Volume 1
Capítulo 5: Encruzilhada
JÁ HAVIA PASSADO uma semana desde que começamos nosso terceiro ano do ensino médio. Antes da aula da manhã, sentei-me sozinha em minha carteira, ouvindo tudo ao meu redor. Faltava uma pessoa e a paisagem havia mudado.
Mas essa tristeza foi se dissolvendo pouco a pouco no nosso dia a dia, como se nada tivesse acontecido. Aqueles que não eram muito próximos de Ayanokoji-kun mal o mencionavam agora.
Com o passar do tempo, a tristeza, a raiva e a dor desaparecem. Este é um exemplo perfeito disso. Por mais que me incomode, acabei compreendendo essa realidade. Eles estão refazendo os dois anos em que Ayanokoji-kun esteve aqui, agindo como se ele nunca tivesse existido. É o mesmo que aconteceu com Yamauchi-kun, Sakura-san e Maezono-san; ninguém fala dos colegas que desapareceram da turma.
No entanto, aqueles que estavam próximos dele, incluindo eu mesma, ainda não chegaram a esse ponto. Sinto o quão cruel e impiedoso o tempo pode ser. Quando ele partiu, esse sentimento só se tornou mais forte. Matsushita-san sorri e conversa menos, e Sudou-kun voltou a brigar por coisas sem importância, como no passado.
Como a sua saída me afetou? Agora, nem consigo mais me enxergar objetivamente. Fingindo que tudo está normal, tento desesperadamente manter a Classe A unida. Não tenho certeza do efeito que meus esforços estão tendo. Nem sequer consigo distinguir a fronteira entre a realidade e o delírio.
E assim, dia após dia, me dedico a estudar em minha carteira, lutando contra o desconforto que sinto por dentro. Essa sensação de peso, a dificuldade para respirar, a dor no coração, como se tivesse perdido algo importante, como se uma parte do meu corpo tivesse desaparecido. Isso se recusa a sumir. Por que acabou assim? Será que esta classe nunca foi boa o suficiente? Este lugar não podia dar a Ayanokoji-kun o que ele precisava? Não sei. Não importa quantas vezes eu pense nisso, não consigo encontrar uma resposta.
É verdade que, comparado aos líderes das outras classes, me falta maturidade. Foi por isso que ele foi tão gentil comigo? Eu achava que ele nunca se afastaria do meu lado, que sempre me protegeria. Será que ele odiava ter que cuidar de mim? Se eu fosse mais forte, ele teria ficado? Todas essas são perguntas que não posso dizer em voz alta.
"Não vou mais depender de você para tudo. Então, por favor, fique ao meu lado e cuide de mim".
Olhando para trás, talvez não tenha sido tão ruim nunca ter expressado o que senti naquele dia na comemoração. Afinal, era um desejo impossível.
Ou... se meus sentimentos tivessem chegado até ele, será que ele teria ficado?
…
Um suspiro quase escapou dos meus lábios, mas consegui engoli-lo para que ninguém mais me ouvisse. Ainda não conseguia aceitar completamente essa nova realidade. Meu senso de equilíbrio havia desaparecido, enquanto o tempo continuava a avançar.
Finalmente, o sinal da aula matinal tocou. Chabashira-sensei entrou na sala, com uma expressão de quem já havia deixado para trás a transferência de Ayanokoji-kun... ou talvez apenas tivesse parado de pensar nisso.
Logo, Sudou-kun e os outros também mudariam seu foco e seguiriam em frente.
E eu? Será que um dia também me acostumarei? Não consigo imaginar isso. Aqui estou, neste lugar... O que devo fazer agora? Eu costumava acreditar que, acontecesse o que acontecesse, poderia seguir em frente e continuar lutando enquanto tivesse Ayanokoji-kun ao meu lado. Mas agora que ele se foi, como se espera que eu passe por este último ano?
— Você está ouvindo, Horikita?
— Hã? — Quando voltei a mim, Chabashira-sensei estava falando comigo. Vários colegas de classe também olhavam em minha direção.
— Estou prestes a explicar os detalhes do exame especial. Pare de se distrair e preste atenção.
— Desculpe. Certo. Estou ouvindo.
Menti, não havia escutado nada. Nem sequer percebi que alguém estava falando. Preciso me concentrar no que a sensei está dizendo...
...O mundo não vai desacelerar para mim. Acho que ela mencionou algo sobre... um exame especial.
Minha mente ainda estava um caos, e agora já estávamos enfrentando o primeiro exame especial do nosso último ano...
Balancei a cabeça e voltei meus olhos para a tela.
Resumo do Exame Especial:
A PROVA ACADÊMICA INTEGRAL: CLASSE GERAL E MINORIA
RESUMO
Um exame escrito (100 perguntas no total, valendo 100 pontos) com questões retiradas aleatoriamente de 21 disciplinas dentro de 7 áreas acadêmicas. É uma competição direta entre classes, dividida em duas partes: Batalha da Classe Geral e Batalha da Minoria.
BATALHA GERAL
Todos os alunos de cada classe participam do exame escrito.
A classe com a pontuação total mais alta ganha 2 vitórias.
Se os totais empatarem, cada classe recebe 1 vitória (empate).
Se uma classe tiver menos alunos, os que faltarem serão considerados com a mesma pontuação do aluno com a menor nota da turma. Ausentes ou aqueles que abandonarem a prova por doença também serão considerados dessa forma.
BATALHA DA MINORIA
Cada classe escolhe 5 representantes.
Eles competem na ordem do 1º ao 5º. Cada par de alunos compara suas notas. A maior pontuação representa uma vitória para a classe.
Se houver empate de pontuação, nenhuma das partes recebe vitória.
REGRAS ESPECIAIS DA BATALHA DA MINORIA
É possível aplicar pontos de penalidade a alunos específicos. Cada classe começa com 100 pontos de penalidade para usar contra os alunos das outras classes.
Cada ponto de penalidade reduz a nota do exame desse aluno em 1 ponto, e não há limite para a quantidade de pontos que podem ser atribuídos a uma única pessoa (até 100).
(Pontos de penalidade adicionais podem ser comprados até o dia anterior ao exame, ao custo de 50.000 pontos pessoais por unidade).
É necessário informar ao professor da turma quantos pontos de penalidade serão aplicados e a quem, antes do dia do exame.
Apenas os 5 representantes saberão para quem os pontos de penalidade foram atribuídos e em que quantidade. Esses pontos não afetam a pontuação da Batalha Geral da Classe nem as avaliações OAA.
VITÓRIA/DERROTA
A Batalha Geral da Classe vale 2 vitórias, e a Batalha da Minoria vale 5 vitórias, totalizando 7.
Quem conquistar mais vitórias no total vence.
Se o resultado final for 3 vitórias, 3 derrotas e 1 empate, as classes dividem a recompensa igualmente.
RECOMPENSAS
A classe vencedora recebe 100 pontos de classe (se houver empate, cada uma recebe 50).
Se uma classe conquistar as 7 vitórias completas, ganha 50 pontos adicionais.
Se uma classe sofrer 7 derrotas completas, perde 50 pontos de classe.
*
À primeira vista, parece uma prova escrita tradicional. Essencialmente, o mais importante ainda é a capacidade acadêmica. No entanto, com as regras adicionais, o resultado pode mudar drasticamente.
— A turma contra a qual vocês competirão será a Turma 3-D. O exame será realizado em duas semanas. Não há muito tempo para se preparar, mas as condições são iguais para todos, então evitem reclamações.
Turma 3-D. Isso significa que nosso oponente é a turma de Ichinose. Não. Pensar assim não está certo. Mas, apesar disso, não pude evitar sentir alívio por não ter que enfrentar Ayanokoji-kun.
Em teoria, deveríamos lamentar por não termos sido pareados contra Ryūen-kun, cuja turma não se destacava em habilidades acadêmicas. Mas, em minha mente, o único critério de "bom ou ruim" era se Ayanokoji-kun seria nosso oponente ou não.
Não sou a única a pensar assim. Pelo menos, Matsushita-san e Sudou-kun pareciam sentir o mesmo alívio. Mesmo me sentindo frustrada comigo mesma, mantive minha expressão séria e voltei a olhar para as regras no monitor.
A turma de Ichinose tem um equilíbrio sólido em termos acadêmicos. Além disso, contam com 40 alunos, sem nenhuma baixa. Quanto maior for a diferença no número de alunos, mais a balança se inclina antes mesmo da competição começar.
Embora as regras garantam pontuações mínimas para compensar a falta de alunos, a pontuação do estudante mais fraco não é suficiente para equilibrar a diferença.
Com sua saída… nossa turma ficou com três alunos a menos. Em outras palavras, é como se tivéssemos que competir carregando, obrigatoriamente, cinco alunos com as pontuações mais baixas.
— Este é apenas um cálculo estimado, mas aqui estão as pontuações projetadas de acordo com a avaliação da OAA. Usem isso como referência para estimar a pontuação que sua turma pode alcançar.
Após a explicação da professora, a tela mudou.
AVALIAÇÃO ACADÊMICA OAA
Classificação A: 70 - 75 pontos
Classificação B: 66 - 70 pontos
Classificação C: 50 - 65 pontos
Classificação D: 45 - 50 pontos
Classificação E: 1 - 45 pontos
O nível de dificuldade do exame será alto, tornando praticamente impossível obter uma pontuação perfeita. Essa é a impressão que tenho.
— Parece que será uma luta difícil… — murmurou Sudou-kun, franzindo a testa em seu assento próximo.
Sim. Para nós, sem dúvida, esta será uma batalha complicada. Se nos enfrentarmos diretamente, nossa probabilidade de vitória mal chegaria a 50%.
Melhoramos em termos acadêmicos, mas, olhando os resultados de exames passados, embora tenhamos vencido a turma de Ichinose algumas vezes, a diferença numérica nos coloca em desvantagem na Batalha Total.
