Volume 1

Capítulo 66: Luta na corte

Após ameaçar e coagir o rei Sutran, Alaric, junto a Gideon e Aldebaram deixaram o palácio. Os dias transcorreram tranquilos, com o jovem sendo reconhecido como herói por supostamente salvar o rei da explosão no prédio de pesquisa. Leon, que testemunhou tudo, foi persuadido pelo monarca temeroso a manter-se em silêncio. Assim, cinco dias se passaram.

Durante esse período, Astrid e Nadine se aproximaram mais, e o grupo como um todo se fortaleceu. Naquele dia, foram convocados novamente para o palácio, onde o rei havia concluído o dispositivo solicitado por Alaric.

Depois de percorrerem o local, encontraram-se diante das imponentes portas do palácio. Alaric liderava o grupo, seguido por Aldebaram e Gideon, enquanto Astrid e Nadine ficavam no final. Dolbrian, o ancião, havia ficado descansando na hospedagem, seu ferimento ainda o causava problemas.

— Ainda não posso acreditar que você ameaçou o rei... — Nadine cruzou os braços, exibindo uma expressão descontente. — Às vezes, você é tão inconsequente…

— Foi um elogio? — Alaric virou o rosto na direção dela com um sorriso sarcástico. Em seguida, começou a vasculhar o local com o olhar, como se estivesse procurando alguém. — Hmm, parece que o soldadinho do vento não está aqui desta vez.

Diferentemente da última vez, quando Saimon apareceu repentinamente e lançou Alaric pelos ares, ele não estava presente agora. O jovem simplesmente abriu as portas e adentrou. Seguiu pelo pátio até chegar à sala do trono.

— Alaric! — O rei parecia prestes a saltar do trono para recebê-lo, tamanho era o seu nervosismo. — Venha, aproxime-se.

Ao lado do rei estavam Leon e Saimon, de guarda. Do outro lado estavam a rainha e a princesa. Todos observavam os jovens com certo receio, alguns por já estarem cientes do ocorrido, outros por saberem do suposto envolvimento de Alaric com a realeza de Aldemere.

"No topo da hierarquia, os três mais poderosos do reino, não é?" Durante sua estadia em Lidenfel, Alaric descobriu que Saimon, Leon e, surpreendentemente, a princesa Lilia eram conhecidos como os "Guardiões da Coroa". Eles eram os três soldados mais formidáveis do reino. Saimon, o Guardião dos Céus, era famoso por sua habilidade com magias de vento. Leon, conhecido como o Guardião Assassino, destacava-se por sua destreza letal. E Lilia, a Guardiã Suprema, era reconhecida por possuir poderes superiores aos seus dois companheiros.

O grupo liderado por Alaric avançou em direção ao trono, ajoelhando-se conforme a etiqueta exigia. Embora o gesto fosse mais uma formalidade para Alaric, ele o fez, especialmente com alguns nobres observando de longe. Um silêncio tenso preencheu a sala, enquanto o rei aguardava com ansiedade as palavras de Alaric.

Após alguns segundos, Alaric se levantou, exibindo um sorriso arrogante.

— Rei... ou devo dizer, cachorrinho? — Sua voz carregava um tom desafiador. — Você fez o que eu pedi?

O comportamento petulante deixou todos atônitos. Nunca imaginaram alguém se dirigindo ao soberano dessa maneira. Saimon, entre os presentes, foi o primeiro a reagir, estreitando os olhos e avançando na direção de Alaric.

— O que você pensa que está fazendo, seu verme insolente? — Saimon começou a conjurar uma massa de ar em sua palma. — Está pedindo para morrer?

— Ora, parece que encontramos o soldadinho de vento — Seus olhares se encontraram, faiscando com tensão. — Vai tentar algo ou só vai continuar com as ameaças?

— Alaric! O que diabos você está pensando!? — Nadine recuou, já preparando-se para invocar suas criaturas e alcançar seu arco. — Não posso acreditar que você está me forçando a lutar! Que ódio!

O resto do grupo reagiu instantaneamente à tensão. Aldebaram e Gideon se posicionaram lado a lado, empunhando suas armas com firmeza. Astrid se colocou ao lado de Nadine, suas unhas começaram a se transformar em garras afiadas.

Leon correu à frente de suas majestades, brandindo suas duas adagas, enquanto Lilia permanecia imóvel no mesmo lugar.

