Volume 1 – Arco 2
Capítulo 136: Ninho
Manhã de sexta-feira, 25 de agosto.
Samanta vestia uma legging escura e um blusão, enquanto preparava seu pré-treino na cozinha do apartamento de Thales. Dormiram juntos na noite passada, algo que estava se naturalizando a ponto de ir ao próprio apartamento apenas para buscar roupas limpas.
Thales chegou à cozinha instantes depois. Samanta acabava de colocar a quantidade desejada de whey, usando o scoop do próprio, quando Thales chegou por trás, todo dengoso e carinhoso, abraçando-a e colando os corpos. Samanta abriu um sorrisinho; Thales desceu a mão esquerda, deslizando lentamente algumas apertadas na nádega esquerda.
— Para com isso, seu besta. Pega o leite pra mim — pediu, voz risonha.
Mwa...
Thales beijou a cabeça da namorada e foi até a geladeira.
— Eii? — chamou ela, olhando-o trazer o leite integral.
— Oi? — respondeu ele, curioso com aquele olhar.
— Vai passar um filme de comédia amanhã na televisão. Bora ver? Fazemos algo pra comer e assistimos à tarde — pediu sorrindo, cheia de expectativa.
— Tá bom. Vai querer comer o quê?
— Pipoca e refrigerante.
— Amanhã a gente compra — complementou com segurança e um sorriso carinhoso.
— Tá bom — respondeu, animada.
— Tá indo treinar hoje? Posso acompanhar o meu amorzinho? — murmurou, se aproximando em um abraço... mas a resposta foi como um tiro.
— Não.
Travou.
— Marquei de ir com a Nathaly. Só meninas. Amanhã e domingo, só nós dois — complementou.
— Entendi... Vai demorar muito? — perguntou, todo manhoso na voz.
— Acho que não, por quê?
— ...Queria jogar com você jogando mais embaixo... — respondeu com um tom envergonhado. Samanta deu uma leve ruborizada, mas o sorriso sapeca era presente. Chegou um pouco mais perto dele e respondeu no tempo em que se ajoelhava:
— Vou beber um pré-treino mais gostoso hoje, então — murmurou com sensualidade.
O garotão de Thales se animou, querendo rasgar o tecido tecnológico. Fush... Samanta abaixou a bermuda e quase levou uma cabeçada no rosto. Sorriu com uma risada travessa e tocou-o com as duas mãos, indo com um pouquinho de pressa para não atrasar o horário marcado com Nathaly.
Os lábios chegaram na cabeça cogumelo, Mwa... Gluck-mmm... um beijinho molhado e logo engoliu um pouco do linguição queimado, 30%, saindo e voltando com seus movimentos sensuais de cabeça. O cabelo solto em cascata.
Os maxilares trabalhavam com mais perfeição suas sucções. A língua massageava. As contrações da garganta brincavam com o jovem, que mantinha a mão na cabeça da menina, não forçando, apenas apoiando e seguindo os movimentos que ela realizava. Rosto de Thales voltado ao teto, o prazer imenso, ao menos não tremia como um cachorro molhado enquanto ela devorava seu pau com vontade e sede de leitinho espesso e quente.
Brr...
O celular de Samanta vibrou sobre o balcão. Shlurp... com uma chupada forte para não deixar tudo babado a ponto de molhar o piso, Samanta ergueu o olhar para cima. Thales abaixou o dele; ela o olhava, e antes de voltar ao ato delicioso, perguntou:
— É a Nathaly?
Thales pegou o celular, sentindo o pau entrar de volta na hidromassagem quentinha, e viu a notificação.
— É a Alissa no grupo do esquadrão, mandando todo mundo ir para a missão do endereço que ela mandou — murmurou, com a tristeza cada vez mais nítida na voz. Samanta parou o ato... o membro ficando flácido com o momento tão gostoso sendo interrompido.
Apoiou as duas mãos no rosto do namorado, sorrindo ao ver o rosto abatido.