Além disso, nestas duas semanas, eles também se esforçarão para estudar, então não há garantia de que possamos reduzir a diferença de maneira eficiente.
Mas… justamente porque este não é um exame comum, temos outras oportunidades de vencer.
Se fosse apenas uma prova de conhecimentos onde a turma com a maior pontuação vence, teríamos pouquíssimas chances. No entanto, a presença da Batalha das Minorias muda as regras do jogo.
Mesmo que percamos a Batalha Total, podemos virar o jogo se conseguirmos quatro vitórias na Batalha das Minorias. Como ambas as turmas têm uma quantidade semelhante de alunos na Classificação A, se colocarmos nossos cinco melhores contra os cinco melhores deles, poderemos equilibrar a disputa.
Isso não significa que a situação deixe de ser desfavorável. Se eles vencerem a Batalha Total, só precisarão de duas vitórias na Batalha das Minorias para garantir a vitória, enquanto nós precisamos obrigatoriamente de quatro.
Se o confronto terminar em três vitórias e um empate, a probabilidade de que as pontuações totais coincidam é muito baixa, então não devemos contar com essa opção.
— Quatro vitórias…
Mesmo que todos os representantes da turma de Ichinose alcançassem pontuações dentro da faixa alta da Classificação A, ainda teríamos uma chance se aplicássemos bem as penalidades.
Se distribuirmos 20 penalidades para cada um de seus cinco representantes, suas pontuações cairiam para 65. Isso nos daria uma vantagem considerável. Mas, é claro… eles também podem fazer o mesmo.
Se enviarmos nossos alunos mais fortes e eles receberem muitas penalidades, suas pontuações despencarão, e não conseguiremos reverter a situação.
Por outro lado, se escolhermos alunos das Classificações B ou C para evitar penalidades, talvez não consigamos a pontuação necessária para vencer. Esse dilema deve estar na mente de todas as turmas neste momento.
E a conclusão inevitável será… comprar mais penalidades. A estratégia mais óbvia e eficaz para aumentar nossas chances de vitória é simplesmente comprar penalidades em grande quantidade. É a única forma segura de reduzir a diferença com o adversário.
No entanto, o problema é o custo…
São necessários 50.000 pontos privados apenas para reduzir 1 ponto da pontuação do inimigo. Claro, cada ponto é valioso. Mas…
Se apostarmos todo nosso dinheiro em penalidades e o estudante-alvo não participar da Batalha das Minorias, teremos desperdiçado uma quantia absurda de recursos. E se gastarmos centenas de milhares, ou até milhões de pontos, e ainda assim perdermos, o prejuízo será irreparável.
Nem quero pensar nisso…
Entrelacei os dedos e fechei os olhos. Neste exame especial, o fundamental não será apenas estudar, mas escolher sabiamente nossos representantes para a Batalha das Minorias e decidir quantas penalidades aplicar e a quem.
Não há outra estratégia viável. Mas, se seguirmos o caminho mais óbvio… será que realmente podemos vencer? Eu não sei… Se ao menos ele estivesse aqui…
Fecho os olhos com força.
— Suzune.
Se ele estivesse aqui, já teria encontrado a maneira mais eficaz de vencer. Só de pensar nele, sinto que me falta ar. Devemos enfrentar diretamente a turma de Ichinose? Podemos vencer assim…? Se nossas habilidades acadêmicas são semelhantes, deveríamos simplesmente seguir em frente sem alterar a estratégia? Podemos descobrir se eles planejam comprar penalizações? Ou deveríamos agir como Ryūen-kun, usando táticas mais agressivas e arriscadas para garantir a vitória?
Quem eles vão escolher...?
— Suzune.
Ichinose participará da Batalha das Minorias? Ou tentará nos surpreender entrando quando menos esperarmos? Apesar de todas as minhas dúvidas, uma imagem continua surgindo em minha mente: Ayanokoji-kun. Como ele enfrentaria este exame?
— Suzune.
Como ele analisaria essa situação? Mas... eu já não tenho mais o direito de perguntar.
— Suzune.
Deveríamos comprar algumas penalizações para reduzir os riscos e aplicá-las aos estudantes mais perigosos? Se quisermos vencer, talvez tenhamos que tomar decisões dolorosas… De repente, sinto algo tocar meu ombro e me sobressalto.
...?
É a grande mão de Sudou-kun.
— Você está bem?
— Estou. Só estava analisando a estratégia para o exame.
Não posso deixar que Sudou-kun me veja mais fraca do que já demonstrei. Aqui, pelo menos em momentos como este, preciso me manter firme.
— Sim, claro... Mas você também ainda está pensando no Ayanokoji, não é?
— Isso é...
— É impossível não pensar. Mas, por favor, não carregue tudo sozinha.
— Sim, eu sei.
Achei que estava conseguindo... Mas parece que ainda tenho muito a melhorar.
— Como usar a alocação de penalizações é uma decisão crucial para nós... Mas se errarmos ao focar nos estudantes que parecem ter pontuações altas, será um grande problema.
Sem que eu percebesse, Hirata-kun já havia começado a liderar a discussão entre nossos colegas. Eu não fazia ideia de há quanto tempo estavam conversando ou quais tópicos haviam abordado antes desse ponto.
— Eles começaram há pouco.
— Obrigada.
Sudou-kun entendeu perfeitamente que eu estava distraída. Para não preocupá-los mais, preciso me concentrar e agir com determinação.
Em resposta às palavras de Hirata-kun, Yukimura-kun levantou a mão enquanto permanecia sentado.
— Acho que não deveríamos nos basear apenas na avaliação da OAA para selecionar os participantes da Batalha das Minorias. Essa avaliação reflete apenas a média de todas as matérias. Se alguém for extremamente fraco em uma matéria, mas excelente nas outras, ainda pode ter uma pontuação alta. Além disso, nem dentro da nossa própria classe temos um conhecimento completo sobre quem é forte em qual matéria, certo? Os detalhes completos de todos os exames passados não foram revelados.
Ele sugeriu que deveríamos aproveitar as informações específicas que apenas os membros da classe conheciam. Restam duas semanas para o exame.
Conseguirei encontrar uma estratégia para vencer...?
*
No dia em que o conteúdo do exame especial foi anunciado, minha tarde transcorreu como de costume. Quando Mashima-sensei saiu da sala após o fim da aula, Hashimoto se levantou de seu assento.
— Certo. Então, sobre este exame especial, estamos de acordo em deixar tudo nas mãos de Ayanokoji?
Mais do que pedir permissão, seu tom dava como certa a aprovação de todos. Por um instante, a sala ficou em silêncio, sem que ninguém respondesse nem afirmativa nem negativamente.
No entanto, pouco depois, Shimazaki olhou para Hashimoto com evidente descontentamento.
— Por que deveríamos fazer isso?
— Por quê? Na verdade, por que não? Este exame especial é a oportunidade perfeita para que Ayanokoji, que foi transferido para cá, demonstre sua capacidade. Se não confiarmos nele agora, quando iremos? Caso contrário, para que o trouxemos?
Mesmo sem estar completamente de acordo, Hashimoto argumentou com firmeza, como se fosse a opção mais óbvia.
— E se perdermos?
— Perder? Do que você está falando? Nós não vamos perder. Não é mesmo, Ayanokoji?
Ele esperava que eu respondesse com segurança. Seu rosto refletia uma mistura de expectativa e pressão.
— Não posso garantir a vitória, mas, se confiarem em mim, darei o meu melhor.
Diferente da confiança que demonstrei durante a cerimônia de início, desta vez, deliberadamente deixei espaço para a dúvida em minhas palavras. Naturalmente, meus colegas reagiram com olhares frios. Ao ouvir que não havia garantia de vitória, era compreensível que se sentissem incrédulos.
— O quê…? Você ouviu isso, Hashimoto?
Se Sakayanagi estivesse aqui nessa situação, provavelmente declararia com confiança que venceria. Alguns pareciam confusos e decepcionados com a diferença em nossa postura.
— Vamos lá, você devia ser mais convincente. Se falar assim, vai acabar preocupando todo mundo. Até eu estou começando a me preocupar — Coçando a cabeça, Hashimoto suspirou e desviou o olhar. — Então, Shimazaki, se não vamos deixar tudo para o Ayanokoji, o que você sugere?
— Não é complicado. Simplesmente competimos normalmente e vencemos como sempre.
— Normalmente? Então quem vai elaborar a estratégia?
— Podemos discutir isso entre todos. Não me importo que Ayanokoji participe da conversa.
— Ou seja, está dizendo que não precisamos de um líder?
— Não é isso. Claro que precisamos de um líder, alguém para assumir o comando caso surjam discordâncias. Mas não acho que esse exame especial seja o momento certo para deixar tudo nas mãos dele. Para ser claro, esse exame é um que, pelo que ouvimos, devemos vencer sem problemas. Durante dois anos, dominamos as provas escritas, enquanto o outro lado tem sido constantemente a pior classe. Não é assim?
Hashimoto refletiu por um instante antes de responder.
— Se fosse apenas um exame escrito padrão, talvez. Mas isso é um exame especial. Você acha que podemos vencer sem uma estratégia adequada?
— Não disse que não devemos pensar. O que digo é que, se necessário, podemos discutir isso juntos.
— Quanto mais pessoas envolvidas, maior o risco de vazamento de informações.
— Não há idiotas na nossa classe que iriam vazar informações. Embora… não sei se isso se aplica a você.
— Nossa, direto ao ponto, sério?
— Só estou dizendo a verdade.
Sanada, que havia estado observando a discussão entre Hashimoto e Shimazaki, levantou-se com uma expressão pensativa.
