Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 7: Início do caos

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Prometeus: Estacionamento naval

Na área de pouso 2, em meio ao hangar que por motivos que eu desconhecia era civil, mas fazer o quê? Reclamar não ia resolver nada, então só ignorei.

— Me acompanhe Poul. — Estava descendo a rampa do portão de acesso traseiro.

— Preferiria acompanhar uma dama. — Ele descia atrás de mim.

À nossa frente, desfrutamos de uma vista deslumbrante. Um vasto espaço de concreto escuro, onde todas as naves estacionavam em áreas demarcadas, iluminadas por sinalizações. Diria que era certo exagero, tantas naves e pessoas.

O amplo espaço tinha fim em uma impressionante estrutura circular, encimada por um teto de vidro em formato de cúpula. No final, tudo isso era apenas para impressionar a elite e gerar patrocínios.

Até porque, as informações que havia recebido, contava que este local parecia ser um salão de festas exclusivo, reservado apenas para convidados especiais, ou seja, aqueles com considerável poder aquisitivo.

Os menos afortunados testemunhariam a inauguração em um espaço de festas menos requintado. Como devem imaginar, fomos convocadas exclusivamente para garantir a segurança da elite durante o evento…

Ao descer a rampa, percebi uma presença lá em cima me observando. Ao me virar, me deparei com uma garota de olhar baixo, distante, com os braços cruzados. Sarah, que parecia preocupada, abatida… Não suportava ver aquilo, mas não tinha muito o que eu fazer naquele momento.

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Elizabeth: Sala médica

Lidar com dores constantes na lombar, que começavam como marteladas e se espalham por toda as costas ao longo do tempo, era desafiador. A intensidade tornou-se insuportável, e agora, enfrentando a triste realidade, era crucial buscar uma solução para aliviar ou remediar essa dor persistente, algo que tentei por muito tempo não fazer.

— Aqui. — Sarah entregou duas caixinhas de remédios. — Um é analgésico para suas dores, e o outro são nanobots médicos, destinados a tratar especificamente sua lombar.

— Obrigado, minha doutora. — Forçando um sorriso, mesmo com as dores, peguei as caixinhas das mãos de Sarah. — Você é a melhor.

— Pare! De se fazer de forte! Ezekiel! — Ao Escutar isso, assustei-me e, ao fitar o rosto de Sarah, vi seus olhos umedecerem. — Você… Você.

Por isso, evitei ir à sala médica, sabia que a Sarah agiria dessa forma. Ela, mais do que qualquer outra pessoa, se preocupava profundamente com seus pacientes, especialmente comigo. Sarah sempre foi assim. 

“Garota, porque se preocupa tanto comigo, você-” 

— Porque você tem que se fingir de forte!? — Sua postura estava rígida, enquanto fechava as mãos com toda a força.

— Porque, eu sou o comandante.

— Mas logo você? Porque não o Poul ou o Victor, até a Sofia pode cumprir esse papal de forte!

— Todos são fortes, mas precisam de alguém ainda mais forte em quem confiar, alguém que possa testemunhar toda a sua perseverança.

Ao escutar, ela dirigiu seu olhar ainda úmido a mim, seus ombros desmontaram.

— E você…? Quem te passa essa confiança?

— Quem? — Um sorriso de canto se abriu em meu rosto. — Alguém tão forte quanto eu.

Sarah não compreendeu o significado dessas palavras, alguém mais forte que seu comandante parecia impossível para ela. No entanto, eu reconhecia alguém mais forte que eu, alguém que me ensinou a ser quem eu era. 

— Preciso ir, a missão vai ter início. —  Aquele olhar, aquela expressão…. Inclinei meu corpo na direção dela. — Fique com isso. — Beijei seu rosto.

De imediato, ela ficou completamente ruborizada, era possível sentir o calor emitido de sua vergonha. Hahaha! Estava com saudades de ver isso; ela esteve reprimida, abatida e triste por todo esse tempo. Testemunhar finalmente uma reação normal era libertador.

Colocando a mão na região do beijo, ela adquiriu uma expressão perdida há tempos; um olhar brilhante acompanhado de um sorriso contido, mas genuíno.

— Bobo….

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Prometeus: Estacionamento naval

Eu e Poul, caminhávamos pelo estacionamento naval, estava à noite, mas era bem iluminado. Por ser a céu aberto, a iluminação era fornecida por refletores e postes espalhados por todo local. 

— Que fumaceira. — Poul abanava a mão à frente do rosto. 

— Já devia estar acostumado. — Andava com as mãos nos bolsos do sobretudo.

