Volume 1

Capítulo 3: Colisão do Desespero

 

 

Havia se passado uma infinidade de dias desde que começou essa busca insana, Cada vila que surgia era como uma caixa de surpresas pronta para se abrir.

 E sabe aquela sensação de esperar o pior, mas acabar encontrando apenas maravilhas? Era exatamente isso que ele estava vivendo.

As vilas tinham sua própria atmosfera única, com crianças animadas pela presença do forasteiro.  Ele percebia que sua jornada era muito mais do que imaginava. 

— Cara! Tô começando a me sentir completamente perdido aqui, pensei que essa estrada levaria a algum lugar.

— O sol tá quase se pondo e eu tô há horas nessa caminhada sem rumo.

— Nenhuma vila à vista até agora. Tô começando a me preocupar. Acho que vou ter que me virar e encontrar um lugar qualquer para passar a noite. Só espero que seja seguro.

À medida que avançava, o clima se tornava mais denso. E então, de repente, um grito cortou o ar.

Socorro! Alguém me ajuda!

Kaito respirou fundo, tentando acalmar seus nervos diante da situação alarmante.

 "Que diabos foi esse grito"? — murmurou consigo mesmo, sua mente.

Seus instintos aguçados o guiaram na direção do grito angustiado, e à medida que avançava, os rastros de sangue marcavam o caminho, aumentando sua inquietação. A neblina densa envolvia tudo ao seu redor.

"Vou precisar manter a calma", pensou, profundamente enquanto se aproximava do local.

Mas o que ele viu o deixou petrificado. Seus olhos arregalaram-se diante da cena macabra . 

 "Será que é hoje que vou morrer"? — disse ele, com medo tomando conta de seus pensamentos.

Uma criatura selvagem devorava a carne de um homem indefeso, seus movimentos rápidos e vorazes causava horror em Kaito. O sangue jorrava, criando uma cena macabra diante de seus olhos.

"Tenho que agir rápido", cogitou, enquanto tentava formular um plano para sair daquela situação com vida.

Mas antes que pudesse reagir, um tropeço em uma pedra gerou um barulho que ecoou pelo local, alertando a criatura.

Screeeeech! Screeeeech! Screeeeech! o som cortou o ar, ecoando pela paisagem desolada.

— Ohhhhh! Nãoooooo

 "Estou ferradoo! Sinto o desespero me invadir, que sensação ruim e essa tomando  conta de mim".

"Eu preciso sair daqui o mais rápido possível, mas minhas pernas estão tremendo tanto que mal consigo dar um passo adiante."

A criatura, instintivamente, avançou em sua direção, suas garras afiadas prontas para o ataque.

Grrrraaarrr! Grrrraaarrr! Grrrraaarrr! 

O Rugido da criatura reverberou pelo ar, anunciando o perigo iminente.

Ele tentou recuperar o equilíbrio, mas foi tarde demais. As garras da criatura encontraram seu peito, causando uma dor lancinante.

Ahhhhhhhhhhhhh! Nãooooo..

Um gemido de dor escapou dos lábios , ecoando pela toda area.

O impacto da investida o lançou para fora da estrada, e ele começou a rolar descontroladamente pela ribanceira abaixo. Cada batida contra o terreno áspero aumentava sua agonia, até que finalmente sua cabeça colidiu violentamente com o tronco de uma árvore, deixando-o momentaneamente atordoado.

No entanto, ao abrir os olhos,  se viu em um ambiente surpreendentemente amplo e sereno.

" Não tenho mais salvação?" — pensou ele, enquanto sua visão ainda estava embaçada.

"Achava que poderia sair por aí."

"Eu fiz promessas e não vou conseguir cumprir" — lamentou-se, sentindo o peso de suas escolhas erradas e do medo.

Enquanto tentava se orientar e superar a dor, percebeu que a criatura ainda o perseguia.

"Nem consigo me arrastar"... Droga! Droga! Droga! — murmurou, sentindo a 
frustração e o desespero se acumulando dentro dele.

 "Este será meu fim!"

Lágrimas escorriam pelo rosto  enquanto ele soluçava, tentando lidar com a dualidade entre o perigo iminente e a beleza inesperada que o cercava.

"O que é aquilo?" — indagou, observando os aventureiros emergirem das sombras , vestindo armaduras robustas e portando armas afiadas.

O coração dele pulsava acelerado, uma batida rítmica de adrenalina ecoando em seus ouvidos, enquanto percebia que sua sorte talvez poderia mudar.