— Ayanokoji-kun, posso te fazer uma pergunta? Considerando a estrutura desse exame especial, o ponto-chave é a atribuição de penalidades. Se confiarmos em você, será capaz de prever quem serão os participantes da Batalha da Minoria do outro lado? E, além disso, conseguirá selecionar nossos representantes de forma a evitar que sejamos alvos das penalidades? Se me disser que sim, então eu estaria disposto a deixar isso em suas mãos.
Sanada tentava apoiar Hashimoto, ao mesmo tempo que fazia a classe considerar a opção de me ceder a liderança. Com uma atitude calma, dirigiu seu olhar a Shimazaki.
— Entendo. Então não se trata apenas de avaliar Ayanokoji com base no resultado, mas de medir sua capacidade pelo processo.
— Exatamente. Também acredito que esse exame especial seja altamente favorável para nós. Mas, se há algo que pode virar o jogo, seria o uso das penalidades na Batalha das Minorias. Mesmo que discutamos juntos, não há garantia de que chegaremos à melhor estratégia. E claro, deixar tudo nas mãos do Ayanokoji também implica riscos, mas, como Hashimoto disse, haverá um momento em que teremos que confiar nele. Então, por que não aproveitar esse exame como uma oportunidade para tomar uma decisão rápida e precisa?
Sanada propôs uma solução intermediária, combinando ambos os pontos de vista.
— Você tem razão… Não é uma má ideia. Ayanokoji, podemos confiar em você?
— Se me confiarem essa tarefa, farei o possível para me esforçar ao máximo.
Me limitei a responder isso, mas imediatamente, Shimazaki ergueu a voz.
— Ótimo. Então, vencer é um fato, e vamos apenas garantir que tudo esteja sob controle, certo?
— Ok, ok. Vamos fazer assim.
Hashimoto, satisfeito por obter uma resposta clara, assentiu e juntou as palmas das mãos com um forte estalo. Provavelmente fazia isso com a confiança de que, desde que tivesse uma chance, poderia dar um jeito de se sair bem.
— Está decidido então. Bom, nós cuidaremos dos detalhes. Confie em nós.
— Isso ainda está para ser visto. Por ora, pensem bem em quem será alvo das penalidades.
Considerando o risco de que a discussão se prolongasse desnecessariamente e alguém se arrependesse do que foi acordado, Hashimoto decidiu encerrar a reunião.
— Dito isso, Ayanokoji, vamos precisar de bastante do seu tempo depois disso.
Pelo visto, não me deixariam ir para casa tão cedo depois da aula.
— Parece que Hashimoto ainda está incomodado por não ter sido incluído na conversa sobre sua transferência.
Sua determinação em não permitir que decisões fossem tomadas sem seu conhecimento era evidente.
— Tem certeza? Não é arriscado incluir na estratégia alguém que poderia nos trair?
Uma voz sussurrada chegou aos meus ouvidos, vinda logo atrás de mim. Era Morishita.
— Você não parece confiar muito no Hashimoto.
— Como eu poderia? — Como nossos assentos estavam um atrás do outro, esse tipo de conversa era bem conveniente. Morishita interrompeu o assunto ao perceber que Hashimoto se aproximava.
— Vamos, Ayanokoji. E você, Morishita, o que vai fazer?
— Por enquanto, vou acompanhar vocês. Quero ver o quão habilidoso você realmente é. Posso te acompanhar até a residência, ao karaokê ou até mesmo atrás do prédio da escola.
Normalmente, estratégias eram discutidas em locais afastados de olhares curiosos. Mas, dessa vez, decidi propor uma reunião na cafeteria, como de costume.
*
Sem nos desviarmos pelo caminho, chegamos à cafeteria.
— Esperem um momento. Vou levar uma hora para decidir o que quero beber.
— Não demore uma hora!
Diante da reação de Hashimoto, Morishita exibiu um sorriso malicioso.
— É brincadeira. Bom, me deem um momento. Vou perguntar ao meu estômago o que ele quer.
Ela realmente precisava perguntar ao estômago? Nesse caso, o correto seria dizer que deveria perguntar ao cérebro, mas enfim...
Logo atrás de nós, um grupo de estudantes do primeiro ano, composto por um garoto e uma garota, também parecia estar indo para a cafeteria. No entanto, ao notarem a indecisão de Morishita, em vez de entrarem na fila, decidiram ficar um pouco mais atrás enquanto conferiam o cardápio.
— Decida-se antes que a fila fique ainda maior.
— Eu sei. Hoje vou pedir um matcha latte.
— Ok, eu faço o pedido. Vocês procurem uma mesa livre.
Como tínhamos vindo à cafeteria logo após as aulas, mais de 90% dos assentos estavam vazios. Podíamos escolher praticamente qualquer lugar, então decidi sentar na mesma mesa da última vez.
Enquanto Hashimoto esperava no balcão pela preparação das bebidas, Morishita e eu seguimos para nossos lugares.
— Não vai chamar Yamamura Miki? Ela estava se lamentando, dizendo que é como o oxigênio, mais leve que o dióxido de carbono. Que as pessoas apenas a inspiram e expiram sem nem notar.
— Não acho que Yamamura diria algo tão extremo.
Era óbvio que aquelas palavras só podiam ter saído da boca de Morishita, que tinha uma personalidade bastante peculiar.
— Bom, essa frase em particular é minha, mas te garanto que ela está preocupada.
— Já conversei com Yamamura. Aconselhei-a a se manter afastada de mim por um tempo.
Desde que me transferi, vários estudantes têm se aproximado para falar comigo ou me olhado de forma suspeita. Evitar chamar atenção neste momento era praticamente impossível. Rumores, tanto falsos quanto verdadeiros, estavam circulando por toda parte.
— Embora Yamamura Miki tenha pouca presença, é verdade que essa situação pode ser um problema para ela. Suponho que tenha decidido não envolvê-la desnecessariamente para não diminuir sua utilidade.
— Utilidade, é? Bom, não é que essa visão esteja errada, mas, neste caso, fiz isso por consideração como amigo.
Se eu a chamasse, com certeza ela faria o possível para responder. No entanto, se a pressão da atenção excessiva a estressasse demais, eu só acabaria machucando-a.
— Então, se ela quisesse se destacar mais, você não se oporia?
— Claro que não. Ela é livre para se fazer notar no próprio ritmo.
— Que gentil… Ou melhor, que confiante.
Diferente de Sakayanagi, que sempre manteve uma relação estável com Yamamura sem forçá-la demais, meu objetivo era moldá-la ao longo deste ano para que se tornasse alguém ainda mais útil.
E, para isso, precisava começar fortalecendo sua mente. Não sabia exatamente o que Morishita pensava sobre Yamamura, então o melhor era evitar esse tipo de conversa por enquanto.
— E você? Não pensa em se tornar amiga de Yamamura?
Desde que entrei na Classe C, não vi Morishita interagir com ela nenhuma vez. Por outro lado, notei que Yamamura ocasionalmente lançava olhares para ela e parecia um pouco inquieta, o que indicava que não a evitava completamente.
— Não seria bom para ela se envolver demais comigo. Se fizesse isso, poderia acabar presa em um destino trágico. Para alguém tão frágil como ela, seu destino seria simplesmente definhar...
— Não faço ideia do que você está dizendo. Ou seja que comigo está tudo bem ela se envolver?
— Para Kiyotaka Ayanokoji não há problema. Você parece alguém que aguenta os golpes.
Provavelmente essa não era uma percepção errada, mas, de alguma forma, eu não me sentia completamente satisfeito com essa resposta.
— Ei, vocês dois, não começaram a discutir sem mim, né?
Hashimoto voltou, caminhando rapidamente e segurando três copos contra o peito.
— Relaxa. Já terminamos nossa conversa.
— Sei… Bom, então vamos começar do início. Primeiro, vamos revisar as regras do exame novamente.
Ele parecia ter entendido imediatamente que era uma brincadeira, porque, assim que se sentou, começou a se preparar para a discussão. Pegou o celular e mostrou as informações sobre as regras do exame especial.
— Eu só vou ouvir em silêncio, então começam quando quiserem.
Dizendo isso, Morishita enfiou um canudo no seu matcha latte e se acomodou no assento, assumindo o papel de mero espectador.
— Certo, vou começar com o que pensei sobre isso. Para ser sincero, me surpreendeu que, logo no início do terceiro ano, nos colocassem um exame especial em formato de confrontos individuais. Acabamos de ter algo parecido no final do segundo ano.
Hashimoto compartilhou diretamente sua impressão sobre o anúncio. No meio da transição para uma nova classe, esse não era um mau começo.
— Sim, além disso, as classes superiores e inferiores estão claramente divididas. Pode ser uma decisão tomada considerando a situação geral do ano letivo.
Era uma boa oportunidade para reduzir a diferença entre as classes, mas, ao mesmo tempo, havia o risco de que essa diferença se tornasse ainda maior.
— Para ser sincero, fico aliviado por não termos tido que ativar essa aliança incerta desde o começo. A classe teria reagido com rejeição absoluta, e, se tivesse se concretizado, teríamos que nos preparar para perder imediatamente. Só de pensar nisso já dá medo.
Eu entendia sua preocupação. De qualquer forma, mais cedo ou mais tarde, essa classe e a de Ichinose teriam que se enfrentar. Do meu ponto de vista, teria sido melhor que esse confronto acontecesse agora.
Nossa classe tinha uma pontuação acadêmica geral maior, e eu havia acabado de me transferir. Se, nesse contexto, tivéssemos decidido perder propositalmente para Ichinose, a situação teria sido anormal o suficiente para impactar Horikita e Ryūen. Mesmo que a diferença fosse pequena, me parecia uma oportunidade desperdiçada. Não se tratava apenas de perder, mas de dar um significado à derrota para transformá-la em algo útil. Dessa forma, uma derrota poderia se tornar um passo estratégico para avançar.
