A Aurora Dourada Brasileira

Autor(a): W. Braga


Volume 1

Capitulo 5: A PONTE

Madrugada tranquila que se desvanecia, o horizonte alvorecia timidamente.

O céu encoberto por nuvens, derramava uma chuva fina que se misturava à neblina, envolvendo tudo em um leve ar gélido.

Dentro da temida Floresta de Fenaltes, conhecida por seus mistérios sobrenaturais, eles avançavam com cautela.

Segundo os antigos pergaminhos do Templo de Difanys em Vanesia, ali habitavam forças sombrias a serviço do mal.

A densa névoa dificultava a visão do solo, ocultando-o completamente. A sacerdotisa, acompanhada por sua guarda e o príncipe Walery, mantinha-se alerta a qualquer movimento ou som estranho que ecoasse pela floresta.

Foi quando perceberam e aproximaram-se lentamente de uma ponte. Viram a largura na qual daria passar uma carruagem.

Uma constru­ção era bem antiga, feita de madeira grossa e cordas entrelaçadas. Na qual ficava sobre um rio de águas frias, cristalinas e correnteza muito forte.

A névoa continuava, atrapalhando parcialmente a visão do que havia na frente.

Começaram a atravessar lentamente e cuidadosamente.

Seguindo à frente o prín­cipe, mesmo segurando a rédea de seu cavalo, ele posicionou seu escudo para defender a lateral de seu corpo. Enquanto a outra mão segurava firme o cabo de sua espada.

Em seguida vinha o líder da guarda real e mais dois cavaleiros, logo atrás a sacerdotisa cercada de cada lado por um cavaleiro real e por fim o restante dos cavaleiros de Tanys.

Só ouviam o som das águas batendo nas rochas violentamente, dos cascos dos cavalos no piso de madeira da ponte que estava molhado.

Sentiam o cheiro de madeira antiga umedecida, assim como ouviam o ranger das tábuas de madeiras e das cordas, provocado pelo peso do grupo.

Ficaram atentos às condições da antiga ponte. Ao chegarem à metade, perceberam que algo vinha pelo outro lado.

Eram quase imperceptíveis em meio ao nevoeiro. Caminhando em direção a eles, dois seres encapuzados montados em cavalos.

O príncipe Walery foi o primeiro a ver os seres misteriosos. Parou subitamente e rapidamente ergueu o braço direito. Fazendo entender que o restante do grupo também deveria parar.

O herdeiro do trono de Vanesia avançou um pouco mais e disse em tom de voz alto e com autoridade:

— Alto! Quem vem lá?

Nesse mesmo tempo, aquelas estranhas figuras também para­ram.

O silêncio tomou conta... nada dos encapuzados responderem.

Falou novamente o príncipe Walery, mas agora com a mão direita segurando o cabo de sua espada, caso fosse preciso usá-la.

 Eu ordeno a vocês que recuem para que possamos continuar! — anunciou ele, mantendo o mesmo tom de voz de autoridade.

Com um toque dos pés embaixo do seu cavalo, fazendo-o movi­mentar-se de um lado para o outro, tentava intimidar os estranhos visitantes. Pronto para atacar as figuras misteriosas à sua frente.

Atrás, todos estavam apreensivos. Principalmente a sacerdotisa, pois poderiam ser uma armadilha feita por mercenários, ladrões ou bárbaros assassinos.

Sua guarda real estava pronta em defendê-la ao menor sinal de perigo, mesmo sobre a ponte, na qual o grupo se encontrava no meio da edificação, tentariam realizar uma defesa eficaz.

Então, uma risada soou... vinda de um dos estranhos encapuza­dos, que em seguida, disse zombando:

— Você ordena! Quem é você para nos dar ordens?

Nessa hora, o herdeiro do trono de Vanesia abriu sua capa mos­trando a sua armadura real com o emblema no peitoral. Dando a entender que era da realeza.

— Eu sou o príncipe Walery do reino de Vanesia, filho do rei Niro, governante dessas terras! E vocês, quem são? — questionou o príncipe.

O estranho ergueu as mãos em direção ao rosto para retirar lentamente o seu capuz.

Usava luvas de couro que não cobriam seus dedos. Olhando para Walery, com autoridade respondeu:

— Eu sou príncipe Darion! Sou filho do rei Zenates e da rainha Enas, do reino de Salantis e este que me acompanha é o meu amigo príncipe Zabuana. Filho de Serres, o Curaca das Tribos do Oeste e membro do Grande Conselho das Tribos.

A outra figura usando as mãos lentamente, levantou e retirou o capuz que cobria toda a cabeça e escondia o rosto.

Darion tinha barba e cabelos loiros, olhos verdes, pele clara e estatura mediana. Era um rapaz jovem e de personalidade forte. Por baixo de sua capa de tecido grosso e verde bem escuro, usava uma malha fina de metal, como proteção.

Zabuana tinha pele negra, era um pouco mais alto e mais forte que Darion. Em  eu corpo como vestimenta: usava couro de animais selvagens de sua região. Que protegia tanto do calor como do frio, sua aparência era menos hostil que a do amigo.

