Sessão 9

Capítulo 218 — Um Dia Chuvoso

 

Perspectiva de Ai —

“Por favor, me deixe aqui.”

   Pedi a Kuroi que me deixasse antes de chegarmos ao Kitchen Aono.

“Mas ainda vai demorar um pouco daqui até lá.”

   Eu sei disso. Mas precisava de um tempo para me recompor antes de voltar àquele lugar acolhedor.

“Por favor. Quero clarear a mente enquanto respiro um pouco de ar fresco.”

“Entendido.”

   Saí lentamente do carro. O ar lá fora ainda estava quente; parecia verão.

   Caminhei entre a multidão. Todos pareciam andar felizes. Provavelmente eu era a única com uma expressão nublada.

   Meu querido pai e o pai que tenho agora… Ele mudou tanto que é difícil acreditar que seja a mesma pessoa. Se continuar assim, vou acabar sozinha.

   Eu não quero ficar sozinha. Por isso, fui até aquele lugar que sempre me acolhia com carinho.

   Preciso mudar meu humor antes de chegar, para que ninguém se preocupe.

   Tenho que voltar logo a ser a de sempre.

   Apenas meus sentimentos estavam apressados, enquanto meus pés continuavam a avançar.

   Gotas de chuva começaram a cair, molhando meu cabelo.

“Ah, chuva. Vamos correr para a estação!”, gritou uma mulher próxima. Vi também um assalariado tirando um guarda-chuva dobrável da bolsa.

     Ah… esqueci o meu guarda-chuva.

   Mas, na verdade, isso foi uma bênção agora.

   Porque é perfeito para esconder meu rosto coberto de lágrimas.

   Posso chorar enquanto caminho e ninguém vai perceber. Graças a esse clima, posso ser uma criança novamente.

     Por que tenho que passar por tudo isso?

   Sempre fui uma boa aluna. Nunca causei problemas aos meus pais. Eles estavam sempre ocupados, então aguentei muita coisa em silêncio.

   Também me esforcei. Queria fazê-los felizes. Então por que tive que suportar esse bullying? Por que preciso ficar afastada do meu pai, com quem eu queria estar?

   Minhas emoções explodiram, e meu coração começou, pouco a pouco, a escurecer.

   O equilíbrio que eu tinha recuperado desde que conheci meu Senpai finalmente se quebrou.

     Eu quero vê-lo. Quero vê-lo.Quero vê-lo.

   Nesse momento, a chuva que caía começou a escorrer pelo meu corpo.

   Ouvi o som da água batendo num guarda-chuva acima da minha cabeça. Demorei um instante para perceber que alguém estava segurando um guarda-chuva para mim.

   Virei-me rapidamente. Meu amado estava ali, com uma expressão preocupada, segurando uma sacola de compras na mão esquerda.

“O que está fazendo andando na chuva sem guarda-chuva?”

“Senpai, por que você está aqui?”

“Mamãe pediu para eu comprar mais alface para a salada, achou que poderia faltar. Eu estava voltando agora.”

   Parecia ter saído para fazer compras sem nem trocar o uniforme. Era o mesmo Senpai de sempre.

“Entendo.”

   Não consegui evitar sorrir, sentindo-me aliviada — como uma criança perdida que reencontra os pais. Eu havia amaldiçoado Deus por ser cruel, mas mudei de ideia.

   O momento em que encontro meu Senpai é sempre perfeito.

“Você está chorando?”

   Senti um sobressalto.

“Não estou chorando. Deve ser só a chuva.”

   Ele riu da minha desculpa mal feita. E então respondeu com as mesmas palavras que eu havia dito antes:

“Entendo.”

   Ele deve ter adivinhado o que aconteceu, já que sabia que eu jantaria com meu pai.

“Vamos fingir que foi a chuva, então. De qualquer forma, venha para minha casa. Vai pegar um resfriado se ficar aqui. Já jantou?”

“Sim, já.”

“Então que tal um chá quente?”

   Ele falou comigo com tanta gentileza que eu não pude deixar de responder:

“Tá bom.”

   Graças ao guarda-chuva dele, eu — que estava prestes a desabar há pouco — voltei a ser a de sempre. Ele também me emprestou seu lenço.

“Foi igual à primeira vez que nos conhecemos. Também estava chovendo, e eu peguei emprestada a sua toalha.”

“Sim. Mas, diferente daquele dia, Ai-san está bem elegante hoje. Está tudo bem? Deve ser caro, não?”

“É, mas não tem problema. Considere como parte da minha mensalidade… Atchim!

   Tentei bancar a durona, mas não consegui vencer o frio depois de me sentir aliviada.

   Quando espirrei, ele tirou o casaco e colocou sobre mim.

“Não tenho mais nada, então isso é tudo o que posso fazer.”

   Disse, meio envergonhado.

“Isso é o suficiente.”

   Pude sentir seu cheiro e o calor leve do seu corpo. Guardando essa felicidade comigo, seguimos caminhando lentamente juntos.

 

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