Sessão 11

Capítulo 252 — Infortúnio e Felicidade

Capítulo 252 Infortúnio e Felicidade


— Perspectiva da Presidente Tachibana —

“Não pode ser.”

   Fiquei sabendo, por meio do advogado que me visitou, que Aono Eiji havia sido indicado a um prêmio literário.

   O mesmo prêmio que até o autor que eu sempre admirei havia vencido — uma prestigiada porta de entrada para escritores em ascensão.

     À beira de se tornar o vencedor mais jovem da história? Impossível. Impossível. Absolutamente impossível.

   Fiquei tão abalada que até o advogado pareceu surpreso.

“Tachibana-san, por favor, acalme-se!”

   Bati a mão na mesa. De tanta frustração, quase bati a cabeça na divisória transparente da sala de visitas, antes que um guarda me segurasse.

“Já chega.”

   Mas eu não conseguia me conter.

   Sofrer esse tipo de humilhação… mesmo depois de ser presa…

   Eu sempre sonhei com aquele momento. Ganhar aquele prêmio, ser saudada pela mídia como um talento literário promissor… imaginei isso inúmeras vezes.

   Mas agora, ele está subindo em direção a esse mesmo futuro. Considerando o impacto que causou na sociedade, Aono Eiji provavelmente é o principal candidato. Ele está prestes a me deixar muito para trás. Nós fomos os que o rejeitaram, tentamos apagá-lo, tentamos destruí-lo e, ainda assim, agora parece mais que…

   Parece que foi Aono Eiji quem nos deixou para trás.

   Ao demonstrar um talento tão avassalador, ele nos superou completamente.

   Eu perdi — tanto como pessoa quanto como escritora.

   As lágrimas não paravam de cair. Achei que meu orgulho já não pudesse ser mais ferido. Achei que já havia chegado ao fundo do poço.

   Mas eu estava errada. Mesmo estando prestes a perder tudo por causa da prisão, percebi que há algo ainda pior. Não é tão simples assim.

   De agora em diante, enquanto ele viver, serei atormentada por esse sentimento de inferioridade. Quando ele publicar um novo livro, quando se tornar um best-seller, quando ganhar outro prêmio literário… até ver um estranho lendo um livro dele no trem vai me fazer querer me encolher e morrer de desespero.

   Só de imaginar esse futuro já é o suficiente para me enlouquecer.

   Em pouco tempo, ele alcançará um nível de fama em que alguém como eu nem sequer passará por sua mente. Minha vida sempre girou em torno da literatura. Abrir mão disso seria o mesmo que descartar tudo pelo que vivi. Eu não consigo fazer isso.

   Então, pelo resto da minha vida, toda vez que eu fizer a coisa que mais amo, serei forçada a sentir dor. O que eu devo fazer?

   E agora fui obrigada a encarar a verdade sobre minha própria posição. Tentei eliminar o gênio que é Aono Eiji e, no processo, joguei fora o meu próprio futuro.

   Esse sentimento de inferioridade vai se agarrar a mim como uma maldição.

   Serei atormentada por ele para sempre.

“Nãooooo! Aaaaaaaaaaaahhh!!!”

   Gritando, desabei no chão.

 

— Perspectiva de Ugaki Ai —

   No caminho de volta da escola, eu estava tomando chá na casa do Senpai, como sempre.

   Meu pai está atualmente hospitalizado para fazer exames em preparação para o futuro. Já o visitei muitas vezes, mas ontem ele me disse: “Amanhã está tudo bem. Não tem nenhum exame nem nada. Vá se divertir com o Eiji-kun.”

   Então decidimos jantar no Kitchen Aono. Ficar sozinha em casa me deixa inquieta, então jantar enquanto converso com a família do Senpai ajuda a me distrair, e é realmente agradável.

   Meu pai estava sendo atencioso, para que eu não me sentisse tão sobrecarregada.

   Enquanto comia um hambúrguer com ovo frito por cima, conversei casualmente com o Senpai.

   Falamos sobre filmes que vimos recentemente e gostamos, sobre as aulas da escola e sobre memórias de quando éramos pequenos.

“Aqui está, Ai-chan. O chá Earl Grey que servimos aqui é muito bom. Experimente.”

   A mãe do Senpai, que trouxe as bebidas, reagiu à história que tínhamos acabado de contar sobre a fantasia de Halloween dele na infância. Ela disse: “Ah, eu tenho uma foto dessa fantasia no meu celular. Vou te mandar”, e quando o Senpai entrou em pânico tentando impedi-la, os dois começaram a brincar e a se empurrar.

   Observando-os um pouco de longe, sorri e dei outra mordida no meu hambúrguer, mergulhando-o no molho demi-glace. Aparentemente, o Senpai perdeu.

   Vi uma foto dele vestido de pequeno Drácula, quando tinha cerca de cinco anos, e não consegui evitar murmurar uma palavra.

“Tão fofo.” Antes que ele voltasse, salvei a foto no meu celular.

   Ele correu e conferiu.

“Você viu?”

   A expressão aflita no rosto dele o deixou ainda mais adorável.

   Sorrindo, balancei a cabeça, pensando em como seria maravilhoso construir uma família feliz como aquela algum dia.

   O Senpai ficou completamente vermelho e desabou no chão.

 

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