À medida que a conversa avançava, a cafeteria começou a encher de clientes. Os estudantes do primeiro ano de antes também pareciam ter terminado seus pedidos e, segurando copos de café gelado, sentaram-se na mesa ao lado da nossa.
— Eu não me importo com os detalhes do exame.
Talvez por estar entediada de apenas escutar, Morishita começou a reclamar enquanto mordia o canudo. Ela já tinha mordido tantas vezes que a ponta estava completamente achatada.
— Ei, então por que você veio?
— Estou preocupada que Kiyotaka Ayanokoji esteja em apuros por causa da atitude impulsiva de Hashimoto, O Justiceiro. Sem pedir permissão, ele fez uma declaração ousada na frente de toda a classe. Será que realmente vai ficar tudo bem? O plano ideal de distribuir penalizações de forma eficiente ao inimigo enquanto evitamos prejudicar nossos aliados é algo muito difícil de alcançar. Afinal, a outra classe também está pensando em estratégias e buscando soluções.
Os alunos com alto nível acadêmico têm maiores chances de obter pontuações altas, mas também são os alvos mais óbvios para receber penalizações. Por outro lado, os alunos com baixo rendimento têm menos chances de serem penalizados, mas suas pontuações serão baixas.
— Não se preocupe tanto, Morishita. Vamos dar um jeito. Como disse Shimazaki, temos uma grande vantagem com nossa pontuação acadêmica. Mesmo que recebamos algumas penalizações, ainda estaremos em uma posição favorável. É normal que algumas previsões não sejam precisas. Contanto que vençamos este exame, a classe aceitará que Ayanokoji assuma a liderança na próxima prova.
Era impossível prever e evitar 100% das penalizações. Não existia uma estratégia com uma resposta absolutamente correta em um jogo de previsões. A menos que algo inesperado acontecesse, como uma informação vazada pela classe inimiga, era praticamente impossível alcançar uma taxa de acerto de 100%. No melhor dos cenários, chegaríamos a 90% contra 10%.
— Se não falharmos completamente, a vitória terá um impacto significativo. Ninguém poderá negar sua liderança, então é provável que confiem a ele o próximo exame também. Mas, mesmo assim... na batalha de cinco contra cinco, deveríamos garantir pelo menos três acertos nos participantes.
Se não acertássemos ninguém, alunos como Shimazaki, que já desconfiavam de mim, não mudariam de opinião.
— Bom, se conseguirmos ler com precisão a estratégia do oponente, será uma prova irrefutável da habilidade dele. Não podemos ignorar isso.
Na batalha de cinco contra cinco, há apenas cinco participantes. Como cada classe começa com 100 penalizações, a penalização ideal de 20 pontos só poderia ser aplicada a cinco estudantes. A probabilidade de acertarmos três dos cinco escolhidos pela classe rival de forma aleatória era inferior a 1%. Por isso, estratégia e intuição desempenhavam um papel crucial.
— Mas acertar três pessoas parece complicado. Acho que duas já seriam suficientes.
Hashimoto acreditava que mesmo com apenas dois acertos o impacto seria notável. No entanto, embora ele visse a situação de forma otimista, se distribuíssemos as penalizações entre cinco pessoas, a chance de acertar duas delas ainda não seria alta.
— É fácil para você dizer isso, já que só precisa delegar a tarefa. O que eu quero saber é o que Kiyotaka Ayanokoji pensa. Como pretende prever quem será escolhido pela outra classe sem nenhuma pista?
— Ainda não é o momento de falar sobre isso. Não quero que levem minhas palavras de forma leviana e as interpretem errada.
— Oh, já está se defendendo? Isso não é um bom sinal.
— Não vou negar. Mas se você tem alguma outra sugestão, gostaria de ouvi-la.
Ao pedir isso, Hashimoto assentiu sem hesitar. Parecia esperar que, ao discutir, alguma ideia útil surgisse.
— Então, digamos que miramos acertar duas pessoas. Na minha opinião, o melhor seria distribuir as penalizações entre dez pessoas, dando 10 pontos de penalização a cada uma. Assim, evitamos o risco de apostar apenas nos cinco participantes e falhar. Além disso, se tivermos uma vantagem de 10 pontos, nossa classe ainda terá boas chances de vencer. Na outra classe, os caras perigosos podem ser contados em uma única mão.
Infelizmente, alunos talentosos como Kaneda, Hiyori e Katsuragi, que tinham nível acadêmico B+ ou superior, não chegavam a seis, como Hashimoto mencionou.
— Se não tem confiança, pelo menos deveria fazer isso.
— Então, Morishita também concorda?
— Bom, isso é o básico do básico.
— Além da ofensiva, também precisamos pensar na defesa. Sobre quem enviaremos do nosso lado, você tem clareza sobre a hierarquia de habilidades acadêmicas da nossa classe?
— Acho que tenho uma noção, graças ao OAA e aos últimos dois anos.
— Ok. Mesmo assim, mais tarde compartilharei minhas impressões desses dois anos para que você possa usá-las como referência.
— Isso será de grande ajuda. Não conheço bem as forças e fraquezas específicas de cada um.
Talvez não fosse útil neste exame especial, mas pouparia tempo no futuro.
— Quanto a quem devemos enviar da nossa classe, na minha opinião, apesar de podermos fazer alguns ajustes, a base deve ser enviar alunos com alto nível acadêmico.
— Oh? Então, Morishita, está disposta a assumir certo grau de penalização?
— Se tentarmos parecer estratégicos e escolher alunos de baixo desempenho ou nível mediano, e a outra parte perceber nosso movimento, o prejuízo seria grande. Por outro lado, se presumirmos que eles não enviarão os alunos de melhor desempenho e os excluírem de suas previsões, podemos tirar vantagem.
Hashimoto, embora parecesse convencido, ainda tinha uma opinião diferente.
— Acho que deveríamos designar mais estudantes de nível baixo. É óbvio que vão marcar os de alto desempenho. Se fosse eu, aplicaria penalizações neles, mesmo que isso significasse errar. Aliás, eu poderia até arriscar e penalizar massivamente apenas os melhores alunos.
As estratégias para o combate reduzido nesta prova especial eram opostas. Ambas tinham sua lógica. No entanto, no final, as opções se resumiam a três:
Escolher estudantes de alto desempenho.
Escolher estudantes de baixo desempenho.
Equilibrar ambos os grupos.
— Além disso, há outro problema que devemos considerar: o que acontecerá se o inimigo comprar penalizações adicionais? Se atacarem com uma estratégia baseada em quantidade, ampliando seu alvo para 20 ou 30 pessoas, será um problema.
— Você está falando sobre usar pontos como munição? É arriscado, mas se for o Ryūen, ele faria isso sem hesitar.
Se conseguirem acertar as penalizações em todos os participantes do combate de minorias, podem reduzir significativamente a desvantagem.
Essa regra de poder comprar penalizações adicionais era o aspecto mais interessante desta prova especial. Em condições normais, a diferença de nível acadêmico não poderia ser superada facilmente, tornando praticamente impossível para Ryūen vencer.
No entanto, a distribuição de pontos concedia 2 vitórias ao combate geral e 5 ao combate das minorias. Se o líder acertasse suas previsões, a disputa se equilibraria.
Além disso, com a possibilidade de comprar penalizações, eles poderiam controlar sua chance de vitória até certo ponto. Embora essa devesse ser uma prova em que deveríamos vencer com segurança, o inimigo ainda tinha algumas oportunidades.
— Se aplicarem uma penalização de 20 pontos a todos os estudantes de alto nível... estaremos em apuros?
— A taxa de vitória cairia significativamente. No entanto, para fazer algo assim, teriam que gastar pontos privados como se não houvesse amanhã.
Reduzir 20 pontos custava 1 milhão de pontos privados. Na Classe C, havia apenas dois estudantes com B+ ou mais, então, mesmo descontando os 100 pontos iniciais, o custo seria de 7 milhões.
— Se gastarem quase 10 milhões e ainda assim perderem... isso seria desastroso.
Se ganhassem, poderiam se salvar, mas, se perdessem, o risco seria enorme. Quanto mais aumentassem sua taxa de vitória, mais problemas financeiros enfrentariam, comprometendo suas futuras oportunidades.
— Então, o que você acha que Ryūen fará? Pode prever a jogada dele?
Hashimoto ainda esperava uma resposta minha. Ele sabia que meu desempenho nesta prova especial determinaria minha posição dentro da classe, então devia estar esperando algo confiável.
— A estratégia de Ryūen, é?
Depois de fingir pensar um pouco, respondi.
— Não faço ideia.
— Sério? Nem uma pista?
— Que decepção, parece queKiyotaka Ayanokoji ainda não descobriu.
— Ainda temos tempo antes do exame. Só preciso elaborar uma estratégia vencedora até lá.
— Melhor ir com calma? Bom, também não é como se Ayanokoji fosse um deus.
Embora parecesse um pouco preocupado, Hashimoto manteve sua postura firme.
— Além disso, nesta prova especial, não tenho intenção de participar do combate de minorias.
— Bem, você é livre para decidir, mas... tem certeza de que isso está certo? Você disse que, para ser reconhecido em nossa classe, precisava demonstrar sua habilidade de maneira clara. Você mesmo mencionou isso quando falamos sobre sua transferência, não? Não me diga que está sem confiança, senhor estudante com nota A.
— Você realmente acha que Ryūen não vai prestar atenção em mim?
— Bom, sim, com certeza Ryūen vai ficar de olho em você, mas…
— Se pensarmos logicamente, o normal seria assumirem que Kiyotaka Ayanokoji vai participar, então tentarão me penalizar. Se eu entrar, serei o alvo imediato. Se aplicarem apenas uma ou duas penalizações, ainda posso lidar com isso, mas se colocarem 30 ou mais, não haverá como vencer. Deixando de lado se fariam algo assim apenas por uma vitória, o risco está aí.