Os caçadores hábeis e coordenados agiram em perfeita sincronia. Seus ataques se assemelhavam a um balé mortal, movimentos calculados e precisos direcionados à criatura que ameaçava devorar o pobre jovem. 

Em um momento de engenhosidade estratégica, o arqueiro lançou varias Flechas explosiva.

Boom! Boom! Boom!

O estampido ecoou pela paisagem, causando uma desorientação momentânea na criatura. A luz intensa da explosão destacou suas feições grotescas, revelando dentes afiados e garras letais.

 Enquanto outro guerreiro corria velozmente em seu cavalo, investindo com sua lâmina em golpes violentos.

Ele testemunhava a batalha se desenrolar diante de seus olhos. Seu coração batia descompassado, uma sinfonia de emoções intensas misturadas com o rugido dos combates. A criatura, ferida e momentaneamente repelida, recuava sob a pressão combinada dos caçadores.

O cheiro acre da explosão pairava no ar, misturando-se com o aroma metálico do sangue derramado. Cada som agudo das armas e cada flash de luz contribuíam para uma experiência intensa e surreal. O terreno vibrava sob os passos pesados dos combatentes, ecoando a energia selvagem da batalha.

Enquanto os caçadores mantinham a criatura à distância, um deles se aproximou de Kaito, oferecendo-lhe ajuda.

Garoto! Garoto! Está vivo? — perguntou o caçador preocupado.

Que drogaa! Quanto sangue você está perdendo, desse jeito não vai aguentar muito. — disse ele reconhecendo a gravidade da situação.

— Mas hoje é seu dia de sorte! Vou te levar para uma vila aqui perto — anunciou, ajudando-o a se levantar rapidamente para receber cuidados.

Passaram-se dias após os acontecimentos tumultuados naquela pequena vila. Tudo parecia bem.

"Aaaahhhhh! " — Onde estou!? — perguntou ele, todo assustado ao acordar.

— Calma, meu jovem — você está seguro — indagou a jovem.

— Você está em uma pequena vila chamada Everdawn — respondeu ela.

— Eu nunca ouvi falar dessa vila.

— Vou te contar um pouco mais —  uma pequena vila cercada por densa vegetação.

— As casas são construídas principalmente com madeira e pedra, formando um emaranhado de vielas estreitas. Algumas delas têm lanternas na entrada  — Os habitantes são tranquilo.

— Nossa! Mal posso esperar para sair por aí e explorar — disse Kaito, animado.

— Estou aliviada, por pouco você não escapou. Se o ferimento fosse mais profundo, teria sido fatal — comentou a jovem, aliviada.

— Eaí, garotão, como está se sentindo? — perguntou o caçador, curioso.

— Oi, Thorian, quanto tempo! Como vai? Pensei que você tivesse morrido — disse a jovem, expressando surpresa e alívio ao reencontrar ele.

— Tô ótimo, Astrid! E olha, aqui não sou tão fácil de tirar de cena, não é mesmo? Hahaha. — Thorian respondeu com um largo sorriso.

— Eu sei, não vou dizer nada. Você conhece bem como são as coisas lá fora.

— Foi uma situação tensa, quase não conseguimos salvá-lo — acrescentou Thorian.

— Ainda bem que deu tudo certo — disse Astrid.

— Por pouco eu não me tornei comida daquela abominação — falou Kaito, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

— E qual é o seu lance, se aventurando por essas bandas sozinho?.

— Sou só um cara que decidiu cair na estrada em busca de descobertas.

— Hum... parece meio suicida. Viajar sozinho por essas bandas tanto de dia quanto à noite, tem umas criaturas bizarras que fazem a gente tremer na base — comentou Thorian, preocupado.

— Eu senti isso na pele. Como se chama aquela criatura?.

— Aquilo! É um Carnífice Sanguinário — Uma criatura aterradora com um corpo esquelético coberto por uma pele pálida e putrefata. Seu rosto de caveira com olhos vazios e dentes afiados se contorce em um sorriso macabro enquanto ele se lança sobre sua presa. Seus membros esqueléticos se esticam em direção à vítima, agarrando-a com força letal.

— Ela não tem piedade, apenas a sede insaciável de sangue fresco, e a cena macabra é um testemunho de sua natureza grotesca e aterrorizante. Já matei alguns, são difíceis de matar. eles andam em grupos, e aquele estava sozinho.

