Sinfonias Galáticas Brasileira

Autor(a): Yago.H.P


Volume 1

Capítulo 5: Primeiros Passos

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Elizabeth: Ponte de comando 

O espaço à minha frente estava vazio; apenas os asteroides navegavam pelo vácuo. Eu observava tudo através das telas holográficas que desempenhavam o papel de janelas, enquanto as verdadeiras permaneciam fechadas devido à ativação do modo de defesa.  

Estava novamente em meu "trono", finalmente sentindo o calor dos aquecedores. Já estava farto do frio proporcionado por aquela velharia que chamavam de nave.

Ainda estávamos em alerta, todos ali tinham os olhares atentos e ao mínimo estranhamento reportavam de imediato. 

— Suzuhara. — Estava com as sobrancelhas arqueadas e o olhar fixo nela. — Algo de diferente?

Suzuhara examinava o mapa, analisando cada pequeno grão de poeira, assegurando-nos de que ninguém estava escondido.

— Não, senhor.

Respirei profundamente, e meu olhar relaxou. Parecia que nossos algozes haviam recuado, não estavam mais ali. Joguei minhas costas no encosto.

— Vincent. — Minhas pálpebras semicerraram enquanto eu o fitava.. — Como estão os motores? Ou o casco? Alguma avaria?

Mesmo que os ataques tenham sido realizados por corvetas de gerações passadas, consideradas fracas. Ainda assim, eu sentia certa apreensão de que algo ruim poderia ter acontecido. Especialmente depois de termos sido teleportados e ficarmos alheios ao que ocorria aqui.

— Vou conferir. — Ele examinou a sua tela holográfica.

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[Nave]

Codinome: Elizabeth

Classe: Cruzador | Geração:

[Opções do engenheiro]

Verificar integridade | Energia | Motores

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Vicent então clicou na opção “verificar integridade”.

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[Verificar Integridade]

Casco: 100%| Escudos: 86%| Motores: 100%

Outros: Nenhuma Avaria Detectada

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— Senhor, sofremos apenas alguns danos no escudo. 

Mesmo que seus projéteis físicos eram fracos, conseguiram baixar a vida do escudo, ou seja, alguma hora nossos escudos iriam cair. Contudo, levaria horas e provavelmente suas munições iriam acabar antes disso. 

Voltei meu olhar ainda semicerrado para as janelas holográficas à frente. 

— Me deixe ver o espaço naturalmente. — Fiz um gesto com a mão para Poul. — Desativa o modo de defesa.

— É pra já. — Foi a vez de Poul observar sua tela holográfica.

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[Nave]

Codinome: Elizabeth

Classe: Cruzador | Geração:

[Opções do oficial tático]

Armas | Modos | Análise de dados

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Poul selecionou a opção modos, afinal, era lá que estava seu objetivo.

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[Modos]

Defesa | Ataque | Camuflagem 

Ativado: Defesa 

Intensidade: Máxima

Sacrifícios: Agilidade, ataques médios e fortes

[Deseja desativar o modo defesa?]

Sim | Não 

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— Pronto. 

Ao desativar o modo defesa, a nave retornava ao seu estado normal, readquirindo suas placas externas comuns, menos resistentes, porém mais leves, recuperando assim sua agilidade. O escudo de força esverdeado, translúcido e gerado pelos motores de pulso, se dissipava.

As pequenas armas retráteis nas laterais da nave recuaram para dentro, enquanto as armas maiores reassumiam suas posições expostas. As placas de metal que haviam coberto as janelas agora se levantavam, e as telas desapareciam.

— Finalmente o espaço visto pelos meus próprios olhos… — Meu rosto se iluminou com um sorriso suave, e meus olhos recuperaram finalmente seu brilho.

Observar o espaço por uma tela holográfica era desanimador; a emoção não se equiparava, assemelhando-se a simplesmente olhar uma foto do espaço enquanto se encontrava entediado na cama, na Terra. A experiência de vê-lo pessoalmente, com os próprios olhos, era incomparavelmente diferente.

Enquanto contemplava a vastidão à minha frente, senti meu rosto aquecer. Lançando um olhar discreto de lado, pude notar Sarah..

De braços cruzados, seu olhar sério fixo em mim e os lábios apertados. Quando virei meu rosto na sua direção, seus olhos desviaram.

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Elizabeth: Sala médica 

— Não conte para ninguém sobre isso. 

Sarah franziu as sobrancelhas, e um olhar perplexo tomou conta de sua expressão facial.

— Porque? 

— Simples. — Começava a levantar-me da cama hospitalar. — Não quero ter dor de cabeça desnecessária.

