Esquadrão Zero Brasileira

Autor(a): Riley Sato


Parte 1 – Arco 1: Exame dos Sentinelas.

Capítulo 8: Palcos Principais.

Gwen, Harry e eu estávamos sendo entrevistados por um rapaz chamado Fiorini. Muitos olhares estavam voltados para nós. Este homem não estava sendo incômodo, apenas fazia muitas perguntas.

Gwen era a única irritada com a nossa situação, dado que Fiorini inundava nosso amigo Harry com perguntas. Como ele tem dificuldades em socializar, encontrava-se travado.

— O que está acontecendo aqui? — Uma voz suave e delicadamente feminina surgiu.

— Evelyn? — Gwen se perguntou ao vê-la.

A mulher em questão, aparentava ter entre vinte e trinta anos, com olhos e longos cabelos de cor violeta. Ela lançou uma piscadela amigável para minha amiga, mantendo, simultaneamente, uma postura séria com Fiorini.

— Posso perguntar se está incomodando os outros? Nós autorizamos o seu conteúdo, desde que ele não cause problemas para essa instituição.

— Imagine, nunca fiz tal coisa. Estávamos apenas criando nosso conteúdo inofensivo para a internet. Mas como não quero ser expulso daqui, acho melhor vazar. — Gwen concordou, rindo levemente.

Meio baixo astral e de cabeça baixa, Fiorini saiu com o rabo entre as pernas. Embora ela tenha sido um pouco difícil, a experiência da entrevista foi agradável. Se tivesse a oportunidade, acredito que faria tudo novamente.

— Muito obrigado, Evelyn. Sua ajuda foi valiosa. Fico lhe devendo uma. — agradeceu nossa amiga.

— Imagine! É o mínimo que posso fazer pela minha amiga — disse Evelyn, um tanto envergonhada, enquanto coçava delicadamente a bochecha.

Harry, que aparentava recuperar sua postura, aproximou-se de mim discretamente. — Dusk, você não tem a sensação de já ter visto essa mulher antes?

Depois de ouvir o que ele disse, a observei com mais atenção. Na verdade, acredito que já a vi diversas vezes. O nome dela é Evelyn, certo? Qual é o sobrenome dela mesmo?

— Não é ela, Evelyn Bladow? Por que está aqui? — perguntavam algumas pessoas ao nosso redor.

É isso, como fui me esquecer? Ela é Evelyn Bladow, membro do grupo de capitães de Thesena. Poxa me deu um branco na cabeça. Compartilhei essa informação com meu amigo, que compreendeu, mas, em seu caso, ele não é muito interessado em assuntos relacionados a capitães ou sentinelas, portanto, para ele, foi uma informação irrelevante.

— Uma capitã? Ela não parece aparentar tanta força — observou Harry apenas pela aparência.

Com certeza, o físico de Evelyn não era típico de uma atleta. Ao contrário, ela era bastante magra e esguia, emanando uma aura de delicadeza. Ela se assemelhava com modelos de renome mundial.

— Ela pode não parecer, mas não devemos ignorar o fato de que ela é. Deve haver uma razão para ela ocupar essa posição — tentei defendê-la.

O alarme do celular de Harry soou alto e estridente, o aparelho quase caiu. Com uma ponta de desespero, ele rapidamente o desligou.

— O que foi isso? — eu perguntei.

— Eu configurei um lembrete para não esquecer da minha avaliação. Agora, só preciso descobrir onde será.

— Você não sabe onde será sua avaliação? Parece que você está muito bem informado...

— Ah, espertinho! Parece que sabe onde seus testes serão realizados também? — Ele me desafiou.

— Para ficar claro. Vai ser aqui em Thesena. Essa é toda informação que tenho. — Eu entendo, pode parecer óbvio o que eu disse, mas é porque também não tenho informações específicas sobre o local.

— Não se preocupem, eu mostrarei o local. — disse Gwen.

Nós dois, juntamente com a capitã, percebemos a atitude da Gwen e ficamos assustados. No entanto, ao contrário de mim, Evelyn reagiu com um sorriso para ela.

 

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Entramos em um prédio aleatório. Por alguma razão, estava repleto de robôs, displays digitais e pessoas vestindo jalecos brancos, assim como nosso amigo. Todo o ambiente era predominantemente branco.

Agora nos encontrávamos em um corredor deserto, diante de uma porta fechada. Ao lado, um rosto digital nos observava de maneira peculiar. Esta situação era um tanto estranha.

— Acesso liberado, Harry Carbess. Desejo-lhe boa sorte em sua avaliação — anunciou a voz digital da máquina.

