Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 1

Capítulo 20: O Começo da Jornada

— Mas que raios tu acabou de fazer aqui? O que foi que você derrotou? — A pergunta veio de Luis Felippe que ainda estava atônito com a situação.

— Daniella me disse que era um orc, um ser do mundo da mitologia nórdica — Respondeu Gael observando se seus amigos estavam bem e logo em seguida fazendo a pergunta óbvia.

— Vocês estão bem?

— Que pergunta é essa se estamos bem? — Reclamou Daniella tentando chegar direto ao assunto — Como falei, você teria algumas explicações para nós. Agora desembucha!

— Vocês realmente não têm pena de mim mesmo, eu acabei de lutar com esse ser e já me enchem de perguntas — Afirmou Gael coçando a cabeça mostrando estar sem graça com aquelas informações.

— Luta? Você deu uma surra nele, quanto tempo você ficou treinando? — Questionou Luis querendo saber o que seu amigo ainda não havia falado para ele sobre suas evoluções.

— Com o treinamento que o Vinícius aplicou a mim, consegui aumentar em quase 40% minha energia elemental, a diferença de poder entre eu e o orc era gritante desde o início — Respondeu Gael o questionamento de Luis já pensando como responderia à pergunta de Daniella.

Gael explicou para eles que sentiu que era muita informação para adicionar de uma só vez, que falaria para seus amigos em alguma hora mais tranquila, mas não achou que seria aquele momento, mas com o surgimento do orc, não tinha como mais deixar para lá.

Contou para eles que, além dos guardiões, existiam mais 6 mundos fora da Terra que haviam vidas; dessas dimensões que vieram os deuses que conhecemos das mitologias, que na verdade são conhecidos como bem-aventurados, mas que há muito tempo, todos aqueles mundos eram um só. Até o caminho para casa, Gael contou todas as coisas para eles.

— Caramba! — Essa foi a única palavra que Daniella conseguiu emitir no final da explicação de Gael — É até um pouco difícil imaginar que isso seja possível, na verdade, é completamente impossível que isso seja possível. Eu mesmo te chamaria de louco se não tivesse visto você pulando pra cima e pra baixo em uma luta.

— Foi por isso que evitei falar sobre isso até agora — Gael justificou sua ação para seus amigos, e é claro que ouvindo tudo aquilo, eles entenderam o garoto.

— Então você está me dizendo que seres como Thor, Zeus, Odin, Hades, todos esses deuses que são agora bem–aventurados, estão vivendo suas vidas por aí durante todo esse tempo? — A pergunta veio de Luis que havia ficado curioso com esse novo universo diante de seus olhos — Você já chegou a ver um deles?

— Não, mas tudo leva a crer que verei qualquer um deles em breve — Gael respondeu à pergunta do seu amigo, já segurando a próxima informação que daria para eles — Mas só para vocês saberem, os guardiões são mais fortes que eles, e eu sou um guardião.

— Se tá me zoando de que você pode ficar mais forte que um deus? — Questionou Luis incrédulo com a fala de Gael.

— Não, é verdade, ou, pelo menos, foi o que os guardiões me disseram — Respondeu Gael o questionamento do seu amigo.

Mas, por mais que os dois interagissem daquele jeito de forma brincalhona, Daniella ainda estava séria com o que havia acabado de presenciar, ao ponto de ter chamado a atenção de Gael:

— Está tudo bem, Dani? Foi muita informação para você?

— Não, só tô meio raciocinando o que você falou, é coisa pra caramba pra entender que a gente esteve todo esse tempo sendo “cuidado” por esses bem–aventurados, se é que dá pra dizer assim, uma forma de cuidado — A sempre centrada Daniella trouxe todas as suas reflexões, mostrando que a situação não era só empolgação e que os humanos estavam em uma guerra que não tinham poderes para lutar.

Tanto Gael como Luis ficaram cabisbaixos no mesmo instante, como suas empolgações tivessem sido drenadas de uma hora para outra, ao ponto de até mesmo Daniella ter que intervir.

— Não fiquem tristes, não fiquem tristes, por favor, esses são pensamentos só meus — Disse a garota rindo por deixar o clima um pouco pesado — Vamos garotos, eu sei que vocês conseguem se empolgar novamente.

Gael e Luis deram um sorriso para Daniella, mas os dois sabiam que a garota tinha razão. Mas o assunto entre os três acabaria por ali, já que Silva havia chegado em casa. Boz e Felippe continuariam suas caminhadas até suas.

O garoto entrou se despedindo, enquanto Luis e Daniella continuaram a caminhar. Mas Felippe conhecia sua amiga um pouco mais que Gael e emendou uma pergunta assim que o garoto entrou:

— Por que você não disse para ele? — Daniella olhou para Felippe com uma cara sem graça, e os seus olhos entregaram para Luis que ele tinha razão:

— O que você quer dizer? Eu não tinha nada par–

— Eu também vi, Dani, eu vi o Gael matando o orc, e eu sei que você também viu — Luis interrompeu a justificativa de Daniella, deixando a garota completamente sem saber como lidar com aquilo.

