Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 2.2: Estrela de um céu limitado

— Ai, ai… esses caras só me dão trabalho. Eu sinto muito que eles tenham agido sem pensar, juro que essa não foi a minha intenção, mas as coisas saíram do controle.

Esse indivíduo, usava uma armadura preta com detalhes em dourado, porém que conseguia ser incrivelmente mais chique e estravagante que a dos outros que viram até então. Diferente do restante, esse não usava capacete, portanto seu rosto podia ser visto, que a primeira vista para Rie era uma cara tão comum que era fácil de confundir com qualquer pessoa. No resto, ele tem pele clara, um cabelo preto penteado para trás com uma mecha caída no lado esquerdo e olhos dourados.

— Deixe-me apresentar, sou Kentaro, um cavaleiro que serve a rainha do…

No entanto, antes que ele pudesse terminar de falar, foi interrompido por Jun que, ao dar um dash de aura o atacou com um movimento vertical. E para supressa da garota que observava isso, a lâmina dele foi parada em meio ao movimento pela montante do outro. O garoto sentindo o impacto ao seu ataque ser bloqueado, recuou e fez seus pés deslisarem ao frear.

Como que algo daquele tamanho foi brandido tão rápido? Isso era um sinal muito ruim de que havia algo a mais nisso tudo. Pelo visto, não era somente na aparência que esse homem se diferenciava dos outros que enfrentaram nesse dia.

Uma segunda arrancada que deixa um rastro que rasga o ar é dada, desse modo traçando uma linha linear, um ataque em estocada é feito. Contudo, a imensa lâmina para a de Jun sendo usada como uma barreira devido a sua largura. Só que dessa vez ele não permite que o recuo o atinja e, rotacionando seu corpo, agora dirige ao alvo um corte na horizontal.

Uma rajada de energia jorra de Jun e então se dissipa com o choque do impacto causado pelo fio de sua arma. Entretanto, o resultado que teve foi completamente o oposto do esperado, ele sequer havia conseguido causar um arranhão na armadura. E quanto menos pode ver, a montante já estava voando na sua direção para esmaga-lo.

Jun consegue bloquear o ataque, mesmo assim, o tamanho da massa que era empurrada contra ele se mostrava imensa. Rie sacou seu sabre para ir ajuda-lo, porém na mesma hora o viu assegurar sua espada pela ponta da lâmina com a outra mão e, assim, consegue ganhar esse embate de força empurrando o que tentava massa-lo para o alto. O som de metal ecoando, então toma o ambiente.

— Deixa de ser tão convencido garoto, pois eu não sou um desses soldados fracos de patente baixa que até uma criança bem treinada pode derrotar.

— Esse é um jeito bem interessante de se referir aos seus companheiros.

— Não me leve a mal, pois não é minha intenção desprezar os meus homens, mesmo que tenha recebido a ordem de tomar conta de combatentes do nível mais baixo, sei que eles tem o potencial pra crescer. Apenas quero deixar claro a diferença entre nós.

Ao ouvir essa breve conversa, foi impossível de Rie deixar de imaginar que, até então estiveram fazendo pouco caso de Jun e dela, uma vez que só estavam mandando os menos capazes para captura-los. Se tratava se uma arrogância que acabou custando caro para eles, caso contrário esse ataque na cidade não teria começado.

— Bem, tanto faz… — comentou o garoto de cabelos vermelhos, investindo contra o tal cavaleiro em simultâneo.

O som da aura dentro de Jun pode ser escutado sutilmente e de modo exponencial foi aumentando. Ele brande sua espada que outra vez tenta ser bloqueada, mas que em meia a um salto giratório desvia, acerta a outra e causando uma onda de impacto faz com que seja arremessada e crave contra o solo. A terra toda treme, e a energia continua a acelerar.