Manter essa informação longe da tripulação era importante; divulgar algo assim só geraria preocupação, algo indesejado na iminência de nossa missão. Era importante manter o foco inabalável durante a missão.

— Mas… eles vão te apoiar. — A bela doutora a minha frente, semicerrava seu olhar um pouco voltado para baixo. — Você sabe disso.

— Sarah… — Sentado na beira da cama, alcancei as mãos dela, que eram suaves ao toque. — Confie em mim.

Ela estava muito apreensiva e preocupada; mal percebeu meu gesto, ou se percebeu, não deu importância naquele momento. Provavelmente, achava que não era o momento apropriado para isso.

— Além do mais, logo estarei melhor. — Pulei da cama e fiquei em pé diante dela. — Viu? Tô novinho em folha… — Isso mesmo que eu disse, mas, na realidade, esse salto resultou numa dor insuportável nas minhas costas.

— Bobo… — Aquele olhar para baixo tão apreensivo… Não aguentava ver aquilo.

Então, com dois dedos sob o queixo dela, suavemente a guiei até nossos olhares se encontrarem. 

— Relaxa, você é minha doutora. — Meus olhos se fecharam suavemente, e um sorriso gentil se manifestou em meu rosto. — A melhor de todo universo.

Aqueles olhos escuros que me lembravam o universo, ficaram marejados sob os óculos, e um sorriso gentil surgiu em seu rosto. Foi a primeira vez que a vi sorrir desde ela me informou sobre minha lombar.

— Você é tão mal… 

— Eu? Mal?

— Sim, me preocupando…. — Seus dedos começaram a percorrer suavemente meu peito, eu estava sem camisa. — Me obrigando a guardar segredos…

— Talvez eu seja mal… — Não entendia o que ela queria. Para mim, estava triste e apreensiva, mas agora parecia desejar algo comigo. — Posso confiar que guardará segredo?

Ela retirou os dedos do meu peito e esticou o mindinho.

— Juro de mindinho.

Era um juramento que jamais poderia ser quebrado, mesmo que fosse apenas uma brincadeira de criança, sempre respeitamos esse compromisso.

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Elizabeth: Ponte de comando 

— Eu vou monitorar o Victor. — Sarah ainda com um olhar sério, saiu da ponte de comando.

Não havia muito a fazer a respeito disso. Manter em segredo minhas condições médicas era crucial, como mencionei anteriormente; contar provavelmente só geraria uma preocupação desnecessária.

Além disso, mesmo que fosse compartilhado apenas entre os oficiais, a disseminação dessa informação pela tripulação comum poderia suscitar desconfiança em relação ao meu poder e posição. Todos confiavam na imagem de um homem forte e destemido, sem fraquezas e firme em suas decisões. Qualquer sinal de fragilidade poderia abalar a confiança da tripulação em minhas capacidades, e uma tripulação desconfiada não era o que eu queria no momento.

Mesmo assim, Sarah foi realizar uma tarefa importante. Victor, desde nosso retorno do território inimigo, encontrava-se em um estado delicado, algo peculiar considerando sua recuperação geralmente acelerada pelos nanobots.

Durante a ausência de Victor, Vincent, mesmo com capacidades limitadas, assumiu o controle da nave. A pressa era necessária, pois já estávamos atrasados para a missão.

— Ativar motor de dobra! — O destino da cerimônia estava a menos de duas horas de distância, e se nenhum outro contratempo surgisse, chegaríamos com apenas uma hora de atraso.

— Atenção! Iniciaremos a viagem de dobra novamente. Por favor, coloquem os tampões auriculares, para prevenir dores de cabeça e problemas auditivos. — Vincent usou o microfone virtual, a nave toda escutou. Bem, que bom que ele fez isso… Porque, novamente havia me esquecido de avisar….

Vincent tocou no ícone em sua tela holográfica e, com isso, o motor de dobra começou a vibrar vigorosamente. A nave inteira sacudiu. O motor, inicialmente vermelho, transformou-se em incandescente, dando a sensação de que poderia explodir a qualquer momento. O som emitido era agudo, mas agora todos estavam bem protegidos auditivamente.

O motor liberou um pulso que atravessou toda a extensão do espaço-tempo. Esse pulso, em seguida, se contraiu, formando uma bolha ao redor da nave. Na ponte de comando, diante das janelas, o espaço parecia estreitar-se ou comprimir-se, delineando um caminho.

— Comandante, devo relatar nossos imprevistos? — Poul coçava seus cabelos cinzas, enquanto observava sua tela holográfica com as sobrancelhas arqueadas, meio incerto.