— Depois continuamos. Vou escovar os dentes e me trocar, já volto — disse e saiu para o banheiro.
— Sniiifff, Harrrff...
Thales respirou fundo e soltou, apoiando o celular no balcão. Fsh... Puxou a bermuda de volta, indo buscar seu uniforme e armas, enquanto os nanorobôs criavam uma cueca para consolar o meninão abatido mais embaixo.
Pouco tempo depois, Nina, Samanta, Nathaly, Thales e Arthur se encontraram em um playground, em Aclimação, mais de sete quilômetros de onde moravam. Uma corrida tranquila, não podiam perder tempo. Qualquer segundo perdido podia ser uma vítima.
Louis não tinha certeza sobre as informações fornecidas nas denúncias, nem sobre quantas anomalias poderiam estar envolvidas nos diversos barulhos em pontos diferentes relatados. Por isso, decidiu enviar o pedido diretamente para Alissa, pedindo para que mandasse todo o terceiro esquadrão para neutralizar a possível ameaça, classificada provisoriamente como Massacre 4.
— Cadê o Nino? — perguntou Thales.
— Alissa pediu pra ele acompanhar ela no treino das crianças da escola, então ele não pôde vir. Melhor desistir, ele não vai sair do castigo tão cedo — respondeu Nina, ainda incomodada com isso. Quando o irmão ainda estava livre, era mais fácil marcar encontros secretos com Nathaly.
— Por que aquele idiota aceitou o desafio da Alissa? Que burrice — resmungou o amigo, com saudade.
Enquanto isso, Alissa e Nino estavam na arquibancada, observando o treino das crianças da sala do professor Natanael. O treino era de velocidade e desvio: quem fosse acertado trocava de lugar com quem atacava.
Nino assistia extremamente aborrecido... fingindo. Ao menos não estava de empregadinha, e ao menos estava sentado ao lado da mais forte.
Em determinado momento, Pam! uma garota recebeu um chute na perna e saiu mancando, pulando apenas com uma. Nino abriu um sorrisinho de canto e lembrou-se de uma das reuniões onde Alissa mostrava anomalias diversas que já foram registradas, passando dicas de fraquezas caso um dia trombassem-nas.
Uma em específico veio à mente como um trovão, e uma piadinha escapou de seus lábios travessos:
— Saci perereca — começou a rir.
TUC!
— Ighiight... O QUe quE eU fiIIiiIzz? — gemeu, com a mão na cabeça, tentando aliviar a dor enquanto Alissa cruzava os braços, bufando pela quebra de silêncio sem permissão.
— Este é o lugar certo, né? Tá muito calmo por aqui — perguntou Samanta, olhando ao redor.
— Sim, Parque Aclimação. Aqui é o lugar — respondeu Nina, olhando ao redor. Sentia algo. Uma mínima presença escondida. Algo fraco, mas muito numeroso. Olhava para os lados, tentando localizar o que eram essas vibrações estranhas.
Arthur sentou-se no banco de pedras, enquanto o esquadrão procurava por algo que se remetesse às informações fornecidas por Alissa. Quando o fez, notou que uma pedrinha no chão dava alguns tremeliques, vibrações, pequenos saltos quase imperceptíveis... Achou estranho.
Curvou-se e colocou a palma da mão no chão, sentindo algo. O esquadrão parou, observando-o, e viu-o ajoelhar e se curvar, colocando o ouvido em contato com o solo sujo de terra, gravetos e folhas secas.
— O que cê tá fazendo? — perguntou Thales, intrigado.
O olhar de Arthur foi guiado ao colega, e sua resposta veio clara:
— Está muito calmo porque eles não estão na superfície. Tem algo embaixo de nós.
— Esgoto? — sugeriu Thales.
— Não sinto a presença de água embaixo de nós. Só do lago lá na frente — respondeu, ainda se concentrando nas vibrações que pareciam centenas de corações adormecidos querendo acordar.
— Oxi... Tu é uma forquilha de pau ambulante?