Se mostrando irritado, o homem de cabelos pretos rapidamente ergue sua montante e tenta esmagar o jovem com uma sequência de rajadas avassaladoras, assim, criando mais rombos na superfície. E a cada segundo Jun se tornava mais veloz. Em meio a um embate frenético, ele desviava de qualquer coisa de modo eficiente e elegante, fazendo cortes sequenciais que desenhavam linhas no ar, jorravam partículas e criavam estrelas em supernovas a cada impacto, que agora o outro sentia cada vez mais e mais.

Pedregulhos e partes da superfície voam conforme os diversos golpes que falham em acerta-lo acontecem. Então, usando de uma ideia que Rie sequer chegaria a pensar, Jun salta e se apoia nessas partes, desse modo, utilizando-se de arrancadas com a energia, avança em ataques. Ele de um lado para o outro, rodeava o inimigo e a cada instante o acertava com um vendaval de riscos traçados por sua espada que aumentava de velocidade interminavelmente.

Então, a montante pode ser avistada rodopiando pelo céu, até cair e sua ponta atravessar o que restava de chão e lá parar. Jun, aterrissa ao lado de Rie e assim olha em direção ao estrago que fez, na esperança de que tenha dado o fim a isso, no entanto:

— Você me surpreendeu, mesmo assim… Minha nossa, você é realmente um moleque bem mal-educado para não saber escutar os outros…

— Pra mim não interessa quem é você. Alguém que lidera homens no quais, não só atacam inocentes, mas também matam uma criança sem motivo algum, já é mais do que o meu inimigo! — Ele exclamou, mostrando-se em uma postura de combate sem indicar quaisquer sinais de que iria abaixar a guarda.

— Eu tinha dito que essa não foi minha intenção… Bem, de qualquer forma, isso não importa mais. Aliás, como posso dizer? Estou com uma sorte tremenda, pois além de confirmar o boato de um novo tipo de usuário de aura, também encontrei o ladrãozinho responsável por todo esse tumulto.

— Novo tipo? Pessoas assim sempre existiram, só que vocês Ones nunca deixaram que ficasse vivas.

Então eles estavam fazendo toda essa destruição só para recuperar a espada que Jun empunhava, incrivelmente. Na mente de Rie, ainda existia um espaço para a dúvida de que talvez houvesse um motivo a mais nisso, no entanto agora se provou que não. O tal cavaleiro se mostrava não saber o que era ele, ainda assim, alguém muito ao topo dele devia, para fazer com que fossem até esse ponto na intenção de proteger o orgulho de serem uma raça perfeita e superior. Era simplesmente lamentável.

E Jun mostrava que estava disposto a não deixar que levassem isso sem mais nem menos. Rie até mesmo sentia-se admirada ao vê-lo estando pronto para fazer o que fosse preciso, mesmo sem saber de tudo ao certo. Em partes, o mesmo também valia pra ela, pois só sabia que essa era a razão desse terrível conflito e também desejava por mais respostas. Portanto, precisavam se encontrar com o capitão, antes que tudo piorasse ainda mais. As atitudes do garoto demonstravam que estava preparado para fazer isso logo, pois no instante seguinte ele investiu contra o homem outra vez.

Usando a mão livre, o inimigo pegou um revólver do estojo na cintura e começou a disparar os projéteis de energia dourada, enquanto correu em direção a sua enorme arma cravada no chão. Jun acelerou e cortou cada uma delas como se fossem qualquer coisa, sem deixar de avançar. Parou na frente do adversário e, com um corte na vertical, partiu o objeto atirador ao meio. Contudo, ele não conseguiu impedir que o outro recuperasse a montante e ser brandida diante de seus olhos.

No reflexo, ele conseguiu levar sua espada a tempo para bloquear o ataque, numa a imagem de quem estava sentido a força sendo aplicada a ele ao pondo de seus músculos ameaçarem a rasgar. Porém, uma forte onda de impacto o arremessa para trás.

— Então você é mais rápido que as balas de aura? Interessante…

Apoiando-se no cabo, Jun se levanta e assim avista o inimigo apontado uma segunda pistola para ele, dessa vez. O gatilho é pressionado, e Rie consegue perceber o efeito de rastro de energia que ele faz ao acelerar, assim movendo seu braço em direção a trajetória da bala. Entretanto, aquilo não se tratava mais de algo composto de energia, mas de metal. Ela não conseguia compreender o motivo, só sabia que a face de Jun foi tomada pelo medo.