— Agora, como bom cavaleiro que você é! Recue com seus homens para nos dar passagem, pois precisamos encontrar uma sacerdotisa. Onde acreditamos andar por essas terras! — falou passivamente e com confiança o príncipe Darion de Salantis.

O príncipe Walery silenciou-se.

Nesse instante, a sacerdotisa montada em seu cavalo passou à frente dos dois cavaleiros reais e à frente do príncipe de Vanesia.

Com a cabeça encoberta pelo capuz de sua capa e assim protegendo sua identidade.

Perguntou ao dois com sua voz suave:

— O que querem com essa sacerdotisa?

O príncipe Darion respondeu:

— Foi designado a nós, por meio de um oráculo do Templo das Doze Estrelas de Elmasty em Salantis, que teríamos de encontrar uma sacerdotisa! Ela viria pedir-nos ajuda para salvar seu povo de uma criatura das trevas. De acordo com uma profecia, destruirá a todos. Por isso estamos aqui. Para ajudá-la!!

Nesse momento, a sacerdotisa Niara levantou as mãos bem devagar e retirou o capuz que cobria sua cabeça e escondia o seu rosto.

— Espere! É você quem apareceu no poço do oráculo? — perguntou Darion surpreso.

Assim como Darion, Zabuana também ficou surpreso. Os dois príncipes foram tomados por uma grande alegria.

— Sim, príncipes, vocês me encontraram! — respondeu a sacerdotisa, sorrindo.

Os dois príncipes se olharam surpresos, descendo rapidamente dos cavalos, foram até a frente dela e curvaram-se diante da sacerdotisa.

Permaneceram curvados e com joelhos no chão durante alguns segundos.

O príncipe Darion, enfim, disse:

— Meu arco e minhas flechas estão a sua disposição, assim como minha vida a seu dispor.

Zabuana também falou:

— Meu báculo e meu escudo hão de protegê-la em todos os caminhos.

A jovem sacerdotisa, mostrando muita alegria, perguntou:

— Este é o arco dos antigos pergaminhos, forjado no fogo de Beltiner da montanha que lança lava e chamas eternamente... criado por uma das Nove Entidades Celestiais quando vagavam pela nossa terra? E dizem que, ao desejo do seu portador, transforma qualquer flecha em fogo místico que consome tudo?

— Sim, sacerdotisa! — respondeu Darion também sorrindo.

Niara olhou para Zabuana e questionou, embora já conhecesse as respostas:

— Este é o báculo da Floresta Abratoz, onde ocorreu a grande tempestade de raios do céu, um evento narrado nos antigos pergaminhos que descrevem a batalha contra o Terceiro Senhor das Trevas! Seu objeto místico pode se transformar em qualquer arma? E você ainda possui aquele escudo feito do casco de uma criatura marinha sagrada e ancestral, presente dado pelo Deus Turan? Na qual era uma das Entidades Celestiais! Sendo assim ele se tornou um dos senhores dos mares para sua tribo! É uma verdadeira couraça, impenetrável por qualquer arma feita pelas mãos dos homens! — ela tinha absorvido essas informações ao longo das gerações de estudo com o grão-mestre do Templo das Três Luas.

— Sim! Ela é mesmo a sacerdotisa das revelações! — confirmou o príncipe Zabuana, surpreso e ao mesmo tempo feliz.

— Sou! Em alguns dos meus últimos sonhos eu vi um deslumbre de seus objetos místicos! — respondeu Niara, muito satisfeita por encontrá-los. Onde continuou: — Então, querem juntar-se a nós nessa longa e perigosa jornada? Mesmo com todos os riscos que poderão ocorrer!

— Sim, sacerdotisa! Mesmo com todas as atribulações, nós iremos acompanhá-la! — respondeu Darion, com muita coragem no rosto e nas palavras.

Zabuana concordou apenas com um sorriso.

— Vamos, temos de partir. — disse o príncipe Walery. Interrompendo a conversa, ainda desconfiado desses dois homens.

Os dois concordaram com sinal positivo de cabeça. levantaram-se... andaram até os cavalos, montaram e juntaram-se a eles.

            Instantes depois, já estavam todos atravessando a antiga ponte.

Continuaram naquela estrada durante todo o dia, em larga cavalgada, sob uma chuva fina que caía sem parar.

O crepúsculo chegou na velocidade de uma flecha. Nesse momento, ventava friamente. Então, em um determinado lugar dentro da floresta, resolveram montar acampamento à beira do caminho.

Era uma noite tenebrosa, o ar se enchia de perigo.

Acenderam várias fogueiras muito rapidamente. Graças ao arco de fogo do príncipe de Salantis e de suas flechas flamejantes.

Pela primeira vez Niara via realmente como um dos artefatos místicos agia.

Seus olhos observavam. Quando o príncipe, posicionava uma flecha, símbolos ocultos apareciam de extremidade e a extremidade do arco.

