Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 11 – Arco 4

Capítulo 52: Bellatrix

— … Sabe, você é a primeira.

— … A primeira?

— A primeira amiga que tive.

Ela percebeu que aquela era uma conversa que estava para se repetir, mas não interrompeu quando Bellatrix começou a lhe murmurar ao ouvido. 

Quando a noite recaiu e a casa entrou em profundo silêncio, onde apenas a luz das estrelas recaiu acima de suas cabeças e mesmo o abajur se apagou, Ryota respirou fundo e ouviu.

— Foi a primeira que pude abraçar. A primeira que contei um pouco sobre meus problemas. A primeira com quem compartilhei os meus verdadeiros gostos, que pude ouvir a história de amor, que pude ter uma noite das garotas tão divertida... A primeira que… Pude me conectar de verdade.

Àquela altura, as lágrimas de ambas haviam secado, mas nenhuma delas tinha se movido para limpar os rostos úmidos.

Quando Ryota abriu seu coração, parecia que algo dentro delas se intensificou, mas se tornou ainda mais leve. Era mais fácil respirar, mais fácil de se aconchegar contra os travesseiros sem pestanejar.

— Eu sou muito grata, Riri. Por me mostrar o seu mundo.

Ela se recordou de algo semelhante. Quando, uma vez, Bellatrix havia lhe dito.

“Eu sou o tipo de pessoa que quer conhecer o mundo todo, e só então parar em um único lugar. Ou talvez nem parar, e ficar assim até eu morrer!”

Naquela época, não foi capaz de compreender o significado por trás daquele sonho. O desejo de uma garota que estava presa dentro do próprio mundo, de um desejo de reconhecimento, mas também de conhecer e explorar o de outras pessoas.

— … Você me contaria, Bella? Sobre o seu mundo?

As mãos que nunca se separaram se apertaram, apenas de leve.

— É claro, Riri.

A falta de hesitação naquelas palavras, imbuídas com o que parecia um indício de respeito e compreensão quase fizeram Ryota soluçar. Mas, outra vez, apenas se calou, e focou sua atenção em ouvir os sussurros na escuridão fluorescente do quarto.

— Desde que me lembro, eu nunca consegui me aproximar de ninguém. Eram dias muito, muito solitários.

E assim, dessa vez, foi Bellatrix quem começou a narrar sobre um tempo triste e nostálgico.

***

Era uma vez, uma princesa que vivia dentro de seu quarto.

Ainda que a princesa criada dentro daquele cubículo estivesse ao alcance de todas as necessidades de sobrevivência fornecidas pelos pais, não era o suficiente. 

O amor maternal e a rigidez paternal a prenderam em um espaço onde poderia ser quem quisesse, mas isso não foi o bastante. A princesa queria amigos, queria conhecer o mundo fora daquele quarto, mas jamais seria capaz de atingir seu único desejo.

Porque ela não era interessnte o suficiente. Era infantil, uma filhinha mimada por pais que seguravam as rédeas de seus braços para impedi-la de sair de seu controle. Redigida por ensinamentos aos quais afirmavam que o mundo era perigoso, as pessoas eram traiçoeiras, iriam corrompê-la.

Era uma família composta por um casal com seus três filhos. O mais velho partiu cedo quando atingiu a maioridade, e nunca mais voltou. O do meio era de grande orgulho e usado como o exemplo, mas também partiu para nunca mais voltar. Por fim, a última filha, a caçula, foi forjada com base nos dois últimos que foram retratados como ingratos que criaram a própria independência.

A erradicação do controle gerou ainda mais compadecimento por parte da mãe e firmeza por parte do pai, o que fez com que a garota com nome de estrela, que não pôde seguir seus dois irmãos mais velhos, vivesse sozinha, em seu próprio castelo.

Ou assim deveria ser, até aquele dia.