— Não. — Mantive meu olhar fixo à frente, observando o universo se aproximando enquanto a nave avançava velozmente. — Invente uma desculpa, depois eu dou um jeito de explicar.

A situação toda foi confusa e suspeita. Passei bastante tempo refletindo enquanto ainda estava naquela cama hospitalar. Mas nunca chegava a uma resposta definitiva. Primeiro, considerei a possibilidade de piratas; no entanto, piratas que não saqueiam? Isso não fazia sentido. Com cinco naves, seria lógico que tentassem atacar com todas para abordar a nossa, mas não o fizeram..

Mesmo que tivessem alguma relação com as mechas no hangar, se fosse algo relacionado a eles, ainda assim teriam tentado nos abordar.

“Ataque russo?” Podia ser uma possibilidade. Os russos costumavam realizar ataques, e no espaço, a jurisdição era branda, para não dizer inexistente. Ataques entre países eram comuns, já que não afetavam a Terra. No entanto, não me pareciam russos.

“Queriam eu? Alguém da minha tripulação?” Todos os meus oficiais carregavam passados intensos e complexos: ex-traficante, ex-terrorista, ex-motorista de fuga, filhas de pessoas importantes e ricas, e um com um passado do qual eu tinha pouco conhecimento.

“Mas… Se fosse algo com eles, porque nos deixaram ir embora?” Não fazia sentido; não era algo pessoal, já que nos mantiveram vivos.. 

Minha tarefa está cumprida.” Palavras de Liam, a tarefa dele era apenas nos atacar? Nos atrasar? Será que era isso... atrasar nossa viagem até a inauguração colonial.

“Ainda assim, tem algo que não entendo… Como invadiram nossos sistemas?” Nossa nave era de oitava geração, enquanto as deles eram no máximo de quinta. Ou seja, a tecnologia delas era antiga em comparação, e a nossa, mais avançada, com sistemas de segurança e criptografia superiores. Mesmo assim, interferiram na viagem de dobra e na criação da camuflagem. Para fazer isso, precisariam….! Não pode ser!

— Um traidor! 

Todos presentes na sala de comando me olharam confusos, acabei me exaltando…

— Nada. — Voltei meu olhar para Vincent. — Falta quanto para chegarmos?

— 5 minutos. 

Assim, passei os minutos restantes contemplando o espaço enquanto avançávamos. O motor de dobra perdeu potência, a vibração diminuiu, o som tornou-se mais suave, e a coloração foi gradualmente voltando ao normal, perdendo o estado de incandescência.. 

O espaço estava vazio e, em questão de segundos, nossa nave apareceu, como se tivesse sido teleportada. Dentro da nave, vimos apenas o espaço se expandindo, e assim estávamos no novo setor espacial, na inauguração da primeira colônia fora do sistema solar, um marco humano.

À nossa frente, além do vácuo eterno, diversas naves de várias classes se estendiam: cruzadores, ônibus interespaciais, corvetas, destróieres, naves coloniais, naves de abastecimento, fragatas, caças particulares e uma nave capitânia, onde o líder de todo o Império Londrino se encontrava.

— Suzuhara, atualize o sistema. — Joguei uma perna sobre a outra, apoiei meu cotovelo no suporte do "trono" e minha mão sustentou meu rosto. — Vamos ver nossa missão.

Aquela pasta que Ethan jogou no meu colo quando me passou a missão, permaneceu fechada até o momento, apenas Sofia…

— Ei, Cadê a Sofia? — Era comum ela estar na ponte de comando.

Suzuhara baixou seu olhar e soltou um leve suspiro; parecia haver algo a preocupando ou a deixando triste.

— Não sei o que aconteceu na outra nave…. Mas Sofia, desde que voltou, não saiu de seu quarto.

— Entendo. — Estava tão ocupado, com tantas coisas em minha mente, que nem consegui conversar com a Sofia, aquela garota… Não era normal ela agir assim… — Bom, depois eu resolvo isso. Suzuhara.

Ela entendeu o abriu o holograma com nossa missão.

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[Frota]

Codinome: Estar Fire

Comandante: Ezekiel | Código de comando: 57328

Nível de frota: 10

Naves a disposição: 7 | Utilizadas atualmente: 1

Mais | Missões

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Suzuhara então clicou em “missões”.