Mesmo que eu consiga uma pontuação perfeita, com 40 pontos de penalização, só poderia obter 60 pontos. Nesse caso, até Kaneda, Hiyori ou Katsuragi teriam chance de ganhar.
— Ryūen, com 90% de probabilidade, me aplicará várias penalizações. Não tenho razão para participar.
— Então você acha que Ryūen definitivamente vai te penalizar?
— Sim. Não importa o que eu diga, é quase certo que ele fará isso.
— Nesse caso, é melhor não correr o risco. Se Ryūen desperdiçar penalizações com você, melhor para nós.
— Seria interessante perguntar o que ele pensa quando vier mais tarde.
— Hã? Quando vier quem?
— Ryūen.
Ao dizer isso, Hashimoto rapidamente olhou ao redor.
— Ele não está por aqui.
— Ainda não. Mas houve alguns movimentos na cafeteria, então é questão de tempo.
Quando direcionei meu olhar para um canto da cafeteria, Hashimoto e Morishita também se viraram nessa direção.
Komiya e Yamawaki, que estavam nos observando, desviaram o olhar apressadamente, tentando fingir que foi apenas coincidência. Mas já era tarde demais.
— Então eles estavam nos vigiando. Como há uma certa distância, eu não prestei muita atenção.
Hashimoto só estava atento à possibilidade de sermos espionados por dispositivos de escuta. Nesse sentido, já era tarde demais.
Uma dupla de estudantes do primeiro ano, que estava sentada em uma mesa próxima, terminou seu intervalo e se levantou de seus assentos. Enquanto os observava sair, Morishita inclinou a cabeça, curiosa.
— Tem algo de estranho nesses calouros?
— Esses dois também são novatos enviados por Ryūen.
— O quê? Você tá falando sério?
— Sim. Embora tenham tentado agir naturalmente, colocaram seus celulares na beira da mesa, o mais próximo possível do nosso lado e virados para baixo. Se recebessem uma mensagem ou ligação enquanto gravavam ou filmavam, a tela se iluminaria, revelando o que estavam fazendo. Normalmente, tanto homens quanto mulheres costumam carregar seus celulares consigo ou tê-los à mão para verificar de tempos em tempos. No entanto, Takikura, a garota, não tocou no celular nem uma única vez, mesmo quando houve momentos de silêncio na conversa.
— Droga… Ele já conseguiu recrutar calouros em tão pouco tempo?
— Faz apenas uma semana desde que entraram. Durante esse tempo, Ryūen tem contatado os alunos do primeiro ano para expandir sua rede de vigilância.
Hashimoto era bastante cauteloso, mas parece que ele não havia considerado a possibilidade de que os alunos do primeiro ano fossem usados.
— Dou crédito a você, Ayanokoji, por lembrar os nomes deles.
— Mesmo que seja apenas um registro do ensino fundamental, no OAA é possível ver os rostos e os nomes. Eu verifiquei no mesmo dia em que foi publicado.
— Se colocar dessa forma, pode ser que esses dois realmente sejam suspeitos. Mas, mesmo assim, podemos garantir que foram enviados por Ryūen? Talvez simplesmente não tenham mexido nos celulares por acaso ou nem tenham pensado onde estavam colocando. Não podemos descartar essas possibilidades.
— Pode ser. Mas nunca é demais ficar alerta. É importante agir assumindo que eles fazem esse tipo de coisa.
Na verdade, eu tinha razões mais concretas para suspeitar, mas por enquanto não era necessário mencioná-las antes do exame especial. Hashimoto assobiou e assentiu, orgulhoso.
— Se forem espiões, isso já é suficiente, né, Morishita? Você é impressionante, Ayanokoji.
— Não é hora para elogios. Se realmente forem espiões, significa que entregamos informações para eles.
— Só dei informações que não fazem diferença se souberem. Não há problema.
— Então, quando você disse que não sabia muita coisa, estava se referindo a isso? Poxa! Isso é legal. Confiei em você justamente por esse tipo de coisa. Se há inimigos por perto, não dá para sair soltando o que realmente pensa.
Como as ações no exame são limitadas, a informação é, sem dúvida, uma arma. Buscar pistas ou indícios, por menores que sejam, é essencial para vencer.
No entanto, isso não significa necessariamente que a taxa de vitória aumente. Utilizar alunos do primeiro ano, que são menos suspeitos, não é uma ideia ruim, mas no fim das contas, o mais importante não é a quantidade de informações, mas sim sua precisão.
Extrair a verdade de uma montanha de dados misturados com mentiras é uma tarefa árdua. Ou melhor, quase impossível.
Morishita afastou o canudo de seu matcha latte, que já estava pela metade.
— Parece que ele realmente chegou.
— Sim, é melhor deixarmos essa conversa para depois. O oponente desta vez é muito mais problemático do que Horikita e os outros.
Hashimoto sorriu com uma expressão de leve tensão. Ryūen, Ishizaki e Albert se aproximavam.
Já fazia uma semana desde a cerimônia de início. Outras turmas e alunos de outros anos me fizeram perguntas sobre minha transferência, mas os da classe de Ryūen, embora tivessem cruzado olhares comigo, até agora não mencionaram o assunto.
Na verdade, parecia que evitavam deliberadamente. Era evidente que Ryūen havia dado instruções.
— Não acho que isso vá se tornar uma situação desagradável aqui... mas a ausência de Kitō me deixa um pouco inseguro.
Hashimoto olhou para Morishita, sentindo-se inquieto.
— Fica tranquilo. Não precisa tremer como um filhote de cervo recém-nascido. Se algo acontecer, eu derrubo um por um. Apesar das aparências, tenho certificação de mestre no antigo estilo de artes marciais da Ai-chan.
— Conto com você.
Hashimoto agradeceu a mentira descarada enquanto se posicionava à minha frente e de Morishita.
— Ayanokoji!
Uma voz grave e potente ecoou não apenas pela cafeteria, mas por todo o Keyaki Mall. Era Ishizaki, que perdeu a paciência e correu até mim, incapaz de se conter.
— Você...! Por que saiu da Classe A? Não, espera, por que se transferiu para a Classe C?
Eles queriam perguntar, mas não puderam até agora. E agora, Ishizaki soltou todas as emoções de uma vez.
— Droga, Ishizaki. Se acalma, você está incomodando os outros alunos.
Hashimoto se interpôs para impedir que Ishizaki se aproximasse demais de mim.
— Como quer que eu me acalme? Eu... eu esse tempo todo!
— Sai da frente.
Ryūen, que havia alcançado Ishizaki, o empurrou pelo ombro, afastando-o à força.
Os alunos sentados ao redor começaram a se levantar apressados, temendo se envolver no conflito.
— A atmosfera desse café era agradável, Ryūen. Pelo menos respeite um pouco as normas básicas de comportamento, pode ser?
— Tch, continua tão desesperado como sempre. Se Sakayanagi desaparece, agora você se agarra sem hesitar ao Ayanokoji. É tão incapaz assim de sobreviver sem estar grudado em alguém forte?
— Não há nada de errado em trabalhar pelo bem da classe, ou há?
— Hmph, faça o que quiser. Mas, mais importante... o que diabos significa isso?
Depois de estalar o pescoço uma vez, Ryūen me lançou um olhar afiado.
— Qual a sua intenção ao se transferir para a Classe C?
— Não há nenhuma intenção oculta. Após a saída de Sakayanagi, a Classe C precisava de ajuda, e recebeu essa ajuda.
Ao ver Hashimoto, ele assentiu exageradamente, como se quisesse afirmar com convicção que essa era a verdade.
— Como se fosse tão fácil alguém se transferir para uma classe inferior por isso.
— Cala a boca por um instante.
— Sim! Desculpa!
Ishizaki se apressou em se desculpar quando Ryūen agarrou sua camisa pelo colarinho.
— Minha transferência para a Classe C é um problema para você?
— Heh... De forma alguma. Na verdade, essa situação me cai como uma luva. Agora que você mesmo vai liderar a classe, não poderia pedir um cenário melhor para te derrotar.
Se eu continuasse agindo nas sombras usando Horikita como fachada, Ryūen não poderia me enfrentar diretamente. Desse ponto de vista, ele parecia acolher essa mudança.
— Mas, Ryūen, não acha que demorou bastante para vir cumprimentar o novo líder da nossa classe?
— Líder? Não se precipite. Ainda não vejo ninguém te aceitando como tal.
Durante essa semana, sem se apressar, Ryūen certamente observou o estado da Classe C. Ele sabia que, desde Shimazaki e os outros, eu ainda não havia sido bem recebido, tampouco permitido agir como líder.
— Na próxima prova especial, esperam-se resultados. Espero que não seja muito duro comigo.
— Isso não vai acontecer. Para mim, essa é a melhor oportunidade de te enfrentar, então usarei todos os recursos à minha disposição.
Dito isso, Ryūen se virou e começou a se afastar. Não havia necessidade de mais palavras.
— Ayanokoji... Por quê...? Se você ia para a Classe C, então... droga... Vamos conversar com calma em outra ocasião.
Ishizaki, claramente frustrado, não teve escolha a não ser aceitar a situação e deixou essas palavras no ar.
— Ah, e certifique-se de falar com a Shiina logo. Ela não está tão deprimida quanto eu, mas percebi que ficou bastante abalada.
— Pretendo fazer isso.
Eu havia evitado a biblioteca de propósito até que Ryūen fizesse seu primeiro movimento. Depois da prova especial, voltaria a passar por lá. Albert também me fez um leve gesto com a mão e, sem dizer uma palavra, seguiu Ryūen.
— Bem, não foi tão grave assim.
Como se tivesse sido ela quem os espantou, Morishita sugou o fundo de seu matcha latte com um canudo.