A porta se abriu, revelando um amplo salão. Inúmeras poltronas estavam alinhadas em fileiras, e no extremo da sala, um palco imenso dominava a vista. Algumas pessoas já estavam lá, em plena apresentação.

— A entrada de pessoas não autorizadas é proibida.

— Como sempre os cientistas sendo chatos. Parece que pegaram essa mania de Daniel — reclamou Evelyn.

Isso é complicado para Harry, ele parece não consegue lidar com essas situações sozinho. Se o deixarmos lá, ele pode entrar em pânico. Ele pareceu reconhecer essa possibilidade, e ficou nervoso, mas conseguiu parar, se acalmar e respirar profundamente.

— Está na hora de encarar isso. — ele tentou demonstrar coragem.

— Você realmente vai ficar bem? Observe, você está vermelho e mal consegue parar de tremer — Evelyn destacou esses pontos.

— Não fale assim, tudo vai ficar bem. Tenho confiança de que Harry pode superar essa situação. — Tentei transmitir-lhe um pouco de coragem, sendo que eu mesmo achei isso impossível.

— Dusk está correto, eu posso fazer isso. — Com uma tentativa de reunir toda a sua coragem, ele entrou na sala. No entanto, antes que a porta se fechasse, ele desviou o olhar em nossa direção.

— Boa sorte! — Gwen e eu falamos surpreendentemente ao mesmo tempo.

Evelyn, que era um presença aparte, andava pelo corredor enquanto observava os quadros nas paredes. Ela via tudo como se fosse novidade. — Estive aqui algumas vezes, mas nunca percebi essas coisas.

Como assim? Ela vive aqui. Nunca percebeu detalhes simples? Bem, não posso criticar, pois, também não havia notado esses quadros antes.

Gwen notou que também estava alheio ao que se passava e, ela sorriu e olhou para Evelyn e eu. — Vocês dois são tão parecidos, sempre parecem desligados do mundo.

— É inaceitável me comparar a esse indivíduo, pois pertenço a uma patente superior. Como pode fazer tal comparação? Não somos amigas?

— O que foi isso? Notei um leve tom de desprezo em suas palavras, sabia? — eu declarei.

— Isso é evidente. Uma criança como você não pode ser comparada a uma bruxa lendária como eu. Sou a Domadora de Sombras. Tem noção disso?

— Domadora de sombras? O que é isso? Cê tá inventando coisas, isso não existe. Você está livre para expressar suas opiniões, contudo, Dusk Tedimir é capaz de superar qualquer desafio. Não querendo dizer nada, mas talvez pode vencer um capitão.

— Ah, não brinque comigo, jovem! Você tem quantos anos? 13 ou 14?

— 17 anos.

— Preste atenção, jovem. Você mal experimentou um beijo, mal entrou na vida adulta e já pensa que pode enfrentar alguém da minha classe? Eu venho treinando magia desde os meus 4 anos de idade.

Certamente, essa idade é ideal para iniciar os estudos. Eu mesmo comecei aos sete anos, mas foi por sugestão dos meus pais. Se dependesse de mim, teria começado a aprender desde o dia em que nasci.

— Você tem um ponto forte, isso é inegável — afirmei. — Porém, isso não elimina a possibilidade de eu derrotar qualquer um. Acredito firmemente nisso, só preciso da oportunidade. É como meu pai, Ronnos, costumava dizer: você é capaz de qualquer coisa, desde que tenha inteligência, foco e uma pitada de sorte.

Gwen que ouviu eu dizer isso veio até mim e pôs a mão no meu ombro. — Foi bonita essa frase que disse, entretanto, te falta uma coisa, inteligência.

— Poxa! Que bela torcida. Como assim falta inteligência? — perguntei indignado.

— Escuta o que está dizendo, está desafiando uma capitã? Se ela quiser pode acabar com contigo em segundos. Ainda mais Evelyn, que é uma bruxa extremamente poderosa.

Observei-a com mais atenção, apreciando sua bela aparência e rosto que a faz parecer um anjo. No entanto, senti uma aura peculiar emanando dela, algo que me causou desconforto. — E então, qual é o problema? — eu perguntei.

Minha amiga levou a mão à testa, balançando a cabeça em negação. — Você realmente não entendeu...

Através da janela aberta, observamos os fogos de artifício sendo disparados. Foi então que percebi que eles vinham de uma construção enorme, semelhante aos grandes estádios de futebol.

— Compreendo. Gwen e Dusk, venham comigo. Que tal conhecermos o palco principal de hoje? — sugeriu Evelyn.

