se espalhar.
— AAAAAH! NÃO! AAAH! — sua súplica teve como resposta uma facada diretamente abaixo da axila, e outra perto do pescoço, outra na barriga, depois no peito, no peito, no peito, na barriga, nas costelas…
Vermelho gritou, não conseguindo falar nada enquanto uma facada depois da outra perfurou seu corpo. Brutal, completamente monstruoso e sem nenhum pingo de boa vontade a cada golpe.
Lin Xi, amedrontada, se levantou com dificuldade, se afastando daquele espetáculo macabro cheio de sangue e pedaços de carne.
O corpo do homem ficou completamente coberto com seu sangue, assim como pedaços grandes e pequenos de sua pele, carne e outras coisas. Manchado com aquilo que ele fez lavar metade do reino.
— Paaaaaiii~~ — risonho, a aberração falou, sua voz soando como um grito agudo. — Eu matei vocêeeee~ matei~ matei~ matei~
Cada palavra era seguida por uma facada, deixando os olhos do General Vermelho — agora vermelho de verdade — arregalados, incrédulos. Só que agora ele não tinha mais forças para falar nada, apesar de seus olhos dizerem que na sua mente havia 1 milhão de palavras que precisavam ser ditas, e sangrando mais que um animal antes de ser abatido, ele morreu.
Quando Lin Xi se virou para correr daquela coisa, sua asa quebrada arrastando a plumagem no chão, aquilo fez seus passos vacilarem, a voz estridente e enraivecida ecoou como o estouro de um trovão!
— PARE! — Lin Xi foi derrubada, a criatura subindo em cima dela e deixando a faca fincada profundamente no coração do homem, que agora jazia morto e estripado.
— Não! Não! Me larga! Me-
Seu pescoço foi agarrado enquanto ela batia as asas e socava os braços da coisa, uma luta quase em vão. Jogando seu corpo, seu peso, contra o dela, fez Lin Xi não conseguir resistir àquele ser maligno e abominável. Sua cabeça ficou vermelha, mudando para roxo, sua respiração foi cortada.
— Meeeiii... soooltaa... — suas palavras se tornaram estranhas à medida que o aperto em seu pescoço se fortalecia. Chorando, suas forças desapareceram aos poucos.
E foi então que a criatura falou, para seu horror. Falou a coisa que foi o prego em seu caixão.
— Por que você me traiu, Lin Xi? — Lin Xi, agora, estava com a boca aberta. Suas asas se debatendo em espasmos. Mas ao ouvir essa pergunta, seus olhos que estavam vermelhos se focaram no rosto da criatura. Sua expressão de desespero se tornou tão completamente desolada quando suas lágrimas fluíram, que ela pareceu não perceber que cessou sua luta.
— Eeeu não te traii... — gemendo, sua voz estava quase falhando. — Fooi vocêe que não me pro-hic-tegeu... hic...
A criatura medonha — Zhao Piao — apertou o pescoço da mulher até que a cabeça dela se tornasse roxa. Até que seus movimentos parassem completamente. Os segundos se passaram, o aperto em seu pescoço não parou…
Mesmo quando as asas pararam de bater. Mesmo quando as mãos caíram frouxas, e mesmo quando as pernas deixaram para sempre de se moverem em luta… mesmo com isso, o aperto naquele pescoço fino não parou.
Lin Xi morreu ali. Pelas mãos daquele que um dia foi seu amado... e a razão para todas as maiores desgraças da sua vida.
Zhao Piao se levantou. Encarou o cadáver do pai. Encarou o cadáver de Lin Xi. Riu de forma seca, horrenda, estridente.
— Lin Piao... Zhao Hong... as crias da traidora...
Ao dizer isso, ele saiu da sala, com as cortinas mudando a cena para mostrar ele entrando de volta na sala em poucos segundos silenciosos e cheios de um ar maléfico. Nas suas mãos, os cadáveres ensanguentados das duas crianças… pendurados, sem vida alguma.
Ele os jogou sobre o corpo de Lin Xi, dando para quem fosse o infeliz que visse a cena um arrepio pela visão macabra dos filhos mortos sobre o corpo da mãe.
Foi até o cadáver do próprio pai, pegou a faca que estava fincada no coração do morto e enquanto todas as luzes do palco focavam na sua figura macabra, ele derramou lágrimas — e cravou a faca em seu próprio coração. Empurrou fundo, e caiu contra o chão.
A faca fincou ainda mais em seu corpo, principalmente quando o peso da criatura fez até o cabo entrar e a ponta sair do outro lado.
Na cena, o General Vermelho estava coberto de sangue, com os olhos arregalados e suas entranhas quase à mostra.
Lin Xi, coberta por seus filhos, tinha a pele roxa pelo enforcamento. De olhos fechados, sua cabeça pendeu para o lado — dando a ela o tormento do sono eterno.
E entre eles, uma criatura medonha, coberta por um manto negro de escuridão que causava horror, sangrava pela boca enquanto uma ponta de faca surgia pelas suas costas expostas.
As cortinas se fecharam lentamente, dando a plateia a visão perfeita da chacina que era a cena final do Romance de Lin Xi e Zhao Piao.
Não havia mais músicas. Não havia mais os quadros mágicos ou as risadas doces das irmãs... no final, apenas cadáveres foi o que restou. Apenas o sangue e o sofrimento permaneceu até o fim dessa obra de arte grotesca, horrenda, e incrivelmente bem encenada.
Essa coisa deveria mesmo ser chamada de romance?
Qin Xa apertou os olhos. Respirou fundo. Passou as mãos no rosto, esfregando os olhos com os dedos e suspirando, exasperada.
Quando Qin Xa pensou que não poderia ficar pior sua experiência em um teatro, dada o quão horrível foi essa que ela acabou de passar, ela viu uma mulher com lindas asas tão brancas quanto neve subir ao palco.
Seu Mar de Qi estremeceu ao ver horror no comportamento daquela mulher.
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