A atmosfera estava carregada, sugerindo uma iminente batalha sangrenta. No entanto, Alaric surpreendeu a todos. Num movimento repentino, ele invocou suas espadas, mas as transformou em porretes, atingindo Saimon em cheio.

— O que!? Seu maldito! — Saimon foi lançado alguns metros para trás, mas graças ao seu domínio sobre a magia do vento, conseguiu estabilizar-se no ar. — Eu vou te fazer pagar por isso!

— Desculpe, mas estou sem paciência para lutar no momento — Os três porretes começaram a pairar ao redor dele. — Mas se por acaso não estiverem a fim de ganhar alguns hematomas em nome de um rei... digamos, inútil, é só baixarem as armas.

Todos o encaravam perplexos, não apenas pela sua audácia, mas também pela sua magia. As armas douradas que ele conjurara eram algo raramente visto. Até mesmo os nobres, encolhidos pelo medo ao fundo, começaram a cochichar.

— Se você acha que vou me curvar diante de um fraco como você — Saimon franziu o cenho, suas veias faciais saltaram com um olhar severo. Ele apontou a palma da mão na direção de Alaric e proferiu: — Lança de Zéfiro!

Na palma da mão, uma densa massa de ar começou a se comprimir, brilhando intensamente até tomar a forma de uma ponta afiada, pronta para ser lançada na direção de Alaric. A ponta se esticou, puxando o cabo, e então voou em direção a ele a uma velocidade acima do normal, tão rápida que o jovem mal teve tempo para reagir.

Entretanto, percebeu uma corrente de ar deslocando-se ao seu lado e vislumbrou um vulto de cabelos brancos passar rapidamente. A lança de ar comprimido, agora voltada para Gideon, foi interceptada. Com um movimento ágil, ele ergueu sua Escolion e a desceu com vigor, rompendo a magia ao meio antes que alcançasse seu alvo.

— Mas! Como! — Saimon mal podia acreditar no que via diante de seus olhos — Uma arma Antimagia!? Como indivíduos tão inúteis possuem algo assim!?

— Inúteis? Acho melhor você mudar esse pensamento. — Gideon assumiu uma postura firme, erguendo a Escolion sobre os ombros com um sorriso confiante. — Ele é alguém de grande poder, e eu sou o escolhido... É bom você guardar essas informações com cuidado…

Alaric observava Gideon com um sorriso genuíno e orgulhoso, enquanto Nadine ainda exibia um leve desgosto no rosto, porém sorriu ao ver a atitude do jovem. Aldebaram, sempre sorridente e orgulhoso dos que mais amava, se juntou ao grupo, junto com Astrid, exibindo um sorriso alegre. Todos estavam orgulhosos de Gideon.

— Majestade — começou Aldebaram, aproximando-se de Gideon com sua Misriam empunhada. — É melhor atender ao desejo de Alaric.

Ah, cale a boca — Saimon, já farto, avançou em direção a Aldebaram com uma velocidade impressionante, graças ao seu domínio sobre as correntes de ar. — Morra!

Uma espada de ar comprimido formou-se em sua mão, toda branca com vórtices por toda sua extensão. Ele tentou decapitar o guerreiro, em um movimento horizontal. No entanto, seu ataque foi impedido por um porrete dourado que bloqueou o golpe.

— Você não vai conseguir nada aqui — disse Alaric, movendo levemente o indicador. O porrete que havia bloqueado o ataque moveu-se, acertando o rosto de Saimon e lançando-o para trás novamente. — Fique quieto aí.

Saimon desmaiou instantaneamente sob o impacto do golpe. Embora fosse conhecido como um dos mais fortes de Lidenfel, diante da tríade de oponentes à sua frente, ele se tornava insignificante, como uma formiga diante de gigantes. Alaric já antecipava por isso.

O jovem começava a recobrar a consciência lentamente, mas antes que pudesse reunir seus sentidos, Alaric avançou rapidamente e desferiu um poderoso chute em sua cabeça. O som resultante foi agoniante, ecoando pelo ambiente e fazendo com que todos desviassem o olhar, impactados pela brutalidade da ação.

— Admito que exagerei — disse Alaric enquanto observava o rapaz caído. Preocupado, ele se agachou e colocou a mão em seu pescoço, buscando por uma pulsação, que ainda estava presente. — Relaxem, ele está vivo.