— Vou levar isso comigo, pois deixou uma marca profunda no meu peito.

— Sim, realmente deixou uma bela marca de lembrança. — comentaram os dois, enquanto olhava para Kaito.

— Estou determinado a seguir em frente com meu objetivo. Não vou desistir facilmente — afirmou ele, com confiança.

— Gostei de você, muito determinado, mas isso que você viu é só o começo. — comentou Thorian, admirando a determinação.

— Me desculpe pela minha falta de educação, deixa eu me apresentar. Eu me chamo Kaito Stonehaven. — disse ele, buscando corrigir sua falta de etiqueta.

— Hum, nome de guerreiro, Kaito. "Oceano Vitorioso", representando força e determinação. Que incrível.

Sua expressão ficou séria, sugerindo que o verdadeiro desafio estava além do que o jovem tinha enfrentado até agora.

— Tem coisas bem piores que os Carnífices Sanguinários. Já vi de tudo um pouco — disse  Thorian alertando.

Por um momento, como se relembrasse de experiências sombrias e desafios superados. Seus olhos, por um instante, revelaram a complexidade de um passado marcado por lutas e descobertas aterradoras.

— Mas confesso que tem coisas que não vi totalmente. Esse mundo tem muitos mistérios e segredos, e coisas bizarras — Thorian revelou, sugerindo que mesmo um caçador experiente como ele ainda enfrentava desafios.

— Nós, caçadores, ficamos surpresos... Há rumores de que quanto mais fundo se vai, pior fica.

— Você pode entrar no meu grupo temporário até pegar o jeito? — perguntou Thorian, oferecendo ao jovem uma nova oportunidade de se juntar a eles em uma nova jornada. A dinâmica do grupo parecia ser moldada pela confiança mútua e pela disposição de aceitar novos membros.

Ciente de suas habilidades e limitações, refletiu sobre sua experiência anterior e a orientação de sua avó: "A humildade e a prontidão em aprender".

— Eu poderia ter enfrentado aquela criatura, mas hesitei e quase paguei com a minha vida. — confessou Kaito, com um peso no tom de sua voz.

 — Aceito! Se eu quiser aproveitar esta segunda chance, preciso me aprimorar.

Ele reconheceu a importância da experiência que poderia obter ao se juntar ao grupo. Thorian, satisfeito com sua decisão, assentiu e indicou os próximos passos.

— Certo, vou avisar o grupo assim que você se recuperar. Nos vemos na guilda.

— Obrigado, de verdade, Thorian.

— Fique à vontade para passar um tempo aqui enquanto se recupera — disse Astrid, com um sorriso caloroso.

— Caramba! Não sei como posso agradecer pela hospitalidade — Kaito respondeu com expressão de felicidade.

— Hahaha! Relaxa, você pode começar se recuperando primeiro — disse ela, suspirando fundo.

Após toda essa situação, Astrid, a filha de Liora, explicou tudo o que tinha acontecido, já que sua mãe não estava presente. Ela tinha acabado de retornar, e ela ficava responsável pela casa de cura.

O ambiente era permeado pela suave luz de velas mágicas, criando uma atmosfera serena e reconfortante. O cheiro de ervas e poções flutuava no ar, indicando a presença constante da cura e da magia medicinal. Liora, uma curandeira experiente, dedicava-se incansavelmente a cuidar daqueles que buscavam alívio para suas feridas e aflições.

A sala principal estava decorada com tapeçarias coloridas que retratavam cenas de cura e magia. A mobília de madeira polida transmitia uma sensação de calor e tranquilidade. Ao centro, uma mesa de trabalho exibia frascos cuidadosamente etiquetados contendo uma variedade de poções e remédios.

Astrid compartilhava o dom da magia de cura  e auxiliava nos cuidados com os aventureiros e caçadores. Seu olhar amigável e sorriso acolhedor refletiam a dedicação da família em proporcionar o bem-estar àqueles que buscavam seus serviços.

Enquanto se recuperava sob os cuidados atenciosos de Liora e Astrid, ele podia sentir a energia curativa do ambiente ao seu redor. A magia entrelaçada nas poções e nos gestos habilidosos das curandeiras contribuía para acelerar seu processo de recuperação.

Dedicou-se intensamente ao treinamento durante o período de recuperação. Cada dia era uma oportunidade para aprimorar suas habilidades, fortalecer seu corpo e aperfeiçoar suas técnicas de combate. O ambiente da vila, agora familiar para ele, tornou-se o cenário de sua busca pessoal por excelência.