Não apenas Arthur, mas todos não entenderam. Com um rosto de pura dúvida, Arthur respondeu, erguendo-se um pouco do chão:
— Quê?
— Aqueles gravetos em "Y" que se usam pra achar água.
— Pra q...
GROAN!
Arthur respondia ao companheiro de esquadrão, quando um som absurdamente alto foi propagado à esquerda, junto de uma vibração repentina de um tremor forte. Lançaram os rostos lentamente e encararam três seres imensos, que pareciam encará-los com o mesmo olhar surpreso, de dúvida e estranheza.
Três anomalias do tamanho de dois carros empilhados surgiram de três buracos diferentes. Muito semelhantes a tatus, mas com aparência medonha: dentes tortos, unhas desproporcionais e carapaças cheias de falhas grosseiras.
Duas eram iguais. Um tantinho mais altas que a que surgiu no "meio", de seus buracos que formavam uma forma de "V" (<) deitado em suas posições. Possuíam uma tonalidade um pouco mais clara, do marrom-avermelhado, com estranhos cílios saltados, muito cheios de uma pelugem grossa.
No momento em que se revelaram, mais da metade do corpo estava para fora do buraco. Pareciam sentadas, olhando os exterminadores de volta. Vergonha? Fome? Medo? Não importava o motivo. Acharam que estavam fazendo a cidade tremer, parecendo microterremotos muitas vezes.
Encararam todos os "humanos" por um segundo inteiro. Todos parados. Até que se fecharam em bolas — a armadura mostrando-se ofensiva, no meio, espinhos fortes se erguiam. Um "pneu" de carro com lâminas no meio, cortando e destruindo o caminho por onde passavam.
Mas... não atacaram o esquadrão.
A do meio acelerou, fugindo na direção da R. Aporá; a da direita rasgou tudo no caminho, indo na direção da R. Robertson; e a da esquerda correu na direção da R. Heitor Peixoto. Nenhuma quis um embate. Sentiam medo, muito medo... da presença de Nina.
Eram rápidas... muito.
Nina sacou imediatamente o que era aquilo, mas não caiu no blefe. As três anomalias saíram quebrando tudo. O parquinho teria que ser reformado inteiramente, ou quase. A Primordial girou o rosto, olhando para Thales, Samanta e Arthur com firmeza e, com autoridade, ordenou:
— Separam-se e eliminem cada uma. Nathaly vem comigo. — Voltou o rosto na direção do buraco, e Nathaly seguiu-a no mesmo instante, no tempo em que os outros três respondiam:
— Sim, líder! — e obedeciam a ordem.
Nina e Nathaly saltaram... o buraco era bem profundo.
Crash-Crashh!
As ruas ali eram estreitas. Aquelas coisas grosseiras passavam, quebrando o asfalto e amassando carros estacionados. Na rua de Thales, que perseguia a do buraco direito, estava bem vazia, mas aquela coisa parecia um bêbado dirigindo. Batia em tudo. Chamava atenção?
Rasgou a R. Robertison e virou à direita, Crash! quebrando um pouco da parede de um prédio branco, uma lixeira, uma placa de pare vermelha, uma pequena árvore e um poste naquela esquina pacata... Invadiu a R. Paulo Orozimbo, causando a maior destruição que conseguia.
Thales saltou sobre os fios do poste que caiu e, quando aterrissou na rua, acelerando bastante — agora que era uma reta e não mais um pequeno morro — viu lá na frente, virando a esquina assim como ele, Samanta, que perseguia a segunda anomalia maior... Não tinha espaço. Aquelas coisas pensaram de forma igual e iriam acabar se colidindo.
Precisaram se afastar ao máximo do meio, e isso fazia com que amassassem todos os carros, postes e árvores... Thales e Samanta trocaram seus alvos com apenas um olhar que dizia muito, muito mesmo.
Aquelas coisas passaram raspando um pouco da lateral uma na outra... Era tarde, criaram a própria armadilha e caíram nela. Samanta imbuiu sua espada com vento, fazendo com que a lâmina metálica brilhante em prata cintilasse em verde, deixando um rastro no ar que cortava, mesmo com a lâmina ainda repousando quase inteiramente na bainha, posicionada na cintura à direita da jovem.