***

Bellatrix tinha dez anos quando viu o irmão mais velho discutir com o pai e bater a porta da casa, virando-se de costas sem olhar duas vezes para trás. Ela, que se agarrou ao irmão do meio para conter os tremores da confusão e do medo, nunca mais o viu.

Aos treze, a mesma cena se repetiu, mas com mais civilização. O irmão do meio tinha grande inteligência e um temperamento adequado, e convenceu os pais de sua partida quando fechou a porta da frente de casa. Ele olhou para trás uma única vez, abriu um sorriso triste e se foi, e ela nunca mais o viu.

Nas duas vezes, ouviu os soluços da mãe. Nas duas vezes, os resmungos e xingamentos do pai. Nas duas vezes, ambos disseram coisas semelhantes a ela.

“Eu poderia ter feito mais… Poderia ter cuidado melhor dele. Se apenas o tivesse ouvido…”

Era o que a mãe repetia.

“Ingratos! Malditos! O mundo vai ensinar uma lição a eles, e você jamais deve ser como eles.”

Era o que o pai repetia.

Diversas e diversas vezes, ao ponto daquelas palavras repetirem na mente como um mantra. Bellatrix nunca se esqueceria disso, e certamente seus pais também não.

Eu preciso ser uma boa filha. Não quero fazer a mamãe chorar, e nem desonrar o papai.

Foi o que ela mesma repetiu para si mesma.

Não posso ser egoísta. Vou fazer o que eles dizem.

Era contraditório, no entanto — a mãe desejava ouvir suas verdadeiras dores, o pai queria que as reprimisse e apenas fizesse o que era mandado.

Não posso erguer a voz, ou vão me odiar.

Criaria discussões e brigas ao se opor, então ela permanecia em silêncio durante todas as vezes. Aprendeu a conter as lágrimas e a disfarçar o aperto no peito, guardando as amarguras.

Não posso ser indiferente, ou vão me culpar.

Sorria para os pais, mesmo que não quisesse. Fingia lágrimas, ainda que nada viesse a sentir. Era gentil, amável e sorria, ainda que seu coração quisesse o oposto.

Eu quero ser amada. Não quero ser descartada também.

Ainda que os irmãos tivessem saído por aquela porta da frente por conta própria, sabia que também haviam sido expulsos. Bellatrix, mesmos em todos os anos conseguintes, tinha ouvido as reclamações e arrependimentos do pai que, assim como o filho mais velho, tinha um forte temperamento.

“Onde eu errei? O que eu deveria ter feito para impedir isso? Eu apenas queria protegê-los.”

Bellatrix não compreendia a razão da proteção, mas aceitava. Ela não conhecia o mundo com os próprios olhos, apenas usava a própria imaginação para forjá-lo através das palavras ouvidas e dos relatos dos pais.

Eu preciso ser uma boa filha, ou vão me mandar para o mundo. Não quero ser abandonada… Não quero estar sozinha.

Ela sabia que desejar conhecer o desconhecido era um pecado. Sabia que olhar duas vezes para trás era como demonstrar arrependimento ou hesitação, assim como o irmão do meio. Ela se perguntou se eles queriam voltar atrás com suas decisões.

Mas se não voltaram, é porque o mundo era assim tão bom? 

Ou talvez a maldade os tivesse corrompido, como havia sido dito pelo pai. Talvez encontraram a felicidade, torcia a mãe. Mas Bellatrix não sabia o que dizer, para onde correr, o que entender e a que concluir.

Então, com medo de pensar demais, ela se retraiu e permaneceu onde estava. Continuou sendo puxada para trás pelas amarras invisíveis, apesar de seus dedos ainda desejarem pelo proibido.

Eu queria estar com eles de novo. 

Mas seus amados irmãos nunca voltaram, e ela se perguntou se haviam esquecido dela. Se sequer a haviam amado, ou apenas mentiram como ela mesma havia mentido para tentar se convencer de que era assim que deveria ser.

Talvez eles nem queriam mais olhar no meu rosto depois de mentir por tanto tempo.