— Você fala demais para alguém que não disse uma única palavra até agora…
— De qualquer forma, está claro que Ryūen está indo para a vitória. Você não tem outra opção a não ser vencer, Ayanokoji. Pense bem na estratégia. Se conseguirmos novas informações, passaremos para você imediatamente.
Dizendo isso, Hashimoto, sem se sentar, pegou seu copo e saiu do café.
— Masayoshi Hashimoto realmente não consegue ficar parado. Será que é porque ele está no clube de atletismo?
Não, provavelmente isso não tem nada a ver... Na verdade, ele nem sequer faz parte do clube de atletismo.
*
Enquanto Ayanokoji e Ryūen conversavam na movimentada cafeteria do Keyaki Mall, em outro canto do mesmo lugar, Kushida havia comprado um café com leite para levar e saiu imediatamente.
— Ugh, que irritante.
Desde que sua verdadeira natureza foi exposta durante a prova especial de unanimidade, seus colegas de classe começaram a se afastar dela naturalmente.
Embora os meninos não parecessem se preocupar muito, muitas meninas começaram a se distanciar, o que fez com que os momentos sozinha aumentassem drasticamente. No entanto, Kushida não se importava com isso. Ela havia aceitado a situação perfeitamente.
Nunca se interessou em formar grupos apenas por companhia. O que ela realmente queria era se destacar dentro deles e ser reconhecida como uma pessoa excepcional. Claro, ela ainda podia interagir como antes com os estudantes de outras classes ou cursos que não sabiam de sua verdadeira natureza. Porém, ela mesma havia diminuído a frequência dessas interações.
O motivo era que, cercada de tantas pessoas que conheciam sua verdade, o esforço para continuar interpretando seu papel se tornava cada vez mais cansativo.
— Ah, olha, mais uma vez a Kushida fingindo ser uma boa pessoa.
Sempre que sentia aqueles olhares carregados de emoções contidas, não podia evitar se irritar. Comparado aos seus anos no ensino médio, tanto ela quanto os outros haviam amadurecido, ou pelo menos era assim que ela sentia.
Ainda assim, ultimamente, ela não conseguia encontrar uma saída para sua frustração. Quando os dias sem uma forma de desabafar se prolongam demais, é difícil continuar sorrindo falsamente.
Em seu caminho de volta, sem ninguém por perto a quem ela precisasse dar satisfação, Kushida, sem hesitar, deixou escapar um comentário sarcástico ao ver uma certa figura em seu campo de visão.
Era Horikita, sentada em um banco, com o olhar para baixo e um ar abatido. Poderia ter passado direto, mas, em vez disso, Kushida parou bem na frente dela.
Ao perceber sua presença, Horikita levantou lentamente o olhar.
— Kushida-san...?
— Por que esse tom de dúvida? Bah, tanto faz. Nem vou perguntar o que você está fazendo aqui. Está esperando que Ayanokoji passe por acaso, não é?
— Não é isso.
— Claro. Está tão óbvio. E, além disso, esse por acaso é uma desculpa péssima. Você só parece uma mulher incrivelmente odiosa.
Ao ver sua intenção descoberta tão facilmente, Horikita desviou o olhar.
— Me deixe em paz.
— Eu adoraria, mas com essa cara tão deprimida não consigo te ignorar. Se a líder da classe anda com essa expressão, não acha que vai afetar a moral dos outros?

Depois que a verdadeira natureza de Kushida foi revelada, o motivo pelo qual ela ainda compartilha a classe com Horikita, apesar de odiá-la, é que ela é alguém indispensável para se formar na Classe A. Se Horikita, que tem um papel importante, enfraquecer, isso reduziria suas chances, então Kushida não pode simplesmente aceitar isso de braços cruzados.
— Você é...
Horikita ia dizer algo, mas Kushida desviou o olhar e prestou atenção em uma presença que se aproximava por trás. Estavam voltando para os dormitórios, e foi então que se cruzaram com Yui Ninomiya, da Classe D do terceiro ano.
— Kushida-san, Horikita-san. Até logo~.
— Ah, tchau, Ninomiya-san! Vamos jogar novamente algum dia~.
Kushida mostrou um sorriso e manteve-o até que Ninomiya se afastasse o suficiente para não ouvi-las. Horikita também teve a consideração de esperar em silêncio por um momento.
— Você está bem com isso, Kushida-san? Com a transferência de Ayanokoji-kun?
— Bem? Claro que não estou bem. Se Ayanokoji-kun não estiver mais aqui, essa classe, que não é nada mais do que uma fachada, desmoronará num instante. Meu sonho de me formar na Classe A ficará completamente sombrio. Além disso, ele conhece minha verdadeira natureza. De certa forma, é como se esse segredo já tivesse vazado para outras classes. Se ele achar necessário, não hesitaria em torná-lo público.
Horikita se lembrou do que aconteceu com Ayanokoji na tarde do primeiro dia de aulas. A conversa secreta que ele teve com Matsushita e sua capacidade de ação. Tudo foi exposto sem o menor hesitar. A preocupação e as suposições de Kushida estavam, em parte, corretas.
— Então, por que você consegue agir com tanta calma?
— Porque se eu não fingir que estou calma, não conseguiria seguir em frente. Assim como sou boa em fingir ser uma boa pessoa, também sou boa em fingir que tudo está bem. Não como certa pessoa por aí.
Como a conversa se prolongou, Kushida pegou o café com leite que pretendia beber quando chegasse em casa. Ao passar pela garganta, o aroma do café e a doçura se espalharam.
— Ugh, que saco. Não poderia fazer algo com essa cara? Só te faz parecer mais feia do que já é.
— Eu só tento me manter normal.
— Pois se isso é normal, você está mal.
Ela suspirou com desgosto e se preparou para ir embora, mas algo veio à sua mente.
— Mesmo que seja atuando como uma menininha, não poderia fazer algo com a Ibuki?
— Agora que você falou, ela tem me contatado insistentemente ultimamente...
— Como você não dá atenção, ela vem até mim pedir para eu dar comida. Eu disse para ela comer uma refeição de verduras silvestres ou algo assim, mas ela reclamou um monte. Como ela estava em um ambiente onde comia comida boa de graça, agora está mal acostumada.
Recentemente, Horikita cozinhava e tanto Ibuki quanto Kushida se juntavam. Até o final das férias de primavera, isso acontecia mais da metade da semana. Mas agora, isso havia parado completamente durante uma semana inteira.
— Agora... desculpe, mas não estou com disposição para fazer nada.
— Não estou te pedindo para cozinhar ou algo do tipo. Por enquanto, o exame especial já começou, então pense rápido em alguma forma de resolver. Não podemos permitir que a classe de Ichinose, que está em último lugar, vença.
— Fala como se fosse fácil. Se pensar bem, estamos em desvantagem...
— E daí? Mesmo assim, mostrar que você pode ganhar é o que faz um líder de classe.
Kushida achou que era uma exigência difícil, mas logo percebeu que ela estava certa. Ser quem toma a dianteira significa assumir a responsabilidade.
— Sim... você tem razão.
Kushida forçou uma expressão tranquila no rosto, voltando a colocar a máscara.
— Mesmo que eu entenda, não adianta nada. Bem, eu já vou. Por que não fica esperando Ayanokoji-kun aqui? Embora provavelmente ele não preste atenção em você.
Ela deixou essas palavras frias e começou a caminhar, apertando com força o copo na mão. Horikita a observou se afastar em silêncio, até que sua figura desapareceu de vista. Então, finalmente se levantou lentamente. Porque as últimas palavras de Kushida eram, sem dúvida, verdadeiras.
— Esperá-lo aqui como se fosse uma emboscada... não tem como ele ver isso com bons olhos...
Desde o início ela já sabia, mas as palavras de Kushida fizeram ela perceber que estava se fazendo de vítima. Mesmo assim, não conseguia levantar o olhar para frente. Não havia mentira alguma no sentimento de querer vê-lo. Queria olhar nos olhos dele e conversar com ele.
— A única coisa que eu desejo... agora, é isso apenas...
Pedindo desculpas internamente a Kushida e também aos seus colegas de classe, Horikita decidiu voltar para casa.
*
Ao voltar para o meu quarto, me deixei cair na cama sem nem tirar o uniforme. Meu corpo estava pesado. Não é que eu me sentisse mal fisicamente, mas estava sem energia.
— Tenho que pensar em como me preparar para o exame... — Enquanto perdia tempo inútilmente olhando para o teto, meu telefone tocou.
— Ayanokoji-kun...?
Estiquei a mão para ver a tela de chamadas. Mas minha leve esperança se desfez ao ver o nome que aparecia: IBUKI. Como Kushida-san disse, ultimamente ela tem me procurado várias vezes, até pessoalmente. Embora, na verdade, ela só fique repetindo como um papagaio: "me dá comida".
Não estou com disposição para cozinhar, então venho recusando. Com certeza essa chamada é sobre isso. Olhei de soslaio para a comida pronta do conbini sobre a mesa e voltei a me deitar na cama.
O telefone, que estava tocando incessantemente, finalmente silenciou. Não quero pensar em nada. Não quero aceitar nada. O tempo passa, sem sentido algum.
Mesmo que o dia termine e outro chegue, Ayanokoji-kun não estará na classe.
O telefone vibrou.
— De novo, Ibuki-san?
Mas desta vez foi uma vibração breve: uma mensagem, não uma chamada. Com uma leve esperança, peguei o telefone nas mãos.
ACHO QUE DEVEMOS FALAR SOBRE COMO ABORDAR O EXAME ESPECIAL.
Era uma mensagem de Hirata-kun. Embora tenha me sentido um pouco decepcionada, isso me trouxe de volta à realidade.
— Certo... embora eu não queira, tenho que pensar nisso...
Não há dúvida de que as outras classes já estão se preparando para o próximo exame especial.
E eu... De repente, o teto se distorceu diante dos meus olhos.