Esses símbolos lembravam muitos Runas do Tempo Primordial. Estudados por Niara, onde esses pareciam na cor de um fogo vivo. Fez com que a jovem sacerdotisa sorri-se.

Assim Darion conseguiu acender aqueles galhos molhados e fizeram várias fogueiras por todo o acampamento.

Estavam sentados, preparando-se para a refeição... quando foram surpreendidos por gritos aterrorizantes que vinham do interior da floresta e deixaram todos muito temerosos junto aflição.

A sacerdotisa, especialmente, ficou com muito medo.

Os cavalos começaram a agitar-se, mostrando-se bastante nervosos.

Por sorte, estavam bem presos às árvores e protegidos por um círculo de fogo feito por Zabuana em forma de ritual de proteção.

Rapidamente, os cavaleiros reais ergueram suas espadas e escudos. Cercaram a sacerdotisa para a protegerem e acompanhados pelos príncipes com suas armas místicas.

Logo, os gritos aumentaram a intensidade, como se estivessem mais próximos a eles.

Os cavaleiros da cidadela de Nincira fecharam ainda mais o cerco em volta da jovem Niara. Enquanto os três príncipes se preparavam para atacar com as suas armas místicas.

De repente, alguns dos cavaleiros começaram a ver sombras movendo-se no meio da mata fechada... além dos galhos de árvores e da mata rasteira.

Zabuana, segurando o seu báculo: imaginou a arma que gostaria e com um brilho esverdeado como a cor de uma esmeralda. Ao mesmo tempo pequenos círculos místicos se formaram entorno do báculo. Transformando-o em uma lança de duas pontas, na qual fez um ruído estranho aos ouvidos dos demais.

O príncipe Walery, que havia sacado seu objeto místico, segurava firmemente a espada, enquanto o Olho de Cristal irradiava um brilho suave. Como que prevendo a presença mística maligna em torno deles.

O herdeiro de Vanesia encarou o príncipe Darion e, com um simples olhar... o herdeiro de Salantis entendeu o que o príncipe Walery queria dizer.

Assim, Darion armou seu arco. Novamente símbolos muito parecidas com Runas apareceram talhados no arco. Onde brilhou como a luz do sol e, com uma flecha, acendeu um fogo de cor alaranjada.

Ouvia-se a melodia do queimar da madeira saindo do arco místico. Ele o apontou na direção de onde vinham os gritos assustadores na floresta.

Disparou a flecha em chamas, que rasgou o ar com um brilho muito forte. Como se fosse uma estrela caindo do céu. Atingiu em cheio uma das criaturas que se escondia no meio das sombras.

Os gritos, agora, eram de medo e de dor. Criaturas fugiram por todas as direções pela mata fechada, enquanto a que fora atingida corria com seu corpo distorcido. Queimando por inteiro, parecia uma tocha e iluminava por onde passava.

No pensamento de Darion, era uma questão de tempo até que ela morresse pelo fogo místico de sua flecha.

Por alguns instantes, o silêncio tomou conta do lugar. O que quer que fossem temeram a flecha ardente de fogo do arco de Darion. Sendo assim já não eram mais uma ameaça.

O grupo, então, tranquilizou-se e pôs-se a comer e descansar naquela noite fria, sob a chuva fina que caía sobre eles.

Nas luas seguintes: pelos caminhos que fizeram, encontraram emboscadas feitas por todos os tipos de grupos de criminosos. Onde pretendiam roubar, escravizar ou até mesmo assassinar os viajantes desavisados.

Graças à coragem e à determinação dos três príncipes e de suas armas místicas, junto com a guarda real de Nincira. Cujos cavaleiros eram bem treinados, nenhum mal ocorreu contra a sacerdotisa.

Os criminosos que a caravana encontrou em seu caminho eram todos mortos, sem terem a mínima chance de sobreviver. Assim como faziam com suas vítimas indefesas.

Em um desses confrontos. Quase que um dos príncipes perdeu a vida, por causa de uma lança envenenada que o feriu perna.

Graças aos conhecimentos de Niara para administrar o poder das ervas medicinais, na qual trazia sempre com ela. Conseguiu reverter a situação do herdeiro do trono sagrado das Tribos do Oeste. Assim, o príncipe recuperou-se do envenenamento.

Com esse contratempo, aumentava ainda mais a ansiedade e o temor da sacerdotisa em relação ao seu povo. Era o que pensava ela, sozinha dentro da sua tenda, armada no início da noite pelos seus protetores da guarda real.

Outra noite se passava, com clima frio trazido por ventos suaves.

Eles estavam acampados à beira do caminho, evitavam agora ficar dentro da mata por causa dos constantes perigos que lá encontravam.

Ao contrário, de quem os seguia. Onde se mantinha oculto nas sombras, de dia, ou nas noites de luar.

Sob uma distancia segura a claridade permitia uma boa visão do entorno.

Em nenhum no momento das lutas a figura oculta se mostrava ter uma reação em ajudar. Simplesmente aguardava o desfecho das batalhas, com indiferença...



Comentários