Ele se ergueu com uma determinação palpável, virando-se na direção do rei, ainda amparado por Leon, cujo olhar transbordava de ódio. Apontou a palma de sua mão na direção da majestade.

— Então, conseguiu cumprir o que lhe pedi? — perguntou Alaric, enquanto o rei revirava os olhos. Em resposta, Alaric fez os porretes ao seu redor vibrarem, uma clara ameaça pairando no ar.

— S-sim, é claro — respondeu, olhando para Lilia ao seu lado, que permanecera imóvel desde o início. — Entregue a ele, minha filha...

Com um aceno de cabeça, ela começou a avançar em direção ao jovem. Seus passos eram elegantes, seu olhar penetrante, gelando a espinha do rapaz. O som de seus calçados ecoando no chão parecia hipnotizar Alaric. Então, ela retirou uma esfera prateada de trás de si.

— Estou pressentindo algo ruim, Aldebaram — sussurrou Gideon, observando tudo com uma crescente tensão.

— Eu também, garoto — respondeu Aldebaram, fazendo um gesto para chamar as garotas para perto deles. — Venham, será mais seguro ficarmos juntos.

O rei, ao testemunhar Lilia retirar a esfera, irrompeu do trono em um frenesi de emoção:

— É agora, Lilia!

Com um movimento fluido, ela lançou a esfera ao ar. Alaric, percebendo o gesto, lançou-se em direção ao objeto com uma determinação palpável. O tempo parecia estagnar, e os olhos da multidão se arregalaram em expectativa, incapazes de prever o desenrolar dos eventos. 

A esfera começou a girar no ar, elevando-se gradualmente enquanto irradiava um brilho tênue que logo se intensificou, refletindo a crescente tensão no ambiente. Finalmente, emitiu um clarão ofuscante, seguido por um pulso de energia que se propagou instantaneamente em todas as direções.

— O que você fez!? — Alaric estava atônito, sem compreender o que acabara de ocorrer. Em um piscar de olhos, os bastões de mana divina que o circundavam começaram a se desintegrar. — Não me diga... Sutran!

— Alaric, o que está acontecendo!? — Gideon perguntou, visivelmente aflito.

— A manifestação da mana dele está sendo impedida — afirmou Nadine, observando os bastões se desfazendo lentamente, gotejando o dourado da mana, que se tornava mais sombria à medida que se aproximava do solo.

Enquanto Alaric ainda tentava assimilar o que havia acontecido, testemunhou Lilia colocando a mão atrás das costas, onde uma capa clara como a luz se formou, e retirando uma espada feita de pura energia luminosa. 

Com um movimento fluido ao sacar a espada, ela aproveitou a curva do gesto para desferir um golpe em direção ao estômago do jovem, que recuou rapidamente, sentindo a proximidade assustadora da morte passar por ele como uma leve brisa.

Ao recuar, Alaric saltou para a esquerda, escutando um estrondo e observando o local onde estava há apenas um instante ser atingido pela lâmina da garota. Ela avançou novamente em sua direção, com voracidade. Ele estava vulnerável sem suas espadas de luz. O coração de Alaric disparou, seus olhos se arregalaram e sua respiração se tornou irregular diante da iminente ameaça que se aproximava.

Num lampejo de alívio, Alaric avistou a sombra da garota sendo interceptada pelo brilho prateado da Escolion de Gideon, que bloqueou com destreza o ataque direto.

— Recue, Alaric! — Gideon gritou enquanto travava um duelo de lâminas com ela, seu olhar preocupado se voltou para o irmão. Mas esse breve desvio de atenção custou caro, pois a garota aproveitou a abertura para se desvencilhar do embate, saltando para trás, fazendo Gideon perder o equilíbrio ao se inclinar para frente. 

Quando aterrissou, já se lançou novamente na direção do jovem, com a espada de luz apontada para frente e o braço totalmente estendido, uma aura de energia envolveu sua mão. O perigo era iminente, e uma única estocada poderia ser fatal.

— Gideon!! — Alaric gritou desesperado, incapaz de fazer mais do que assistir enquanto seu irmão estava prestes a ser perfurado.

— Gideon, salte! — Ele não hesitou, movendo-se rapidamente para fora do caminho da lâmina da garota.