Ao serem forçados a amar alguém, aquele sentimento tornou-se desprezo e ódio. Deveria ser essa a razão do mais velho sequer ter olhado para trás, e talvez o do meio ainda tivesse considerado, mas desistiu um pouco depois.

Bellatrix não era alguém que valia a pena, estava ciente disso. Ao menos, não para o mundo. Mas para os pais, era o porto seguro e a esperança de que uma de suas criações ainda fossem seguir as diretrizes originais.

Se nem meus irmãos me querem, se nem mesmo o mundo me deseja, por que deveria ir até ele?

Ao sair de casa, apenas encontraria a solidão. Expulsa pelos pais que a chamariam de ingrata e traidora, detestada pelos irmãos mais velhos que foram forçados a mostrar amor, tediosa para o mundo com a criação rígida.

Ela não era nada naquele espaço, além de uma existência que vivia cada dia como se fosse o último — mas não por serem empolgantes, mas por desconhecer a passagem do tempo. Todos os dias eram iguais, sem exceção. E por serem iguais, eram o único sinal de que ainda estava vivendo, e não apenas existindo.

Em retrocesso ao período em que passava em casa, a garota com nome de estrela presenciou diversas coisas no mundo do lado de fora. Era um período curto demais para se comparar ao que seus irmãos viviam, e sempre que se via nele, mais se sentia ansiosa.

Ansiosa para ter aquilo, mas sempre com medo. Ela esperou que aquele espaço do lado de fora fosse chamá-la, como um encantamento que a faria ceder ao pecado da desobediência, e a vontade de conhecê-lo de fato a fez considerar o pensamento.

Mas, diferente dos irmãos, Bellatrix não era especial. Apesar do nome que recebera, ela não era nada sem os pais para reconhecê-la.

A primeira vez que tomou conhecimento disso foi ao presenciar a risada das crianças do lado de fora do jardim de infância. Quando ainda tinha os irmãos consigo, e o mundo não era tão interessante assim. Entretanto, foi a pequena semente necessária para plantar aquela dúvida.

É assim tão divertido estar com outras pessoas?

Não podia compreender como se aproximavam, como riam uns com os outros. Do que estavam rindo? Por que brincavam e pareciam tão felizes? Ela também era feliz dentro de seu próprio mundo, entre livros e brinquedos do quarto colorido, criado para ser o único entretenimento necessário. 

Mas aquela curiosidade, aquela atração pelo exterior apenas cresceu conforme o tempo passou. E Bellatrix desejou e decidiu dar um passo até o mundo. 

Temeu pela rejeição dos pais, mas pensou que estava tudo bem. Afinal, se seus irmãos, que eram os exemplos, saíram e ainda não voltaram, deveria significar que era divertido o bastante para não precisar retornar para os braços da família, para a proteção.

Se era assim, então…

— Olha, é aquela menina esquisita.

— Ela tá sempre no canto dela, parecendo tão sombria.

— Que nojo.

— Não vamos brincar com alguém tão sem graça.

— Você não tem personalidade nenhuma? Só sabe concordar e ficar em silêncio?

— Que horror, ainda é uma criança que se apega a desenhos e bichinhos de pelúcia? Ridículo!

— Por que você não se veste melhor? Parece uma baranga.

— Feiosaaaa! Esquisitaaa!

— Não vamos falar com ela. Atravessem para o outro lado, em silêncio.

— Eu? Gostar daquela ali? Prefiro morrer a beijar uma menina tão feia!

— Ela foi escolhida por último de novo para o grupo? 

— É óbvio, ela não consegue nem falar ou estudar direito. É uma filhinha do papai.

— Por que você não se toca e some da nossa frente? 

— Volta pra sua toca, horrorosa.

O mundo a rejeitou.

