Filho das Cinzas Brasileira

Autor(a): Hiore


Volume 1

Capítulo 5: Minha deusa

Antes que pudessem reagir, um dos monstros já pegou Henrique que estava indefeso. Então Caio se repetiu:

— Vamos, não sejam tímidos, entrem… ou querem que eu mate ele?

O professor foi forçado ao chão por um dos monstros que usava uma técnica de imobilização, os outros também sentiram, em suas costas, as garras daquelas criaturas humanoides e assustadoras.

Não havia outra opção, caminhando a passos lentos, fizeram como ordenado. Henrique foi levado por um dos inimigos e amarrado, os outros três ficaram de pé na frente de um extremamente sorridente Caio.

— Devem estar se perguntando o porquê de eu fazer tudo isso, certo? E, para sua sorte, eu vou contar. — Ele se mantinha sentado em sua carteira escolar, mas agia como se aquilo fosse um trono. — É porque minha deusa pediu; por ser muito forte, fui escolhido, todos os poderosos serão levados ao céu, o resto vai ser exterminado. Você ainda não entendeu, mas esse apocalipse e apenas os escolhidos sobreviverão.

De forma arrogante, olhou para o teto e gesticulou exageradamente com os braços, era como se esperasse uma revelação que viria de cima. Depois de alguns segundos naquela pose ridícula, voltou a atenção para todos,  carregando um sorriso sádico e um olhar cheio de insanidade.

— Mas não se preocupem, estou aqui para recrutar as pessoas fortes de alma e corpo, os dignos… e eliminar todos os fracos, os indignos. Sabe o porquê? Simples, porque minha deusa me escolheu para isso, sim, de todas as pessoas, sou eu quem vai decidir quem recrutar e quem matar, entenderam? 

Ninguém conseguiu entender completamente a explicação, parecia apenas um louco gritando bobagens, como aqueles que se vê de vez em quando na rua. Só tinha uma pequena diferença, esse maluco tinha poder, por isso, ao invés de engraçado ou estranho, tudo soava ameaçador e assustador.

— Obviamente, Henrique é forte, por isso estou disposto a poupar sua vida se quiser vir comigo — Caio disse se levantando. — Além do mais, posso abrir algumas exceções para pessoas leais, o que acha de vir comigo, Nicole? — Cheio de luxúria, olhou para a bela garota que tinha um cachorrinho na mão. 

A garota tremeu de medo, ao mesmo tempo que o nojo fazia seu corpo se contorcer. Ela sentia o olhar desagradável sobre seu corpo, como se fosse despida e humilhada na frente de todos sem poder resistir. Queria se cobrir, escapar, revidar, a raiva explodiu dentro de si, mas era abafada, não, esmagada, pelo tremer de sua alma.

O medo frio, como uma cobra se enrolava ao redor do seu corpo, travando cada membro, enquanto a sufocava pouco a pouco. A garganta secou, os músculos paralisaram, até mesmo o ar parou de chegar aos pulmões, resultando, em meio a toda agonia, o sutil calor, da pele macia e agradável de seu bichinho.

Clap! Um som de aplauso cortou a sala e foi logo seguido de outro… Clap! Clap! Calp! Enquanto um homem se levantava, os aplausos tomaram mais e mais o ambiente. Nicole, que apenas ouvia os sons vindos de trás, mantinha seus olhos fixos no seu pequeno pet. Ao mesmo tempo que o som repentino dava esperanças a ela, a garota tinha medo de virar e descobrir que as esperanças eram falsas.

Num segundo que mais aparece uma eternidade, viu um passo firme, de alguém que ficava ao seu lado, em pé e de postura confiante. Era um estudante, não o conhecia, mas olhou para seu rosto esperando que fosse salva depositando toda a sua fé na ideia de que seria salva. Então o homem chamado Gustavo começou a falar:

— Que incrível, amigo, por que não me contou antes? — Sorrindo de forma amigável, se curvou respeitosamente. Como mentiroso nato que era, prosseguiu: — De fato, parece uma tarefa à sua altura, será um prazer te ajudar ao máximo possível, Nicole, você vai vir junto também, certo? 

O sangue de Nicole ferveu, se sentiu abandonada pelo seu herói imaginário, que nunca foi heroico para começo de conversa. Em instantes, as esperanças foram queimadas e, como cinzas, se dissiparam no ar, deixando apenas a morte para trás. Mais uma vez, o aperto aumentou, a realidade esmagou a alma da frágil garota.

Finalmente, ela entendeu: estava diante da vida e da morte, um caótico desfiladeiro no qual ninguém estenderia a mão para salvá-la. Tal qual esse entendimento esmagava a garota, ela olhou novamente para Caio; sentindo um nojo absoluto que fazia seu corpo arrepiar, ainda tentou forçar um sorriso. Talvez aceitar fosse a única forma de sobreviver?

Então o “rei” apontou o dedo na direção do novo súdito, sorriu e disparou um laser perfurando seu ombro. — Eu não preciso mais das suas bajulações inúteis, já tinha decidido te matar há muito tempo. Acha mesmo que eu vou querer alguém que não hesita nem 5 segundos antes de trair todos? Não subestime minha inteligência.

Gustava levou a mão até o próprio ombro e sentiu seu sangue fluir. Sua respiração mudou, não sobrava calma ou compostura. Ele gritou e chorou, não sabia como lidar com a dor, nem com o desespero.

— Viram como é patético. — Caio chutou o homem que estava em lágrimas, o estudante voou e atingiu uma parede.

Gustavo cuspiu um pouco de sangue, Henrique com o corpo e boca amarrados, tentou gritar algo e agir, mas era impossível.

Restou para aquele puxa saco se debater, olhar para o rei louco em sua frente e se resignar ao silêncio, só torcia para que pelo menos sua vida fosse poupada.

Caio não deu nem um segundo olhar para o homem. Virou-se para garota em pânico e inclinou seu corpo na direção dela; com a ponta dos dedos, limpou suas lágrimas.

— Não se preocupe, apenas confie em mim e venha, não existe nenhuma opção melhor, você só tem que me obedecer. — Seu sorriso era repugnante, ao ponto de que Nicole não conseguia olhar diretamente para ele.

Nicole pensou em se entregar por um segundo, mas foi impedida por um latido fofo e agudo. Antes que notasse, o bichinho que estava no seu colo, tinha pulado para morder os dedos do homem que ousava tocar sua dona sem permissão. 

Por um instante, Caio foi surpreendido, mas logo reagiu e chutou o animalzinho para longe. Em seguida, esticou o dedo em sua direção para atirar.

Vendo que seu companheiro teria a vida ceifada, por um segundo a garota conseguiu forças para se livrar da paralisia, se movendo na tentativa de ficar entre o disparo e o seu pet.

Em milésimos de segundos, a energia se concentrou na ponta do dedo de Caio, então…  

Uma substância azul se formou na palma da mão do louco, então forçou o dedo dele para cima tão rápido que o quebrou, então o disparo acabou atingindo a única lâmpada da sala. 

— Tá bem de mira, hein? — Cansado de ficar só olhando  e se aproveitando do caos momentâneo, Leo queimou as cordas que o prendiam, sorriu ironicamente para Caio e, com um braço, segurou a garota que tinha se jogado de qualquer jeito, a puxando para perto e evitando que caísse no chão.

 

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Nota:

Quem quiser vai poder me apoiar doando no pix, sempre que acumular 20 reais em doação, vou postar um capítulo extra.

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É isso, obrigado por ler.



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