Em um instante, Alaric sentiu uma massa de ar deslocar-se sobre ele, trazendo consigo os resquícios de uma brisa poderosa. Com uma percepção impressionante, Lilia ergueu sua espada para se proteger, mas não escapou ilesa. Ela foi atingida pela força, sendo arremessada vários metros para trás. Seu corpo voou descontrolado, enquanto lutava contra a força do vento, até colidir com as paredes da sala do trono, estremecendo a estrutura.

Alaric voltou seu olhar para a fonte desse poder, encontrando Aldebaram sorrindo. Ele estava em uma posição levemente inclinada, como se tivesse acabado de brandir seu machado.

— Vamos, Alaric! — Gideon apressou-se ao lado de Alaric, segurando firmemente seu braço e quase o arrastando consigo.

Alaric levantou-se prontamente, seguindo Gideon em direção a Aldebaram e as garotas. No entanto, em um instante, uma presença ameaçadora se fez sentir, acompanhada pelo assobio do vento. Em um vislumbre viram as lâminas negras ao lado de Alaric, e atrás delas, o olhar furioso de um assassino implacável. Este desferiu um golpe enquanto ainda estava no ar.

— Droga! — Alaric saltou na direção de Gideon, escapando por pouco do golpe da adaga que cortou o ar onde seu pescoço estava segundos antes. — Velocidade digna de um assassino... Leon...

O guardião assassino, Leon, errou o golpe e pousou no chão, ficando sobre os jovens agora caídos. Aldebaram balançou sua Misriam com firmeza, gerando outra onda de ar que se dirigiu em direção ao jovem, levando tudo consigo no caminho. Contudo, Leon apenas inclinou seu corpo para frente, deixando a onda de ar passar por cima dele e colidir com a parede, resultando em ventos descontrolados que agitaram as roupas dos nobres que assistiam ao embate, ainda atônitos.

— Aldebaram, sempre admirei sua força — Ele avançou em direção ao guerreiro, suas adagas em punho, inclinando-se para frente para aumentar sua velocidade, quase distorcendo sua forma enquanto se transformava em um vulto. Em poucos segundos, estava ao lado de Aldebaram, girando suas mãos como uma roda mortal de duas lâminas, prontas para retalhar o guerreiro ao meio. — O quê!?

No entanto, seu ataque foi detido pelas garras afiadas da Dragonoide, que segurava uma das lâminas.

— Você não vai machucar meu pai! — Entretanto, suas pupilas dilataram ao sentir outra ameaça por trás e vislumbrar brevemente o brilho da luz. Lilia girou o gume de sua lâmina para cima e, em um movimento diagonal ascendente, buscava cortar as costas da garota.

No entanto, sentiu a lâmina do machado duplo do guerreiro se aproximando com voracidade suficiente para partir aquele salão ao meio. Desistindo do golpe, forçou sua perna esquerda contra o chão, gerando um impulso que a lançou para o lado direito. Seus olhos testemunharam o gume de Misriam, descer até o solo, partindo-o em muitos pedaços. Isso desequilibrou Leon, que ainda tentava se desvencilhar da Dragonoide. Sem opções, largou sua adaga e saltou para trás.

— Vocês realmente são poderosos… — disse Leon, pousando levemente à frente do rei, ao lado de Lilia. — Mas não terão chances aqui, se entreguem.

“Droga, meus braceletes não respondem!” Nadine tentava invocar seus poderes desde o início, mas até aquele momento não obtivera sucesso, o que a frustrava.

Todos do grupo de Alaric, inclusive o próprio, observavam Leon com os olhos estreitos, soltando faíscas, mas também estavam com a respiração pesada.

— Vocês não têm intenção de se entregar, não é? — Ele baixou a cabeça, já estressado e até triste, e a ergueu com um olhar determinado. — Ahh, Fúria das sombras!

Ninguém entendeu o que ele faria após dizer aquilo, mas num piscar de olhos, ele havia desaparecido da vista de todos, como um vulto negro, cortando o peito de Aldebaram, em seguida, atingindo Astrid pelas costas. Ignorou Nadine por não representar perigo. Por fim, chegou a Alaric, colocando a lâmina em seu pescoço. Foi como se ele fosse uma bola preta, passando de um alvo ao outro tão rápido que não houve tempo para reação. Tudo isso com apenas uma adaga.