Quando finalmente ousou conhecê-lo, ele a afastou com frieza o bastante para a machucar. A fez chorar mais vezes do que poderia contar. Ainda que sua insistência fosse frágil e temerosa como a de um gato, a espantavam, riam e apontavam na direção dela. Puxavam seu cabelo, pisotearam seu sapato e rasgaram seus cadernos. Isolavam-na, e riam dela por isso. Se tentava se aproximar, a empurravam e ofendiam. Os olhares de desprezo nunca cediam, não importava quem tentasse se intrometer para interrompê-los, e apenas pareciam ficar mais fortes.

Sempre protegida, sempre presa na própria mente, sempre concordando, sempre sorrindo, sempre compadecendo, sempre, sempre, sempre.

O meu lugar é em casa.

Bellatrix chegou àquela conclusão, e se isolou. As mentiras a levaram à exaustão. A busca pelo lugar de conforto a prendeu dentro do quarto colorido, ao lado daqueles mesmos ursos de pelúcia que zombaram.

Mas mesmo chorando no canto, não foi consolada, e não se permitiu a isso. A mãe deveria ter percebido a depressão que marcava o rosto e a pressão que as exigências do pai faziam com ela, mas não conseguiu fazer nada para mudar isso.

E assim, ela continuou caminhando por aqueles dias que eram únicos, que nunca passavam ou mudaram. Ela sequer se esforçou para isso, pois após um tempo, pareceu inútil. Ao tentar abraçar o mundo, a mandaram embora. Estava destinada a permanecer dentro daquele espaço fechado, onde ao menos poderia recorrer ao que ainda tinha para sonhar sobre uma vida diferente.

Nos livros, nos filmes, nos jogos, via aquelas personagens cheias de alegria, cheias de amizades, cheias de sonhos e conhecendo mundos cheios de emoção. Na vida real, era como um reflexo daqueles sonhos. Eram garotas brilhantes de vida, passeando com seus amigos, viajando em busca de novas experiências, encontrando relacionamentos e se permitindo explorar novos âmbitos e gostos.

E quanto à Bellatrix? O que havia restado para ela, além de um quarto fechado de onde jamais poderia sair?

Foi durante mais um dia que apenas parecia comum, que presenciou a mudança. Mais uma vez, o mundo tentou encantá-la para que se aproximasse. Dessa vez, ela temeu ir até ele e se permitir ser machucada.

Entretanto, mesmo sem se envolver, não faria mal observar. Foi o que pensou.

E estava profundamente enganada.

A chuva de cores, luzes e música preencheu aquele coração solitário como uma enxurrada. Bellatrix visitou o anfiteatro pela primeira vez na pré-adolescência, quando os pais julgaram ser adequado para uma criança como ela testemunhar um pouco mais do que o mundo tinha a oferecer.

Sentada em uma das cadeiras, ela testemunhou aquelas pessoas saídas de suas histórias favoritas ganharem vida através dos trejeitos, das falas, das cores e formas. A música inundou seus ouvidos ao ponto de sequer reconhecer a voz dos pais, os vestidos reluziam com pedras à luz e o sorriso daquelas pessoas era magnífico. 

Mas, acima de toda aquela beleza exuberante, havia a emoção. A vida, o amor, a amizade, os sonhos, as aventuras, as dores e mágoas, a superação e a decadência, a expressão de uma infinidade de emoções que apenas ouviu falar e nunca pôde se permitir experimentá-las.

E ali estavam todas elas, reunidas em um único palco ao realizar uma peça de teatro para jovens e adolescentes dos contos de uma princesa cuja coragem a levou a enfrentar seus maiores medos, testemunhando adversidades, encontrando a alma gêmea e salvando o mundo.

A relatação de um conto comum, genérico, que poderia fazer os adultos ignorantes dormir, foi como abrir os olhos pela segunda vez para Bellatrix.

O interesse pelo teatro nasceu, outra vez, daquela pequena semente. Mas dessa vez, a sua dedicação para aprender com ele a tornou um grande marco. A princesa com nome de estrela reconstruiu aquele conto do anfiteatro no próprio quarto diversas vezes, ensaiou suas falas favoritas dos livros e vestiu roupas coloridas, dançando e prendendo-se ali como se fosse parte daquelas histórias.