A fumaça serpenteava dos compartimentos das naves, liberando vapores esbranquiçados ao abrirem as portas hermeticamente fechadas. Os propulsores rugiam, expelindo uma densa cortina de fumaça que se misturava ao ambiente. Nada ali remetia ao termo "ecológico".

— Fala isso para meus pulmões.

Caminhávamos praticamente imersos em meio a uma densa neblina, onde as luzes dos postes se dissipavam em contornos difusos. Nossa visão encontrava-se severamente limitada; conseguíamos perceber a presença adiante, mas tudo se desvanecia em uma bruma embaçada.

— Estou preocupado. — Com a visão tão limitada, seria difícil indentificar algum perigo. — Vamos rápido, Poul.

Aceleramos os passos, obrigados a depender dos sentidos além da visão. Concentramo-nos na audição, ouvindo uma sinfonia de passos intermináveis entre as milhares de pessoas que trilhavam o caminho. O tinir estridente dos motores, um tormento para nossos tímpanos. Manter a atenção significava ter nossos ouvidos aguçados, e para isso, utilizávamos os implantes intauriculares,  ao custo de qualquer ruído minimamente alto resultar em severos desconfortos. 

Ecos e mais ecos de vozes ao fundo, à frente e aos lados. Tudo isso acabava por me deixar um pouco tenso.

— Papai! Papai! — Uma criança procurando seu pai, provavelmente havia a deixado para trás.

— Querido, vamos? — Uma moça chamando seu acompanhante.

— Ei! Tire as mãos da minha nave! — Um rapaz indignado por mexerem em sua nave.

— Uma arma!

Virei-me rapidamente na direção de onde ecoou o grito, Poul e eu corremos. A neblina obscurecia a visão e restringia a locomoção, exigindo rapidez em nossos passos. 

— Não atire! 

Parecia algo sério, tínhamos que chegar rápido. Entre milhares de naves, virava uma esquina, mas nada. Poul virava outra, mas nada. A neblina intensificava a sensação de estar perdido em um labirinto de sombras.

— Ei! Pa- — Já estava com o revólver em mãos, mas ao chegar no local, vi apenas um pai e um filho brincando. — Me perdoe.

A criança ficou apavorada, gritando, enquanto o pai a pegava no colo e saía resmungando. Era evidente que havia cometido um erro, algo incomum para mim.

— Vamos, Poul — Ele me seguiu, e agora, além de todos os outros sons, um novo integrava a sinfonia: os choros de uma criança assustada. 

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Prometeus: Salão de festa principal 

Ao adentramos as enormes portas vermelhas que obstruiam a entrada, algo bem exagerado diga-se de passagem, mas tudo bem. Entramos no Salão de festa da elite, um lugar enorme. 

— Estamos em um jogo de xadrez? — O chão abaixo de Poul, era todo quadriculado em preto e branco. 

— Se for assim, todas as pessoas aqui são as peças. — Observei o local, onde quatro pilastras de mármore branco se destacavam, posicionadas mais ao meio. Elas sustentavam caminhos de concreto, formando uma espécie de jogo da velha, que se estendiam até as paredes circulares, provavelmente desenhadas para oferecer sustentação estrutural. — Parece que esse salão foi feito pensando em jogos.

— Jogos e riquezas. — Poul colocava as mãos nos bolsos, inclinando a cabeça para cima. Enormes lustres de ouro, pendiam nos caminhos de concreto, proporcionando a iluminação necessária. — Muito exagero.

— Ali provavelmente será a apresentação. — Apontava para um palco que ficava de frente para a entrada, mas fundo do salão e, uma tela imensa estava na parede atrás desse palco. — Tela, sem ser holográfica? — Era estranho ver uma tela comum, nesses tempos. — Bem, que seja, vamos subir.

Eu e Poul subimos até as passarelas que contornavam as paredes, elevando-nos a uns treze metros acima dos caminhos de concreto. Essa altura proporcionava uma visão completa de tudo lá embaixo, constituindo uma posição estratégica. 

— Bom, analisamos o local. Pensou em algo? — perguntei a Paul. 

Hmmmm — Ele colocava a mão no queixo, enquanto seus olhos navegavam por todo local. — Ali. — Apontou para os lustres. — São enormes e provavelmente aguentam o peso humano.

— Você está pensando em colocar atiradores neles? 

— Exato, também podemos…..

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Salão de festas: 22hrs

O tempo passou, e o horário da festa finalmente havia chegado. O local rapidamente se encheu, todos vestidos de gala, afinal, pertenciam à elite, com ternos pretos impecáveis e vestidos enormes e elegantes.