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[Missões]

Total: 38 | Cumpridas: 38 | Taxa de sucesso: 100%

Fatalidades: 0%

Novas missões | Histórico

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Suzuhara pressionou a opção “novas missões”

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[Novas Missões]

Garantir a integridade de sua majestade, junto a inauguração colonial

[Informações]

População presente: 1000000

Nacionalidade dos presentes: Londrina e Russa 

Duração da missão: Até o fim da inauguração

Perigos: Nenhum perigo, além do comum

[Recompensas]

Destinado aos oficiais: Possíveis promoções

Destinado ao comandante: Nova nave para frota

Destinado a todos os participantes da missão: Bonificação em dinheiro 

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— Ezekiel, eu já fui terrorista... — Poul me olhava preocupado. — Um local com tantas pessoas, ainda mais das duas nações, digamos que seria o sonho de um terrorista.

Poul estava correto; com tantas pessoas, a fiscalização tornava-se difícil, apesar dos scanners e sensores espalhados por toda a colônia. Mesmo com a vigilância pesada, algumas coisas ainda escapavam. E dada a população das duas nações, encontrar um culpado posteriormente se tornaria uma tarefa complicada.

Ah, não me diga. Está meio óbvio. — Levantei-me bruscamente, mandíbula firme, olhar sério à frente e postura ereta, projetando a imagem de um líder determinado. — No entanto, faremos o máximo possível. Utilizaremos toda a tripulação, pois a falha não é uma opção. — Olhei para Suzuhara. — Abra o mapa fornecido.

Como éramos uns dos principais responsáveis pela missão, nos forneceram um mapa detalhado de toda a colônia, incluindo todas as tubulações, pontos cegos e passagens secretas.

Suzuhara abriu o mapa à frente de todos na ponte de comando. A área era muito extensa, sozinhos não conseguiríamos dar conta. Tínhamos sorte de contar com apoio.

— Oficial tático, Poul. — Olhei para ele, enquanto caminhava em direção aos controles. — Contate os outros comandantes e repasse cada ordem minha.

Como mencionado anteriormente, eu era o responsável por esta missão e, graças ao nível máximo de frota, 10, tinha autoridade total sobre todos os outros comandantes. Óbvio que qualquer erro ou falha, recairia sobre mim.

— Suzuhara, você irá usar sua ilusão e criar o máximo que conseguir de soldados.

Apesar de serem apenas ilusões, Suzuhara podia utilizá-los como olhos e observar boa parte do local. No entanto, uma limitação a barrava: seu cérebro não suportaria receber tantas informações, então ela teria que maneirar. Outro motivo para eu mandá-la fazer isso era a velha tática de causar certo receio através dos números; ao ver tantos "soldados", aqueles que poderiam querer causar problemas ficariam acuados.

— Poul, você fica responsável por toda a parte tática; isso inclui planos de contra-ataque e planos de emergência. — Coloquei a mão em seu ombro. — Depois confio em você e em suas chamas para proteger todos.

Os olhos de Poul brilharam. Ter alguém confiando nele sempre o deixava emocionado e alegre. Ele era o responsável por toda a parte tática, o melhor que eu poderia ter. Ou seja, seus planos eram perfeitos, seus comandos certeiros e suas chamas poderosas o suficiente para incinerar milhares de pessoas. Ainda pensava em como ele estava se sentindo, após não poder fazer muito contra o Liam, mas ao que aparentava, isso não o afetou. 

— Vincent, cuide da nave.

O poder de Vincent não podia ser usado no meio de tantas pessoas; era reservado para momentos de extrema emergência. Como sempre, ele não reagiu muito. Mas, se estava na minha tripulação, significava que confiava em seu potencial.

— Como a tropa especial está sem ofi-

— Quem disse que está sem oficial? — Entrando triunfalmente, Sofia caminhava a passos firmes, enquanto amarrava seus cabelos prateados. — Almirante Sofia, apresentando-se para o serviço. — Uma continência digna de filme.

Aquela garota, haha! Perfeita, realmente ficar parada não fazia parte do seu estilo. Ela podia estar dilacerada, mas sempre se levantaria de novo e de novo. Sofia, a mulher à qual confiava minhas costas e minha alma. Sofia, a mulher à qual confiava minha vida. Essa idiota seguidora de regras... Sem ela, eu já teria afundado há muito tempo. Meus olhos marejados e o lábio inferior sendo mordiscado, demonstravam meu apreço por essa mulher.

— Almirante Sofia. — Eu não podia esconder minha alegria ao vê-la bem, ao vê-la em pé. — Prepare a tropa especial.

Dizer essas palavras significou muito mais do que dar ordens; era como oferecer uma nova chance para ela. E, todos presentes ali sorriram; Poul passou o braço por cima de mim, Suzuhara colocou a mão nos olhos, e Vincent... bem, Vincent expressou sua aprovação da maneira dele. 

Com tudo pronto, nossa missão teria início, estava na hora de cumprir o que foi nos passado.

— Vamos! A missão nos espera!

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Notas:

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