— Eu não disse porque não sei nem o que eu vi, é muita coisa pra minha cabeça, como os humanos podem aguentar uma guerra desse porte? — Questionou Daniella, com os olhos vidrados em lembranças tumultuadas. A mente dela era como um mar revolto, incapaz de compreender os horrores que presenciara.

— E ainda por cima, alguém que cresceu conosco é a única esperança para ajudar o nosso mundo a vencer essa guerra, já pensou o quão louco é isso, Luis? — E Daniella estava certa, pois a perspectiva que se abria diante deles era sombria e ameaçadora. Luis sentiu um arrepio ao imaginar as batalhas que viriam a partir daquele ponto.

Mas, dentre todos os elementos que atormentavam sua mente, a ideia de inúmeras vidas sendo ceifadas, como flores murchas arrancadas de seus caules, era a mais angustiante. O destino cruel que reservava aos bem-aventurados e sombras uma guerra na qual os humanos nada tinham a ver. Um cenário repleto de desespero, tristeza e desolação.

— Além disso tudo, eu não quero colocar mais peso nas costas do Gael, o que pode mudar na cabeça dele se ele descobrir que nós somos capazes de ver esses seres também? — Questionou Daniella finalizando seus argumentos. Sua preocupação se refletia em seus olhos, que brilhavam com inquietação.

— Você tem razão, mas precisamos falar com ele, quando estiver preparada para contar, nós contamos juntos — Luis disse aquilo propondo um acordo sobre quando falariam para Gael. Seu semblante determinado e sua voz serena demonstravam sua disposição em apoiar Daniella e enfrentar a situação ao lado de seu amigo.

— Tudo bem — Respondeu a garota, aceitando a proposta com um aceno suave.

O resto do caminho os dois permaneceram quietos em direção às suas casas, Luis rumou ao seu lar virando a esquerda, enquanto Dani virava a direita. As ruas se estendiam à frente deles, ladeadas por árvores majestosas e casas pitorescas, testemunhas silenciosas de suas caminhadas.

Os dois abriram os portões de suas respectivas casas, dizendo:

— Cheguei.

As residências, com suas estruturas familiares, emanavam aconchego e segurança.

Mas não houve resposta, não havia ninguém na casa de nenhum deles. Luis colocou sua mochila na prateleira de bolsas de sua sala, assim como seu pai havia ensinado. Daniella colocou a sua na cadeira da mesa da cozinha, como fazia todos os dias quando chegava da escola. A casa de Luis era permeada por um silêncio calmo, apenas os sussurros suaves do vento encontravam espaço para ecoar.

Os dois adentraram os cômodos das suas casas em direção aos seus quartos. No caso da casa de Luis, ele passou pela sala, cozinha e o seu quarto ficava no meio de um corredor, enquanto Daniella subia as escadas que levavam até o seu quarto. Os espaços familiares e conhecidos se abriam diante deles.

Mas quando abriram a porta dos respectivos quartos, houve uma surpresa. Haviam pessoas completamente desconhecidas sentadas naqueles recintos. As cenas eram quase surreais, como se um portal para outra dimensão tivesse se aberto em seus lares e definitivamente tinha.

No quarto de Luis estava um homem sentado em sua cadeira de computador. Ele parecia estar na casa dos 30 anos, com uma presença imponente. Seu cabelo era liso e curto, destacando-se pela tonalidade morena. Seus olhos escuros, profundos como jabuticabas, revelavam mistérios e experiências que transcendiam as fronteiras do comum. Sua aparência remetia às terras do oriente médio, evocando uma aura de sabedoria milenar.

No caso de Daniella era uma mulher sentada em sua cama com as pernas cruzadas, com a mão em seu queixo, como se estivesse esperando que a garota fosse cruzar a porta a qualquer momento. Ela também aparentava estar na casa dos 30 e poucos anos, com uma elegância cativante. Seu cabelo tinha um tom forte de castanho, quase um ruivo, e ondulava suavemente. A pele branca como leite realçava a profundidade de seus olhos, que brilhavam em um azul intenso, refletindo a calmaria de um mar profundo e bravo.

Tanto Luis e Daniella estavam congelados na entrada da porta, olhando para aqueles dois que estavam sentados em seus quartos. A atmosfera estava impregnada de um misto de perplexidade e curiosidade. As palavras se aglomeravam em suas mentes, mas a pergunta que poderia vir de suas bocas em um único som era:

— Quem é você?

Os dois sentados em seus lugares sorriram e responderam respectivamente como se estivessem orgulhosos do que falariam:

— Eu sou Atena.

— Eu sou Gilgamesh.

Fim do capítulo

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