“Eu não me encaixo aqui” A alta classe podia ser glamourosa, mas nunca combinou comigo. 

— Bom vou- — Do nada, a enorme tela na parede começou a chiar, como se estivesse desintonizada. O ruído estridente cortou o ar festivo, introduzindo uma dissonância perturbadora na elegância da ocasião.

“Acho que alguém cometeu um erro” Portava uma taça de vinho na mão, e um terno inteiro preto no corpo, precisava estar a caráter. Junto a isso por algum milagre convenci Poul a tirar aquelas roupas chamativas e vestir um terno. Falei que as damas iriam gostar….

“Esse chiado está começando a irritar as pessoas. Espera o que!?” Ao observar a tela chiando mais ao que aparentava desligada, vi de relance uma letra aparecendo e sumindo. “J? O que significa isso?”

“Ahn?” Escutei um engatilhado de arma. “Merda!” Rapidamente comecei a avançar entre os convidados, me espremendo e abrindo passagem.

— Com licença. — Passei por um moça de vestido vermelho. — Desculpe. — Passei por um rapaz de terno branco. — Sai da- É, me dê licença. — Quase me exaltei, mas mantive o controle. 

Na final, havia muita gente, tornando difícil passar. Tudo parecia girar, e eu me encontrava perdido no meio da multidão. A sensação era mais abafada do que apertada, criando uma atmosfera sufocante em meio à aglomeração incomum e irritante, parecia que estavam se juntando de propósito. 

Vozes e mais vozes, mas nenhuma era relevante, barulhos incessantes, mas nenhum era algo que me importasse. Precisava encontrar a origem do som de engatilhar, estava sufocado, faltava ar, minha pulsação parecia aumentar. Preciso encontrar uma saída, preciso.

Ting!

Um barulho agudo, me virei rapidamente já pegando a arma… Entretanto, era apenas um garçom desastrado derrubando uma taça.

— Poul! — Apertei meu lóbulo o contatando. — Tudo correto, aí?

— Melhor que nunca. 

Ao olhar para as passarelas, vi Poul acompanhado de duas mulheres... perfeitas, sim, a perfeição as definia. 

— Poul! Concentre-se na missão! — Me exaltei, acabei chamando um pouco de atenção. — Na missão de nossas vidas, causar nesta festa! — Tentei me fingir de apenas mais um bêbado idiota. 

— Quer estourar meus tímpanos? — Ele soltou as duas moças e se apoiou no parapeito da passarela, fitando-me de cima. — Eu tenho o controle de toda situação, relaxa. — Ele balançava a taça de vinho em sua mão. — Você parece nervoso, tome algo. Tá tudo tranquilo.

Talvez Poul estivesse certo. Eu estava excessivamente nervoso, preocupando-me com cada mínimo ruído, cada rosto. Talvez devesse apenas beber e apreciar a festa. Relaxar era essencial diante dessa atmosfera esquisita, ao invés de me deixar levar pela inquietação constante.

“Que seja” Dei uma golada no vinho. Cheguei próximo a uma pilastra.

“O que é isso?” Na pilastra havia um “J”, tateei, parecia mais profundo que o comum, quase como se tivesse sido feito a faca. 

“Ahn?” Me virei rapidamente, havia sentido uma presença atrás de mim, como se tivesse alguém, mas ao observar não tinha nada. As pessoas por algum motivo não se aglomeravam ali. “Poha, tô paranóico” Dei outra golada no vinho.

“Vermelho?” Vi algo da cor vermelha no chão, me abaixei e passei a mão. “Talvez vinho?” Achando que era apenas vinho, me levantei e continuei a vagar. Não ia lamber para ter a plena certeza.

— Senhor — começou Suzuhara. — Tô tendo um mal pressentimento. 

— Você também? — Sabia que não era apenas eu. — Dobre a atenção, qualquer coisa suspeita me avise.

Suzuhara estava vestindo, um vestido luxuoso, todo verde. Estava bela.

Observei a saída, notando dois de nossos homens posicionados. Além deles, por toda a festa, havia soldados da tripulação, alguns disfarçados como convidados e outros sem disfarce, patrulhando. A segurança estava reforçada.

— Sofia. — Apertei o lóbulo. — Como está aí?

— Nada anormal. — Sofia conversava com algumas pessoas da alta classe, mantendo o disfarce. 

Ela usava um vestido longo, todo branco. Aquela garota estava deslumbrante.

“Tomara que o Poul, esteja realmente prestando atenção.” Ao virar meu olhar para onde Poul estava, deparei-me com um beijo triplo entre ele e suas acompanhantes. “Merda, Poul”. 

— Ei, bonitão. — Uma moça aproximou-se de mim.

— Que nada, são seus belos olhos. — Deu um sorriso de canto, e bebi mais vinho. 

— Galanteador, gostei. — Ela envolveu o braço em meu pescoço. 

— Eu… — Ela pode não perceber, mas observei ela jogar um pozinho em minha bebida. Eu agarrei sua cintura e um largo sorriso abriu-se em minha face. — Tá muito barulhento aqui, vamos para um local mais reservado.

Ela assentiu com a cabeça e agarrou meu braço. Olhei para Poul, que tinha acabado o beijo e estava observando tudo do parapeito. Passei o braço pela cintura dela e, discretamente, fiz o sinal de um com o dedo. Poul entendeu, mantendo-se no lugar.

Passei pela Suzuhara, que redobrou sua atenção e por fim, pela Sofia que começou a me seguir.

Ui, garotão. Tá querendo ir longe é? — Ela começou a desabotoar meu cinto.

Hahaha! Não, não. — A peguei o corpo dela e girei-a jogando contra parede. — Só acho cruel querer me drogar, enquanto flertava comigo.

A mulher que antes portava uma expressão confiante e sexy, viu seu semblante desaparecer para dar lugar a um arregalar de olhos e embranquecimento na pele, ficando pálida.

— Senhor. — Sofia havia chegado. — Essa é a suspeita?

— Sim, tentou me drogar. Provavelmente alguma droga para dormir. — Voltei meu olhar para moça. — Quem são seus cúmplices?

Ela não estaria agindo sozinha. Havia mais alguém com ela, não tinha como saber quem eu era. No entanto, para ter tentado algo assim, algumas informações deveriam ter vazado.

Tsc, está louco. — Ela olhou para Sofia. — Seu namoradinho é maluco.

Aquela mulher, que antes estava pálida pelo susto, recuperou uma expressão arrogante. Semicerrando os olhos, me olhava de cima abaixo, revelando uma atitude um tanto desafiadora. 

— Fala! Quem são seus cúmplices!

Ela virou o rosto, parecendo não ter interesse em revelar nada, colocando-me em uma situação complicada. Quem mais sabia da minha identidade? A incerteza se misturava ao suspense, enquanto eu tentava decifrar os acontecimentos ao meu redor.

— Responda, meu comandante! — Sofia aproximou-se e pegou a moça pelos cabelos. — Responda!

— Cala boca, sua vadia! 

Ela cometeu o maior erro de sua vida: irritar a Sofia, algo que nem eu teria coragem de fazer.

— Responda! — Ela puxou a moça pelo cabelo e desferiu um soco em seu estômago, o impacto foi seco e pouco ressoou. 

— Sua cachorra, maluca!

Sofia estreitou o olhar, sua expressão ficando ainda mais séria. Desferiu outro soco no estômago da moça.

— Argh! Urgh… — A moça começou a vomitar pelas pancadas. — Não… vou falar.

— Pare, Sofia. — Toquei em seu braço. Imediatamente, ela soltou a moça. — Peça para alguns homens te acompanharem, e a leve para a cela da nave.

Sofia saiu e levou a moça consigo. Deixei expressamente proibido que ela tocasse na moça com violência, e como ordens para ela eram absolutas, Sofia obedeceria. Torturar a moça naquele momento não adiantaria, provavelmente ela não abriria o bico. Além disso, a cena de espancamento começava a chamar a atenção das pessoas.

“Quem está por trás disso?” Me perguntava enquanto voltava a festa, antes passei na mesa das bebidas e troquei meu vinho batizado, por um normal.

“Preciso ter olhos nas costas agora” Alguém surgiu no palco. Um homem elegante, bem vestido de cabelos longos negros.

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Salão de festas: 23:46

“Vai começar a apresentação” Me misturei a multidão, e comecei a observar.

— Senhoras e senhores, sintam-se abraçados por toda a colônia de Prometeus. Hoje à meia-noite, inauguraremos oficialmente a primeira colônia fora do sistema solar. Com orgulho, nós, humanos, alcançamos esse marco. Cruzamos a fronteira de nosso sistema, e antes disso, é claro, cruzamos a fronteira de nosso planeta. Tantos sacrificaram suas vidas para que esta colônia existisse aqui hoje...