— Eu... estou chorando?
Passei o dedo indicador pelos olhos. Incrivelmente, a ponta estava úmida.
— De novo... ele me fez chorar... — Suspirei, sem conseguir lembrar quantas vezes ele já tinha feito isso. Não conseguia controlar minhas emoções. Não conseguia recuperar a calma.
— Por que...? — Falei em voz alta. Queria ouvir-me dizendo isso, para me convencer de que era real.
— Eu não entendo... Isso está acontecendo de verdade...?
Era um sentimento desagradável. Não conseguia entender desde quando ou por que as coisas chegaram a esse ponto. Ou melhor, eu me recusava a entender.
O dia em que começamos o terceiro ano, aquele momento olhando para a placa da Classe A do terceiro ano, parecia uma ilusão. Já nem conseguia mais lembrar da emoção e tensão que senti naquele instante.
Queria voltar para a manhã da cerimônia de abertura. E antes que ele deixasse a classe, segurá-lo pelo braço e impedi-lo. Suplicar para que não se transferisse...
— Pensar nisso... não faz sentido... não faz...
Quantas vezes vou repetir a mesma coisa? Sei que não adianta nada. Mesmo que algum deus me concedesse esse milagre, Ayanokoji-kun não pararia. Se tivesse sido um plano improvisado, algo decidido de um dia para o outro, talvez, só talvez, eu poderia ter feito ele mudar de ideia.
Mas não foi assim. Ayanokoji-kun já tinha tomado sua decisão muito antes.
Isso... eu já sabia.
Me ajuda...
Seja uma semana ou um mês, voltar ao dia da cerimônia não mudaria nada.
Ayanokoji-kun...
Me ajuda...
*
Enquanto Horikita conversava com Kushida na banca, Ryūen se dirigia a uma sala de karaokê acompanhado por Ishizaki, Albert, Katsuragi e Ibuki. Era um dos lugares onde costumavam fazer reuniões confidenciais dentro da classe.
Com o tempo, nesses encontros, cada um havia adotado um lugar habitual para se sentar. Enquanto olhava o cardápio de comida, Ishizaki murmurou baixinho.
— Ei, Ibuki, eles adicionaram uma "massa frita" nova, posso pedir?
Ele se referia à popular massa frita, apontando para ela enquanto perguntava.
— E por que você está me perguntando isso? Faça o que quiser.
— Meu pai costumava falar disso quando voltava das farra por aí. Ele dizia que essa massa frita era uma delícia. Sempre quis provar.
— Não estou nem aí para sua história.
— Peçam o que quiserem, mas primeiro deveríamos começar a conversar. Esse exame especial não será fácil. Não... eu deveria dizer que, como sempre, será difícil.
Sentado com os braços cruzados no extremo oposto, Katsuragi instou o grupo a focar na reunião.
— Nem precisa dizer, mas mesmo com a melhor sorte, esse tipo de prova é o ponto mais fraco da Classe B.
— Bom, nossa especialidade nunca foi estudar... — Ibuki respondeu com um tom resignado.
Quando se trata de competição acadêmica, quase não há chance de vencer. É sem dúvida o maior problema da classe de Ryūen. Até agora, haviam chegado à Classe B graças tanto à habilidade quanto à sorte, mas ainda não tinham encontrado uma estratégia eficaz contra suas fraquezas. E dessa vez, o oponente era a antiga Classe A, conhecida pela sua excelência notas acadêmicas.
— Se realmente queremos ganhar, será uma batalha muito difícil.
— E se simplesmente deixarmos passar? Cem pontos de classe não é tanto.
— Já está jogando a toalha, Ibuki!?
— Então, você vai estudar sem dormir nem descansar até o exame? Mesmo que faça isso, duvido que consiga fechar a diferença de pontos.
— Ugh... bem... vai ser difícil...
— Não é nada mais do que a consequência de não estudar regularmente. Nem sequer fez as tarefas que te dei.
— Já são insuportáveis as aulas, imagina ainda fazer as tarefas que você inventa, Katsuragi!
— Eu faço isso pelo bem da classe. Na verdade, os estudantes que estão levando a sério estão melhorando suas notas.
Katsuragi enfatizava os resultados obtidos, mas Ishizaki desviou o olhar, desconfortável.
— O meu objetivo é só evitar ser reprovado. Se me exigirem mais, vou desabar.
Diante dessa atitude, Katsuragi suspirou e olhou para Ryūen.
— Você deveria dar ordens mais rigorosas. Talvez assim Ishizaki e os outros levem a sério.
— Não há remédio para a estupidez. Além disso, não pretendo lutar no terreno do inimigo. Desde o começo, não tive a intenção de usar métodos convencionais.
Ryūen respondeu de imediato, deixando claro que não tinha intenção de seguir um caminho com poucas chances de vitória.
— Ainda assim, são oponentes formidáveis. Mesmo que Sakayanagi tenha saído, a Classe C ainda tem muitos estudantes com alto nível acadêmico. Não acredito que tenham caído tanto.
Até então, Ishizaki estava ouvindo de forma desinteressada, mas ele se levantou de repente e fechou os punhos.
— Caído? Mais que isso, eles se fortaleceram com a chegada de Ayanokoji! Maldição, o que ele está fazendo na Classe C...? Não entendo. Você entende?
— Não me pergunte a mim! Mais ainda, nem se esforce para entender o que aquele cara pensa.
Tentar se envolver só traz problemas. Ibuki aprendeu isso da pior forma, então agora evitava qualquer contato. Até quando a convidaram para ir a uma cafeteria, ela recusou na hora. Graças a isso, sua saúde mental não foi afetada e conseguiu se manter tranquila. Embora isso não se aplicasse quando a encontrava inesperadamente em algum lugar.
— Parece realmente que ele apareceu como um boss final...
— Deve ser assim. Porque meu objetivo final está além de tudo isso.
Ryūen murmurou isso com uma calma incomum, o que fez Ishizaki notar, embora não tenha dito nada e apenas assentiu.
— Você está certo. Mas, ainda assim, há algo que eu não consigo acreditar. Não nego que Ayanokoji seja frio e às vezes mostre uma grande astúcia. Ele tem talento, sim... Mas tem algo nele... como se faltasse algo. Não posso dizer que ele seja superior a Sakayanagi.
— Isso é porque você nunca viu Ayanokoji em ação, Katsuragi. Aquele cara é um monstro. Não é, Ibuki?
— Já te disse para não me meter nisso! Falar dele me deixa de mau humor. O odeio de alma.
— Quem você odeia mais, ele ou Horikita, com quem você vive reclamando?
— Isso... é difícil. É como escolher entre perder o olho direito ou o esquerdo...
— Isso é assustador! Que tipo de comparação é essa...? — Enquanto Ishizaki e Ibuki trocavam bobagens, Ryūen soltou uma risada.
— Não é que tenha mudado alguma coisa. Mas parecia que tanto a Classe A quanto a C não ligavam a mínima. Dizem que foi um pedido de ajuda vindo da C, mas não sei se acredito nisso.
— Não será que ele quer fazer o que bem entende, agora na posição de líder?
— Agora que Sakayanagi saiu de cena, é verdade que o cargo de líder está vago... Mas sempre achei que Ayanokoji fosse do tipo que age em silêncio, sem chamar atenção.
— E você, o que pensa? — Katsuragi fez essa pergunta para Ryūen, relacionando a situação com a imagem que ele mesmo tinha de Ayanokoji.
— Quem sabe. Se o cara decidiu mudar de classe e aparecer, então o motivo me é indiferente.
Ryūen parecia ter terminado de organizar seus pensamentos, e voltou a olhar para Katsuragi.
— Nessa prova especial, se fizermos de forma convencional, não importa se Ayanokoji está ou não: temos 90% de chance de perder. Mas essa prova não está isenta de falhas. Enquanto tivermos munição, podemos virar a nosso favor. Não está mal.
— Isso eu sei... mas você pensa em usar todos os pontos privados que economizou até agora?
— Eles devem ter gasto uma fortuna para trazer Ayanokoji. Além disso, como têm a vantagem acadêmica, vão tentar ganhar com o menor investimento possível. Esse é nosso ponto fraco, mas também é nossa oportunidade.
Ou seja, não haverá uma guerra de gastos. A Classe C, que está sem fundos, só pode lutar com o conhecimento acadêmico puro e as penalidades que possa aplicar.
— Entendo o que você diz, mas a diferença de conhecimentos não é algo que se cubra com algumas penalidades. Seria necessário aplicar punições em dezenas de estudantes para que, ao menos, se tornasse uma batalha equilibrada. Não é um plano precisamente eficiente. E não podemos saber com certeza quem são os cinco selecionados do outro lado, certo?
— Então você não aprova?
— Não digo assim. Só estou dizendo que, se vamos fazer isso pela metade, é melhor nem tentar. Se realmente queremos ganhar com alta probabilidade... isso é só um cálculo superficial por agora, precisaríamos tirar pelo menos 300 pontos adicionais deles. Isso implicaria investir uns 15 milhões em pontos privados.
— Quinze milhões só para ganhar?!
— E isso sem contar com garantias absolutas. Se distribuirmos penalidades para toda a classe, só conseguiremos tirar uns 10 pontos por estudante. Se eles concentrarem os pontos iniciais em cinco pessoas, poderiam ganhar 20 por cabeça. Se descobrirmos esses cinco, ótimo, mas se não, poderíamos começar perdendo 10 pontos por aluno. É improvável, mas se considerarmos o pior cenário, precisamos levar isso em conta.
Uma situação onde, mesmo gastando uma fortuna, eles nem sequer conseguiriam empatar. Se o cálculo falhasse, os pontos privados seriam drenados sem mais nem menos. Katsuragi expressou sua preocupação com seriedade.