O garoto tenta desviar daquilo no desespero por alguma razão, entretanto dessa vez ele acaba não sendo rápido o bastante. O projétil rasga a lateral do seu ombro, fazendo com que sangue se espalhe no ar. Aquela explosão do líquido fervente, faz Rie se apavorar.

— Como você dava sinais de que estava prestes a quebrar aquela barreira, mas nunca fazia, imaginei que esse era o seu limite. E bem, eu estava certo já que não conseguiu reagir a tempo contra um projétil que passa a velocidade do som… Esse é o seu limite, certo? — Um homem falava convencidamente.

O garoto deixa sua espada cair e assim, o som do metal ricocheteando contra a calçada ecoa pelo ambiente. Ele coloca a mão no ombro ferido e fecha um dos olhos enquanto aperta os dentes com força.

— Jun! — Rie não se aguenta de preocupação e grita correndo em direção a ele, contudo é parada no meio do caminho pelo cavaleiro que a ataca ferozmente com a montante.

Tentando proteger-se do golpe iminente, ela brande o seu sabre que é arremessado de forma avassaladora e cai na superfície como uma adaga. Por muito pouco ela havia conseguido se salvar dessa vez, a questão era que agora estava de mãos vazias e completamente vulnerável. No entanto, repentinamente, o cavaleiro hesita.

— Eu não consigo acreditar… você é a Rie…

— O que? Como assim?

A garota de cabelos brancos fica confusa perante a esse último comentário, porém logo muda para uma sensação de ameaça extrema. Não sabia por qual razão que esse One em específico sabia seu nome, mas ouvir isso saindo da boca dele a irritava profundamente de alguma forma.

Em reação, ela concentra a aura no seu corpo, assim criando um reforço físico e fazendo com que seus olhos brilhem num azul intenso. Dependendo do nível de controle, na teoria seria possível fazer seu corpo ficar tão resistente quanto um diamante, embora não se considerava boa o bastante para chegar perto disso e também, essa é uma possibilidade muito improvável de alguém chegar em algum dia. Só sabia que talvez seria capaz de resistir a alguns golpes da montante desse homem. Não lhe restava outras alternativa a não ser confiar na sua habilidade.

Porém, de repente, um grito chamou a atenção de todos.

Um dos garotinhos corria até eles. Entretanto, o fato crucial desse acontecimento era que ele havia pegado a arma de Rie. Esse mesmo que agora avançava em direção ao conflito deixando partículas verdes envolverem ele. Fazendo com que linhas luminosas preencham o corpo da adaga branca com detalhe em prateado para que então, simplesmente, nada aconteça.

— O quê!? Como assim não funciona!? Eu já fiz isso antes!!

O cavaleiro solta um breve riso em reação a criança. Rie que não era burra, então aproveita falta de atenção do inimigo e dá um dash indo de encontro ao moleque, o agarra com os braços e dá um segundo para se distanciar do cara para garantir que fiquem seguros.

— Me desculpa, mas isso é algo que só eu posso usar — disse ela pegando a sua arma de volta das mãos do pequeno — Nunca mais faça uma coisa desse tipo, tá?

Ele concorda com a cabeça, e Rie volta sua face outra vez na direção do homem. Entra na sua postura de batalha e aponta sua lâmina para o adversário que gradualmente se transforma em uma espada. Agora ela estava decidida.

— Desta vez eu não cometerei o mesmo erro.

Com suas ires imbuídas por um brilho que se tornam cada vez mais e mais reluzentes. Com o corpo jorrando partículas que formavam linhas nas quais a rodeava em espiral de forma intensa e massiva. A garota com uma aura de cor azul, então investiu contra o cavaleiro negro com a sua arma única.