Não demorou muito para que os pais reconhecessem seu talento, e pela primeira vez, Bellatrix encontrou algo ao qual poderia orgulhar a eles e a si mesma de fazer. Seu amor pelo o que fazia era visível a qualquer um, e para poder correr atrás daquele novo mundo que se abriu, ela se permitiu cumprir com os requisitos impostos pelos pais.

— Pode entrar no Instituto Gnosis, mas precisará se provar como uma estudante digna. Está preparada para arcar com os custos disso?

Bellatrix não pensou duas vezes antes de aceitar o peso do fardo. Sabia que a mãe a apoiaria, mas o pai era a lembrança daquilo que não se podia permitir esquecer — jamais sair de sua vista, para que pudessem impulsioná-la, mas também retrair quando necessário.

Mas ela não se importou. Estava feliz em poder passasr noites em claro estudando as falas do teatro, ainda que precisasse intercalar com as aulas gerais, às quais era péssima. Sua vontade de entrar naquele mundo a mudou, inspirando ao ponto de refletir em seus dias pintados de sépia.

Em um passe de mágica, seus cabelos que antes eram escuros, foram pintados de laranja. A confiança engajada pelo teatro, a vontade de se tornar parte daquele mundo, de conquistar o coração das pessoas que assistiriam, a permitiu tomar aquela decisão. As roupas coloridas, às quais sempre foi zombada por usar, se tornaram sua maior marca. Os patins aos quais sempre sonhou em usar, agora a levavam pelos quatro cantos de Celestia como se pudesse voar.

Podem rir de mim. Sorriam e finjam gostar da minha excentricidade. Apontem. Isso, olhem para mim. Me reconheçam. Me vejam! Olhem pra mim! 

O que antes era fonte de pavor, ela converteu na razão para continuar no teatro — seria vista, ouvida e receberia aqueles sorrisos. Poderiam ser parte daquela grande mentira no começo, afinal ela precisou fingir desde cedo as emoções para poder torná-las parte da verdade de quem era.

Mas e qual era o problema? Se para vivenciar aquelas aventuras e desbravar os mundos, os forçaria a falar sobre ela. Queria gritar para olhassem, diferente dos irmãos. Queria sorrir para que sorrirem de volta, mesmo que à força. Ergueria a voz e faria todos rirem com sua personalidade exagerada, se era o necessário para receber aquela atenção.

Se para conquistar aqueles mundos, para conhecê-los, para vivê-los, precisaria fingir e aprender a aceitar a mentira até que se torne real, que seja.

Mudaria a si mesma à perfeição. Moldaria aquela estrela chamada Bellatrix para o palco, para debaixo das luzes de cada tragédia, cada drama, cada musical e cada comédia. A personificação da alegria, se fosse o preciso para inspirar outras pessoas. A estudante quase perfeita, que era desastrada e chamativa, mas esforçada. Uma luz no palco que brilhava em cena, e ninguém deixaria de notar sua presença.

Com isso, a princesa que viveu dentro do quarto expandiu seu mundo para os outros mundos, espalhando luz e cores para aqueles que viraram as costas. Ela dançou, cantou e gritou aos céus por este desejo.

Até que um dia, pudesse alcançar os irmãos que foram primeiro. Até que pudesse receber o sorriso do rigoroso pai e o alívio da mãe ao se orgulhar da própria criação.

E, assim como os primeiros, não olharia para trás. 

***

Ao fim do conto, as duas garotas haviam adormecido. Sob o olhar caloroso de Saiph, que cobriu as meninas de mãos dadas no chão com um cobertor, e de Quinn, que frazia a testa em desconfiança, o sono recaiu na casa daquela família.

E assim, até o nascer do sol do outro dia, aqueles dedos entrelaçados nunca se soltaram.



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