Nas inúmeras giradas por segundo daquela coisa, viu Samanta segurando o cabo da espada com a mão esquerda, e foi aí, que no desespero, a anomalia saiu de sua forma de bola e atacou, avançando com um salto, projetando seu corpo veloz e suas unhas horríveis na direção da menina calma... tranquila... suaaave...
Shk!
Samanta disparou também. Aquela coisa não a viu passar... Passou um corte rápido, fino, preciso, suave... no meio do corpo daquela coisa enorme. Thumrcrsc... caiu de barriga para baixo, arrastando-se pelo chão, já sem vida.
Já com Thales foi diferente. A anomalia não teve tempo de pensar em atacá-lo de fato. O jovem ativou as lâminas de suas manoplas e avançou como um tiro. A posição corporal, o soco vindo na altura da própria cabeça... descendo para um golpe mais baixo.
BAAM!!
Acertou o momento exato da rotação daquela coisa. O único ponto no meio daquela carapaça que não havia espinhos — sua cabeça. Afundou o crânio da anomalia, mas não a matou de imediato. A pancada foi tão forte que o impacto reverberou pela armadura, fragmentando e trincando grande parte de toda a casca e couraça dura daquilo.
Em uma tentativa de fugir, sabendo que não conseguiria vencer, Bam! Na primeira rotação contrária que foi obrigada a realizar com o soco recebido, usou a impulsão do corpo para bater a cauda no chão como um chicote gigante. Nem mesmo ameaçou acertar Thales, só usou aquilo para saltar ao céu... mas logo voltou ao inferno.
CRAACK!
Thales saltou, seguindo-a, passou por ela e, com uma área destruída pelo golpe passado, desceu soco no meio das costas daquela coisa, destruindo ainda mais partes da armadura, além de ossos internos, fazendo aquela coisa quase se dobrar ao inverso do que estava acostumada.
BAM!
Disparou na direção do chão e colidiu, quebrando ainda mais o asfalto daquela área.
Shk!
Não estava morta, mas nem conseguiu mover-se depois da colisão. Samanta estava diante de si, e nem mesmo Thales, aterrissando, viu quando a mesma desembainhou a espada e finalizou aquela coisa.
Olhou Samanta parada mais à frente, de costas, com aquele sobretudo prateado, e escutou um som grotesco. Olhou na direção: a anomalia que antes era sua, e Samanta assumiu a bronca, começou a se dividir ao meio. O corte preciso mostrava com perfeição aquela coisa cortada como um croissant dividido.
Piscou, meio assustado. Pch mas logo ouviu outro som grotesco, um baque surdo que gerava uma estranheza instintiva. Algo visceral. Vinha da direção da namorada e, quando olhou-a, viu a cabeça daquela coisa caída no chão. Não estava assim momentos antes. Um corte tão limpo que demorava até o corpo receber a informação dos danos sofridos.
O buraco deixado virou uma torneira de sangue azul. Thales viu Samanta dar um passo para trás, não querendo se sujar com aquilo.
— Sangue azul? Isso é normal? — perguntou ela, com nojo.
— Quando eu caçava tatupeba para comer, o sangue era vermelho normal — respondeu ele.
— Eca! — Olhou-o com nojinho. — Isso não transmite doenças?
Thales olhou-a de volta.
— Depende do que ele come, mas era o que tínhamos pra comer na época. — Coçou a nuca de forma desajeitada. — Vou ganhar dinheiro e mandar para minha família. Nunca mais comeremos tatu.
— Uuuii... Que nobre, meu cavaleiro — brincou ela com um sorrisinho e movimento de corpo.
— À sua disposição, minha princesa... Mwah! — A segurou pela cintura e puxou, dando-lhe um selinho carinhoso em sua amada.