“Nem citar o número cita, foram mais 3000 mortes. Entre explosões de naves, falta de segurança no trabalho e outros problemas, para construir essa colônia”

O povo baixou o olhar, e um clima melancólico tomou o salão. Era um momento de respeito pelos que se foram, seria lindo se não fosse pura falsidade. A elite não se importa com as vidas mais carentes, e nunca se importaria, a menos que afetasse seus bolsos.

— Gastamos esforços e recursos preciosos, tudo por um bem maior. Vocês contribuíram para isso...

“Bem maior... enquanto tantas pessoas morrem de doenças por falta de dinheiro. A elite não contribuiu para isso; quem contribuiu foi a classe baixa, com os impostos exorbitantes que tiveram que pagar, financiando esta colônia” Bebi mais um gole de vinho.

“Ahn?” Eu vi uma pessoa passar como um vulto entre a multidão. Rapidamente, me desloquei, passando entre as fileiras apertadas, buscando aquela pessoa.

Salão de festas: 23:51

— Licença. — Passei por um cara. — Dá licença. — Passei por uma mulher.

— Senhor! — Poul me contatou. — Tem algo estranho, entre a multidão várias pessoas começaram a se movimentar aleatoriamente.

— Contate os outros, e informe a situação. — Parei bruscamente e tentava observar ao redor, mas via apenas pessoas e mais pessoas. — Mantenha-se alerta.

Precisava achar logo aquela pessoa! — Quem é!? — Havia sentido uma presença atrás de mim, mas ao me virar tinham apenas as pessoas comuns observando o palco.

“Merda!” Virei meu rosto, sentindo outra pessoa parada ao meu lado. “Droga” de novo, agora na frente. Parecia estar cercado por algo invisível.

Salão de festas: 23:54

Escutava passos, mas todos estavam parados. Ouvia assobios macabros, mas todos estavam em silêncio. 

“O que!?” Senti de novo alguém atrás de mim, ouvi a brisa leve de um vulto ao meu lado, e do outro, e de novo e de novo, mais uma vez. 

Salão de festas: 23:56

“O que está havendo!?”  

— Aa- 

— E com isso mudaremos a história da humanidade.

Me espantei, mas era apenas o apresentador discursando. Estava atento, qualquer mínimo ruído ou mudança de ar me assustava, meu pelos começavam a arrepiar. 

“Sai!” Senti uma bufada em meu pescoço e me virei rápido.

Fiquei nas pontas dos pés para tentar ver por cima das pessoas. Vi Suzuhara correndo, assim como eu, de um lado para o outro. Poul observava assustado lá de cima, suas pupilas dilatando-se. Sofia não estava mais no salão. A cena tumultuada aumentava a tensão, enquanto eu tentava entender, sem sucesso, o que estava acontecendo.

Suzuhara parecia assustada, focalizando seu olhar em todos os lugares possíveis. Poul já havia afastado suas acompanhantes. A situação tornava-se ainda mais desesperadora, eu sentia isso. Meu coração acelerava cada vez mais. Minha respiração já estava descompassada, e não víamos ninguém, o que me deixava ansioso, apreensivo.

Salão de festas: 23:57

— Com isso, irei lhes apresentar nosso maior patrocinador.

Isso chamou minha atenção, virei para ver quem era, e a tela se acendeu.

— Ele não quis dar seu nome, e respeitamos sua privacidade. Contudo, nos forneceu uma letra de seu nome.

“Um rico não querendo se achar?” Alguém da elite não querendo atenção? Não querendo parecer o mais poderoso?

— Ele é…. — Na tela atrás do apresentador, uma letra surgiu. — ele é o “J”!

Salão de festas: 00:00

“Que barulho é esse?” Tac, tac, tac…

— Bomba!! — Berrei, para que todos escutassem: uma bomba estava plantada. O barulho era impossível de não reconhecer.

Só isso já causou caos e pânico. As pessoas corriam em direção às portas, caindo e derrubando as outras. Gritos ecoavam por todos os lados; as pessoas haviam perdido a razão, buscando apenas a própria segurança em meio ao tumulto.

— Senhor!!! — Poul me contava desesperado.

— Meu ouvido!!! — Coloquei a mão no ouvido dolorido. — Merda, que foi!?

— No teto….

Ao olhar para o teto, vi apenas silhuetas e seus olhos brilhantes. Não um, nem dois, muito menos três. Eram centenas de homens acima do teto de vidro da cúpula. E, atrás desses homens, nossos dois mechas, que, estavam no hangar de nossa nave. Agora, eu entendia o motivo de ter sentido um arrepio, ao colocar o pé para fora da cama no dia em que recebi essa missão.

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Notas:

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