Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 1

Capítulo 11: Estou Morto?

Gael abriu os olhos lentamente, e imediatamente a visão deslumbrante do ambiente o envolveu. Ele constatou com surpresa que havia sido transportado para um campo verdejante, extenso e exuberante, que se estendia em todas as direções. O verde vivo da grama se misturava harmoniosamente com o azul intenso do céu, criando uma paleta de cores que parecia saída de um quadro impressionista.

O campo era amplo, sem nenhum sinal de árvores ou construções ao redor. Era como se Gael tivesse sido transportado para uma terra intocada, um refúgio paradisíaco em meio ao caos urbano que deixara para trás. O ar puro e fresco trazia consigo o perfume da natureza, despertando seus sentidos para um mundo novo e desconhecido.

O céu límpido e sem nuvens era uma imensidão azul que parecia se estender até a eternidade, convidando o garoto a contemplar a vastidão do universo. O sol, radiante em seu esplendor, lançava raios de luz que iluminavam todo o campo, criando um jogo de sombras e reflexos na grama ondulante.

Uma brisa suave soprava, como se a própria natureza sussurrasse segredos aos ouvidos de Gael. Essa brisa acariciava sua pele, trazendo-lhe uma sensação de calma e tranquilidade. Era como se a própria natureza estivesse lhe dando as boas-vindas a esse mundo encantado.

Cada detalhe parecia meticulosamente cuidado, como se aquele cenário tivesse sido criado especialmente para surpreender e encantar o jovem guardião. As cores vibrantes e a beleza da paisagem pareciam ir além da realidade que ele conhecia, como se tudo ali fosse impregnado de um toque de magia.

— Estou morto? — Levantando a cabeça da grama, o garoto indagou a si mesmo, confrontando a estranheza do lugar em que se encontrava.

— Não, você não está morto — Respondeu a figura que estava ao seu lado.

— AHHHHH! — Gritou Gael com o susto que percorreu seu corpo, pois finalmente encontrava o ser que havia rugido quando ele quebrou o eixo, o leão de fogo.

O leão feito de fogo emergiu das profundezas da paisagem ardente, uma criatura majestosa e imponente que parecia ter sido esculpida por chamas dançantes. Sua pelagem era uma mistura de tons alaranjados, dourados e avermelhados, que resplandeciam como brasas incandescentes em cada movimento. Cada pelo era como uma chama viva, crepitando com calor e intensidade.

Seus olhos, profundos e penetrantes, brilhavam como duas esferas de fogo ardente, refletindo a sabedoria e o poder ancestrais que repousavam dentro dele. Suas pupilas se assemelhavam a brasas acesas, e sua expressão era uma combinação intrigante de nobreza e serenidade.

A crina do leão de fogo era uma cascata de chamas cintilantes, que se erguia com majestade em seu dorso. Cada mecha ondulava suavemente, emanando calor e luminosidade como uma coroa de luz em torno de sua imponente cabeça.

Suas patas eram fortes e vigorosas, como pilares de fogo que sustentavam todo o esplendor da criatura. Ao caminhar, as marcas de suas pegadas deixavam pequenos rastros de chamas no solo, como um lembrete de sua natureza ardente e enigmática.

A cauda do leão de fogo era um espetáculo à parte, sinuosa e elegante como uma serpente de fogo que dançava em harmonia com seus movimentos. Cada balançar da cauda deixava um rastro de faíscas no ar, como se o próprio fogo estivesse deixando um rastro brilhante por onde quer que ele passasse.

— Que lugar é esse? — Perguntou Gael, examinando os arredores em busca de pistas que o levassem a entender como havia sido transportado de forma tão extraordinária.

— Você está dentro do seu eixo. Tudo que você está vendo neste momento faz parte de si mesmo — O leão enfatizou enquanto caminhava ao redor de Gael, cuja mente se debatia entre a incredulidade de conversar com um animal de fogo e a maravilha do lugar em que se encontrava.

— Mas afinal, quem é você? — O garoto questionou, buscando compreender a identidade da misteriosa criatura felina.

— Quem eu sou? — O animal indagou, arranhando o solo gramado com sua pata direita, como se refletisse sobre a questão — Eu tenho vários nomes, para cada um que me encontra tenho um. Eu sou o que sou, mas é você quem define como deve me chamar.

Gael recolheu as pernas, sentindo-se inexplicavelmente confortável naquele lugar, como se pertencesse àquele mundo extraordinário. Antes que pudesse expressar o que estava sentindo, o leão interrompeu com sua majestosa voz:

— Eu entendo sua frustração, a sua impotência e o fato de querer ser mais forte e não conseguir, porém existe um caminho para você superar essa fragilidade momentânea, a única forma de você ficar forte é me conhecer e prosseguir em me conhecer.

— Mas como posso fazer isso, sendo que não sei nem o seu nome? — Indagou Gael confuso com as informações que o leão passava para ele.

