Sessão 10

Capítulo 247 — Filha e Pai

 

— Perspectiva de Ai —

   Espero por meu pai em frente ao túmulo da minha mãe.

   Com a vassoura e o balde que trouxe, começo uma limpeza simples. Enquanto falo silenciosamente com minha mãe em meu coração, espero o momento de chegar.

   Estou assustada.

   Tão assustada que não consigo suportar.

   Conversar com meu pai…

   Precisamente porque conheço aquele sorriso gentil dele, estou apavorada de ser rejeitada.

   Lanço um olhar ao túmulo da minha mãe. Pensando bem, é a primeira vez que venho aqui com meu pai. Fizemos a mamãe esperar todo esse tempo. Desculpe.

   Ao pensar nisso, a carga no meu coração que carreguei até agora parece se aliviar.

   Primeiro, contarei a ele como me sinto.

   E então…

   Percebo algo importante. Mesmo quando vinha ao túmulo da minha mãe antes, eu estava sempre pedindo desculpas. Nunca transmiti o que realmente importava.

“Mamãe, obrigada por me proteger naquele dia. Por favor, cuide de mim hoje.”

 

****

 

“Você veio.”

   Meu pai se aproxima de mim. Senpai olha para mim e faz um aceno que diz: “Você consegue.” De longe, ele me observa.

     Obrigada. 

   Retorno seu aceno com sincera gratidão.

“Faz tempo.”

   Meu pai tem um balde na mão. Assim como eu, ele deve ter vindo limpar o túmulo da minha mãe. É uma coisa pequena, mas saber que ele sentiu o mesmo me deixa indescritivelmente feliz.

   E as palavras que meu pai fala, enquanto fazemos contato visual pela primeira vez em tanto tempo, são gentis.

“É a primeira vez que visito o túmulo da Mamãe junto com você, não é?”

   Quando disse isso suavemente, ele fez um pequeno movimento de cabeça. Então ele também estava pensando nisso. Não pude comparecer ao funeral da minha mãe. Mesmo ao vir aqui, sempre vínhamos separadamente. E agora, finalmente, nós três estamos juntos.

“Sim.”

   O sorriso gentil dele faz parecer que ele voltou a ser o pai que eu lembrava de muito tempo atrás.

   Talvez eu o tenha forçado a carregar tudo sozinho.

   Até mesmo o fardo da vingança…

   Por apenas um momento, minha determinação vacila. Acho que não tenho o direito de falar. Mas é o Senpai, como sempre, quem dissipa esse pensamento.

   Nossos olhos se encontram por apenas um segundo à distância. Daquele olhar, tiro coragem.

   Continuo, minha voz tremendo.

“Sou uma pessoa fraca. Por isso continuei fugindo. Mesmo depois do acidente, mesmo com a distância entre nós crescendo, continuei evitando te dizer como realmente me sentia. Eu estava com tanto medo de que você pudesse me rejeitar completamente. Eu tinha medo e não conseguia seguir em frente.”

   Meu pai me olha, com expressão de surpresa.

   Eu continuo.

“Mas se eu continuar fazendo isso, seria como negar o que a Mamãe fez naquele dia. Continuei lutando com isso. Lutando tanto que achei que meu coração poderia se quebrar.”

   Honestamente, se eu não tivesse conhecido o Senpai, eu teria me despedaçado. Foi pura coincidência, mas o fato de que duas pessoas no fundo do poço se encontraram naquele dia naquele telhado… talvez tenha sido uma salvação deixada por um deus cruel.

No final, não consegui elaborar palavras grandiosas finais. Mas agora eu entendo.

   Só preciso dizer o que quero dizer.

   Porque somos pai e filha.

“Por favor… faça-me sua filha novamente.”

   O tempo entre nós congela por um instante, então de repente começa a se mover rapidamente.

   Lágrimas se formam nos olhos do meu pai, e parece que ele não consegue encontrar palavras.

   Ele começa a me envolver com os braços, mas hesita, puxando-os de volta.

   Então, lutando para falar, finalmente consegue as palavras.

“Não sei se mereço ouvir essas palavras… Há algo que eu estava escondendo. Você diz que é fraca, Ai, mas eu sou o mais fraco. Só agora encontrei coragem para vir aqui e te contar… e quero que você decida se dirá essas palavras novamente depois de ouvir isto.”

   Enquanto diz isso, olha para mim com completa sinceridade.

   Não consigo me lembrar de já ter visto o rosto do meu pai tão contorcido de emoção. Mesmo quando o trabalho era difícil, ele sempre parecia composto.

   Assinto silenciosamente.

   Meu pai começa a falar devagar.

“Tenho uma doença cardíaca crônica. Ninguém sabe quando pode piorar. Por enquanto, estou controlando com medicação.”

   No começo, não consigo entender o que ele está dizendo. Minha mente rejeita as palavras.

   Ele está tremendo. Ao ver isso, percebo que também devo enfrentar isso. Repito suas palavras várias vezes em minha cabeça.

   Meu corpo não para de tremer. Isso é simplesmente cruel demais. Começo a odiar a palavra ‘destino’.

“Desde quando…?”

   Minha boca se move antes que minha mente consiga acompanhar a confusão.

“Logo depois que Hitomi morreu. Não consegui te contar, Ai. Você já estava em pedaços.”

   Com essas palavras, tudo se encaixa. É por isso que ele me afastou. Do jeito desajeitado dele, ele estava tentando me proteger. Agora, as lágrimas não param de escorrer dos meus olhos.

   Por que tudo que é horrível tem que acontecer comigo? Mesmo pensando isso, decido lutar contra o destino. Se eu desistir agora, estarei negando tudo que o Senpai e eu passamos juntos desde aquele dia no telhado.

   Meu pai é quem fala primeiro.

“Sei que esconder de você e a forma como lidei com as coisas foi terrível. Por isso não quero que se force. Não mereço ser chamado de seu pai…”

   Não o deixo ir mais longe. Lá no fundo do meu coração, rejeito qualquer uma daquelas palavras. Não quero ouvi-las.

   Declaro a ele.

“Não importa quais dificuldades venham pela frente, eu as enfrentarei com você, Pai. Porque somos família.”

   As lágrimas nos olhos do meu pai não param mais.

“Mas…”

   Ainda assim, ele tenta encontrar palavras por minha causa.

   Só isso já é mais do que suficiente.

“Não importa o que aconteça, sempre serei sua filha e da Mamãe.”

   Finalmente disse isso, Mamãe. Sussurrei essas palavras e abracei meu pai em frente ao túmulo da minha mãe.

 

— Perspectiva de Ugaki —

   Abraço minha filha com força pela primeira vez em anos.

   E lembro do momento em que ela nasceu. Isso mesmo, fiz uma promessa naquela época.

“Vou proteger esta pequena e angelical criança para sempre…”



Almeranto: Eu não estou chorando… Você está chorando! Cara, que capítulo incrível. Fiquei realmente emocionado lendo esse momento lindo entre os dois.

 

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora