Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 10: Um aperitivo de um futuro distante

Nailah, entediada com a conversa dos adultos, foi conferir as diversas opções de comidas de verão. 

— Uma loja de frutas… Uma loja de salgados… 

Nenhuma lhe despertava a atenção, mas prestes a dar meia volta, um adolescente que corria desesperado quase a atropelou. 

— Desculpa, desculpa! 

— Sem probl- — Porém foi interrompida enquanto falava. 

— Ei! a gente vai se atrasar! 

Nailah curiosa, perguntou para onde iam com tanta pressa. 

— Você não sabe? Recentemente uma barraca mágica abriu aqui perto. 

— Ei! Por que tá parado aí? Vem logo! 

— Barraca mágica? — perguntou Nailah. 

— Desculpa mesmo, mas não vou poder explicar agora. — E foi embora correndo. 

Nailah, interessada em encontrar o que eles tanto procuravam, foi até a barraca onde os dois corriam, deparando-se com uma fila quase quilométrica, que chegava a uma barraca com uma grande placa escrita “Kakigōri de sabores diversos!”.  

Essa palavra estranha despertou ainda mais sua curiosidade, mas antes de entrar na fila, ela pensou se a espera valia a pena. 

“Se a fila é grande, a comida deve ser boa.” — Com esse pensamento em mente, resolveu entrar na fila. 

...

Após algum tempo, ela finalmente viu alguns clientes saindo com o produto em mãos. 

— Isso é... gelo?! — “Como tem gelo nessa época do ano? E por que estão comendo isso? Gelo tem gosto? Mas quando provei neve…”, pensou. 

— Próximo! — A fila andou mais rapidamente do que o esperado, e, ao chegar mais perto, foi possível ver o preço salgado do gelo estranho. 

— Que caro, vou ter que gastar quase todo o meu salário nisso… 

Ainda que hesitante, ela não queria sair de mãos vazias depois de tanto tempo na fila. No meio desse impasse, finalmente chegou a sua vez. 

— Que sabor vai querer? — Perguntou o senhor não muito simpático da barraca. 

— Sabor? — Na barraca havia um cartaz com sabores de frutas. — Vou querer de melão por favor — disse, entregando o dinheiro. 

— Aqui está. — Foi uma vasilha que continha o gelo que passava duas vezes a altura do recipiente, com uma calda verde e alguns pedaços de melão que cobriam o gelo misterioso. 

— Como vocês conseguem gelo em pleno verão? 

— Eu pessoalmente não sei, o dono diz que vem das montanhas, próximo! 

Andando, Nailah pensou bem antes de dar a primeira mordida. 

— Se isso tiver gosto de gelo, vou pessoalmente acertar as contas com aquele cara. 

 A dúvida e o arrependimento, porém, se dissiparam imediatamente após pegar uma colher de gelo verde e colocar em sua boca. 

— Que… Doce!? 

Além do sabor inesperadamente agradável, o gelo trazia uma sensação refrescante, difícil de se obter em pleno verão. 

— Vou mostrar para minha mãe depois… Será que dá para fazer um mochi de gelo? 

Voltando à onde os adultos estavam, Fuyu perguntou. 

— Você viu o Aki? 

— Sim, ele estava cavando um buraco com uma garota, bem… ali? 

Onde apontava, não havia nem buraco, nem o Aki. 

— Ué, mas eu tinha certeza de que ele estava ali… — Olhando para os arredores, também não o encontrou. — Para onde será que ele foi? 

 

— E não é que você estava certa Mie! Se um dia eu formar um império você será minha estrategista! 

Nada além de conversar com Mie em um corredor subterrâneo. De alguma forma, eles realmente encontraram uma passagem secreta apenas cavando para baixo. 

— Eu nunca estou errada. 

— Aliás, o que é esse tesouro escondido? 

— … 

— Veio aqui sem saber o que está procurando? 

— Eu não erro, mas também não sei de tudo. 

— Então, como vamos encontrar o tesouro se não sabemos nem como ele parece? 

— É... Só seguir em frente que encontraremos uma porta! 

— E depois? 

— Se eu contar não vai ter graça. 

— Tudo bem. 

O corredor não tinha curvas nem caminhos alternativos, mas após andarem um longo percurso, encontraram uma parede de tijolos. Aki não disse nada, apenas virou seu rosto com um olhar de reprovação. 

— Hã… É, é um clichê obvio! 

— Isso é uma parede, não tem o que inventar agora. 

— Por que alguém construiria esse corredor para nada? 

— Tem razão, mas será que tem algum caminho além desse? 

Aki tentou empurrar e chutar a parede, mas falhou. 

— É... C-certamente uma passagem secreta da passagem secreta! Um enigma. 

— Você está quase certa garotinha — disse a voz de um homem adulto. 

Os dois ficaram arrepiados e, lentamente, foram se virando para trás. 

— Não se espantem, sou o dono deste lugar, mas não estou bravo. Querem ver como entrar? 

— É claro! — disse Aki. 

— Não precisa! Estamos de saída — disse Mie. 

Os dois responderam de formas opostas ao mesmo tempo. 

— Hm… Tem certeza de que não quer ver o meu tesouro escondido garota? 

— N- Tudo bem. — Eles já tinham sido pegos, então ter um pouco de curiosidade não faria mal. 

E assim, os dois concordaram de seguir o homem suspeito ao seu esconderijo. 



Comentários