 

* * *

 

Aconteceu do nada, mas num flash inesperado, seguido de um forte estrondo, a montante foi empurrada para o alto ao som de um único impacto que ecoou com força absurda por toda a atmosfera de modo abrupto. Entretanto, a pessoa que fez isso não foi Rie. Se tratava de alguém que desenhou um arco de uma escuridão profunda no ar, porém que iluminava e rasgou o mundo ao redor, assim deixando todos que ali estavam em choque. E esse homem com cabelos da cor do sangue continuou a avançar.

Completamente paralisado, o garoto tentou recapitular em sua cabeça o que acabara de ocorrer: aquela simples adaga de ponta curva, sem dúvidas, havia cortado a armadura sombria com detalhes dourados. De repente, três linhas se formaram, atravessaram o peitoral de ferro e então pode-se ver o braço do atacante movendo lentamente para trás que, apenas segundos após, veio o som de um estouro que já não estava mais lá. Uma onda de energia arremessou o cavaleiro para longe.

Contudo, quando foi que aquilo surgiu? Jun sequer conseguiu processar o que acabara de acontecer.

E assim, quando todos conseguiram visualizar isso, esse repentino indivíduo vestindo um sobretudo que apareceu nesse lugar em um piscar de olhos, sacudiu a sua pequena lâmina jogando fora os resquícios de aura preta. Ele se virou para o restante, começou a movimentar o pé para andar em direção, porém, não chegou a terminar a ação. Um grito de fúria chamou a atenção de todos:

— Seu maldito! Não interfira no meu trabalho!

O One, levantando-se da queda que sofreu, então, mostrou o seu poder. Partículas de cor dourada jorraram do seu corpo, contudo havia algo a mais. Uma segunda cor. Em meios aos cacos de ouro, também existiam outros de um laranja fosforescente. Esse cara possuía uma aura dupla. E Jun, que só observava essa sequência inesperada de acontecimentos, ficava cada vez mais sobrecarregado pelas inúmeras informações.

— Mas é um mal perdedor… — disse o homem de sobretudo, erguendo o braço para o lado e, assim, ativando a sua arma, tornando-a numa espada longa de ponta curva.

Então, num instante, o indivíduo partiu em investida. Movendo-se rápido o bastante para romper uma barreira invisível, causando uma forte explosão de som, quebrando os vidros dos prédios ao redor e deixando um forte zumbido na audição de Jun que começou a formigar sem parar.

Por um momento, ele olha para Rie, interrompida de avançar no meio do caminho, com as mãos tapando os ouvidos. Na face dela havia uma expressão de alívio, como se estivesse contente em ver o que estava vendo.

E ele retorna a atenção para o misterioso indivíduo. Esse homem que, sem mostrar nem uma hesitação, move seu braço na diagonal, formando um arco de aura que nocauteia o cavaleiro como se fosse nada, fazendo-o voar para o longe tão ferozmente que sai do campo de visão deles, apenas deixando resquícios de sangue e sua proteção de metal para trás. Balança a espada de um lado para o outro, expelindo os fragmentos de poder e a guarda na bainha em segundos.

Agora ele não seria mais impedido de andar e ir até eles.

No entanto, a primeira coisa que o homem faz é parar na frente de Jun. Ele assegura o braço ferido do garoto e, sem se importar, o levanta. Coloca a outra mão no bolso, pega um pequeno frasco, o abre arrancando a tampa com o canto da boca e despeja o líquido no machucado. Jun sente uma ardência quente insuportável, que some em instantes, revelando a lateral do seu ombro curada.

— Agora você vai ficar bem — falou esse cara, com um sorriso enigmático no rosto.

Jun olhou para ele sem saber como reagir. Essa se tratava de uma figura muito familiar, mas, ao mesmo tempo, um tanto estranha. Aliás, seis anos já haviam se passado.

— Me desculpa não ter chegado antes. Eu realmente queria poder ter vindo no momento em que percebi a demora.

Isamu Asano, era o nome desse homem, com cabelos na altura dos ombros de um vermelho vinho, em que usava um sobretudo escuro. O atual capitão e o pai que Jun não via a um longo tempo.

 

* * *



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