 

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Fomos para um lugar específico. Saímos do prédio onde Harry ficou para fazer a apresentação. Sabe aquela construção enorme, onde vi os fogos serem disparados? Então fomos até lá.

Tava lotado de gente, mal conseguia andar direito pela multidão, mas por ter uma figura de destaque como Evelyn em nossa companhia a travessia foi sossegada.

Subimos alguns andares, estávamos novamente num corredor, só que esse era movimentado, não comparado ao tanto lá fora, mas tinha alguns passando aqui e ali.

Entretanto, não foi isso que chamou minha atenção, mas sim uma grande janela com vidro que se estendia pelo corredor todo. Tanto eu como Gwen corremos para ver o que tinha depois daquilo.

Era o local do nosso teste em que estaríamos em algumas horas. No centro daquele espaço havia um grande círculo desenhado e uma cor avermelhada pulsava dela, como se fosse algo mágico.

— Foi aqui que comecei minha carreira em Thesena — comentou Evelyn.

— Que maneiro. — eu disse surpreso.

— Vai ser no mesmo lugar onde meu irmão começou também — disse Gwen.

— Sim, e foi aqui onde conheci o Nathanzinho!!! — Evelyn falou toda tímida.

Entorno daquele círculo havia arquibancadas que dava uma visão privilegiada daquele centro. Acho que facilmente cabe umas 50 a 70 mil pessoas ali.

— Olha Dusk. — chamou a capitã. — O teste de hoje levará 3 minutos, caso você conclua seu teste em 2 minutos, coisa que já acho muito, você ganhará duas recompensas. Meu respeito e um favor.

— Hu!!! Nossa que recompensas. — Claramente fui irônico.

— Achou ruim? Qualquer um gostaria de ter meu respeito e favor. E aí? o que vai fazer? Vai enfrentar ou desistir como um covarde?

— Covarde não. Tá bom, eu aceito, mas só para você ver como Dusk é alguém de palavra.

Nesse instante senti algo estranho ao meu redor, não foi só eu, mas tanto Gwen e Evelyn sentiram essa mesma coisa.

— O que voce disse seu idiota? — alguém gritou.

Era uma confusão que estava prestes a começar, me virei e vi um grupinho de garotos acho que da minha idade se encarando.

Um deles tinha cabelos espetados da cor laranja e nas costas carregava uma grande espada.

Na frente dele tinha três indivíduos, mas um destacava, estava no centro, jovem de longos cabelos negros, com uma espada na cintura.

— Já não o vi antes? — por algum motivo senti que já tinha visto aquele de cabelo longo, mas onde?

— Seu pai é uma farsa. Ele não é um bom espadachim como diz ser, Nós da família Dramus, somos conhecidos por carregar o título de maiores espadachins do mundo — disse aquele de cabelo laranja.

— Retire o que disse. Vou acabar com você!

— É difícil ouvir a verdade ou está com medo de sair dessa ilusão? Além dele ser fracote, tem um filho que mal pode ser um terço do que ele é.

— Caraca, ele ofendeu assim mesmo? Puxa vida, isso foi cruel — eu disse.

Minha amiga que via essa cena com indiferença ao prestar atenção, acho que para ela são só duas criancinhas brigando. — As coisas não vão acabar bem.

Como Gwen disse, aquele de cabelo longo, pois a mão no cabo da espada como se fosse sacá-la para partir no ataque.

Um sorriso desdenhoso apareceu no rosto do outro menino que estava de braços cruzados.

Para acabar com esse clima pesado, uma figura entrou no meio deles. Era ela, a capitã Evelyn, que bateu um guarda-chuva no chão. De onde ela tirou isso, não sei, mas foi legal.

— Vocês, vamos parar com essa bagunça agora. — Ela apontou para todos. — Se continuarem com isso, devemos removê-los de Thesena e desqualificá-los para os testes.

Aquele trio, onde o de cabelo longo estava, foram os únicos que ficaram desesperados quando ela disse isso.

— Você quer isso, Bennet? — Evelyn voltou essa pergunta para aquele que sacaria a espada.

— Não, desculpe pelo incomodo. — Os três abaixaram a cabeça como reverência e como se tivesse com rabo entre as pernas foram embora.

— E você… — ela tentou falar com o de cabelo laranja, porém esse já estava indo embora.

— Já sei. Até. — Com apenas essa palavras ele partiu.

Foi inacreditável foi só Evelyn aparecer e se intrometer que acabou com uma discussão que podia ser feia. Isso é todo o respeito que ela tem? Também queria ter esse tipo de coisa.

— O show da Alexia Magus vai começar — falou Gwen enquanto via o horário no celular.

— Quem? — eu perguntei, porque foi de repente.



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