— Astrid!! — Gritou Gideon, impotente, ao ver sua amada sendo ferida.

Ao término do golpe, todos os atingidos caíram ao chão, sangrando das feridas, recém-infligidas. Gideon quis reagir, mas com a lâmina no pescoço de Alaric, qualquer movimento em falso o levaria à morte.

— Me rendo… — Alaric ergueu as mãos em sinal de rendição. — Não os machuque mais.

— Levante-se — ordenou Leon, mantendo a lâmina junto ao pescoço de Alaric. Este obedeceu, erguendo-se lentamente, enquanto o assassino o mantinha sob ameaça. O olhar de Alaric transbordava ódio, suas sobrancelhas franzidas, enquanto o de Leon permanecia sereno. — Agora, dirijam-se à frente do rei. E vocês, façam o mesmo, senão ele morre.

Ninguém tinha como contestar. Aldebaram levantou-se, mesmo com o ferimento em seu peito, a armadura mitigou parte do impacto. Astrid, por sua vez, só conseguiu levantar-se graças ao apoio de Nadine, que a ergueu com cuidado e a ajudou a caminhar. Suas vestes finas não foram suficientes para conter o golpe, e sua pele, menos protegida pelas escamas, sofreu o impacto profundo.

Todos se ajoelharam, com os dois joelhos no chão, como prisioneiros prestes a serem executados, diante do rei que sorria arrogantemente.

— Alaric… Achou que poderia lutar contra mim? Contra o rei? — Ele olhava para suas unhas, desviando o olhar para Alaric com desdém. — Você me forneceu sua mana para estudos, você mesmo trouxe sua derrota. Tudo por sua arrogância.

“Não há como negar…” Alaric havia mesmo cedido sua mana para os estudos, resultando na criação do dissipador de mana divina. “Dessa vez, não há escapatória, Alaric…” afirmou Apolo, com a voz mais fraca que o usual.

— Esposa, levante o Saimon. Ele está patético jogado naquele canto. — Ordenou o rei, enquanto a rainha prontamente se dirigia para socorrer Saimon. Em seguida, o rei voltou seu olhar para Lilia. — Minha filha, execute primeiro a de cabelo roxo. Parece ser a mais fraca.

No mesmo instante, Alaric arregalou os olhos, juntamente com todos os presentes. Ele ameaçou reagir, mas sentiu o gume da adaga pressionando contra sua garganta. Seus olhos se ergueram em fúria até Leon, que o observava altivamente. Então, ouviu-se o primeiro passo da carrasca, seguido pelo segundo. O clima tornava-se pesado, a claridade desvanecia e sua mente começava a girar. Seu olhar buscou o rosto daquela que tanto o havia ajudado.

Ela lançava-lhe um olhar desesperado, suas pupilas tremiam. Era o rosto puro de alguém que havia alcançado o abismo, e ele a olhava de volta, enquanto o abismo era representado pela espada brilhante de Lilia, que o fitava como um leão faminto por sangue.

“Preciso fazer algo, eu preciso... Acho que está na hora...” pensou Alaric, e Apolo respondeu: “Chegou a hora então? É sua última alternativa, não falhe, todos confiam em você.”

— A arrogância está do seu lado, rei... — Ele lançou um olhar confiante para o rei, que estremeceu, mas a lâmina pressionou ainda mais. — Leon, até tinha certo apreço por você...

— O que está dizendo!? Enlouqueceu!? — Sutran saltou do trono, a mão estendida à frente. — Leon, Lilia, matem todos!

Nos segundos que restavam, Alaric fechou os olhos, mergulhando dentro de si mesmo, encontrando uma luz. Ele foi em direção a ela, deparando-se com um garotinho aparentemente assustado. Ao tocá-lo, compreendeu seu medo...

— Tranquilize-se, iremos proteger a todos... — Disse para o garotinho de luz.

Então, sentou-se diante dele, unindo suas mãos às dele, e respirou fundo, sentindo seu corpo arder. A mana tentava fluir pelos membros. Ele inverteu seu curso, guiando-a para seu coração, concentrando-a em um único ponto. Uma estrela se formou, e no ápice desse momento, Alaric abriu os olhos.

Seus olhos brilhavam como a lua cheia no céu noturno. Naquele momento, Alaric acabara de desencadear sua habilidade "Estrela Divina".



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