Arthur perseguia a última e menor anomalia que permanecia descontrolada. Quebrou uma reta imensa de árvores e vegetação, passando à direita do Estádio Municipal da Aclimação "Jack Marin", Crash! Conseguindo acesso à R. Aporá, destruindo carros estacionados na frente da entrada do parque.
Nessa rua era diferente... Havia pessoas. Estava movimentada. O barulho fez o desespero se instalar. Pessoas correndo do perigo, o perigo que nem sabiam o que era. Arthur passou pelo buraco de destruição deixado, e foi quando percebeu: em um dos carros atingidos, havia pessoas. Um homem adulto estava inconsciente. Uma criança de cadeirinha chorava no banco de trás... gritando pelo pai. Desesperada. Chorando... pelo pai.
Arthur passou ao lado do carro. Sua mente se perdeu com a projeção que seus olhos mostravam. A foto de seu pai cravou-se em sua mente. Os vídeos. Seu pai. A imagem do seu pai foi martelada em sua mente.
Quando o tempo voltou, quando as coisas voltaram a correr, olhou para frente. Não podia parar. Mas, olhando para frente, via aquela bola grotesca indo na direção de algumas pessoas que decidiram ir até o parque naquela manhã. Tanto para correr quanto para brincar, praticar esportes ou somente passar o tempo.
Desespero.
O tempo novamente ficou lento. As feições das pessoas se contorcendo pelo medo emergiam das profundezas de seus corpos. Os corpos paralisando, alguns conseguindo mudar a postura para correr... outros ficando em choque.
Cada fragmento de asfalto voando com a destruição. Cada terra, poeira. Tudo caindo, e Arthur olhando como um inútil. Olhando e quase estando igual à criança no carro. Quase gritava por seu pai. Quase pedia ajuda para o seu... pai.
"Pai..." pediu... Uma lágrima solitária caiu do olho direito. Suas pernas e postura do corpo mostravam um jovem adulto correndo. Mas seu rosto mostrava uma criança assustada. As pernas fraquejando. Uma moleza imensa tomando conta. E então... parece que seu pai ouviu.
Na esquina, atrás das pessoas que seriam mortas em instantes, um caminhão-pipa se revelou. As pernas do jovem assustado ficaram firmes. O rastro da lágrima deixado na pele do seu rosto evaporou, como se ele soubesse magia de fogo. O olhar cravou-se no objetivo...
Arthur acordou.
Crsh!
Estendeu a mão o mais rápido que conseguiu e estourou o compartimento de água, controlando todos os mais de 20 mil litros de água e arremessando-os na direção da anomalia.
PLASH!
Não a feriu. Nem mesmo parou a rotação daquela coisa... mas desacelerou-a, e, controlando a água, junto das partículas de água presentes no ar, levou aquela anomalia submersa, perdendo cada vez mais força de giro, ao céu, salvando as pessoas e evitando mais danos à cidade e prejuízo que a ADEDA teria que suprir com dinheiro público.
Aprisionou aquela coisa e, no céu, forçou a água cada vez mais, criando uma pressão cada vez maior, tentando implodir a anomalia, enquanto, ao mesmo tempo, invadia a boca com água, fazendo-a se afogar, para eliminá-la sem mais nenhum risco de um civil se ferir.
Movimentos quase robóticos. Aquela coisa lutava para conseguir respirar e viver. Era um medo. Uma dor. Uma esperança cada vez mais apagada... que não sentia do que acontecia. Não era dele. Ou com ele. Aquele ser sofria e sentia dor por outra coisa. Uma falha. Um erro que foi fatal.
Crak...
Implodiu, e o som foi abafado.
A água ficou em um tom azul fortíssimo.
Shkrunch!
Quando a anomalia finalmente parou de se mover, Arthur a soltou em queda livre, ao mesmo tempo em que controlava a água contaminada para o bueiro mais próximo, e, enquanto ela despencava do alto, avançou sem hesitar, cortando a cabeça com um golpe de espada emanando uma luz azul-neon. Por perceber de cara que não se tratava de uma Ruína ou Calamidade, não era necessário se preocupar em destruir o coração para não regenerar mais.