— Se quisermos aumentar ainda mais as chances de vitória, teríamos que investir mais 10 ou 20 milhões adicionais. Ou então, focar em certos candidatos da nossa classe para tentar tirar 20 pontos dos inimigos. Mas mesmo assim, isso não garante uma maior probabilidade de sucesso. Isso é o complicado.
— Podemos acabar indo à falência...
— Exatamente. Mas, se você está decidido a correr esse risco e gastar todo esse dinheiro só por uma vitória, não tenho motivo para te impedir. Embora não possamos alcançar uma vitória perfeita, teremos que garantir que não perderemos de jeito nenhum.
Não era uma aposta fácil. Ibuki, que até então estava meio distraída ouvindo a conversa, levantou os olhos.
— Ouvindo tudo isso... não seria melhor abandonar essa prova desde o início? — Interpelou diretamente Ryūen, que estava claramente disposto a participar do desafio.
— O-Oi, Ibuki! Você está dando sua opinião na frente do Ryūen-san?!
— E o que tem? Me chamaram porque queriam minha opinião, não? Se não for esse o caso, eu vou embora.
Enquanto fazia o gesto de se levantar, Ryūen sorriu.
— Eu te escuto. Por que pensa assim?
— Porque simplesmente é uma prova onde estamos em desvantagem. Como o Katsuragi disse, não podemos competir em conhecimentos. E, embora possamos ganhar usando pontos privados, não compensa o que podemos obter em troca. Se até eu, que sou imprudente, vejo isso como uma loucura, então isso já é o suficiente para provar.
— Eu também concordo com a Ibuki. O custo-benefício não se justifica. Mesmo que a gente pense em um cenário de vitória total, a recompensa não é grande coisa.
Katsuragi apoiou a opinião de Ibuki.
— Bem, se você olhar apenas para a recompensa tangível, pode parecer isso.
— E o que isso significa?
— É verdade que essa prova foi feita para que a gente perca. Mas isso significa que, para eles, é uma prova que não podem se dar ao luxo de perder. Quando alguém dá como certo que vai ganhar, embora não fale, sente a pressão. E se perderem de verdade, o golpe psicológico será enorme.
— Então, seu objetivo é atingir o orgulho de Ayanokoji? Mas, mesmo que ganhemos à força, isso realmente o afetaria tanto assim?
— Atingiria. Eu mesmo senti isso na pele naquele dia no telhado.
Ryūen apertou os punhos, com o olhar afiado como uma lâmina.
Durante muito tempo, ele acreditou que, com sua violência dominante e espírito inquebrantável, conseguiria se impor sobre qualquer coisa. Sempre pensou que, não importa como as coisas acontecessem, ele acabaria vencendo. Mas Ayanokoji foi o único que, entrando sozinho no território inimigo, o esmagou sem piedade.
Tanto física quanto mentalmente, destruiu a mentalidade invencível de Ryūen. Ele o afundou até o fundo do abismo, e sua recuperação não foi fácil nem rápida.
— A Classe C, e Ayanokoji também, não têm a menor intenção de perder. Mas, ainda assim, no fundo, temem esse e se…. É exatamente por isso que essa prova faz sentido para nós. Se conseguirmos arruinar a nova fase deles, o novo começo deles, isso nos daria uma vantagem muito maior do que a diferença real.
Embora a recompensa direta fosse apenas uns simples 100 pontos, o aumento nos pontos da classe que eles obteriam não seria pouca coisa.
Comparado à classe de Horikita, a diferença com a C, agora com Ayanokoji, não é insignificante. Em uma situação onde eles não podem se dar ao luxo de perder sem mais nem menos, ampliar essa diferença seria uma grande conquista. Afinal, o tempo restante na escola só vai diminuir. Nunca vai se alongar.
— Mesmo assim... que o preço mínimo para ganhar seja mais de 15 milhões... que caríssimo… — disse Ishizaki, contando com os dedos, surpreso com a quantidade de munição necessária.
— Em condições normais, investir essa quantia já nos daria uma chance considerável. Mas o inimigo é esse tal de Ayanokoji. Não há como ele não ter previsto que apostaríamos uma fortuna, mesmo que isso nos levasse à autodestruição. Mesmo que consigamos vencer apesar das penalidades, ele pode considerar suficiente apenas impedir nossa vitória completa.
Como as penalidades não têm efeito na batalha geral, na prática o inimigo já tem duas vitórias garantidas.
— Entendo seu ponto... mas não importa como analiso isso, os riscos me parecem altos demais.
Isso era algo que até Ryūen, que havia proposto a estratégia, já tinha claro. Se ele não tivesse nenhuma dúvida, não teria reunido Katsuragi e os outros para pedir a opinião deles. Apostar por esta prova especial ou descartá-la? Enquanto Ryūen ainda não tomava uma decisão definitiva, embora demonstrasse inclinação para atacar, Katsuragi agora direcionou sua atenção para Ibuki.
— E como está Horikita?
— Ah? E por que você está me perguntando isso?
— Você disse que ultimamente estava comendo frequentemente no quarto de Horikita. Eu também percebi que ela estava bem afetada, mas... ela já se recuperou desde então?
— Não acho. Embora, vai, ela me expulsa de qualquer jeito. Sempre tem uma cara de deprimida, é insuportável ficar perto.
Uma semana após a transferência, não havia sinais de melhora, segundo ela.
— Entendo. Nesse estado emocional, enfrentar uma prova especial vai ser bem difícil.
— Que se dane! Espero que ela perca de forma patética.
— Ei, isso foi cruel. Não supõe que vocês sejam amigas? Não acha que está sendo rude com ela?
— Haa!? Não somos amigas nem nada.
— Não é que eu me alegre pela desgraça alheia, mas se a classe A tropeçar, seria uma bênção para nós. Mesmo que Ichinose consiga uma ou duas vitórias, isso não representa uma ameaça tão grande.
Se havia uma razão legítima para tentar uma vitória arriscada, era essa, pensou Katsuragi. Se conseguissem alcançar e ultrapassar a classe A, poderia se abrir uma oportunidade para avançar completamente.
Depois de continuar essa conversa por um tempo, Ryūen bebeu de uma vez a água que restava em seu copo sobre a mesa.
— Já decidi como vou lutar.
— Então você vai mesmo se lançar de cabeça?
Investir pontos privados em grande escala para garantir uma vitória na prova especial. Katsuragi, que suspeitava que essa era sua intenção, perguntou com um tom sério.
— O que você acha que é o mais importante para Ayanokoji nesta próxima prova especial?
— Certamente, a "primeira vitória".
— Exato. Ele fez com que a classe C apostasse dinheiro por ele. Para ocupar o posto de líder no lugar de Sakayanagi e fazer o que quiser. Mas...
— Os membros da classe dele não são idiotas. Não vão confiar tudo a alguém que ainda não demonstrou nada. Por isso, Ayanokoji deve querer ganhar a qualquer custo. E perder em uma prova onde se espera que vença é algo que ele não pode se permitir. De certa forma, é sua primeira e última oportunidade.
— Óbvio. Se você chega, toma a liderança e perde, é patético, simples assim.
Ibuki assentiu, assim como Ishizaki, que estava sentado ao lado dela.
— Afundando o barco da classe C em um único golpe, sem nem precisar de um ano inteiro?
— Mesmo sabendo que tem vantagem, ele não pode se dar ao luxo de relaxar, mesmo em uma luta fácil. Porque aquele tipo pensa de formas que deixam a gente maluco, como se não fosse humano. Mesmo que a gente escolha os cinco para a batalha em grupo, não me surpreenderia se adivinhasse todos os nomes.
Se Ryūen escolhesse os alunos apenas jogando um dado, não haveria como prever. Mas, ainda assim, as pessoas pensariam que Ayanokoji poderia acertar. Um cara tão habilidoso que até faz você considerar o impossível.
— Talvez ele até use seus últimos pontos para comprar penalizações.
— Se fizer isso, será uma guerra de investimentos. Quem tiver mais fundos, ganha.
— E não é só isso. Temos que evitar a todo custo que nossa seleção vaze.
— Claro que ele vai investigar... e sinceramente, não consigo nem imaginar que métodos ele usará.
Ishizaki murmurou quase para si mesmo, e essa suspeita também se agarrou com força na mente de Ryūen. Nessa prova especial, não parece haver nenhum buraco evidente que possa ser explorado. Pode ser que Ayanokoji não tenha problemas em usar truques sujos, mas também não vai se arriscar com métodos que possam ser expostos se forem investigados. Além disso, com uma diferença tão clara em capacidade acadêmica, não há motivo para ele correr riscos desnecessários.
Tudo se resume a Ryūen conseguir informações precisas de dentro.
— Precisamos ter um cuidado especial com Yamamura e também com Hashimoto.
Ao ouvir isso, Ryūen assentiu levemente, concordando.
— E quem é Yamamura? Não me lembro de ninguém com esse nome na classe C.
Ibuki inclinou a cabeça, sem reconhecer o nome.
— Je... se você pode me roubar as informações, tente, Ayanokoji.
Desde os rivais a serem penalizados até qualquer outra informação, Ryūen não vai permitir nem 1% de fuga de dados. Acertar com precisão é impossível, e se ele conseguisse, já seria uma espécie de clarividência. Está completamente convencido de que isso não pode acontecer.
Mas, ainda assim, em algum canto de sua mente, sente tanto inquietação quanto expectativa. Tem curiosidade para ver como aquele cara transforma o impossível em possível.
— Então está decidido, né, Ryūen? Eu também vou me mover com essa intenção.
Sem perder tempo, Katsuragi se dirigiu à saída do karaoke.
Como alguém que contribuiu enormemente para elevar o nível acadêmico de sua classe, sente uma grande responsabilidade pelo seu papel nesta prova, que exige exatamente isso: conhecimento acadêmico.
E diante desse apoio decidido, Ryūen…
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