— Levante-se, filho do homem, você vai começar a me conhecer a partir de hoje — O leão se virou para Gael, encarando-o olho no olho.

O garoto se levantou imediatamente, mesmo sabendo que não era o seu corpo físico que estava ali, estranhou o fato de conseguir ficar em pé de forma tão rápida. No entanto, o que mais o intrigou foi a forma como o animal falou com ele, assim como Miguel havia feito. Porém, antes que pudesse refletir mais sobre isso, o próximo comando do leão chamou sua atenção.

— Libere a sua espada e me mostre — Disse o leão, fazendo um pedido ao garoto.

Gael consentiu com a cabeça e pronunciou:

— Ignis — A espada surgiu em sua mão direita, com seu corte simples e a empunhadura de costume. Tudo parecia normal, desde que a arma havia surgido.

— Posição de batalha — Disse o animal, com a voz forte como um comando de um comandante. Gael assumiu a posição ensinada por Karumo, pronto para o teste.

Num piscar de olhos, o leão estava à sua frente, atacando sua espada com uma patada poderosa que a quebrou em um só golpe.

— Mas o que foi que você fez? — Questionou Gael, chocado com a forma como sua espada havia sido destruída com aquele golpe — Como vou poder voltar para a luta agora, se você quebrou minha espada?

— Sua espada não está em sua verdadeira forma — Disse o animal, chamando a atenção do garoto para a grande descoberta — Ela está tão frágil quanto um pedaço de vidro porque você ainda não me conhece e assim eu vou lhe ensinar meu nome.

Era a primeira vez que Gael havia ouvido algo assim. Ensinar o nome? Como algo tão simples poderia ser uma lição poderosa? Como uma referência em algo que representava as pessoas poderia ser ensinada como uma fórmula de matemática ou uma equação de física? No entanto, para aquele leão, seu nome era um ensinamento em si.

— Isso pode não ser uma fórmula matemática ou uma equação de física, mas meu nome não é igual aos demais e você vai saber o porquê — Disse o leão e em seguida rugiu para o lado — Eu e você somos um, enquanto você permanecer dentro do eixo, tudo que pensar ou sentir, eu também pensarei ou sentirei.

Gael então compreendeu o que estava acontecendo naquele momento. Se quisesse ficar mais forte e cumprir sua promessa de ser o mais forte entre os guardiões, ele precisaria aprender o nome daquele animal:

— Eu sou seu bestoj, eu sou a fonte de seus poderes e quanto mais você me conhecer, mais forte ficará — Disse o leão, virando-se para Gael — A pedra fundamental para esse tipo de situação é a confiança, tanto em você para comigo quanto de mim para você. Por isso, eu quebrei sua espada; sua confiança não era forte o suficiente, e nem sua arma e nem sua energia elemental foram capazes de derrotar o ciclope. Por isso, o trouxe aqui antes que morresse.

Quando o leão disse isso, três portas de madeira apareceram à frente de Gael. Cada uma tinha uma cor diferente: a primeira, da esquerda para a direita, era vermelha; a do centro, azul; e a terceira, branca.

— Como eu te disse, pela sua falta de confiança em mim, você manifestou a forma errada da sua espada, e isso afetou o tamanho do seu poder elemental — Enfatizou o leão, explicando o significado das três portas — Como Karumo te disse, existem três estágios da sua espada, e eles estão escondidos nessas três portas. No entanto, as portas azul e branca ainda estão trancadas. Lembra que Karumo disse que não poderia te ensinar a usá-las?

— Sim — Respondeu o garoto, admirando as três portas à sua frente.

— Isso acontece porque nossos poderes ainda não têm nenhuma conexão, mas a porta vermelha já está destrancada. Se entrar por essa porta, você descobrirá o meu nome, e sua espada assumirá sua verdadeira forma — Disse o leão, apontando com a cabeça para a porta que ele deveria escolher.

Gael se aproximou da porta vermelha e percebeu que ela não tinha maçaneta, ao contrário das outras duas. Ele se aproximou e a empurrou para frente, encontrando um escuro absoluto.

— Acho que estou entendendo o que você quer dizer — Disse Gael, compreendendo a situação em que se encontrava.

— Esse é seu primeiro teste de confiança. Se você deseja conquistar meu nome e meu poder, terá que pisar em lugares que não podem ser vistos — Disse o leão, olhando para ele — Caminhando onde seus pés jamais pensaram estar, explorando lugares completamente desconhecidos.

Gael olhou novamente para o leão, que assentiu com a cabeça, dando-lhe a coragem necessária para a atitude que precisava tomar. O garoto deu o primeiro passo em direção ao escuro, mas foi só quando deu o segundo que ele se arrependeu do que havia feito. No entanto, já era tarde, e Silva caiu em direção ao breu infinito.

Fim do capítulo

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