Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 1

Capítulo 13: O Grande Rugido!

O ciclope avançava em direção ao corpo de Gael, que jazia desfalecido junto ao muro atingido pelo porrete do monstro. O ser gigantesco arrastava o pesado objeto no chão, satisfeito com a ideia de ter eliminado um guardião, o que poderia lhe garantir recompensas e desejos atendidos por aquele que o enviou à Terra.

Sonhava com a luxúria, gula e prazer que poderia usufruir após eliminar o guardião. Para ele, bastava apenas mais uma pancada e seu trabalho estaria concluído.

Ao se aproximar do garoto, Gael estava ensanguentado, com o supercílio direito aberto e seus olhos cobertos de sangue. O ciclope posicionou o porrete para dar o golpe final no garoto quando, de repente, sentiu um calor estranho. Era um calor que nunca havia experimentado antes.

Intrigado, o gigante olhou para o céu, mas nada parecia ter mudado com o sol. O calor, no entanto, só aumentava à medida que ele se aproximava mais de Gael. O ciclope percebeu que o calor emanava do próprio garoto, fincado ainda na parede. Pela primeira vez na batalha, o medo se apossou dele, um medo que não sentia desde que se submeteu à vontade de quem o enviou.

Com urgência, o monstro decidiu que precisava eliminar o menino o mais rápido possível. Levantou o porrete sobre seu ombro direito para desferir o golpe fatal. Porém, ao descer o objeto, não encontrou resistência alguma. O golpe não teve impacto algum.

O ciclope ficou incrédulo diante do que presenciava. Gael havia despertado e, com sua mão direita, segurava o porrete do gigante enquanto seu corpo todo pegava fogo, emitindo energia elemental por todas as áreas ao redor. Agora, ele finalmente conhecia o nome de seu bestoj, e o ciclope também logo saberia:

— RUJA, EMUNN!!! — O impacto do fogo foi avassalador, uma verdadeira torrente ardente que envolveu o ciclope em chamas. O monstro urrou de dor enquanto tentava, em vão, se afastar do intenso calor emanado pelo corpo em combustão de Gael. O gigante havia subestimado a força desse jovem guardião e agora pagava o preço por sua arrogância e seu braço, que segurava o porrete, foi decepado no mesmo instante.

Com um movimento ágil e preciso, a mão direita do garoto segurou firmemente o porrete do ciclope em meio às chamas. Era uma imagem impressionante e aterrorizante ver o corpo do menino, rodeado pelo fogo crepitante, resistindo à investida do monstro. A energia elemental fluía poderosamente por todo seu ser, como se ele estivesse se tornando um avatar do próprio fogo.

Apesar da intensidade do calor, o corpo de Gael começou a diminuir sua intensidade de chamas pouco a pouco, controlando conscientemente o poder que emanava. Gradualmente, as labaredas incandescentes cederam, revelando o novo formato da espada em suas mãos.

A arma agora era completamente transformada, mais curta que antes, porém muito mais ameaçadora e refinada. A empunhadura era adornada por um leão vermelho, símbolo indiscutível de Emunn, seu bestoj do fogo. Gael sentia uma conexão profunda com sua espada, como se ela fosse uma extensão natural de sua própria vontade.

A lâmina possuía uma aparência impressionante. Sua forma curva, uma para cada lado, permitia que cortasse com eficácia tanto à direita quanto à esquerda. Além disso, a espada demonstrava sua habilidade de defesa, capaz de parar golpes vindos de ambos os lados. Era uma arma equilibrada e versátil, refletindo a evolução de seu mestre.

Gael observava a espada com fascinação e respeito, compreendendo que ela representava a manifestação tangível de seu domínio sobre a energia elemental do fogo. A dualidade das camadas da lâmina, com um cinza mais escuro à direita e outro mais claro à esquerda, parecia conter segredos ainda mais profundos sobre o potencial de sua espada.

Diante de tal transformação, o ciclope permanecia assustado e atônito. O que deveria ter sido uma tarefa simples de eliminar um guardião em seu estado inicial, agora se tornava um desafio mortal para o próprio monstro. A energia intensa emanada pela espada de Gael revelava um poder que o gigante jamais havia enfrentado antes.

O corpo de Gael estava em uma harmonia perfeita com sua energia elemental, permitindo que ele controlasse o poderoso fogo que o envolvia de maneira natural e fluída. A ardência incômoda que antes o incomodava, agora havia se transformado em uma sensação de empolgação e determinação.

Seus olhos, por um instante, adquiriram um tom vermelho flamejante, refletindo o poder interior que o dominava. No entanto, ao voltar seu olhar para o ciclope, seus olhos retomaram a coloração normal, mas a expressão em seu rosto já não era de medo ou insegurança. Agora, ele emanava uma aura confiante e determinada.