Mal eliminou-a e virou-se, guardando a espada que perdeu o brilho, e correu na direção do carro com o homem desacordado e a criança gritando. Resgatou o homem e o colocou no chão, sentindo os batimentos... Uff... O teto amassado bateu na cabeça, mas apenas o desmaiou.
Enquanto segurava a criança nos braços, tentando acalmá-la, pessoas que estavam na rua começaram a se aproximar. Assim como pessoas fofoqueiras e muito curiosas saíram de suas casas para entender o barulho. Todos olhavam para o jovem, e todos começaram a agradecer e aplaudir.
Arthur ficou sem reação. Olhava-os e sorria amplamente.
"Era esta sensação que você sentia... pai?"
Enquanto isso, Nina e Nathaly entraram no buraco deixado pelas anomalias. Uma queda de 1,2 segundo. Cerca de 7 metros. Aterrissaram com suavidade, mas era um breu implacável. Nina ergueu a mão direita. Burn... Criando uma bola de fogo vermelho, mantendo-a flutuando e acompanhando-as enquanto caminhavam e descobriam o que havia lá embaixo.
Era o que Nina havia sacado imediatamente.
As três saíram; era apenas o começo de um ataque massivo quando sentissem muita fome. Mas não era necessariamente isso. Lá embaixo havia um ninho. Centenas e centenas de anomalias adormecidas, 90% sendo filhotes, que, mesmo filhotes, eram maiores que Nathaly.
As duas anomalias maiores eram fêmeas. A menor era o macho. Era o pai e as mães de todos aqueles bebês dormindo. Os tremores que as pessoas sentiam eram quando todas aquelas coisas corriam nos corredores grosseiros da caverna que criaram embaixo da cidade.
Se alimentavam de bichos que encontravam em suas escavações... mas até quando? Os pais tentaram salvar suas crias. Sacrificaram-se para levar o perigo o mais longe que conseguissem, já que sabiam que iriam morrer somente pelo medo que a presença de Nina era emitida em seus seres fracos e frágeis.
— São muitas — comentou Nathaly, observando a cena.
— Nhe... Vamos matar essas coisas logo — respondeu Nina.
Não demorou tanto. Exterminaram tudo, Nathaly disparando fogo como se sua espada fosse um lança-chamas de guerra, queimando grupos de filhotes que acordaram sentindo dor e grunhindo por ajuda de seus pais. Não existia mais proteção. Mas gritavam, enquanto suas carnes eram carbonizadas, pois tinham fé que iriam aparecer para salvá-los.
Após a limpeza do ninho, se reagruparam com o resto do esquadrão. Arthur chamava uma ambulância para o pai desacordado, enquanto Nina ligava para Alissa:
Vrr!
O celular de Alissa vibrou no bolso do short. Pegou-o, e Nino olhou de canto, meio rabugento, vendo que alguém atrapalhava seu "tempo de qualidade" junto de sua mãe. Alissa atendeu:
— Algum problema, Nina? — Quando Nino ouviu o nome da irmã, o olhar relaxou e voltou a sua "atenção" à atividade do professor Natanael.
— Nenhum. É que encontramos o problema. Era no subsolo. Diversas anomalias dormindo. Três emergiram e fizeram uma... digamos que baguncinha por aqui. Só isso mesmo. Ah, não sei se era Massacre 4. Não me parecia ser muito forte, mas eliminamos todas e é um buraco bem grande embaixo da cidade. Acho que pode dar um problema futuro.
— Entendi. Liga para Limpeza e explique isso para eles. Talvez mandem algum funcionário mais próximo para analisar e ver como vão cobrir esse buraco e retirar as carcaças. Mas fiquem por aí por mais umas meia hora. Às vezes têm outros buracos que não acharam. Qualquer coisa me ligue. E qualquer nova missão que aparecer, eu aviso.
— Ok. Com licença.
— Toda.
Nina desligou.
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