Ciente de que o mundo além da vila continha desafios ainda maiores, ele compreendeu que a hesitação não tinha lugar em seu novo caminho. Internalizou esse conhecimento como uma verdade inegável, uma lição vital que moldaria suas escolhas e ações futuras.

Durante sua estadia na casa de Liora Sunfire, o aventureiro não apenas encontrou a cura para suas feridas físicas, mas também testemunhou a harmonia entre a ciência das poções e a magia curativa. Esse período de convalescença não só restaurou seu corpo, mas também fortaleceu sua determinação em prosseguir com sua jornada, além de despertar uma profunda gratidão pela generosidade.

— Todo esse tempo, você, meu jovem, não poupou esforços. Sua recuperação foi incrível — disse Liora, surpresa.

— Verdade, ele é muito forte — endagou Astrid.

Ahh! Eu não sou tudo isso não, mas agradeço pelos elogios.

— Então, chegou a hora, chega de moleza. Vou me jogar nesse mundo com tudo — disse ele, dando gargalhadas.

— Calma! calma! Agora você deve tomar cuidado, excesso de confiança não é bom — disse Liora, preocupada.

— Sei bem, hahah! Vou tomar e muito agora...

Recuperado de seus ferimentos, ele se dirigiu à guilda em busca do aventureiro para  se unir ao grupo. Ao adentrar a guilda, uma sensação de camaradagem e de atividade preenchia o ambiente. A atmosfera estava carregada com o zumbido de conversas animadas e o tilintar de equipamentos.

Cling-clang! Clank! Clatter! Jingle! Rattle!
♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪♪......

Ei! Aqui na mesa, olha só quem chegou — acenou Thorian, com um sorriso estampado no rosto.

— Olha só, não é que você veio mesmo. Pensei que já tinha desistido — falou Thorian, num tom irônico.

Ahh! Sabe como é né? Se acha que eu vou perder uma aventura... — disse Kaito, depois de soltar uma risada.

— Toma um gole aí, moleque. Vai dizer que não bebe? Se tá de sacanagem, hahaha.

Glug!... Glug!... Glug!... Glug!... Glug!...

— Olha só, pessoal, o moleque já tá puxando o barco, hahaha.

— Caramba, ele está bêbado! — comentou Kaito, entre risos.

—  Garoto! Essa aqui é Elara. Você deveria conhecê-la, ela adora jovens como você.

UAU! Que jovem rapaz lindo... — Que tal me acompanhar? Vamos nos divertir um pouco? — disse Elara, enquanto sorria.

— Não posso, tenho que manter o foco no meu objetivo e não quero distrações — respondeu Kaito, com um tom mais sério.

— Como você é decidido, gostei de você. Quem sabe um dia... — murmurou Elara, inclinando-se para perto dele.

— Que medo, hein, lindinho! — Sempre tão centrado, você tem muita classe. Assim, não vou resistir mais — comentou Elara, com um sorriso brincalhão. 

— Chega de papo furado, seja bem-vindo... A partir de hoje, você está conosco em nossas jornadas — afirmou Thorian aos demais.

— Estou muito ansioso por isso.

— Vamos aproveitar! — exclamou Thorian.

— Hoje tudo é por minha conta!

"Olha, bartender! Encha o copo aí e coloque na conta dele."

"Uau, isso nunca aconteceu antes? Vamos aproveitar, hahaha!"

— Sua fama é boa em... — disse Kaito, de forma irônica.

Ele mergulhou de cabeça no grupo, entrelaçando laços com Thorian e os demais membros. Histórias de batalhas se mesclavam com risadas ao redor do fogo, enquanto compartilhavam segredos e aprimoravam habilidades.

Juntos, enfrentaram desafios e perigos constantes, forjando memórias que ecoariam em suas vidas para sempre. A guilda tornou-se seu porto seguro, uma família de corações intrépidos, navegando por terras desconhecidas.

Com o passar do tempo, Kaito amadureceu em força e habilidade, pronto para embarcar em sua jornada solitária.

No entanto, antes de partir, Thorian sussurrou sobre uma cidade chamada Glimmerwind, envolta em mistérios e maravilhas. 

 Ele explicou que, lá, Kaito poderia encontrar respostas e descobrir mais sobre um local oculto que guardava segredos ancestrais, talvez as respostas que tanto buscava.

 

 


 



Comentários