Enfrentando o gigante com apenas uma mão, Gael caminhava na direção do ciclope com passos firmes. O monstro, que antes estava confiante em sua força, agora estava assustado diante da transformação que presenciava no guardião. O porrete, que antes representava seu poder e dominação, agora parecia inútil em comparação com a aura ígnea que cercava Gael.

O ciclope sabia que precisava eliminar o garoto rapidamente, antes que ele se tornasse ainda mais poderoso e incontrolável. Preparando seu soco inglês com seu braço esquerdo, o gigante investiu contra Gael. No entanto, o garoto não se abalou, aguardando o ataque com calma.

Com uma agilidade surpreendente, Gael segurou o soco do ciclope com sua mão, detendo-o sem dificuldades.

— Eu disse que você pagaria caro pelo que fez a esse lugar — O garoto ruivo agarrou a mão esquerda do ciclope com mais força e fez ele ver o estrago que havia causado em seu bairro.

Os estragos eram visíveis por toda parte: árvores destruídas, carros em chamas, pessoas feridas buscando abrigo em meio ao caos, postes caídos e pequenos incêndios causados pelos transformadores danificados. O impacto do porrete do ciclope havia deixado marcas profundas e dolorosas na vida das pessoas daquele lugar.

— Tudo isso é sua culpa! — Com uma voz firme e acusadora, Gael responsabilizou o ciclope por toda aquela destruição. O aperto em sua mão esquerda só aumentava, fazendo o gigante cair de joelhos perante a força e a determinação do garoto. O ciclope agora entendia que havia subestimado seu adversário, e a consequência de seu erro era clara diante de seus olhos.

O rosto de Silva estava coberto de sangue, mas seu supercílio havia parado de sangrar, o que lhe conferia uma aparência ainda mais ameaçadora ao encarar o temível monstro à sua frente. Com sua mão direita, Gael começou a emitir calor do próprio corpo, direcionando-o para queimar a mão do gigante diante dele, o ciclope urrava de dor enquanto seu braço parecia arder de dentro para fora.

No entanto, os efeitos da pancada que Gael havia sofrido do porrete logo começaram a se manifestar no garoto, e o poder de fogo do guardião começou a declinar. Seu corpo não lhe obedecia mais como antes, e o ciclope aproveitou a oportunidade para desvencilhar seu braço esquerdo do garoto, recuando alguns passos para se afastar do fogo que o consumia.

A visão de Silva ficou turva, e ele caiu no chão, seu corpo humano fragilizado pela perda de sangue no confronto inicial com aquele ciclope implacável. Embora sentisse a energia elemental fluir como nunca em seu corpo, sua cura parecia ocorrer de forma mais lenta do que ele precisava naquele momento crítico.

Apesar de seu braço esquerdo estar seriamente ferido internamente, o monstro de um único olho enxergou nessa situação a oportunidade de acabar de uma vez por todas com aquela luta. Embora mal conseguisse mover seu braço, a força restante em seu corpo seria suficiente para matar Gael.

— C H E G O U O S E U F I M! — Disse o ciclope, aproximando-se do garoto ajoelhado no chão, com um sorriso podre estampado em seu rosto.

Gael lutava para manter a respiração e sua consciência, mas estava cada vez mais difícil. A dor percorria todo o seu corpo, e o som dos passos do ciclope parecia ser o tic-tac de um relógio, marcando o tempo até sua morte iminente. A batalha atingia seu ápice, e o destino de ambos estava prestes a ser selado.

Naquele momento, as lembranças do avô e da avó de Gael surgiram em sua mente. A imagem dos dois idosos dedicados, que haviam feito de tudo para criá-lo, mesmo diante das dificuldades e desafios, trouxe um sorriso aos lábios do garoto, mesmo naquela situação crítica em que mal conseguia pensar direito. As memórias dos momentos compartilhados com o Sr. Silva e a Sra. Silva inundaram sua consciência, trazendo-lhe uma sensação de gratidão e força interior.

Enquanto isso, o ciclope avançou em direção a Gael, erguendo sua mão esquerda que ainda estava chamuscada pelas chamas do garoto. Em um instante, o gigante liberou toda a força de seu braço, permitindo que a gravidade fizesse o resto do trabalho. O soco desceu como um martelo poderoso, acertando em cheio o local onde Gael permanecia de joelhos, resultando na completa destruição do ambiente ao redor do jovem.

Fim do capítulo

Você pode ajudar Que Haja Luz ficar ainda melhor fazendo parte dos membros do canal.

Você pode adquirir o volume 01 aqui também.



Comentários